domingo, 26 de setembro de 2010

NEYMAR DE HOJE, BRUNO DE AMANHÃ


O Brasil acabou de assistir, extasiado o chamado "Caso Bruno". E todo o mundo se escandalizou com a possibilidade de um tão bem sucedido jogador de futebol, um goleiro excelente, ganhando fortunas e com um futuro muito mais que brilhante, ter sido o agente principal de um crime de proporções horrendas, um assassinato brutal, com requintes de tortura e sofrimento para a vítima, por razões pessoais, e, segundo tudo indica, principalmente, econômicas. Durante o processo, em êxtase, muito se discutiu sobre possíveis culpas do futebol, dos responsáveis pelas suas lides, pela orientação dos jogadores. Sendo, no caso, o Clube de Regatas Flamengo, organização em que, na época, o jogador se vinculava, alvo de acirradas críticas de vários segmentos da sociedade brasileira.
Feito um absoluto silêncio sobre o caso Bruno, como é mais do que habitual em nossa sociedade, onde o limite de um escândalo está justamente no seu vínculo e possibilidade de se ocultar outro, começa agora o caso Neymar. Que, claro, nem de longe alcança as proporções do primeiro. Mas, na minha opinião, já pode significar sim, um bom começo. O problema é que, os clubes, insensíveis com as condições emocionais, psicológicas, íntimas da figura do jogador, não se preocupam em prepará-lo nestes aspectos. Isto não interessa, e, ao contrário, significa gastos, perda de capital, o que eles, em sua vasta maioria, se negam a fazê-lo. O que importa é só o chute, o gol, o mito. É isto que vai prender a torcida, garantir pontos nos campeonatos e torneios, e, no final das contas, o jogador e a sociedade que se danem.
Repete aqui, embora de forma milionária e sofisticada, o caso da antiga escravidão. Compra-se a peça, a peso de ouro. E agora, como seu dono e senhor, façamos o seu uso, de certa forma prostituto e caríssimo. Pois, inclusive, certas condutas do jogador, são até bem-vindas no cômputo de que às celebridades a quem amo, tudo pode. Tudo é permitido. E, de vez enquando, apanha-se um "boi de piranha", justamente para disfarçar o estilo e se continuar, com o êxito oportuno ir usando da mesma metodologia que se perpetua dentro da história das civilizações.
Os jogadores não são, em definitivo, preparados para viverem seus dias de celebridades instantâneas que, geralmente, se tornam, depois do terceiro gol, ou, como no caso do Bruno, a terceira defesa consecutiva. Basta isto, e o cara vira um rei, com poder astuto sobre tudo e todos. Inclusive, com definições e princípios acima do bem ou do mal. Ainda que, analfabetos funcionais, muitas vezes, no sentido literal da expressão. Não são informados, estes senhores e senhoras, comandantes desta máfia desportiva que o acesso à fortuna, bens, status, fama, assédio, transforma por completo a personalidade, o comportamento, a forma de pensar e de agir da pessoa. O que, numa sociedade capitalista e competitiva como a nossa, poderá levar a danos, problemas, dores e crimes insustentáveis. Tudo junto beira à psicopatia social e os nossos clubes atléticos, desportivos, e especialmente, de futebol, uma arte brusca, máscula, competitiva, feita com os pés, aos empurrões, aos gritos e induzindo a mais e mais gols, ganhos, aplausos, pode chegar a danos irreparáveis, para si e para os outros.
E os Brunos se fazem, inicialmente, com as faltas de educação que o jovem Neymar já vem exibindo, depois do êxito, dos ganhos, do estrelato. Imagine o poder de um garoto como este, sem a menor estrutura emocional, maturidade - ele tem apenas 18 anos de idade - que, sem dizer palavra consegue demitir um técnico, que, diga-se de passagem, atravessava um muito bom momento para o seu clube. Isto mexe com a cabeça de qualquer um. E estabelece, pior ainda, no seu inconsciente, uma estrutura de poder incalculável, e que, sem dúvida, este atleta irá levar para a sua vida, seus negócios, suas relações futuras, onde não existem bolas e nem aplausos.
Portanto, já é mais do que tempo dos clubes desportivos dispensarem o mesmo cuidado psicológico, humanitário, sociológico, que fazem com o físico, com o técnico, com a performance desportiva de seus contratados. Pois, o ser humano é um todo sistêmico e não se contrata apenas um lado da pessoa. E quando alteramos um deles, transformamos todos. Temos, portanto, de olhar tudo isto com outra sensibilidade. Estamos trabalhando com gente e não adestrando animaizinhos para fazer graças para os macaquitos da platéia. Como tal, se o físico é muito desenvolvido, na mesma proporção, se perde no psicológico, no emocional e assim por diante. E ainda, estes meninos passam acreditar - ainda que inconscientemente - que são deuses, poderosos e que podem, em última instância, afrontar, assediar criminosamente, matar e distribuir os restos humanos aos pit-bulls famintos, para que ninguém descubra nada e fique tudo bem como dantes. Pois, afinal de contas, o que serve é o atleta em campo. Produzindo lucros e alienando milhões de conformados com as alegrias, ou, em última instância com a miséria desportiva. Fazer o quê?
Assim, no caso Bruno, ele não é culpado sozinho. Existe por trás os resultantes da manipulação da sua consciência, dos seus valores, para que se tornasse um goleiro economicamente viável. E só. Para levar o crime a sério, precisaríamos de um galpão inteiro na delegacia, prendendo técnicos, colegas, gestores e presidentes do clube em si. E, principalmente, os irresponsáveis que pagam milhões para se pegar uma bola. Manipulando, por sua vez, os miseráveis que aplaudem como bobos. Tudo, na verdade, constitui um crime sem precedentes, um fenômeno horripilante que ainda, a nossa ignorância apenas dá de ombros.
Também já é mais do que tempo de deixarmos de ser ingênuos e incautos, transferindo os desejos e necessidades pessoais para os triunfos do esporte, do time, da seleção, da equipe. Enquanto você e sua vida continuam na necessidade, e, quando não, na miséria, você se arrebenta de alegria, se escancara no grito frente ao gol do seu time, ou mesmo do adversário - intercambiando a alegria fremente pelo desespero sem fim - não sobrando, a partir daí, nenhuma força, visão ou vontade de se lutar por aquilo que de fato o interessa. Se o seu time ganha, o seu atleta foi bem vendido - embora nada sobre para você - há, de imediato, o conformismo com as carências absolutas da vida em todos os aspectos. Por isso, é melhor, mais econômico e adequado dentro da linha medíocre dos governos, estruturar, por exemplo, olimpíadas ou uma copa do mundo. Criar e manter um ministério do esporte. O que significa não ter que cumprir as obrigações e satisfazer os desejos legítimos do povo. Cumprindo, assim, o duplo sentido da exploração política e capitalista contra os que mesmo com fome, sem dentes, sem educação, saúde, escola, lazer, não conseguem enxergar as mazelas da vida. E, muito menos, cobrá-las, devidamente de quem de direito.
Com um esporte destes, e, especialmente, com o futebol que temos, não precisa ser Lula para se presidir a República e responder eficazmente aos interesses no jogo de poder em relação à sociedade civil. Chega de sermos usados e de uma forma usualmente tão barata e vulgar. Nós - inclusive os jogadores, mitos bem pagos - merecemos um pouco mais de dignidade. Claro que é bom o jogo, a vitória, a vibração, a mandala do futebol e estarmos em êxtase com os jogos que nos cercam. Precisamos ter alegrias, nos divertir, mas não como sucedânios criminosos a tantas outras coisas que nos são negadas.
E, para tanto, o esporte de massa serve como uma luva, o pão e circo que mantém como pura e natural esta lastimável realidade contra as pessoas. O esporte deve ser um complemento, tão importante como os demais, e não, como tem sido, uma forma de substituir nossos direitos, dos quais somos todos herdeiros legítimos. E dentre estes não se inclui a prótese do nariz de palhaço que nós, brasileiros, já deveríamos, há muito, ter deixado de usar.
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Antonio da Costa Neto

O ABORTO DOS OUTROS


Há motivos distintos para os pronunciamentos sobre a questão do aborto nos dias de hoje. Motivos formulados como opiniões que, atenciosamente lidos, mostram-se acobertadores do que realmente se visa com a proibição legal desta prática tão familiar. Tais motivos devem ser analisados na intenção de colocar a questão no seu lugar devido, a saber, que o aborto é um problema das mulheres e que homens e instituições, para os quais o sexismo – a determinação da diferença sexual em que a mulher é vista como o “sexo” em si mesmo - é um método de controle, buscam o domínio do discurso sobre o aborto.

Não poderia ser diferente já que o aborto no modo como é tratado no Brasil atual apenas faz ver o estatuto do poder na mão – e mais precisamente na ordem do discurso - dos homens contra as mulheres. Neste sentido, cabe também levar em conta que há para além da proibição da prática, certa evitação do ato de teorizar em torno do aborto por parte das mulheres. Homens falam sobre o aborto, mulheres – com raras exceções – parecem não se sentir confortáveis em defender a própria causa. Mas é claro que não se trata apenas disso. Deixar que as mulheres decidam não é uma prática desejável em um sistema patriarcal e é preciso começar impedindo que falem.

A propósito, o patriarcado é o lugar em que mulheres são submetidas pelo discurso. Não deve, portanto, ser entendido apenas como um modelo universal da racionalidade, da ética e da estética que dele decorrem organizando-se como ideologia, mas como a prática cotidiana desta racionalidade que instrumentaliza mulheres. Ora, o patriarcado não é apenas metafísico, mas deve ser visto em seu fundamento ético-político que se define pela ação contra as mulheres. Assim é que ele se constitui como o nome próprio da violência que costura um pensamento e uma prática contra mulheres da família à publicidade, da maternidade à pornografia.

Dizer contra neste caso é definir rigorosamente que as mulheres que ainda podem ser subjugadas pela ilegalidade do aborto são as social e economicamente desfavorecidas. Aquelas que permanecem sob comando biopolítico, sem supor que possam ser senhoras de seus corpos. Sem interpretações próprias sobre o que seja seu corpo, sua vida própria, mulheres pobres são reduzidas à condição de fêmeas procriadoras para logo depois serem rebaixadas, caso pratiquem o aborto, à condição de meras rés por terem ido contra a ordem.

No senso comum brasileiro vige o discurso de que a realização das mulheres está na maternidade e na feminilidade. Quem não obedecer a esta ordem do discurso poderá ser punida cruelmente. Que a sociedade se torne mais democrática quer dizer que o patriarcado cede diante da escolha das mulheres sobre seu próprio corpo. E esta escolha se afirma em um discurso como reação contra a ordem patriarcal sexista que até os dias de hoje é mal quisto em várias instâncias deste Brasil subjugado política e ideologicamente ao patriarcalismo.

Duas formas de silêncio

Mulheres, as verdadeiras implicadas na questão do aborto raramente se pronunciam sobre ele. Há pelo menos duas formas de silêncio em jogo nesta questão. Em primeiro lugar o silêncio derivado do comodismo e da alienação. Um silêncio cultural que define o poder da fala como algo masculino e, por contraste, “anti-feminino”. Mesmo hoje em dia muitas mulheres caem na armadilha essencialista, aquela que defende que mulheres não devem falar demais para evitar a tagarelice de que são acusadas desde a tradição filosófico-literária.

No discurso essencialista, tem-se que “a mulher” é uma essência não-falante. Desconsidera-se a formação cultural, histórica e social que constitui o gênero. Desconsidera-se o controle discursivo que está por trás de toda definição.

Assim é que uma mulher deve calar, como se a fala articulada, que expõe idéias, fosse contra a natureza das mulheres e não uma construção jurídico-cultural. Este silêncio é alienado, ele é produzido. Sua conseqüência é o fato histórico de que as mulheres como “classe” ou grupo não construíram teorias, não foram autorizadas, nem se autorizaram a serem teóricas, cientistas, ou políticas, ou seja, seres que dominam o funcionamento do discurso e podem exercer poder a partir dele, seja no campo do conhecimento, seja no campo da política profissional. Mas há outro silêncio.

Aquele que é praticado sem alienação por mulheres ideologicamente livres do patriarcado. Moralmente descomprometidas, ou financeiramente livres não precisam responder às suas imposições. Praticam abortos conforme necessidades pessoais/corporais sem que ninguém ou nenhuma estatística precise sabê-lo. Não dependem do sistema público de saúde, não precisam se confessar ao padre, muitas vezes nem mesmo tem uma vida de casal com um homem ao qual devam prestar satisfação sobre seus atos. Quem são, o que desejam, como e onde o fazem é algo que permanece sob o véu da clandestinidade que, neste caso, não é mais do que o fato da realidade.

Clandestina é toda prática possível que mostra a insuficiência da lei e as contradições da moral. Kafka no conto “O silêncio das sereias” afirmou que o silêncio das sereias é uma arma mais terrível que seu canto. Talvez alguém tenha escapado de seu canto, mas certamente ninguém escapou de seu silêncio, diz Kafka. Tal silêncio é a liberdade das mulheres insuportável ao patriarcado. É também sua arma. Infelizmente, no entanto, como arma ele não está ao alcance de mulheres desfavorecidas cultural e economicamente. O documentário de Carla Gallo mostra mulheres que são vítimas do discurso e do sistema quanto à impraticabilidade do aborto, mulheres que sofrem sob o jugo do patriarcado como se fossem meros animais que desobedeceram seus senhores.

Habeas Corpus

O documentário O Aborto dos Outros é, neste sentido, a exposição de uma reivindicação real do direito sobre o próprio corpo. Ele faz pensar que a questão do aborto no Brasil deve ser tratada segundo o direito do habeas corpus. Válido para aqueles que podem pagar por um advogado, o direito de habeas corpus deveria ser elevado a princípio mais que jurídico quando se trata da relação entre mulheres e seus corpos. O habeas corpus deveria ser tomado culturalmente, tornando-se uma verdadeira ética no combate à apropriação que o patriarcado exerce sobre o corpo das mulheres.
O corpo das mulheres deve ser devolvido às próprias mulheres. Ou se perdeu no tempo ou nunca existiu o consentimento para que homens - a sociedade como um todo? - comandassem corpos de mulheres particulares, seu desejo de ser ou não ser mães.
A discussão sobre a abstrata questão da vida do embrião presente no corpo de uma mulher que não deseja desenvolver um feto não passa de elemento acobertador do controle biopolítico sobre corpos de mulheres. Do mesmo modo, não podemos mais nos ocupar da discussão que corre no senso comum e que divide a população entre ser a favor ou contra o aborto quando na verdade se trata no Brasil de hoje de ser a favor da legalização do aborto ou contra a legalização do aborto. A questão da legalização é jurídica e como tal, problema de poder, de saber quem comanda, quem decide, quem detém a verdade a seu próprio favor.
Somente a luta das próprias mulheres poderá mudar este estado da questão. Enquanto isso, alguns homens mais lúcidos porque livres do discurso patriarcal e percebendo que o tema não lhes diz respeito, associam-se às mulheres na luta por uma sociedade mais justa. Mas somente as mulheres poderão buscar a justiça para si mesmas e para aquelas que como elas sofrem na coleira do patriarcado.

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Márcia Tiburi - doutora em filosofia, professora, escritora, conferencista.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

DILMA ELEITA: COMEÇA O INTERMINÁVEL INFERNO BRASILEIRO


O inferno brasileiro está prestes a começar. A triste verdade sobre as últimas eleições no Brasil é que não foi, sob nenhuma hipótese, decidida com base em princípios ou valores. Ninguém se importa se Dilma Roussef tenha assassinado ou roubado. É apenas o populismo na forma mais cruel. Ela é a senhora Lula. Os pobres se beneficiaram um pouco do fim da inflação, e se esqueceram que esta situação foi herdada por Lula. E não conseguem entender, pela farsa da educação e da imprensa que temos, o grande golpe, a grande cilada a que todos caímos com o cinismo absoluto, a barbárie que tais governos nos impõem. É incrível a incapacidade de refletir e de pensar de nosso povo, até mesmo, de boa parte de nossa chamada elite intelectual (Que piada é esta?)
O interessante é que o Partido dos Trabalhadores não é comunista nem o que auxilia os trabalhadores. O IBGE, a principal instituição de estatística no Brasil, acaba de lançar a informação dando conta que o analfabetismo no Brasil aumentou, durante o reinado de Lula. O saneamento básico está no mesmo nível que era no momento da sua coroação. 50 mil brasileiros morrem por mortes violentas, a maioria causadas por armas e drogas contrabandeadas para o país pelos terroristas marxistas das FARC, os aliados de Lula. A próxima Copa do Mundo será no Rio de Janeiro.
Em contrapartida, o Banco Federal de Desenvolvimento (BNDES) recebeu este ano 100 milhões de dólares para emprestar às grandes corporações, a fim de "comprar" a sua boa vontade em relação ao governo durante a campanha eleitoral. Os capitalistas recebem o dinheiro com juros em tormo de 3,5% a 7%, enquanto o governo paga 10% a 12% para os bancos. O Banco Itaú teve o maior lucro de um banco nas Américas, incluindo os dos EUA.
Outros atos de generosidade do governo incluem a distribuição de licenças de TV e rádio para os capitalistas e os políticos, uma rede de TV para os dirigentes sindicais (que recebem um dia de salário dos trabalhadores e não podem ser fiscalizados - Lula proibiu) e a definição dos alvos de investimento dos fundos de pensão de empresas estatais, da ordem de centenas de bilhões de dólares. Eles podem fazê-lo ou quebrá-lo.
Essa é uma economia fascista, na sua mais pura definição. Mussolini estaria orgulhoso. É difícil para o povo a entender como o comunismo mudou a partir de uma utopia social para este fascismo na forma mais primata. O motivo é que eles mantêm a aparência sob o velho charme por causas culturais, como o aborto livre, o casamento gay, o globalismo, o radicalismo ecológico, etc. Assim como na China, dizem ao povo como viver sua vida particular.
Censura ou "controle da mídia" está na agenda de Dilma, da mesma forma como se encontra em pleno andamento na Argentina e Venezuela hoje em dia. A privacidade fiscal de oponentes Dilma foi quebrada sem consequências. Os direitos fundamentais garantidos pela Constituição nada valem para o Partido dos Trabalhadores, e eles estão desafiando os direitos de propriedade.
Um grupo de camponeses comunistas, todos financiados e liderados por agitadores profissionais, invadem fazendas, matam pessoas (como o fazem agora) e a questão será decidida por consulta popular, da comuna. Estamos sendo preparados para sermos peões do governo mundial. Prevejo tempos difíceis à frente para o Brasil. Dilma é incompetente e teimosa. A dívida pública do Brasil quase triplicou, e está prestes a explodir, devido às altas taxas de juros. O boom da exportação de minerais e agro-commodities, que impulsionaram a popularidade de Lula, pode acabar a qualquer momento, especialmente se uma crise pesada atingir o dólar.
O nível de tributação no Brasil é um dos mais altos do mundo, com 40,5%, e a burocracia, com 85 diferentes impostos na última contagem, é astronômica. Eles não serão mais capazes de aumentar os impostos para sustentar os vagabundos empregados do governo e a alta corrupção.
Quando o governo quebrar, as ajudas sociais que apoiaram a popularidade de Lula estarão em risco. Sem o crescimento das exportações, haverá menos postos de trabalho, e é possível que nós venhamos a ter tumultos e protestos. As coisas têm sempre sido muito fáceis neste país, onde o alimento cresce até nas rachaduras na calçada. Talvez já esteja na hora de os brasileiros amadurecerem pelo sofrimento.
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PS: O pai de Dilma era um búlgaro. Ele fugiu de seu país porque era um ativista comunista. Surpreendentemente no Brasil, ele era capitalista e muito rico. Dilma é hoje uma mulher mal educada demais. Fria, maquiavélica, insensível, oportunista e interesseira. E teve uma vida burguesa muito previlegiada, vivendo em uma casa grande, luxuosa e estudando em escolas privadas mais caras de Belo Horizonte. É sempre bom fazer parte da elite comunista. Afinal, ela sempre discute a fome a miséria no jardim de inverno de suas mansões maravilhosas. E até choram de piedade dos pobres, enquanto toma ballantines e degusta o melhor caviar importado das áreas nobres do alpes europeus. Por que você acha que, só para exemplificar, o Lula é tão louco pelo poder? Para fazer o bem para o povo ou para se deliciar com as cortinas de veludo que, na verdade, fedem a mofo, mas enchem de ostentação os quartos do Palácio?

domingo, 5 de setembro de 2010

CRIANÇA (D)ESPERANÇA... DA GLOBO!!!

É, precisamos muito de deixar de ser bobinhos, ingênuos e tão manipuláveis. Basta uma antena no teto e um aparelho ligado na Globo e pronto, está feita uma lavagem cerebral, para sempre. O mais grave é que toda a programação da Globo é direcionada para um cunho ideológico altamente capitalista, sexista, elitista, centralizador, etc. etc. Ou seja, a cultura da Globo é também a responsável pela pobreza, a miséria, a socialização da fome, do s frimento, da dor e da crise. Ela precisa fazer isto para sedimentar a sua programação e o seu sucesso fácil a partir de coxas grossas, corpos e caras bonitas.
Claro que tudo isto é bom - eu também gosto - mas é infinitamente pouco e manipulador para uma empresa com as dimensões de uma fatídica Rede Globo de Televisão. Por que não podemos descontar no imposto de renda o que doamos - eu nunca doei pois não sou tão besta assim - para o Criança Esperança? Ora, porque doamos para uma empresa privada e com imensos fins lucrativos que é a Globo, e não há como a fazenda pública agregar este desconto, uma vez que a doação é feita para uma empresa privada e altamente capitalista.
Mas a Rede Globo - esta senhora muito boazinha e muito caridosa - pode fazer o desconto total, pois ela doa uma quantia incomensurável, com o seu dinheiro, para o UNICEF, que esta sim, é uma instituição - embora duvidosamente - oficialmente de cunho social e sem fins lucrativos.E o interessante é o desespero da Globo em ganhar mais e mais dinheiro. Em receber mais e mais doações que faz os casamentos legítimos dos mocinhos bonitos e das meninas boazinhas de suas novelas com as campanhas que faz, de forma simultânea.
Se você prestar atenção em nuances que acontecem neste processo, ficará bem claro esta loucura. Quando, na verdade, se a Globo quisesse de fato combater a miséria, a pobreza, o sofrimento das crianças ela teria a sua programação num contexto social e econômico completamente outro, e, por sua vez, engajado nesta realidade triste que se repete ao longo da história. O que estamos é diante de uma hipocrisia, de um crime social sem tamanho e sem precedentes.
A Globo - e seus diretores - é incapaz, nem de longe de tomar conhecimento e consciência do grande mal que faz desencadear para toda a sociedade brasileira, ou para quase o mundo inteiro. Ao refletir em tudo isto pelo plano da espiritualidade universal, tenho pena de seus dirigentes, dos (ir)responsáveis por sua causa e por quase tudo o que ela faz. Na maneira como manipula seus textos, os roteiros de suas novelas, séries, os filmes que exibe, os métodos de apresentar as notícias, a manutenção em seu quadro por anos a fio de figuras como Xuxa Meneguel (aquela assassina da infância e que mantém, nestas mesmas perspectivas, a sua Fundação). Faustões, Bragas, Angélicas, a obcessão criminosa pelo esporte, etc. etc.
Este ano, na linha do seu desespero ela criou até uma teleconferência com artistas famosos em que você, se quisesse doar um valor maior do que os oficiais da campanha, você ligava e falava diretamente com o artista. Este, por sua vez, era orientado para fazer as gracinhas que lhe compete para deixar você, o palhaço doador, todo satisfeito da vida, por acabar de ser assaltado, embora educadamente e pelo seu ídolo, seu mito sexual, ou o que o valha. Esta Globo é, de fato, muito esperta.
Realmente, a Rede Globo é muito competente na consecução de sua Rede de Bobos. Que somos nós, os brasileiros incautos, tontos, manipulados, eleitores de Dilma e filhotes bastardos deste PT que fará o Brasil mudar intensamente. Restaurando a ditadura plena. Pois estamos no caminho que será sem volta se não abrirmos nossos olhos e mudarmos radicalmente nossa postura a partir de agora.
Veja o que se segue:

NÓS OS BRASILEIROS QUEREMOS QUE NOS INFORMEM VIA JORNAL NACIONAL, O NÚMERO DA CONTA DA UNICEF ONDE SÃO DEPOSITADAS AS DOAÇÕES DO "CRIANÇA ESPERANÇA".
COMO É? FICARAM MUDOS?
FALA O NÚMERO!
FALA PRÁ TODO O BRASIL CONFERIR!
FALA AÍ NO JORNAL NACIONAL OU PUBLICA NOS JORNAIS DE MAIOR CIRCULAÇÃO DAS CAPITAIS!

COMO É? VAI DEMORAR OU SERÁ QUE NÃO TÊM RESPOSTA IMEDIATA!

O pior é que procede !!! A REDE GLOBO TREME - VIVA A INTERNET! Leão Esperança: Circula na Internet um e-mail cuja mensagem vem causando arrepios à Rede Globo: Criança (D)esperança: Você está pagando imposto da Rede Globo! Quando a Rede Globo diz que a campanha Criança Esperança não gera lucro é mentira. Porque no mês de abril do ano seguinte, ela (TV Globo) entrega o seu imposto de renda com o seguinte desconto: doação feita à UNICEF no valor de... Aqui vem o valor arrecadado no Criança Esperança. Ou seja, a Rede Globo já desconta pelo menos 20 e tantos milhões do imposto de renda graças à ingenuidade dos doadores!Agora se você vai colocar no seu imposto de renda que doou 7, 15, 30 ou mais pro Criança Esperança, não pode, sabe por quê?
Simples assim: porque Criança Esperança é uma marca somente e não uma entidade beneficente. Já a doação feita com o seu dinheiro para o UNICEF é aceita. E não há crime nenhum. Aí, você doou à Rede Globo um dinheiro que realmente foi entregue à UNICEF, porém, por que descontar na Receita Federal como doação da Rede Globo e não na sua? Do jeito que somos engolidos pelos impostos, bem que tal prática contábil tributária poderia se chamar de agora em diante de Leão Esperança.
Lição: Se a Rede Globo tem o poder de fazer chegar a mensagem dela a tantos milhões de televisores, também nós temos o poder de fazer chegar a nossa mensagem a milhões de computadores!
AGORA, A REDE GLOBO DIZ QUE O DINHEIRO VAI DIRETO PARA UMA CONTA DA UNICEF, MAS PORQUE ELA NÃO DÁ O NÚMERO DA CONTA, COM O NOME DA UNICEF PARA DEPOSITARMOS DIRETO EM CONTA?
NÃO PRECISAMOS DE INTERMEDIÁRIOS PARA FAZER CARIDADE....PRECISAMOS?
LEMBRANDO SEMPRE: O QUE PESA MESMO SÃO OS IMPOSTOS SOBRE NOSSO CONSUMO, EXERÇAMOS ESTE PODER! OU MELHOR AINDA, ESTE DEVER!
Querido Didi,
Há alguns meses você vem me escrevendo pedindo uma doação mensal para enfrentar alguns problemas que comprometem o presente e o futuro de muitas crianças brasileiras. Eu não respondi aos seus apelos ( apesar de ter gostado do lápis e das etiquetas com meu Nome para colar nas correspondências )... Achei que as cartas não deveriam ser endereçadas a mim . Agora , novamente , você me escreve preocupado por eu não ter atendido as suas solicitações. Diante de sua insistência , me senti na obrigação de parar tudo e te escrever uma resposta . Não foi por " algum " motivo que não fiz a doação em dinheiro solicitada por você .
São vários os motivos que me levam a não participar de sua campanha altruísta (se eu quisesse poderia escrever umas dez páginas sobre esses motivos ). Você diz, em sua última Carta , que enquanto eu a estivesse lendo, uma criança estaria perdendo a chance de se desenvolver e aprender pela falta de investimentos em sua formação . Didi, não tente me fazer sentir culpada. Essa jogada publicitária eu conheço muito bem . Esse tipo de texto apelativo pode funcionar com muitas pessoas mas , comigo não . Eu não sou ministra da educação , não ordeno e nem priorizo as despesas das escolas e nem posso obrigar o filho do vizinho a freqüentar as salas de aula .
A minha parte eu já venho fazendo desde os 11 anos quando comecei a trabalhar na roça para ajudar meus pais no sustento da minha família . Trabalhei muito e, te garanto, trabalho não mata ninguém . Muito pelo contrário , faz bem ! Estudei na escola da zona rural , fiz Supletivo , estudei à distância e muito antes de ser jornalista e publicitária eu já era uma micro empresária . Didi, talvez você não tenha noção do quanto o Governo Federal tira do nosso suor para manter a saúde , a educação , a segurança e tudo o mais que o povo brasileiro precisa . Os impostos são muito altos ! Sem falar dos Impostos embutidos em cada alimento , em cada produto ou serviço que preciso comprar para o sustento e sobrevivência da minha família .
Eu já pago pela educação duas vezes : pago pela educação na escola pública , através dos impostos , e na escola particular , mensalmente , porque a escola pública não atende com o ensino de qualidade que , acredito, meus dois filhos merecem. Não acho louvável recorrer à sociedade para resolver um problema que nem deveria existir pelo volume de dinheiro arrecadado em nome da educação e de tantos outros problemas sociais .
O que está acontecendo, meu caro Didi, é que os administradores , dessa dinheirama toda , não têm a educação como prioridade . Pois a educação tira a subserviência e esse fato , por si só não interessa aos políticos no poder . Por isso , o dinheiro está saindo pelo ralo , estão jogando fora , ou aplicando muito mal . Para você ter uma idéia , na minha cidade , cada alimentação de um presidiário custa para os cofres públicos R$ 3,82 ( três reais e oitenta e dois centavos ) enquanto que a merenda de uma criança na escola pública custa R$ 0,20 (vinte centavos )!
O governo precisa rever suas prioridades , você não concorda? Você pode ajudar a mudar isso ! Não acha ? Você diz em sua Carta que não dá para aceitar que um brasileiro se torne adulto sem compreender um texto simples ou conseguir fazer uma conta de matemática . Concordo com você . É por isso que sua Carta não deveria ser endereçada à minha pessoa . Deveria se endereçada ao Presidente da República . Ele é 'o cara '. Ele tem a chave do Cofre e a vontade política para aplicar os recursos . Eu e mais milhares de pessoas só colocamos o dinheiro lá para que ele faça o que for necessário para melhorar a qualidade de vida das pessoas do país , sem nenhum tipo de distinção ou discriminação .
Mas , infelizmente , não é o que acontece... No último parágrafo da sua Carta , mais uma vez , você joga a responsabilidade para cima de mim dizendo que as crianças precisam da " minha " doação , que a " minha " doação faz toda a diferença .. Lamento discordar de você Didi. Com o valor da doação mínima , de R$ 15,00, eu posso comprar 12 quilos de arroz para alimentar minha família por um mês ou posso comprar pão para o café da manhã por 10 dias . Didi, você pode até me chamar de muquirana , não me importo, mas R$ 15,00 eu não vou doar . Minha doação mensal já é muito grande . Se você não sabe, eu faço doações mensais de 27,5% de tudo o que ganho . Isso significa que o governo leva mais de um terço de tudo que eu recebo e posso te garantir que essa grana , se ficasse comigo , seria muito melhor aplicada na qualidade de vida da minha família . Você sabia que para pagar os impostos eu tenho que dizer não para quase tudo que meus filhos querem ou precisam? Meu filho de 12 anos quer praticar tênis e eu não posso pagar as aulas que são caras demais para nosso padrão de vida . Você acha isso justo ? Acredito que não . Você é um homem de bom senso e saberá entender os meus motivos para não colaborar com sua campanha pela educação brasileira .
Outra coisa Didi, mande uma Carta para o Presidente pedindo para ele selecionar melhor os ministros e professores das escolas públicas. Só escolher quem , de fato , tem vocação para ser ministro e para o ensino . Melhorar os salários , desses profissionais , também funciona para que eles tomem gosto pela profissão e vistam, de fato , a camisa da educação . Peça para ele , também , fazer escolas de horário integral , escolas em que as crianças possam além de ler , escrever e fazer contas possa desenvolver dons artísticos , esportivos e habilidades profissionais . Dinheiro para isso tem sim ! Diga para ele priorizar a educação e utilizar melhor os recursos . Bem, você assina suas cartas com o pomposo título de Embaixador Especial do Unicef para Crianças Brasileiras e eu vou me despedindo assinando... Eliane Sinhasique - Mantenedora Principal dos Dois Filhos que Pari.

P.S.: Não me mande outra carta pedindo dinheiro . Se você mandar , serei obrigada a ser mal-educada : vou rasgá-la antes de abrir .
PS2* Aos otários que doaram para o criança esperança . Fiquem sabendo, as organizações Globo entregam todo o dinheiro arrecadado à UNICEF e recebem um recibo do valor para dedução do seu imposto de renda . Para vocês a Rede Globo anuncia: essa doação não poderá ser deduzida do seu imposto de renda , porque é ela quem o faz.
PS3* E O DINHEIRO DA CPMF QUE PAGAMOS DURANTE 11(ONZE) ANOS ? MELHOROU ALGUMA COISA NA EDUCAÇÃO E NA SAÚDE DURANTE ESSES ANOS ?
BRASILEIROS, PATRIOTAS (e feitos de idiotas) DIVULGUEM ESSA REVOLTA .... isto deve chegar em Brasilia.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

UMA HOMENAGEM A WILHELM REICH


“...Por ora, aquele que se afasta do caminho comum e se torna um visionário é considerado um doente mental. Quem se livra das fileiras cerradas da turba humana não é compreendido, as pessoas riem dele quando está fraco; tentam destitui-lo quando está forte e é condenado a desencadear a sua própria ruína. Este é o destino de quem tenta se libertar das fileiras cerradas de uma ciência autorizada e do pensamento linear, elitista e pré-estabelecido como dogma. A teoria científica convencional é um ponto de apoio, uma alavanca no caos dos fenômenos vivos. Para quem voa, é uma altitude de milímetros, quão miseravelmente parece que os carros se arrastam lá embaixo. A busca do recomeço é para muitos considerada a loucura, que para Freud é a tentativa de construção do ego perdido.
Todos somos de certa forma uma máquina elétrica organizada e relacionada com a energia do cosmos, numa eterna consonância entre o mundo e o eu, como tal relação é, no geral, altamente negativa a profundidade do doente mental é humanamente muito mais valiosa. A miséria do sujeito não-convencional e fora da sintonia com a vida cotidiana: um sonhador, um ocioso, os demais são diligentemente encaminhados para a escola e o trabalho e riem do sonhador. Para ele, a vida de todo o dia é estreita e exige um método rígido. Temendo o infinito o homem prático se tranca em um pedacinho da terra e procura segurança para a sua vida, ele cumpre o seu dever e acredita ter a sua paz.
Pensar é muito cansativo e perigoso e o homem prático torna-se cada vez mais impotente e tem uma autoconfiança fascista, é um escravo, um ninguém, mas a sua raça é nórdica e pura, sabe que o espírito governa o corpo e que os generais defendem a “honra”. Os ideais são só para os tolos...”

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“Conhecimento, trabalho, prazer e amor natural são fontes de nossas vidas e deveriam também governá-las.”

“Se, de fato, os impulsos de autoaniquilação são biológicos e imutáveis, resta apenas a perspectiva do massacre humano mútuo.”

“Um animal não mata outro animal porque sente vontade de matar. Isso seria um assassinato sádico e tremendamente cruel em nome do prazer. Mata porque tem fome ou porque sente a sua vida ameaçada.”

“Frustradas, as energias genitais se tornam terrivelmente destruidoras.”

“Homens e mulheres com sentimentos sãos a respeito da vida têm de suportar calados o sinal de depravação com que são estigmatizados por outros, que se deixam dominar não só pelo medo e pela culpa, mas, também, por fantasias perversas.”

“Nossa educação e filosofia social tornaram os adolescentes ou frágeis bonecos ou máquinas da indústria ou de negócios: secas, insensíveis, portadoras de melancolia crônica e incapazes para o prazer.”

“Freud escreveu que a vida, como a encontramos é dura demais para nós; traz-nos dores demais, desapontamentos e tarefas impossíveis. A fim de suporta-la não podemos dispensar medidas paliativas: deflexões poderosas que nos levem a dar menos importância à nossa própria miséria; satisfações substitutas que a diminuem e substâncias intoxicantes que nos tornem insensíveis a ela. Algo deste tipo é indispensável.”

“Se toda a humanidade sonha com a felicidade sexual e poetiza o tema, não deveria também ser possível realizar o sonho?”

“Os humanos só querem ser livres e anseiam pela liberdade. O homem quer experimentar sentimentos fortes de prazer. É apenas o princípio do prazer que determina o sentido da vida.”

“A felicidade está em desacordo com todas as instituições do mundo.”

“A passividade da mulher, embora comum, é patológica.”

“Você é regulado por processos que não pode controlar, que não conhece, que teme, que interpreta erroneamente.”

“As pessoas excessivamente polidas são, habitualmente as mais impiedosas e perigosas.”

“Se queremos de fato evoluir, então, devemos aprender a tolerar a verdade.”


(WILHELM REICH)

Quarenta anos depois de sua morte, Wilhelm Reich continua incomodando o conservadorismo, a mediocridade, a inverdade e a mesmice. Banido da maioria das universidades, tratado como louco, delirante, fantasioso e criador de confusões, ele é negado em seu pleno conhecimento, de acordo com a verdade de sua vida e obra.

Os estudantes de Psicologia, e áreas afins, não deveriam ser punidos com a quantidade mínima de informações que recebem sobre Reich. Pergunto-me, como é possível um homem causar tanto medo e ameaça a sistemas, regimes e países? Na sua vida, tudo o que ele buscou foi a proximidade com a verdade, através de um trabalho científico inestimável para a humanidade, e idéias justas, democráticas, com um cunho de profunda justiça social.

Reich nasceu em 1897, numa região entre a Áustria e a Alemanha. Com infância no campo, interessou-se pela Biologia e Ciências Naturais. Teve pai autoritário que, ao suspeitar estar sendo traído pela mulher, exigiu que Reich confirmasse esse fato. Ele confirmou e, a partir daí, sua mãe passou a ter crises de depressão, até se suicidar. Dois anos mais tarde, seu pai morreu. Reich ficou cuidando de um irmão mais novo. Mais tarde, no fim da adolescência, foi para a guerra, de onde voltou para cursar Medicina. Na Faculdade, deparou com textos de Freud. Apaixonou-se pelo assunto e passou a ter contato com os psicanalistas, tornando-se um deles. Competente, chamou a atenção de Freud, que passou a tratá-lo com intimidade e respeito.Talentoso nos Seminários, vai a Berlim, tornando-se Diretor das Clínicas de Psicanálise.

Fundou as Clínicas de Informações sobre Sexualidade. Milhares e milhares de pessoas procuravam suas palestras, em busca de uma vida sexual mais higiênica, satisfatória e plena. No início da década de 30, com a manifestação do nazismo, Reich precisou fugir, como um rejeitado. Isso já havia acontecido durante o regime comunista, quando emprestou solidariedade ao conhecer os objetivos iniciais da revolução russa de 1917.

Acreditando poder desenvolver a revolução das massas, através da satisfação plena da sexualidade madura, Reich viajou para Moscou. Sentiu-se gratificado ao conhecer uma professora, Vera Schmidt, que desenvolvia a educação preventiva, com informações sobre a sexualidade. Percebeu a mudança das intenções iniciais da revolução russa, e desistiu de seus planos. Expurgado pela esquerda comunista, fugido da direita nazista, nessa altura já tendo descoberto a inexistência da distância entre soma e a psiquê, debruçado sobre o corpo e sua história, também estava sendo perseguido pelos psicanalistas.

Restava fugir. Foi para a Suécia. Sem ter o visto de permanência, já que os nazistas pressionavam os suecos, foi para a Dinamarca. Seus alunos suecos foram obrigados a atravessarem, à noite, o canal que separava os dois países para continuarem seus estudos.Com a expansão do nazismo pela Europa, Reich aceitou um convite para ensinar em uma universidade nos, Estados Unidos. Lá, adquiriu um rancho, no Estado do Maine, próximo a Nova Iorque, instalou-se, com colaboradores, e passou a desenvolver suas pesquisas.

Anos depois, no início da década de 50, desenvolveu estudos sobre a caixa orgonômica, comercializando-a. Foi esse seu grande e fatal erro.Época do Macarthismo, de caça às bruxas, seus inimigos e opositores sustentaram que tal comércio era uma farsa. Reich foi preso e negou-se a aceitar advogado de defesa, afirmando que nenhum promotor ou juiz poderia julgar um trabalho científico como o dele. Levado à prisão, um ano e meio depois, teve uma síncope cardíaca e morreu, fechado em uma cela.

Fim triste e trágico de um ser que operou tantas descobertas para o benefício do homem e da humanidade durante todo o século XX.Triste história da humanidade, capaz de promover tal incompreensão, com quem lhe devotou tanto interesse e amor. Caminhos e descaminhos do homem que foi o espelho do mundo, com suas guerras internas, suas confusões, seus progressos e a beleza de sua alma. A Psicanálise foi a base lançadora de sua catapulta científica.

Depois, percebeu o corpo. Era uma sessão normal de análise. O paciente deitado, falando de sua história. De repente, a raiva assoma, fazendo com que o pescoço e o rosto do indivíduo mude de cor. Nesse momento, o corpo entra no trabalho de Reich.Veio a Vegetoterapia Caracteroanalítica: no corpo, sete anéis que localizam-se próximo às glândulas endócrinas e que, na espiritualidade, correspondem aos sete chakras. Interessante associação:

o 1º nível - olhos, ouvidos, nariz;

o 2º nível - boca;

o 3º nível - pescoço;

o 4º nível - tórax;

o 5º nível - diafragma;

o 6º nível - abdômen;

o 7º nível - pélvis.

A Vegetoterapia é o trabalho de cada nível, com o objetivo de permitir desbloquear a passagem da energia entre os níveis, fortalecendo-os, e permitindo a expansão da saúde e, consequentemente, do prazer de viver.

Reich pesquisou ainda a célula do câncer. Concluiu que esta célula possui deficiência respiratória, normalmente presente em regiões onde o organismo é mais frágil diante de situações de estresses emocionais. Também percebeu que o maior índice de câncer ocorria com pessoas que acusaram, em períodos que variavam de seis meses a dois anos antes do surgimento da doença, desistência; que optaram por não mais continuar no caminho do crescimento, da vida, do caminhar, do lutar, do buscar. Aí reside um dos motivos, imagino, do axioma presente na introdução de todas as suas obras: “Amor, trabalho e conhecimento são a base de toda a vida e deveriam governá-la.”

Reich também olhou para o Cosmo e viu a energia orgone. A energia vital. O prana dos indianos. O C’hi dos chineses. E criou a caixa orgonômica, que tinha a propriedade de aumentar a energia interna do organismo e, através dessa possibilidade, permitir que bactérias e organismos já instalados no corpo, pudessem ser expulsos. Dessa forma, curas aconteceram. A pessoa entrava na caixa, que recebia o calor do ambiente e fazia com que resfriados, febres, câncer em estágios iniciais, pudessem ser reduzidos e curados. Ele também desenvolveu, e levou para a Psicologia, a questão da prevenção das doenças, das neuroses, por meio de programas de profilaxia.

Como, o inacabado programa de pesquisa com gestantes, crianças no pós-parto, desmame, período escolar e adolescência. Ele pretendia evitar a neurose, através de um acompanhamento psicológico, inicialmente com a gestante. Após o nascimento, cuidados com o recém-nascido e sua relação com a mãe. Depois no desmame. Por volta dos sete anos, tornaria a acontecer uma redobrada atenção ao ingressar na Escola. As crianças seriam acompanhadas até a adolescência. Infelizmente, Reich não pôde viver para concluir sua intenção.

Outra incursão do inquieto espírito científico de Reich aconteceu na área dos fenômenos da natureza. Ele criou um instrumento que fazia chover, o “claowbuster” e existem provas de que funcionou. No final de sua vida, voltou os olhos para os OVNI’S. Foi quando a comunidade científica desacreditou-o. Fantasia, delírio ou realidade, até hoje não existe resposta. Nós, os admiradores do caldeirão de idéias e descobertas científicas desse ser privilegiado que foi Reich, esperamos que Deus nos dê tempo de vida suficiente para estarmos atentos ao conteúdo dos documentos que ele deixou ao morrer, pedindo que só fossem divulgados 50 anos após a sua morte.

Estamos aguardando ansiosos. O que será que está guardado por tanto tempo? Por que Reich acreditou que a humanidade não estava preparada para receber esse legado por ocasião de sua morte, em 1957? Acredito que essa visão do despreparo do mundo está retratada no magnífico e surpreendente desabafo, transformado no livro “Escuta, Zé Ninguém”. Nesse livro, Reich, visceralmente, expõe e vomita suas raivas, mágoas, dores e feridas, numa linguagem incisiva e direta. Acusando o Zé Ninguém pelo despreparo de ser e pela disseminação da peste emocional, que era como ele definia a mentira, o julgamento, os achômetros, os boatos, as fofocas, a maldade humana, capazes de destruir sem conhecer, baseando-se nas aparências e nos comentários.

Um dos principais questionamentos reichianos é o da pergunta, na década de 40: “Como podemos ser felizes se, ao nascermos, muitas vezes, fomos gerados em ventres frios?”, como ele denominava a imaturidade emocional das mães grávidas. Na maternidade, as crianças saem do ventre da mãe em salas geladas (18oC), sob luzes fortíssimas que cegam, levando palmadas para chorar e sendo afastadas da mãe, com a qual viviam tão unidas. Em berçários, alguns são circuncidados. Quando os bebês são levados até a mãe para a amamentação, quase sempre, ela está deprimida. Difícil, essa chegada ao mundo.

Na pulsação biológica, sinto, talvez, mais profundamente, uma identificação e uma admiração pelas definições e afirmações reichianas. Ele afirma que o ser humano funciona como pulsação biológica, com movimento de contração e expansão, que é o movimento do coração. Sístole e diástole. Também é o movimento do pulmão e da respiração. Inspiração e expiração. No microscópio, Reich percebeu que o protozoário também possui o mesmo movimento. Intrigado, ele levantou seus olhos, estendidos pelo Universo, percebendo que o mesmo também pulsa. Dia e noite.Olhou para a natureza e viu que o processo se repete. Inverno e verão.Voltou seu olhar para a lua, sentiu a mesma pulsação. Lua cheia e lua nova.Olhou adiante, pousando seus olhos sobre os mares e viu a maré cheia e a maré vazia.

Concluiu que, assim como, no menor animal, no homem e no universo vivem movimentos de pulsação, que designam um aspecto da natureza que atravessa espécies e vai até o cosmo. Todos sintonizados através de um movimento sincronizado, como se fosse uma dança divina. Minha intenção neste artigo foi reverenciá-lo e prestar uma homenagem a um homem, que foi corajoso e inteiro, em todos os momentos de sua vida.

Jayme Panerai Alves
Membro do Libertas Comunidade - Recife (PE)

POR QUE NÃO RESOLVEMOS OS PROBLEMAS DO MUNDO?


"...Suponhamos que comecemos fazendo uma lista dos problemas do mundo de hoje que, em princípio, podem ser resolvidos com a moderna tecnologia.
Em princípio, temos a capacidade tecnológica para alimentar, abrigar, proteger, dar carinho, afeto, calor humano e vestir adequadamente todos os habitantes do mundo.
Em princípio, temos a capacidade tecnológica para assegurar o suficiente cuidado médico, propiciando uma saúde de alta qualidade para todos os habitantes do mundo.
Em princípio, temos a capacidade tecnológica, humana e pedagógica para oferecer suficiente educação a todos os habitantes do mundo para gozarem de uma vida intelectual e cultural madura.
Em princípio, temos a capacidade tecnológica de colocar fora da lei a guerra e instituir sanções sociais que evitarão o conflito ilegal e o derramamento de sangue de milhares de inocentes.
Em princípio, temos a capacidade de criar em todas as sociedades uma liberdade de opinião, pensamento e atitude que reduzirão ao mínimo os constrangimentos ilegítimos impostos pela sociedade ao indivíduo.
Em princípio, temos a capacidade de desenvolver inúmeros novos recursos tecnológicos que libertarão novas fontes de energia natural e poder para o pleno atendimento das emergências físicas, sociais, políticas, éticas, culturais, psicológicas e ecológicas em todo o mundo.
Em princípio, temos a capacidade de organizar as sociedades atuais para realizarem planos de saúde, educação, liberdade humana, produção de alimentos, habitação, infra-estrutura desenvolvida a fim de resolver todos os problemas da pobreza, da miséria, fome, violência, mortalidade infantil, degradação da natureza, conhecimento e a descoberta de novos meios necessários para assegurar uma boa qualidade de vida para todos os habitantes do mundo, indistintamente.
Claro, todos sabemos que o ser humano é capaz de fazer todas estas coisas. Por que então não as faz? Haverá algum perverso traço de caráter que corre através da espécie humana e que torna um ser humano indiferente à condição do outro? Ou estamos essencialmente em face a um tipo de degradação moral que nos permite ignorar nosso vizinho em razão do nosso próprio interesse, do nosso umbigo?
Existirá uma razão mais profunda e sutil pela qual, a despeito de nossa imensa capacidade tecnológica, não estamos ainda em condições de resolver os principais problemas do mundo? Se passarmos os olhos pela lista dos problemas, há um aspecto deles que logo se sobrepõe parcialmente. E claro que a solução de um problema tem muito haver com a solução de outro, que, por sua vez, tem muito haver com a solução de todos, num infinito efeito dominó.
São tão interligados e imbricados de fato, que não é de modo algum claro por onde devemos começar. Suponhamos, por exemplo, que concebamos a idéia de que o primeiro problema a ser solucionado é o de alimentar, abrigar, assistir e vestir adequadamente todos os habitantes do mundo. Como começaríamos a resolver este problema? A capacidade tecnológica existe, a capacitação profissional, também. Podemos produzir todo o alimento necessário para se chegar a este resultado, os materiais de construção que ofereceriam o abrigo, os tecidos que vestiriam cada indivíduo e a assistência afetiva, educacional, moral e psicológica para cada um deles. Então, por que não fazemos isso?
A resposta é que não estamos organizados para fazê-lo.
Não fomos educados para fazê-lo.
A nossas exacerbadas competição e alienação não nos deixa fazê-lo.
Enfim, não queremos fazê-lo. "

(C. West. Churchman)