sexta-feira, 20 de abril de 2007

PROJETO DE ORIENTAÇÃO FAMILIAR PARA A QUALIDADE DE VIDA



Perdoem a cara amarrada
Perdoem a falta de abraço
Perdoem a falta de espaço
Os dias eram assim...
Perdoem por tantos perigos
Perdoem a falta de abrigo
Perdoem a falta de amigos
Os dias eram assim...
Perdoem a falta de folhas
Perdoem a falta de ar
Perdoem a falta de escolhas
Os dias eram assim...
PROJETO
DE
ORIENTAÇÃO FAMILIAR
PARA A
QUALIDADE DE VIDA

E quando passarem a limpo
E quando cortarem os laços
E quando soltarem os cintos
Façam a festa por mim
E quando largarem a mágoa
E quando lavarem a alma
E quando lavarem a água
Lavem os olhos por mim...
E quando brotarem as flores
E quando crescerem as matas
E quando colherem os frutos
Digam o gosto pra mim...


(Aos nossos filhos, Ivan Lins
Victor Martins)




I – APRESENTAÇÃO

No nosso presente momento histórico, a cada dia temos as surpresas mais horríveis em relação à turbulência entre pais e filhos. Os conflitos de gerações, os incontáveis desgastes e crimes que se cometem nas famílias, contra elas. E, principalmente, em detrimento dos filhos – na maioria das vezes inocentes e incautos. Pela mais absoluta falta de uma mínima orientação psicológica, humana, social e cotidiana daqueles que integram a massa familiar. Isso em todas as classes sociais e econômicas nas várias dimensões e aspectos do dito mundo civilizado.
Pela carência de meios e recursos de sobrevivência e até mesmo pela presença e a abundância destes – numa relação dicotômica entre a absoluta miséria, a riqueza e a opulência. Os problemas, crises, dores e sofrimentos, continuam a acontecer. Independente das classes sociais das pessoas e dos grupos, o que requer medidas mais que urgentes e assertivas que muito dependem da ótica, da cultura, da percepção das pessoas. De forma a agregar os valores necessários, que, muitas vezes estão ao alcance de nossas mãos e não queremos ou não podemos alcançá-los pela imensa falta de visão neste sentido. Sendo, então, cometidos erros gigantescos, crimes de proporções descabidas. Que poderiam tranqüilamente ser evitados por meio de uma simples orientação familiar ou mesmo de uma educação ou preparação séria das pessoas neste sentido (Gaiarsa, 1994).
O modelo, a estrutura, a hierarquia, o poder familiar que ainda temos acham-se absolutamente falidos se comparados às conjunturas e exigências dos tempos atuais. Conforme nos lembra Zagury (1984, 1999, 2006), há uma profunda defasagem historicamente acumulada e que haveremos de resgatar com a máxima urgência, caso queiramos sobreviver ao conjunto desta ordem de coisas. Que em muito tem abalado a paz social, a qualidade de vida das pessoas e mesmo a sustentação da existência humana em todos os segmentos, classes e ambientes geográficos do mundo, sem distinção. Em síntese, é uma grande crise que nos atinge a todos.
É do que também nos fala De Gregory (2005), quando retrata que, infelizmente, na nossa cultura, não há a preocupação em se orientar a criança, o adolescente e o jovem para o ser pai, ser mãe, constituir família, etc. Daí os grandes conflitos e problemas, que, por vezes, se chega a crimes lamentáveis. A homicídios horripilantes, sem contar, os inúmeros problemas do dia a dia decorrentes desta lacuna cultural e humana.
Para o exercício de qualquer atividade, profissão ou serviço, prescindimos de uma qualificação em nível técnico, universitário, ou mesmo de pós-graduação e assim por diante. Sendo que a ciência e a tecnologia constituem o grande parâmetro utilizado para tudo.
Menos para sermos pais ou mães. O que é entendido apenas como uma necessidade ou função meramente biológica, genética e natural ao longo da vida. Para a sua reprodução e perpetuação da espécie de uma forma mera e simplesmente animal. Esquecendo-se totalmente do teor psicológico e sua fundamental importância na criação dos filhos. E frente aos problemas a que a moderna sociedade nos expõe a todo momento, notadamente, nos últimos tempos (Costa Neto, 2003, 2006).
Preocupamos-nos muito com as questões materiais: a habitação, a alimentação, a saúde física, as possibilidades financeiras, lazer, status social e demais fatores igualmente importantes. Mas deixando de lado os teores e sutilezas de ordem psicossocial. Os valores éticos e morais. As emoções, os sentimentos, as exatas concepções do amor que estão muito além da ciência fria e objetiva. Daí o caos, os males, as imensas dificuldades e sofrimentos que poderiam ser muito facilmente evitados (Oliveira, 2004).

O que mais nos falta é um pouco de sabedoria afetiva, de compaixão, de vontade de acertar. Oque faz parte do perverso jogo político que envolve o poder, o dinheiro, a fogueira das vaidades. A ganância, a excessiva competição que, na maioria das vezes, sem que mesmo o percebamos. Coloca-se por terra possibilidades de amor, de amar, aceitação, calor humano, paz, harmonia e felicidade para as pessoas, as gerações do futuro e assim por diante. E, o mais incrível, é que acreditamos estar lutando ferrenhamente por esta mesma causa. Quando, na verdade, podemos estar, na maioria das vezes, fazendo justamente ao contrário.
Chegando-se à idade em que os aparatos biológicos dão respostas aos devidos estímulos, à excitação e à sexualidade pura e simplesmente “já funcionam”. Então as pessoas já podem se relacionar, se casar, encasalar, enfim, ter filhos e criá-los naturalmente. Sem que percebam os desgastes e estragos de todas as ordens que já começam a ocorrer. Criando, assim, inúmeros problemas e dificuldades porque passa a sociedade que vão, do simples desrespeito, à competição sem limites e daí para a perversão, a maldade, a culpa, as contradições humanas, a depressão, o abandono, o desemprego, a prostituição, a fome, a miséria, a prostituição, o crime. Ou seja, a degradação da pessoa, da natureza. E, principalmente, da própria família enquanto “célula mater da sociedade”. O que dá origem, é claro, à degradação da mesma sociedade. Chegando ao limite da quase total insustentabilidade a que temos vivido e assistido nos dias atuais (Pagnoncelli de Souza, 1989).
Do ponto de vista micro, ou seja do dia a dia da comunidade familiar os problemas e insatisfações já são muitos. E, se o considerarmos sob o aspecto macro, ou seja, o impacto destes problemas, dores e insatisfações no cômputo maior da sociedade o fenômeno toma uma dimensão absolutamente incalculável. Pois os problemas do mundo são a exata reprodução dos problemas da família. Do que as pessoas carregam e transpõem do seu inconsciente para o real concreto em que vivem.
Rappaport (1982), relembra a grande importância das relações e impressões ocorridas na primeira infância que considera desde a concepção, a vida intra-uterina e de zero a cinco anos, como absolutamente fundamentais na formação da personalidade da pessoa. O que, na maioria das vezes, passa despercebido pela família e pelas pessoas que convivem direta ou indiretamente com a criança. Aí incluindo seus professores, colegas, comunidades vicinais e até mesmo encontros e relações ocasionais marcantes para o futuro da pessoa. Tornando-se determinantes em suas ações, posturas, os processos e resultados delas decorrentes.
A arte já reproduz a muito esta indagação e sabedoria como no cinema quando podemos relembrar que “a mão que balança o berço é a mão que dirige o mundo”. Ou na música quando Belquior compõe para que Elis Regina expresse lindamente que “...minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo o que fizemos, nós ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais...”

É isto, o histórico de evolução das gerações e da vivência familiar é demasiado lento, enquanto os ditames sociais se alteram e se ampliam enormemente a cada dia. O mundo muda, a família, não. E nosso papel aqui é o de darmos um pequeno empurrão no sentido de encurtar esta distância. Usando, para isto, alguns princípios simultâneos entre a objetividade, a subjetividade e a intersubjetividade da ciência contemporânea. Onde se incluem os sentimentos bons, como o amor, o carinho, a fraternidade, o calor humano, a troca. A vontade de acertar e a certeza da necessidade mais que urgente de se modificar os rumos da vida no planeta. Se é que de fato queremos viver em paz . E garantir a sustentabilidade para as gerações do futuro.Assim, reorientar a família, no rumo do amor e do diálogo, da aceitação, do contat0. Do entendimento, do afago, é, mais que fundamental frente à ordem das coisas em que caminha o mundo.


II – JUSTIFICATIVA

Este programa busca contribuir na busca da solução para os problemas gerados no seio da família e das relações com os seus elementos, trazendo à tona a sua gênese e fazendo propostas diversas de atuação tanto dos pais como dos filhos e demais elementos da comunidade familiar conforme o caso, por meio da orientação, do levantamento de dados específicos e do uso de técnicas pesquisadas e comprovadas que são eficientes para tais fins. Tem como base de sustentação o elemento diálogo, a demonstração de fatos, pesquisas, diagnósticos e feedbacks, fenômenos, o estudo de casos específicos, além do uso de metodologias especiais que podem ser tremendamente úteis na busca de solução para a problemática familiar a qual trata, e, conseqüentemente, buscando alterar para melhor a qualidade de vida humana em sociedade.
Somos conhecedores de um sem número de situações-problemas que poderiam ser plenamente evitadas com simples orientações prévias que é o que pretendemos fazer aqui com base em encontros, grupos de estudos, desdobramentos de resenhas, casos, oficinas, debates, palestras, exibição, análise e debates sobre filmes, vídeos, documentários e afins, buscando dar sustentabilidade à atividade das escolas, organizações não-governamentais, entidades outras, grupos de voluntários, ações terapêuticas, assistência psicológica, orientações de leituras e demais recursos metodológicos que possam estar disponíveis para a devida complementação do trabalho aqui proposto.
Utilizando prioritariamente o estudo específico da Técnica do Sociograma Familiar e os seus diversificados recursos, este projeto pretende atuar de forma contundente para a solução de problemas internos e externos à rede familiar, esperando contribuir de alguma forma, aliviando dores e sofrimentos e contribuindo, porfim, para a construção de uma sociedade melhor, mais fraterna, mais justa e equilibrada, e, principalmente, mais feliz, por meio, é claro, de uma família mais íntegra e igualmente feliz, nossa meta principal.
Entendemos que com este estudo possamos ajudar muito para a solução de tais problemas, reduzindo drasticamente as dores e sofrimentos que acabam por adoecer as famílias e suas relações dentro de um contexto maior, uma vez que estamos absolutamente convencidos de que a grande solução esperada para os cruciais problemas da sociedade depende só e unicamente de mais orientação, descoberta de novos paradigmas e sua aplicação no seio da família moderna, do que fará desencadear um presente e um futuro muito melhores para nossas crianças, adolescentes, jovens, suas futuras famílias. E, automaticamente aperfeiçoarão a função social, seus processos e resultados, a atividade escolar propriamente dita, e interferindo, também nos vários, planos, ciclos e etapas da vida social, marcando um grande e significativo passo no processo de evolução da sociedade como um todo.
O instrumento principal de trabalho é o amor, sua exteriorização plena no dia a dia das pessoas, das famílias, fazendo igualmente transbordar a dignidade, a compaixão, a alegria, a paz, a harmonia entre as pessoas esperando que assim teremos órgãos públicos, empresas mais humanizadas, escolas mais amorosas, famílias mais inteiras e completas, revertendo assim o quadro da calamidade, da culpa, da dor, da guerra e do sofrimento no mundo. Nosso papel é o de perpetuar a paz, a felicidade, o amor, o sorriso, a alegria. Entendendo que é justamente para isto que estamos aqui.
Definitivamente não vimos ao mundo a passeio e quanto mais se ampliam os problemas e a dimensão da crise mais aumenta a nossa responsabilidade de seres humanos e como tais, atores diretos de todos e cada um destes processos. Vimos por bem atuar diretamente a partir da família e seus incrementos, relações e interferências, entendendo ser este o caminho mais curto e mais certo para o pleno atendimento de cada uma das metas aqui propostas frente ao acúmulo histórico de dificuldades e problemas neste sentido feito por toda a humanidade.
O combate à ignorância e à ingenuidade material dos pais e mães, buscando a resignificação do seu papel político no seio da sociedade, buscando medidas e ações que se ajustem aos novos modelos e necessidades sociais no que diz respeito à família, ao conflito de gerações e a necessária e saudável relação dentro de tais contextos, por si já vêm justificar plenamente a existência do presente estudo que se propõe como prática de uma nova estratégia na busca da solução de tão intricados problemas e que acreditamos podem ser muito mais facilmente resolvidos desde que sejam agregados os valores do amor, da verdade, da vontade de resolvê-los de fato.
Estamos definitivamente convencidos de que a aplicação devida da metodologia aqui proposta, com o devido acompanhamento, responsabilidade profissional e continuidade, será um marco de grande importância na resolução de tão marcantes problemas familiares, na busca da melhoria da qualidade de vida e no processo de evolução social que parece andar a passos de tartaruga.
Este programa fundamenta-se numa plena dosagem de amor, que devidamente associada ao teor do conhecimento, da cultura e da pesquisa científica aplicada, irá render plenos benefícios na busca da felicidade das pessoas e suas influências diretas nos vários campos da atividade humana, quer no trabalho e produção, nas relações econômicas, culturais, políticas, artísticas, no trato com a natureza enfim, nos vários segmentos que envolvem a vida humana e seus teores positivos e negativos na chamada sociedade contemporânea, que, com o nascente terceiro milênio, vem, logicamente, buscar diversificadas exigências frente à complexidade em que co-existem pessoas, coisas, fatos e fenômenos de todas as ordens, requerendo, todos eles, melhorias grandiosas, urgentes e inadiáveis.
Os problemas e conflitos da família são a origem da grande crise humana e social que assola o planeta. Numa análise significativa de causas, efeitos, processos e resultados, segundo a própria dimensão tecnológica do planejamento, o problema da família é a origem básica de todos os demais, portanto, influenciando significativamente nestas bases estaremos, de forma automática, interferindo de forma absoluta e significativa em todas as conjunturas dos problemas humanos, sociais, psicológicos e até ambientais. A busca de soluções humanas, sociais e psicologicamente assertivas para os problemas decorrentes das relações familiares está sistemicamente ligada à solução das demais questões afins no mundo, merecendo, portanto, um especial destaque frente aos cruciais problemas nas relações humanas, em todos os tipos de violência, na degradação da natureza, na distribuição do poder e da riqueza, em síntese, orientar a família significa orientar o mundo e a vida em busca de suas maravilhas e para que todos possam viver com um melhor nível possível de qualidade em todos os seus aspectos.
Portanto, o que justifica a existência deste programa é a grande contribuição que ele pode significar no sentido de orientar e educar as pessoas rumo a uma cidadania concreta, dignificando a humanidade e a vida das pessoas em todos os sentidos, segmentos e categorias sociais distintas frente ao crucial momento histórico em que todos vivemos.
Se a cada dia, a cada noticiário de TV ou abertura de jornal nós sentimos um enorme frio na espinha, o desalento, a quase desesperança? Já passou muito da hora de se iniciarmos um novo processo que deverá ser simultâneo e em múltiplas direções. Aqui, visamos dar um novo tratamento à questão da condução da família e da educação dos filhos. Não vistas de uma maneira estanque, mas, ao contrário, por uma análise, múltipla, sistêmica e integrada.

III – OBJETIVOS DO PROJETO

3.1 – Geral:

Fundamentar na teoria e na prática os princípios e os pressupostos humanos, sociais, psicológicos, políticos, educacionais, culturais, ideológicos, espirituais, produtivos e ecológicos que afetam e dificultam um padrão de qualidade aceitável no tocante à vida familiar, às relações entre pais e filhos, os conflitos e violências simbólicas e/ou concretas entre as gerações e seus impactos na crise humana do mundo em geral e das pessoas em particular, propondo, finalmente, alternativas válidas de soluções para os problemas então diagnosticados.

3.2 – Específicos:

1 - Promover o debate com pais, filhos e educadores sobre as contingências e problemas que envolvem as relações familiares, seus conflitos, dificuldades, violências e afins, subsidiando soluções caso a caso.
2 - Buscar a entender os processos implícitos e explícitos dos processos de violência na família e a sua vinculação aos aspectos psicológicos, orientando a tomada de decisão de todos os seus elementos, na busca de sua satisfatória superação.
3 - Identificar os fatores negativos que influenciam a vida familiar e suas conseqüências definitivas na qualidade de vida das pessoas, causando perturbações mentais, sofrimentos, depressão, abandono e o crime nos vários segmentos da sociedade.
4 - Coletar os dados e processar estudos e pesquisas sobre as situações familiares trabalhadas; elaborando e aplicando um novo plano de ação experimental, analisando, em seguida os resultados conseguidos com o uso do arsenal tecnológico, científico e psicológico ora apresentado.
5 - Propor e realizar processos sócio-terapêuticos de acompanhamento dos pais, dos responsáveis ou dos filhos envolvidos no processo, buscando corrigir falhas e distorções historicamente acumuladas, por meio de grupos de estudos, leituras, oficinas, resenhas, exibição e desdobramento de casos, filmes, documentários, experiências e depoimentos afins.
6 - Relatar documentalmente a experiência do projeto, servindo de subsídio para participação de congressos, seminários, eventos regionais, nacionais e internacionais, publicações, pesquisas, feiras, mostras, exposições sobre o tema e demais iniciativas similares.
7 - Trabalhar os fatores da extrema competitividade humana e a sua estrita relação com a permanente busca das fontes de energia – endorfina – bem como com os mecanismos de conquista das pessoas e de combate aos concorrentes que, juntos aceleram as relações conflituosas e com elas os conflitos e desgastes naturais da família e da sociedade.
8 - Orientar a profunda assertividade, principalmente a afetiva e a psicológica na relação entre pais e filhos, cuja absoluta carência é a grande responsável pelos inúmeros conflitos familiares, e, por decorrência, dos problemas e dificuldades humanas e sociais.

IV – CONCEPÇÃO METODOLÓGICA

01 –Título: PROJETO DE ORIENTAÇÃO FAMILIAR PARA A QUALIDADE DE VIDA
02 – Metodologia: Workshop Básico com 20 (vinte) horas-atividades semi-intesnsivas, incluindo processos de dinâmicas de grupo implícita e explícita, oficinas de trabalho, atividades lúdicas, corporais, de respiração, alongamento, construção de soluções otimizadas por meio da indução e dedução simultâneas e conclusões de aprendizagem e aplicabilidade dos conhecimentos.Trabalho terapêutico de acompanhamento com oficinas, grupos de estudos, ciclos de debates e palestras, filmes, documentários e demais atividades afins a serem discutidas caso a caso.
03 – Coordenador: Prof. MsC. Antonio da Costa Neto – Mestre e doutorando em educação, consultor em qualidade de vida, capacitação de pessoas, pesquisa e planejamento em potencial humano. Terapeuta corporal, conferencista, professor universitário e autor de vários livros e artigos sobre o tema.
04 – Programa:
4.1 –
Concepção Sistêmica e a Organização Familiar no Terceiro Milênio:
- a concepção patriarcal, a ideologia e o poder;
- a questão da afetividade e da assertividade no tratamento das pessoas;
- o histórico dos ancestrais até a atualidade;
- nova proposta de concepção do cotidiano familiar.

4.2 –
O Fator Personalidade- Um Outro Aspecto Determinante:
- o processo cerebral e a construção da personalidade das pessoas;
- a tipologia de cérebro de cada indivíduo e as influências da família;
- importância dos ciclos e idades-funis;
- personalidade dominante a construção dos conflitos familiares;
- teste, análise e diagnóstico das condições e aptidões cerebrais;
- metas de cultivo para a melhoria e a adequação do encéfalo;
- implementação de um novo plano de ação mental na família.

4.3 –
A Estruturação Natural dos Grupos e Subgrupos na Família:
- as figuras, os mitos e as condições de mando e liderança;
- instrumentos de adequação e combate frente às lideranças;
- ganhos e perdas neste mesmo processo;
- recorrências, conflitos e conseqüências para o resto da vida;
- importância da tomada de consciência e dos processos terapêuticos.

4.4 –
Confecção, Estudo, Desdobramento e Aplicação do Sociograma Familiar:
- técnicas e instrumentos de elaboração do sociograma;
- cuidados psicológicos especiais e assertividade na sua elaboração;
- adequação do clima e do ambiente para este trabalho;
- desdobramento do sociograma e diagnóstico inicial;
- identificação dos papéis, das funções e das responsabilidades de cada um;
- debate geral sobre a situação encontrada;
- conclusões, depoimentos e tomadas de decisões.

4.5 –
Estudo de Caso: “Susane Von Richthofen”:
- violência simbólica e violência concreta nas relações entre pais e filhos;
- a questão dos preferidos e dos preteridos no cotidiano familiar;
- análise das razões e conseqüências, dos “prós e contras” de cada caso;
- como evitar que tragédias como esta voltem a acontecer;
- debate com aproximação do júri simulado do caso a partir do referencial estudado.

4.6 –
Complementação Teórica e Nova Planificação:
- Leitura, análise e desdobramento do Capítulo: A família, do livro Quem ama não adoece, do cardiologista brasileiro Dr. Marco Aurélio Dias da Silva: grande debate.
- Nova planificação com objetivos e metas para a condução do processo familiar a partir do evento.
- Encerramento das atividades.

V – REFERÊNCIAS UTILIZADAS:

COSTA NETO, Antonio da. Paradigmas em educação no novo milênio. Ed. Kelps: Goiânia, 2 003.
_________. Sociedades & Conflitos: uma miniatura da realidade social. IN PROPORCIONALISMO OU CAOS. DE GREGORY, Waldemar & SANT’ANA, Sílvio. Lorosae: São Paulo, 2 006.
DE GREGORY, Waldemar. A formação do cérebro pela família e pela escola. Pancast: São Paulo, 2005.
GAIARSA, José Ângelo. Amores perfeitos. São Paulo: Editora Gente, 1994.
OLIVEIRA, Colandi Carvalho de. Psicologia da ensinagem: uma análise reflexiva na relação professor/aluno. Kelps: Goiânia, 2004.
PAGNONCELLI DE SOUZA, Ronald. Os filhos no contexto social e familiar. PUC: São Paulo, 1 989.
RAPPAPORT, Clara Regina. A idade escolar e a adolescência. EPU: São Paulo, 1 982.
SILVA, Carlos Alberto Dias da. Quem ama não adoece. Brasiliense: São Paulo, 1 986.
ZAGURY, Tânia. Educar sem culpa: a gênese da ética. Record: Rio de Janeiro, 1984.
_________. Filhos tiranos:REVISTA VEJA– Ano 0012 – Ed 817 – págs. 018/023. São Paulo, 2006.
_________. Encurtando a adolescência. Record: Rio de Janeiro, 1 999.



terça-feira, 3 de abril de 2007

SOBRE CIGARRAS & FORMIGAS


Antonio da Costa Neto

Era uma vez um grande Reino só de cigarras e formigas. As formigas eram muitas, bem mais do que as cigarras e estas, por sua vez, se julgavam mais fortes, bonitas, mais capazes, espertas, inteligentes, preparadas e trataram então de estabelecer as leis, as regras e normas para a vida cotidiana do Reino. E tudo parecia caminhar bem. Enquanto as cigarras habitavam suas casas enormes e muito confortáveis, cercadas de imensos jardins, lagos e cachoeiras, as formigas se amontoavam como podiam em pequenos buracos, onde famílias inteiras se ajeitavam nas noites de frio, depois de comerem as poucas folhas que sobravam dos lautos banquetes das cigarras-patroas.
Como começavam a acontecer alguns problemas em relação à enorme população de formigas e já faltavam comida, escolas, remédios, diversão e outras coisas importantes, as cigarras resolveram formar uma Assembléia Geral e lá elaboraram um estatuto – um conjunto de leis e princípios constitucionais – para continuar garantindo a paz, a serenidade , o conforto material e o ambicionado exercício do poder, pelo menos para elas, as cigarras, é claro.
As crianças formigas passaram a ser encaminhadas para as escolas das cigarras-professoras que eram cuidadosamente preparadas para repassarem as lições que elaboravam para o bom funcionamento do Reino. Aos domingos, a quase totalidade das formigas e algumas cigarras desocupadas iam para as sinagogas onde eram catequizadas para ganharem o céu onde cigarras muito boazinhas iriam garantir que todos tivessem muita paz e alegria depois que partissem do Reino.
Elas ditavam o valor dos salários, o preço das coisas; administravam ao seu bel prazer o dinheiro suado com que as formigas pagam suas dívidas infinitas, os pesados impostos para sobreviverem ainda que miseravelmente.
Assim, dia-a-dia, as cigarras iam ficando muito mais ricas e poderosas, donas de estabelecimentos comerciais, fábricas, escolas, ongs e sei lá mais o que, onde as formigas eram obrigadas a trabalhar dia e noite, retirando dali seu mísero sustento, esperando eternamente o tempo em que viveriam em paz sob a proteção daquelas cigarras boazinhas que só faziam o bem para todos.
Certa noite muito fria um bando de formigas quase morto de fome e frio resolveu assaltar um supermercado onde abundavam casacos, cobertores e toda a sorte de comidas. A guarda das cigarras reagiu , houve troca de tiros e infelizmente a formiga atingiu a cigarra que acabou morrendo. Foi um escândalo total. Só se falava no tal crime, o que levou as cigarras a se reunirem de imediato, e, sem muita discussão decretaram a pena de morte para todo e qualquer crime cometido pelas formigas que, afinal de contas, se tratava de seres minúsculos, de composição pouco complexa; bichinhos miseráveis e desprezíveis, sem a menor graça ou importância e que não fariam a menor falta, já que eram tantas.
No dia da execução da formiga todos se reuniram na praça para a grande festa. Como ela estava magrinha, morreu fácil, fácil e por toda a noite foi um grande carnaval para comemoração de cigarras e formigas, pois afinal, estavam condenando o crime, fazendo justiça e logo tudo se resolveria. Mas novos assaltos, e crimes envolvendo formigas pobres, faveladas, pretas, estranhas, assassinas, adolescentes, drogadas, analfabetas continuaram a acontecer. Pois estas, famintas e desempregadas tinham de arranjar formas de alimentarem suas famílias. E claro, sempre acabavam presas, condenadas, executadas e mortas, com novas comemorações e novas festas.
Assim o Reino começou a ficar uma beleza; um grande silêncio, sem formigas para sujar as ruas, depredar os prédios públicos, e, principalmente, cometer os assaltos e assassinatos terríveis e horripilantes. As escolas estavam vazias, os parques sem ninguém e então começou a faltar quem lavasse as preciosas roupas das cigarras, quem limpasse suas casas, cozinhasse e passasse para elas, quem trabalhasse para que a economia do Reino pudesse crescer e depositarem o lucro em suas contas no exterior, fazer passeios luxuosos, comprar iates, ilhas e mansões.
Se não tinham mais formigas, a quem as cigarras iriam explorar? Quem iria votar nelas para mantê-las no comando do Reino que parecia ser só de cigarras? De quem elas iriam confiscar as poupanças, cobrar o imposto de renda e impor pesadas taxas e multas? A quem elas iriam governar?
Desesperadas elas convocaram uma Nova Assembléia para destituir a pena de morte, pois senão, o Reino desapareceria em breve e elas não poderiam mais manter aquela vida cheia de luxo, prazeres e ostentação. E embora fosse sexta-feira, todas as cigarras constituintes compareceram levando um discurso afiado e muito comovente. O plenário lotado continuou os trabalhos noite adentro, sem que ninguém demonstrasse o menor sono ou cansaço, pois o assunto era de maior importância e dele dependeria a sobrevivência das cigarras-autoridades.
Por fim, foram unânimes em abolir imediatamente a pena de morte, sob os auspícios do sagrado direito à vida e da responsabilidade de se defender com toda compaixão e o mais puro dos sentimentos de quem as cigarras bondosas, honestas, sinceras e justíssimas democraticamente representavam...
Tarde demais, não existiam mais formigas. Agora era um Reino só de cigarras. Só de autoridades. Desesperadas, enlouquecidas, humildes, piedosas e com os olhos rasos d’água começaram a trocar entre si, culpas e acusações procurando, sem esperanças ou perspectivas, alguma solução para o caos que tardiamente se instalara.