domingo, 26 de fevereiro de 2012

TEMPO DE ENVELHECER


(Chico Buarque, Essa pequena, pra você ouvir enquanto lê o texto abaixo. Experimente, será fabuloso. Um orgasmo poético sem precedentes. É o que espero. Boa sorte!)

UM TEMPO SEM NOME

(Rosiska Darcy de Oliveira, O Globo, 21/01/12 - escritora)

Com seu cabelo cinza, rugas novas e os mesmos olhos verdes, cantando madrigais para a moça do cabelo cor de abóbora, Chico Buarque de Holanda vai bater de frente com as patrulhas do senso comum. Elas torcem o nariz para mais essa audácia do trovador. O casal cinza e cor de abóbora segue seu caminho e tomara que ele continue cantando “eu sou tão feliz com ela” sem encontrar resposta ao “que será que dá dentro da gente que não devia”.
Afinal, é o olhar estrangeiro que nos faz estrangeiros a nós mesmos e cria os interditos que balizam o que supostamente é ou deixa de ser adequado a uma faixa etária. O olhar alheio é mais cruel que a decadência das formas. É ele que mina a autoimagem, que nos constitui como velhos, desconhece e, de certa forma, proíbe a verdade de um corpo sujeito à impiedade dos anos sem que envelheça o alumbramento diante da vida .
Proust, que de gente entendia como ninguém, descreve o envelhecer como o mais abstrato dos sentimentos humanos. O príncipe Fabrizio Salinas, o Leopardo criado por Tommasi di Lampedusa, não ouvia o barulho dos grãos de areia que escorrem na ampulheta. Não fora o entorno e seus espelhos, netos que nascem, amigos que morrem, não fosse o tempo “um senhor tão bonito quanto a cara do meu filho“, segundo Caetano, quem, por si mesmo, se perceberia envelhecer? Morreríamos nos acreditando jovens como sempre fomos.
A vida sobrepõe uma série de experiências que não se anulam, ao contrário, se mesclam e compõem uma identidade. O idoso não anula dentro de si a criança e o adolescente, todos reais e atuais, fantasmas saudosos de um corpo que os acolhia, hoje inquilinos de uma pele em que não se reconhecem. E, se é verdade que o envelhecer é um fato e uma foto, é também verdade que quem não se reconhece na foto, se reconhece na memória e no frescor das emoções que persistem. É assim que, vulcânica, a adolescência pode brotar em um homem ou uma mulher de meia-idade, fazendo projetos que mal cabem em uma vida inteira.
Essa doce liberdade de se reinventar a cada dia poderia prescindir do esforço patético de camuflar com cirurgias e botoxes — obras na casa demolida — a inexorável escultura do tempo. O medo pânico de envelhecer, que fez da cirurgia estética um próspero campo da medicina e de uma vendedora de cosméticos a mulher mais rica do mundo, se explica justamente pela depreciação cultural e social que o avançar na idade provoca.
Ninguém quer parecer idoso, já que ser idoso está associado a uma sequência de perdas que começam com a da beleza e a da saúde. Verdadeira até então, essa depreciação vai sendo desmentida por uma saudável evolução das mentalidades: a velhice não é mais o que era antes. Nem é mais quando era antes. Os dois ritos de passagem que a anunciavam, o fim do trabalho e da libido, estão, ambos, perdendo autoridade. Quem se aposenta continua a viver em um mundo irreconhecível que propõe novos interesses e atividades. A curiosidade se aguça na medida em que se é desafiado por bem mais que o tradicional choque de gerações com seus conflitos e desentendimentos. Uma verdadeira mudança de era nos leva de roldão, oferecendo-nos ao mesmo tempo o privilégio e o susto de dela participar.
A libido, seja por uma maior liberalização dos costumes, seja por progressos da medicina, reclama seus direitos na terceira idade com uma naturalidade que em outros tempos já foi chamada de despudor. Esmaece a fronteira entre as fases da vida. É o conceito de velhice que envelhece. Envelhecer como sinônimo de decadência deixou de ser uma profecia que se autorrealiza. Sem, no entanto, impedir a lucidez sobre o desfecho.
”Meu tempo é curto e o tempo dela sobra”, lamenta-se o trovador, que não ignora a traição que nosso corpo nos reserva. Nosso melhor amigo, que conhecemos melhor que nossa própria alma, companheiro dos maiores prazeres, um dia nos trairá, adverte o imperador Adriano em suas memórias escritas por Marguerite Yourcenar.
Todos os corpos são traidores. Essa traição, incontornável, que não é segredo para ninguém, não justifica transformar nossos dias em sala de espera, espectadores conformados e passivos da degradação das células e dos projetos de futuro, aguardando o dia da traição. Chico, à beira dos setenta anos, criando com brilho, ora literatura , ora música, cantando um novo amor, é a quintessência desse fenômeno, um tempo da vida que não se parece em nada com o que um dia se chamou de velhice. Esse tempo ainda não encontrou seu nome. Por enquanto podemos chamá-lo apenas de vida.





sábado, 25 de fevereiro de 2012

MIIIIAAAUUUUUUU!.... É O GATO! É O GATO!


Mentiras & verdades:
Jornais e revistas, sempre brasileiros, vivem anunciando o “sucesso” da tal moda tupiniquim no exterior. Até mesmo na moda praia essa mentira é desmentida por números. Desde 2011, as exportações caíram 83%. A desculpa para esse decréscimo é sempre a mesma. Dólar, altos
impostos, crise. Ninguém comenta o fato de que, até pouco tempo, mulheres europeias e norte-americanas, só encontravam modelos “mostra tudo” nas confecções brasileiras. Passada a síndrome do “I don't show my ass” dessas mulheres, agora o que se vê são versões muito originais, feitas em países como Israel, que dominam o mercado.

Releases de moda e samba-enredo
:
Não há nada mais parecido com release de moda do que samba-enredo. Os dois são incompreensíveis, portanto, releases deste ano poderão servir como tema para qualquer escola que deseje transformar, em 2013, o ridículo em absurdo.

Sambódromo e Kung Fu

Todas as emoções de um filme de Kung Fu foram vistas no Sambódromo de São Paulo na apuração deste ano, uma espécie de Chica-Chica Boom da arquitetura carnavalesca. Ninguém entendeu o motivo de tanta revolta e tanto vandalismo, afinal eram apenas os resultados de desfiles na sua maioria sem graça, mal feitos e mal apresentados, com sambas medíocres e uma infinidade de “déjà vu” em carnavais do Rio de dez anos atrás.

Mangueira entediante

Não existe nada mais arrepiante que a entrada da Mangueira na avenida, não existe nada mais entediante que o desfilar da Mangueira. Não existe nada mais aborrecido em saber que o tempo para essa passagem tem os mais torturantes 80 minutos que um cuco pode marcar.

Portela desinteressante
:
Portela sempre foi a grande rival da Mangueira nos carnavais cariocas. Continua sendo. Não se sabe se é por falta de uma balança adequada, mas seus desfiles, a cada ano, se tornam mais pesados e desinteressantes. Apesar das pretensões, o que se vê são sempre as mesmas
fantasias e alegorias, feitas por imaginações de quem quer ganhar um Oscar, mas teriam, no máximo, que se contentar com um Kikito.

Ratos e urubus, afastem-se
:
Joãosinho Trinta encantava o público com seu luxo e lirismo. Esse encantamento provocava a ira dos “puristas” da época. Ninguém percebeu que o verdadeiro luxo de Joãosinho estava em sua imaginação. De sua genialidade nasceu o mais perfeito e criativo desfile feito até hoje.
Seu “Ratos e Urubus” ficou na história. O segundo lugar, na época, foi mais importante e opressivo que todos os outros primeiros de todas outras escolas juntas.

O miado do gato
:
Paulo Barros, o pit-boy da alegoria-e-fantasia, ri e chora com mais um título de uma carreira que promete ser, no Carnaval, o que a de Pelé foi no futebol. Jovem, articulado, inteligente e, pra desespero dos concorrentes, um gato cujos miados estremecem qualquer subsolo íntimo. Paulo Barros, o único herdeiro de Joãosinho Trinta, só aguarda o momento de trocar de CEP, saindo de um bairro carioca rumo à cidade onde voa um Beija-Flor milionário, com as melhores heranças,belezas e riquezas da história do Carnaval.

(Glorinha Kallil)

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

MULHER: A DONA DA SABEDORIA


Jamais saberemos se Deus fez

primeiro a mulher e dela construiu a beleza,

a harmonia, a água, a claridade,

a paz, a lua, a madrugada.

Enfim, as muitas delícias femininas da vida.

Ou será ao contrário?

Não importa a ordem.

Mas que elas estão aí.

E, sem as quais, viver não valeria à pena.

Sendo a mulher, a mais poderosa,

com seus encantos e sua força, graça, estética,

o centro de tudo, o polígono, a destinação,

a detentora da vida e a definidora de seus destinos.

A que inspira a poesia, a música, a doçura, a mística, a felicidade.

E faz brotar os sentimentos mais loucos e as paixões incontidas.

Amplia o amor, sua magnitude e transcendência

universal, infinita em todas as formas e tons.

Na sabedoria divina, mulher e natureza confundem-se.

Tudo feito pela mescla da curva, da sinuosidade,

da maciês tênue, perfumada, adiposa.

Do dorso de veludo verdejante até os horizontes de luz sem fim.

Assim, todas as mulheres são árvores

e, juntas, que linda floresta elas formam.

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(Antonio da Costa Neto, in, Poemas para os anjos da terra. Goiânia: Ed. Kelps, 2011)


DEUS É MACHO?


POR QUE DEUS É MACHO?



"Deus dos sem deuses
Deus do céu dos sem deus
Deus dos ateus
Pergunto cem vezes
Respndes quem és
Serás Deus ou Deusa
Que sexo terás?
Mostra teu dedo, tua face,
tua lígua
Deus dos sem Deuses


(Chico César)


Por que a visão que temos de Deus, desde que somos crianças é de um senhor? Um velho de longas e fartas barbas brancas que se senta sobre núvens azuladas e dita, com sua voz de trovão, para todo o seu universo, suas palavras de ordem que pairam e ecoam fundo dentro de nossas cabeças por todo o sempre. Deixando-nos meio tontos, sem saber para onde e como ir. Não seria isto uma enorme crueldade contra os seres humanos ainda tão ingênuos, fracos e incautos? Que razões antropomórficas levam a tal fenômeno? Por que o predomínio do macho, o poder do falo?

"...Deus fez do barro o homem, sua imagem e semelhança, soprou-lhe, deu vida e deu a ele o nome de Adão. Depois tirou uma de suas costelas e fez dela a mulher para ser sua companheira. Sua cúmplice, e por que não dizer, sua serva, serviçal e escrava, para que o homem não ficasse só. E não se dispuzesse a fazer trabalhos menores como lavar, cozinhar e passar. Mas precisava de quem mantivesse seu pleno bem-estar nestes e nos demais sentidos. Para, poder, então, realizar as tarefas mais nobres e mais importantes. Determinando, por fim, os caminhos a serem trilhados pela humanidade. Mas a mulher teria de ser inferior, por isso vem da costela. Vale uma pequena parte do homem todo poderoso. Não pode, portanto, com ele competir e nem mesmo, tem a pretenção de se igualar. "
Que piadas, minha Deusa, que piadas!!!!

Mesmo na nossa língua, a gramática reza o predomínio do masculino. Por exemplo, se temos quinhentas mulheres sentadas em uma sala, nós devemos dizer: - quinhentas pessoas, no feminino. Mas digamos que, por acaso entra um homem no recinto. Pronto, muda-se tudo e devemos dizer : são quinhentos e um, pois o poder do macho, leva tudo para o masculino. Ou seja, outro absurdo que ninguém vê, assume ou questiona.
Por que o poderosíssimo Deus que tudo vê e tudo sabe até os tempos infinitos, não percebeu que com os avanços tecnológicos tudo passaria a tender para a aceitação e híper valorização do homem, criando o caos que aí está e, na mioiria das vezes, oriundo de tal fato, e, mesmo assim, enviaria seu filho, unigênito, macho e branco, não para atenuar, pelo contrário, para fixar ainda mais este poder, mantendo e ampliando o caos e as mazelas do mundo?
Deus não errou neste sentido? Por que não mandou a sua filha, uma mulher negra, talvez doente, esquálida e maravilhosa, para aí, justamente, fazer sucumbir tal poder para assim mudar os destinos do planeta, da vida, das espécies? Deus que é tão sábio, poderoso, em nome de quem e sob sua vontade, nem mesmo uma folha cai da árvores não teria meios, conhecimentos e desejos de transcender, de processar esta mudança, a mesma que prega os evangelhos, a bíblia, o alcorão e todas as nítidas sabedorias espirituais e filosóficas a quem os mesmos homens advogam a autoria?
Enfim, por que rezamos: "Pai Nosso que estais nos céus, santificado seja o vosso nome?" Por que não, Mãe Nossa nos mesmos parâmetros e continuidade?... Não seria igualmente para se manter o poder e o mando dos machos provedores, os melhores salários para os homens, para eles os maiores cargos, as possibilidades das decisões? Não seria também por isso, no geral os machos comandam, presidem as organizações, nutrem as famílias? E quem como o meu pão, cumpre o meu desejo, princípio com o qual os governos ampliam e mantêem a burocracia, os estatutos, as leis, as ordens.
Não seria tão mal se fosse apenas na palavra. Mas ela tem poder e respalda a realidade, fixa valores em nosso subconsciênte, que, por fim, definem a condução da vida, seus ditames e sua realidade. Assim, tudo caminha por este prisma, num tempo em que tudo isto é muito ultrapassado. O magistério, por exemplo, é uma profissão de senhoras e de mocinhas delicadas, mantidas por seus pais e seus maridos, não necessitando, portanto, de cabíveis políticas de remuneção de seu trabalho, como já dizia o ex-presidente mineiro, quando governador de Minas: - "As professoras mineiras não são mal pagas, elas são, isto sim, é mal casadas." Um grande absurdo que deveria receber como prêmio a prisão e não a presidência da república que lhe chegou às mãos logo depois. E desta forma, os homens se perpetuam no poder. E para que uma mulher chegue lá é preciso que seja um macho de sáias, como a história tem nos mostrado por meio de Margareth Teacher e agora, Dilma Rouseff, dentre muitas outras, frias, grossas, deterministas, sem amor, calor humano, feminilidade.
Vivemos um tempo em que homens e mulheres devam se entrelaçarem com diferenças, igualdades, semelhanças, distâncias e espaços harmoniosos que se complementam. Falta ao mundo a poesia, a docura, a beleza, a ética, a serenidade e outros valores - todos femininos - que encantam a vida e colocam por terra o determinismo, o poder astuto, o lucro abusivo, o ódio, o crime - todos masculinos - que perduram na sociedade na condição de maioria astuta e infinita. Daí o caos, o sofrimento, os males que destroem o mundo, a vida, a paz, a harmonia, a felicidade das pessoas, a qualidade de vida.
Já é muito mais que tempo de darmos um fim em tudo isto. De entendermos que da fluência e interação de todos os gêneros é que nascerá as possibilidades de uma vida decente e plena. Abaixo, portanto, a perenidade de um Deus macho a quem é dado todo o poder, toda a honra e toda a glória. É com batom, babados, rendas, luzes, flores, poesia e beleza que construiremos o mundo com o qual todos sonham. Com ciranda, e, não, guerras perenes entre mulheres e homens na condição de ditadores e subordinadas. Deusas, sim. São elas que faltam para direcionar a força que eles já têm. Com abundância e sobra.
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Antonio da Costa Neto

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

PÊNIS, PRA QUE TE QUERO - UM ENSAIO SOBRE A PSICOLOGIA MASCULINA



"Anos atrás, resolvi fazer uma palestra sobre "identidade masculina".
Há algum tempo o tema me intrigava. Saí à cata de bibliografia em português. Surpresa: não encontrei nenhum livro sobre o assunto escrito por homem. Surpresa maior: encontrei 4 ou 5, escritos por mulheres, abordando o tema Homem sob diversos ângulos
.
Fiquei ainda mais intrigado, e comecei a observar e a refletir. Todos os meios de comunicação de massa têm um espaço específico para a mulher, feminista ou não. A Cinderela americana (livro : Complexo de Cinderela*) aportou por aqui e ficou mais de um ano na lista dos livros mais vendidos. São livros, debates, congressos, programas de rádio e TV, estudos científicos, teses e mais teses- e até delegacias de polícia- tudo sobre ou para a mulher. No Brasil (em 1985*) existem mais de 180 grupos feministas catalogados. As mulheres respondem tudo ou quase tudo sobre elas e muito sobre nós. Sentados à beira do caminho, ficamos olhando, há mais de uma década (1985*) a luta do mulherio em busca de sua libertação. E nós? O que estamos fazendo?
Acho que não precisamos fazer nada. o poder, em termos sociais, está praticamente todo em nossas mãos. Afinal, foram 20 anos de ditadura machista que nos auxiliaram a garantir um espaço mais amplo e seguro- sem contar os séculos anteriores. Em casa quem manda, ainda que pró forma, somos nós. Das crianças elas cuidam, senão a gente põe uma babá ou vão para a creche. No sexo, tudo resolvido, umas coisas se faz com a patroa, outras lá fora. A Constituinte (promulgada em 1988, em 1985/86 estava no auge da elaboração)é nossa. O futebol é nosso. A representação política dentro e fora do país é nossa. Então, para que se preocupar com esse papo de feministas? É. Mas às vezes eu fico pensando e, por enquanto, só pensando. Como será que eu sou por dentro? Como será minha alma? Por que o mundo colocou tanto peso nas minhas costas e eu deixei? Eu queria tanto conversar algumas coisas com os amigos, mas não me sinto à vontade.Companheiro, como é, para você, ver as mulheres falarem tanto sobre nós? Será que elas estão certas? Tenho tantas dúvidas!!!! Mas quando a gente se junta só dá para falar de futebol, de mulheres alheias, de conjuntura política, da dívida externa, e da cotação do dólar.
Falar com você, companheiro, sobre os nossos sentimentos masculinos, não dá mesmo.
Como será que você se sente quando está sem vontade de fazer amor e o faz só por obrigação, para não decepcionar a companheira?
Como é para você, masturbar-se às vezes só por ansiedade, e não poder contar nem para a sua mulher?
Como você se sente quando a ereção não vem?
E quando a gente tem que parar de acariciar, abraçar e pegar a filha no colo, porque ela está ficando mocinha? E com o filho? Também não é a mesma coisa?
Você percebe o seu corpo? Se acha bonito ou feio? Você achou outro homem bonito? Como é que você se sente com seu pênis? Se for pequeno, ele o envergonha? Você o esconde? E suas nádegas? Como você as sente? Eu fico até sem jeito de querer saber essas coisas....
Se fôssemos juntar tanta coisa num homem só, possivelmente sairia isso (se ele não mentisse): - Eu já espanquei minha mulher, porque não aguento a idéia de outro homem por perto. Cheguei a matá-la. Uns dizem que é por amor, outros que não. Mas, eu mesmo não entendo nada.
-Às vezes eu choro, mas sozinho. Tem vezes que eu tenho vontade de te abraçar, companheiro, e ficar assim sem dizer nada ou, então me enroscar e ficar no teu colo, como se fosse o colo do pai que nunca tive. Mas eu tenho medo, vergonha, e não tenho nem coragem de admitir essa necessidade ou desejo.
-Se você soubesse como é duro não poder perder nunca! Em nada.
-Às vezes eu até passo você prá trás, ou o uso como degrau, mesmo você sendo meu amigo. Eu não posso ser fraco.
-E se eu sou homossexual, será que continuo sendo homem?
-Se sou branco e você negro, eu me acho superior! E será que sou mesmo? Você se sente inferior por ser um homem negro?
-Se sou velho, sirvo para alguma coisa?
E se tenho uma deficiência física? Como fico como homem?
É tanta solidão! É tanta dor! È tanto medo de amar e de me entregar, que nem sei, companheiro!"

(Ronaldo Pamplona da Costa)