domingo, 18 de fevereiro de 2018

INTERVENÇÃO NA SEGURANÇA PÚBLICA DO RIO DE JANEIRO - A SAÍDA POSSÍVEL "DAR DE COMER A QUEM TEM FOME... E DE BEBER A QUEM TEM SEDE..."



INTERVENÇÃO NA SEGURANÇA PÚBLICA DO RIO DE JANEIRO - A SAÍDA POSSÍVEL "DAR DE COMER A QUEM TEM FOME... E DE BEBER A QUEM TEM SEDE..."
Como professor de metodologia científica aprendi uma coisa importante para se tomar medidas assertivas é fazer, antes de mais nada, uma criteriosa análise processual do problema que se quer solucionar, identificando, a princípio, as causas, os efeitos, os processos e os resultados deste mesmo problema e o que faz com que ele se manifeste, cause as dores e os sofrimentos que se buscam superar com aquela medida, no caso, científica.
O que acontece, acontece como causa? Então é ela que temos que atacar, se é o efeito, o efeito e assim, por diante, mas, antes de mais nada é preciso ter um perfeito conhecimento dos múltiplos fatores que fazem com que tal problema se cristalize e apareça na prática cotidiana das pessoas. No caso da segurança pública no Rio de Janeiro - e em todas as dimensões do dito mundo civilizado - porque as pessoas matam, roubam, assaltam, assassinam? Particularmente, entendo que é porque elas não têm o que roubam e são cerceadas de ter estas mesmas coisas por meios legais, porque não têm dinheiro, trabalho, meios de aquisição. Então este é o problema, a causa da violência. Se é causa, como atacar o efeito, que é o roubo, o assassinato em si, colocando na rua o aparato policial, construindo presídios, acirrando as leis, as punições?
Algo está muito errado, pois o que temos que atacar é a causa, pois neste problema é nela que se manifestam o caos, as dores, os sofrimentos, a violência, as mortes, etc. Temos em metodologia científica a questão das causas primárias e secundárias. Ora, no caso, a falta de um aparato policial, a impunidade, também leva as pessoas a roubarem, assassinarem, violentarem. Sem dúvida. Mas esta é uma causa secundária, que está vinculada à causa primária, que esta, sim, que tem que ser priorizada e resolvida. E resolvida com soluções sistêmicas, ou seja, que resolvam uma parte do problema sem prejudicar outra e outras mais e assim por diante.
Se a causa primária é a falta dos bens, dos meios, dos recursos, que são, por sua vez incentivados e valorizados pelo capitalismo, a solução primária - para a causa primária é providenciar estes mesmos bens, para que, em princípio, a pessoa tendo, não roube, não mate, não assalte, não faça arrastão, etc.
Então é preciso que as pessoas satisfaçam, antes de mais nada, as suas necessidades básicas: comida, habitação, higiene, lazer, saúde, saneamento, água, paz, serenidade, cidadania. Agora, com a intervenção federal o governo faz o contrário: não dá, tira das pessoas os direitos, os meios de vida e aceleram a punição, o cerceamento, o castigo, e, claro que isto funciona, mas funciona parcialmente e até a um certo ponto, ponto este que já deu mais do que provas inequívocas de saturação.
Se uma criança chora porque tem fome, a única solução será dar a ela comida, bebida, ou seja, satisfazer a sua necessidade que leva àquele choro, àquele desconforto. Punir a criança, cerceá-la para que não chore pode funcionar, tangencialmente, e por um tempo, mas a solução definitiva será a alimentação, sem sombra de dúvidas. E é o que acontece com a violência, com as pessoas do morro, os pobres, aqueles que a sociedade rejeitou, que o país não quis e que agora pune, castra, prende, mata.
Não se soluciona um problema secular como este com medidas paliativas e imediatas. É preciso que as pessoas comam, morem bem, tenham dignidade, saúde, trabalho, religiosidade, espiritualidade, etc. Para isto é preciso meter a mão no bolso da elite o que o governo Temer faz é o contrário com esta reforma da previdência, a reforma trabalhista, a intervenção no Rio, etc. etc.
Voltamos aqui aos princípios que tudo norteiam: "dai de comer a quem tem fome e de beber a quem tem sede", e claro, isto é simbólico, pois é só a ponta do iceberg e temos que pensar em muito mais coisas bem mais complexas, pertinentes e diárias. Enfim, aquele princípio básico: "o amai-vos uns aos outros não é mais apenas uma passagem bíblica. É a única saída."