quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

PARA QUE SERVE UMA PRIMEIRA DAMA?




Dizem que cada povo tem o governo que merece. E eu acrescento, em igual proporção, tem também a sua primeira dama - basta olhar as fotos acima de D. Marisa Letícia, do Brasil e de D. Eva Peron, da Argentina e fazer as devidas comparações (Será que dá pra saber quem é quem?). No meu entender a grande decepção com o que vergonhosamente chamamos de governo Lula começa é com a traição ideológica. Ele deveria deixar pelo menos um pequeno espaço para que a esquerda sobrevivesse dentro dele. Um horror. E depois, a grande lição antiga, desusada e fora de moda, fedendo a mofo, que o casal presidenciável nos dá: marido no trabalho e mulher dondoca ensaboando cachorros e frequentando cabeleireiros de gosto estético duvidoso. Fazendo cirurgias plásticas desnescessárias para gastar o nosso dinheiro com o magnífico cartão de crédito que o governo lhe concede. Perpetuando a ideologia do falo, onde o homem pode, manda, tem poder e a mulher submissa, vazia e ôca, serve apenas como peça de enfeite - proibida de abrir a boca - e como objeto de cama e mesa (pelo menos enquanto a cachaça não substitui a cama).
D. Marisa Letícia, coitadinha, é o estereótipo das piruas emergentes. É a Vera Loyola dos anos 2000, infelizmente. Como uma pessoa que veio de uma classe pobre. Que fazia e comercializava sanduiches enfrente à CUT e o Sindicato do ABC Paulista - coisas que agora ela não precisa fazer mais, é claro, deveria ter a sensibilidade de contribuir mais diretamente com a construção de um país melhor. Justamente aquele que o seu marido tanto apregoa em seus discursos copiados pelos seus assessores e que nele mesmo acontecem crimes horrendos, violência gratuíta, desemprego, fome, miséria, medo, desasistência, pavor.
A grande lição política que o governo Lula deveria nos dar era esta. A de que a justiça e a ética política começam em casa. A de marido e mulher como cidadãos justos e iguais, atuam numa sociedade moderna e pluralista buscando melhorias concretas no âmago de sua realidade e para a vida de todos os seus componentes. Ao invés de perder tempo com seu visual cafona, com a extridência do botóx e com as fitas vermelhas ridículas com que ela geralmente prende seus chapéus horrorosos ao queixo, D. Marisa deveria visitar favelas, orientar diagnósticos, comparecer em escolas, universidades, unidades de assistência humana e social. Adotar animais abandonados, trabalhar com menorias oprimidas, velhos, doentes, ecologia, jardins, culinária social (kkk), enfim fazer alguma coisa de útil neste toco de vida. Quero mandar de presente pra ela um daqueles almanaques antigos com as frases do tipo: "quem nunca comeu melado, quando come se lambuza." Acho ainda que ela não vai entender. Mas, afinal, é para isso que nós, súditos miseráveis, pagamos caros assessores para a nossa rainha...de prôa, mas rainha...


Como mulher, deveria ter uma alma mais nobre. Se desdobrar nas ações políticas, ou quem sabe, ajudar mesmo nas lides domésticas do Palácio do Planalto, ajudando a economizar algum dinheiro que pudesse ser investido nas políticas sociais. Já passamos muito do tempo de termos mulheres submissas. Que apenas assam porcos para que Fidel Castro se delicie e engorde, se fortalecendo para fazer mais e mais maldades.


Não é tão importante, mas certamente, um dos retratos desta piada mal contada a que chamamos de Governo Lula. Desesperadamente, o início do poder de uma coisa chamada PT. É a prova viva da insanidade competitiva desta gente que julgávamos ser a melhor para nos governar, para ser nossa representante. Pobres de nós. Somos sós e sem desculpa.

sábado, 26 de janeiro de 2008

EDUCAÇÃO: UM PROJETO MAQUIAVÉLICO EM FAVOR DAS ELITES


Estamos em pleno Séc. XXI e algumas coisas permanecem arraigadas no atraso conceitual, metodológico, filosófico, dentre outros. Aí incluindo, os processos pedagógicos, as suas teorias e práticas, a gestão das escolas, enfim, o projeto de educação formal das pessoas.

Faz-se mais que urgente e necessário repensar com profundidade a tônica do papel das escolas, os serviços e desserviços que prestam. Suas lacunas e fragilidades - algumas muito graves - se, de fato, pretendemos superar a crise endêmica que assola o planeta e possamos ter uma qualidade de vida, no mínimo digna para todos. Sem dúvida, um dos poucos caminhos que ainda nos restam para a superação dos grandes males do mundo a que todos nos achamos expostos.

Sempre trabalhei com educação e sou um apaixonado pela sua causa. Mas paradoxalmente sempre fui também um crítico veemente das escolas, suas ações, seu cinismo histórico doentio. O teor da violência simbólica que elas carregam, praticam e cometem com isto um crime imenso e silencioso contra a humanidade, com uma preocupação absolutamente insensível de se perpetuar o poder do capitalismo - notadamente o internacional - e com ele, todas as formas iníquas de exploração das pessoas e da natureza. Gerando, com isto o grande caos, as crises, os horrores que as sociedades contemporâneas atravessam.

Acredito que quase todos nós estamos insatisfeitos com as múltiplas realidades que nos cercam. Somos a cada dia mais pobres, preocupados com o futuro de todos e, principalmente, o das gerações mais jovens. Muito nos incomoda a tirania do mundo moderno, a iniqüidade da economia e do mercado de trabalho, a violência urbana, o aquecimento global do planeta as endemias primárias - entre elas a febre amarela (?), etc.

Mas continuamos, inexplicavelmente, educando as pessoas para que elas possam dar continuidade a tudo isto. E persistimos a reclamar, a reproduzir o modelo, a termos os mesmos resultados que culminam com a infelicidade, os conflitos sociais, a morte precoce e antinatural. E tudo isto me incomoda muito, tanto que venho dedicando anos de estudos, pesquisas e publicações neste sentido, como algumas das conclusões que venho colocar a público por meio deste pequeno ensaio.

Bordieu & Passeron são dois autores clássicos importantes que vêm nos alertar sobre a escola como o mais importante aparelho ideológico a serviço do Estado opressor. Ou seja, para que a sociedade da exploração e do consumo funcione, é preciso que tenhamos cidadãos incautos, inocentes úteis e desinformados que forneçam sua força de trabalho, se disponham consciente ou inconscientemente a serem profundamente explorados e que, por fim, paguem e proporcionem o maior lucro possível aos detentores do capital produtivo, num círculo vicioso de mais exploração, mais consumo e mais lucro, e, por conseguinte, com mais miséria, mais desgraças, mais destruição.

Ora, o indivíduo que se expõe tão facilmente a este tipo de conduta horrenda e socialmente criminosa precisa ser suficientemente alienado e alijado politicamente de qualquer posicionamento crítico para fazê-lo. Cabe, portanto, às escolas a sublime tarefa de formar - conformar e deformar - as massas inteiras em relação aos potenciais construtores desta sociedade que, por sua vez, garantirá o pleno bem-estar dos seus mandantes, por meio da exploração contínua e gradual dos ditos subordinados, do povo, das classes populares, dos trabalhadores, entre os quais se incluem os profissionais da educação, que, em última análise, trabalham ideologicamente contra eles mesmos.

É preciso que saibam disto, embora doa. No entanto, a saída possível começa com o conhecimento e a aceitação desta dura situação o que, a princípio, os educadores têm a maior dificuldade. O que já faz parte do projeto maquiavélico de se realizar a educação para a garantia dos interesses da perversidade dos modelos econômicos e sociais, qualificando sempre as pessoas no sentido de se facilitar o processo de uso e de exploração das mesmas. Isso se inicia com a própria formação dos educadores. As faculdades de educação, sempre na extrema retaguarda das universidades - para não falarmos na brutal falta de qualidade e responsabilidade acadêmica da grande maioria das instituições isoladas - fazem de tudo para aniquilar o futuro educador de qualquer visão crítica.

Nos seus currículos é proibido falar em economia, inflação, ideologia, mecanismos internacionais, corrupção, crises, exploração do homem pelo homem; para que a crítica seja brutalmente assassinada antes que invada os calabouços horrendos das nossas escolas de todos os níveis, transformando-as em substratos inconscientes da alienação social das massas por meio dos conteúdos que ensinam, das táticas que usam, do policiamento ardiloso que exercem.

Os pedagogos, os orientadores educacionais por exemplo, são formados para atuarem como autênticos cães-de-guarda, farejadores dos interesses burgueses dentro das instituições educacionais. Basta que uma mínima prática ensaie a fugir destes, que começam a latir e rosnar grosso pelos corredores e gabinetes, prontos para estilhaçarem qualquer educador que se atreva a fazê-lo.

Os cursos de licenciatura são outra vergonha deslavada, formando sempre pseudo-profissionais subservientes aos regimes e domínios da exploração social. Sendo notória a transformação da performance entre o calouro e o formando que perde ao longo de seu "curso" toda a sensibilidade, a disposição crítica, a autonomia, a flexibilidade. Produzindo a grande massa dos professores incautos e inocentes politicamente que, infelizmente aí temos.

Por que nas aulas ainda é exigida a tradicional e enfadonha chamada dos alunos? Ora, porque se trata de um momento tão cru, frio e desinteressante que só mesmo a coerção da chamada pode garantir a presença dos alunos. Aliás, o modelo aula/prova, num processo de controle policialesco à imposição de um saber balizado pelo interesse capitalista já foi superado há décadas, e, no entanto, continua aí firme e forte, segregando a teoria da prática, a indução da dedução. Criando forças antagônicas entre o saber, a ludicidade, a vida.

Daí a grande resistência dos alunos que querem tudo, menos ir para a escola. E ela é a grande responsável por isso. Deveria ser motivadora, interessante, convidativa, agradável e não, este "café requentado da pior qualidade" como muito sabiamente brinca o Prof. Pedro Demo em um dos seus inúmeros escritos. Mas é impossível fazer isto sem formar a consciência crítica, a percepção aguçada dos fenômenos, o teor da iniciativa; valores, é claro, inúteis à exploração da pessoa, morando aí o grande dificultador de uma educação de real qualidade que, na maioria das vezes, os educadores já acreditam que fazem. Ignorando por concreto a imensa distância que estão deste projeto que ainda está por vir.

Em síntese, a escola ensina aos seus alunos muito pouco do que realmente lhes interessa para viverem, fazerem suas conquistas, construírem sua felicidade, que é o que de fato interessa a todo o ser humano. Ela se utiliza de uma metodologia que mais confina o pensamento da pessoa fazendo dela um autêntico retrógrado aos interesses, motivações e impulsos do mundo e da vida moderna. Não avalia, mas pune o diferente, o criativo, o líder, o capaz. As escolas, tal como estão, estragam as pessoas, limitam suas capacidades, reduzem o seu potencial, transformando-as em pura massa de manobra. E ainda chamam isto de educação.

Há também uma política recessiva de não-valorização do educador e dos profissionais da área. O que é estratégico. E faz parte de um esforço brutal para que o famigerado fracasso da educação seja, de fato, um sucesso para os detentores do poder. Por isso, paga-se mal para que se ensine mal. Para que o magistério seja uma profissão de senhoritas caprichosas ou de senhoras "bem casadas" que não dependam do seu dinheiro para viver, para pagar suas contas. Assim, o Estado opressor atinge seu duplo objetivo: o de gastar menos com a educação para que sobre mais dinheiro para a compra de badulaques para as madames do seu circuito, tendo, em contrapartida gente desmotivada para ensinar bem. Perpetuando a alienação das massas com que se aprazem os governantes, os grandes empresários, os donos do poder.

Precisamos, portanto, reconstituir todo o paradigma da educação e da escola, construindo e compartilhando normas e regras, elaborando conjuntamente novos, ricos e diversificados conhecimentos que facilitem as respostas realmente necessárias a uma vida digna e de melhor qualidade para todos. Que ajudem a descentralizar o poder e a riqueza, que dêem a todos voz e vez na construção do mundo com o qual, com certeza, quase todos sonhamos.

Devemos, por exemplo, substituir a enfadonha e tediosa chamada nominal dos alunos por atividades ricas, lúdicas, interessantes, convidativas que, por si, já garantam a freqüência e a pontualidade. Trocar a obrigatorieadade do uso do uniforme pelo bom senso estético em saber o que, como se vestir; respeitar o outro, as suas condições econômicas, individualidade, autonomia. Não chamar mais ninguém de tio ou tia, senhor ou senhora, mas respeitosamente, por você e pelo próprio nome, horizontalizando a democracia e propiciando mais liberdade em termos psicológicos. Descentralizar o poder, diversificar os ambientes, os processos, os métodos. Cativar, amar, contextualizar o lúdico. Promover, e não, punir. Educar para a vida, ao invés de induzir para a exploração, o uso, o abuso, o lucro.

Precisamos enxergar com olhos críticos a essência do papel das escolas. Sentir a palpável dualidade dos pequenos serviços e dos infinitos desserviços que prestam. Os irremediáveis estragos que cometem. Evitar, daqui para a frente, as profundas desgraças que têm ajudado a constituir, estando ainda hoje, muito longe de saberem disto.
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Antonio da Costa Neto

domingo, 6 de janeiro de 2008

COM CAETANO VELOSO, EU GOZO EM PÓ...

Pra cantar e se encantar com as delícias de Caetano em verso e prosa:
"Muito é muito... É muito pouco..."
(Caetano Veloso)



Um amigo meu, baiano e gay (não necessariamente nesta ordem) um dia me veio com esta. De gozar em pó com Caetano Veloso, listantando, para isso uma série infinita de qualidades, com as quais concordo principalmente com as seguintes:


Caetano Veloso é tudo de bom. (embora eu pessoalmente considere esta expressão meio. Meio brega, meio puta, meio vulgar, meio pobre). Mas Caetano Veloso é tudo de bom mesmo na fina conotação da palavra. Se não fosse compositor, já seria um cantor muito agradável e seu forte é a composição de coisas lindas, maravilhosas, deleitantes. É carismático, bonito, cheio de ginga. E ao que me parece, um ser humano forte, inteligente, sagaz, paizão, maridão, amigão, tudo ão... Sensível, enfim, como era chique dizer nos anos noventa, trata-se de uma pessoa colocada. Um artista sensacional, intelectual de peso; cientista político, vanguardista: uma mistura de carisma, polêmica, poesia da melhor qualidade.


Ele é um caleidoscópio de coisas, entre música boa e rara, prosa invejável, um filósofo, uma peça do xadrez vivo. Um brasileiro único... O que dizer de quem compõe Sampa e constrói uma expresão como a que diz que "...és o avesso do avesso do avesso da avesso"? E "de perto ninguém é normal?" E a que mais aprecio: "...é que Narciso acha feio o que não é espelho..." no que ele consegue retratar o pior dos horrores do mundo. A que é a vaidade humana.


Dizem alguns que ele só fala e não faz. Mas quer um fazer maior do que o falar? Ora, os que ouvirem que coloquem em prática, ao seu modo, no seu estilo, no seu gesto. Falando e muito melhor ainda, cantando, ele já faz tudo. Já cumpre a sua parte. Depois disto ele tem o sagrado direito do berço explêndido. Pois o mais difícil é elaborar e parir as idéias que ninguém jamais o faria. Já pensou na sacação da música Uns? A crítica ao capitalismo perverso que ali é feita? E o estrangeiro? E outras palavras? E...? Pena que ele "ainda" NÃO me deu um beijo na boca e NEM me disse...


Uma vez fui a Salvador e de lá tive a venturosa idéia de visitar D. Canô em Santo Amaro da Purificação. E foi sem dúvida, uma das melhores coisas que fiz na vida. Fotos muitas. Uma conversa maravilhosa, muma tranquila tarde de sol, sob mangueiras imensas no quintal do casarão da Viana Senna, entre roupas no varal, tomando aquele suco de maracujá absolutamente indescritível. Falamos de tudo, inclusive ao telefone, com Maria Bethânia. Ela mostrou-me o vestido que fez da "fazenda" que eu havia mandado anteriormente por ocasião dos cinquenta anos do seu filho mais famoso.


Sabe o que andar de mãos dadas com D. Canô pela rua de Santo Amaro, sentindo aquele cheiro forte de leite de colônia que já personaliza a sua pele? E sob os cuidados e latidos da cadela Bonita? É bom demais...
Como muito bem coloca Rita Lee na sua belíssima Homem Vinho, feita especialmente para ele:
"Brindar sozinho, Tua fina Estampa, de Sampa o mais completo tradutor, Voz de veludo, Veloso tem, tem dengo, dengoso tem, sague de bamba pano pra manga/O que é que o Caetano tem, tem fora as asinhas tem, carma de mestre, cabra da peste!" Salve Caetano!

E o tempo?...Os filhos, o sorriso rasgado? As composições em inglês. Podem pensar e dizer o que quiserem mas eu sou inteiramente apaixonado por Caetano Veloso. A ponto de comprar e ter comigo a imagem de S. Caetano, guardada em casa e aguardando a oportunidade de fazer-lhe o presente. E também, e por que não? De gozar em pó.
Se fosse o caso...