Existirá algum traço de maldade, desequilíbrio psicológico, fator insano, enfim um maquiavelismo muito forte por trás da formação ou mesmo da profissão do educador? Lembro-me aqui uma drástica citação de Rubem Alves quando diz que: "...cada vez mais eu me convenço. Muitos professores são movidos pelo ódio contra os estudantes. Sua missão não é a de ensinar, orientar, conduzir por caminhos; mas, torturar, humilhar, ferir e fazer sofrer: virtudes de torturadores". Claro que é de arrepiar, mas é isto mesmo. Os propósitos dos comandos estigmatizados pelo capitalismo e que usam a educação e a escola como meios para atender os seus objetivos, são tão fortes que induzem fundo os educadores a esta missão destruidora de egos, deturpadora de sonhos, que nada nem ninguém consegue convencê-lo o educador do contrário. Nem mesmo Deus...
Quanto mais estudo educação, aumento a minha experiência como profissional da área, conheço mais pessoas e troco mais idéias com elas sobre o assunto, mais me convenço disso. No início tenho raiva, às vezes, ódio... Mas no fundo, coitados dos educadores, não sabem e nem desconfiam que a escola foi montada justamente para isso. O seu projeto maior é o de emburrecer, amaciar, no sentido de amortecer as consciências, produzir para a perversidade do capitalismo, consumidores e produtores em potencial. O que significa subserviência, negação da liderança, da crítica, do teor político que sustenta todas as coisas. Educação para alienar, produzir gente boazinha e idiota. E os educadores não sabem que dedicam suas vidas a esta maldade intensa, sem fim.
Tanta gente estudando educação: são cursos e mais cursos. Seminários, eventos, mestrados, doutorados, teses e pesquisas apenas para sofisticar a maldade, aguçar a ponta do ferrão. E os educadores lá, babando, lambendo as botas, sofisticando a escravidão de acrílico a que todos passamos a ser vítmas desde aquele famoso maio de 1 888, lembra? Mas ninguém sabe disso. A educação não deixa saber. É notável como a pessoa piora, esfria enquanto se prepara para ser educador.
Os cursos de licenciatura, a pedagogia, os mestrados e doutorados em educação parecem conter um ingrediente maléfico, a primeira vista inexplicável para fazer com que as pessoas se tornem más, mesquinhas. E pior, não enxergam isso, juram que são justamente o contrário de tudo. Deus me livre, mas os educadores sofrem uma certa lavagem cerebral como uma exigência máxima do currículo: só pode ser educador quem é duro, metódico, parcial: uma máquina enferrujada, em desuso. Na minha longa experiência universitária em faculdades de educação já peguei alunos ótimos, felizes, abertos, humanos, flexíveis, bons, enquanto calouros, iniciantes. E, quando formandos são duros, frios, maus, objetivos, esquemáticos, neuróticos. Passam a sofrer de sérias deformações de caráter, transformam-se em verdadeiros feitores.
A sofisticação da didática se encarrega de esconder, de aparar as arestas. A grande maioria das Faculdades de Educação, verdadeiros redutos de profissionais mal-resolvidados, não-amados, confusos e obscuros se prontifica a fazer o resto. Daí se aprazem os órgãos afins do governo, as instituições particulares de ensino, os sindicatos e associações de classe. E a coisa vai de mal a pior e assim sempre.
Numa recente entrevista para trabalhar como professor de uma faculdade, a coordenadora do curso no final me saiu com essa: - "Acho que teremos dificuldades, professor, porque você é uma pessoa muito inteligente. E gente inteligente é muito problemática". E, claro, não me contratou. Ou seja o espaço universitário é reservado para a burrice, a mediocridade acadêmica propulsora de maldades profundas contra seus alunos, os futuros profissionais que vão construir este país. E o mesmo se repete com os colégios, as escolas de educação infantil, a educação...
É proibido pensar em métodos ou fórmulas que aliviem os sofrimentos dos alunos. Que os motivem a estudar, a aprofundar seus conhecimentos, a discutir e a produzir ciência para melhorar a vida. Temos sim, que obedecer aos rígidos limites da ABNT, a partir do princípio de que se a margem, por exemplo, não tiver aqueles centímetros rígidos, então a traça não come. Pois a leitura, esta que nunca existe, independe da margem e de todo um conjunto de exigências toscas com as quais os professores assassinam seus alunos durantes semestres inteiros e, no final, ninguém sabe nada mesmo.
Por que as escolas continuam sendo estes covis da evidente falta de ética, de caráter, de bom-senso, de vontade política de acertar, de modificar as coisas, de melhorar o mundo? Por que os professores e professoras são tão pérfidos, mesquinhos, excessivamente burocráticos? Imbecis mesmo. Julgam-se tão preparados, cheios de diplomas. Mas são desprovidos de malícia, de dignidade, de amor, de senso, de verdades. É pra isso que servem as escolas? Até quando vamos continuar assim? Doentes. Vítmas deste maquiavelismo pedagógico inconsciente e ajudando a destruir a vida, os sonhos, as alegrias? De que lado estamos? O que querem afinal os educadores além de seus salários ridículos e das suas condições de trabalho muito mais que medíocres? Na exata proporção do (des)serviço asqueroso que prestam às sociedades, às crianças, à vida...
Estaremos dormindo ou mortos? Haverá tempo para ainda acordarmos vivos?
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Antonio da Costa Neto
4 comentários:
Parabéns, Antonio! Finalmente uma voz para se juntar à nossa. Copiei algumas das suas frases no blog do EducaFórum. Gostaria que você desse uma lida em meu texto "O estuprador", neste link http://www.giuliapierro.xpg.com.br/OEstuprador01.htm Trata-se de uma história verídica que nos foi relatada numa reunião do EducaFórum, mas perdemos os contatos com o aluno e eu tive enorme dificuldade para encontrar um "final feliz" para ela. Melhor: não consegui inventar uma solução que pudesse surgir da escola...
Um abraço e vamos trocar figurinhas! Nós estamos em Sampa, mas recebemos denúncias de todo o Brasil. E como tudo é parecido neste país!
Aê menino....
Faço minhas as suas palavras.
Então, está convidado a visitar o meu blog.
http://cremilda.blig.ig.com.br
Peço também licença para copiar seus textos ou parte dele, dando o devido crédito , claro...
Ceilândia, não é aquela cidade debaixo do nariz do Lula, onde o professor acostumado a aprontar, foi desafiar e onfender alguns alunos na praça e levou um "pau"?
O professor por pouco não vira herói nacional, recebeu até a visita e a solidariedade do Cristóvam Buarque....
Quantas coisas tristes de Ceilândia chegam a nossos ouvidos...
São Paulo, não está em melhores condições não....
Aê menino....
Faço minhas as suas palavras.
Então, está convidado a visitar o meu blog.
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Peço também licença para copiar seus textos ou parte dele, dando o devido crédito , claro...
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