sexta-feira, 29 de agosto de 2008

COM CAETANO VELOSO EU GOZO EM PÓ...


Pra cantar e se encantar com as delícias de Caetano em verso e prosa:
"Muito é muito... É muito pouco..."

(Caetano Veloso)

Um amigo meu, baiano e gay (não necessariamente nesta ordem) um dia me veio com esta. De gozar em pó com Caetano Veloso, listantando, para isso uma série infinita de qualidades, com as quais concordo principalmente com as seguintes:
Caetano Veloso é tudo de bom. (embora eu pessoalmente considere esta expressão meio. Meio brega, meio puta, meio vulgar, meio pobre). Mas Caetano Veloso é tudo de bom mesmo na fina conotação da palavra. Se não fosse compositor, já seria um cantor muito agradável e seu forte é a composição de coisas lindas, maravilhosas, deleitantes. É carismático, bonito, cheio de ginga. E ao que me parece, um ser humano forte, inteligente, sagaz, paizão, maridão, amigão, tudo ão... Sensível, enfim, como era chique dizer nos anos noventa, trata-se de uma pessoa colocada. Um artista sensacional, intelectual de peso; cientista político, vanguardista: uma mistura de carisma, polêmica, poesia da melhor qualidade.
Ele é um caleidoscópio de coisas, entre música boa e rara, prosa invejável, um filósofo, uma peça do xadrez vivo. Um brasileiro único... O que dizer de quem compõe Sampa e constrói uma expresão como a que diz que "...és o avesso do avesso do avesso da avesso"? E "de perto ninguém é normal?" E a que mais aprecio: "...é que Narciso acha feio o que não é espelho..." no que ele consegue retratar o pior dos horrores do mundo. A que é a vaidade humana.
Dizem alguns que ele só fala e não faz. Mas quer um fazer maior do que o falar? Ora, os que ouvirem que coloquem em prática, ao seu modo, no seu estilo, no seu gesto. Falando e muito melhor ainda, cantando, ele já faz tudo. Já cumpre a sua parte. Depois disto ele tem o sagrado direito do berço explêndido. Pois o mais difícil é elaborar e parir as idéias que ninguém jamais o faria. Já pensou na sacação da música Uns? A crítica ao capitalismo perverso que ali é feita? E o estrangeiro? E outras palavras? E...? Pena que ele "ainda" NÃO me deu um beijo na boca e NEM me disse...
Uma vez fui a Salvador e de lá tive a venturosa idéia de visitar D. Canô em Santo Amaro da Purificação. E foi sem dúvida, uma das melhores coisas que fiz na vida. Fotos muitas. Uma conversa maravilhosa, muma tranquila tarde de sol, sob mangueiras imensas no quintal do casarão da Viana Senna, entre roupas no varal, tomando aquele suco de maracujá absolutamente indescritível. Falamos de tudo, inclusive ao telefone, com Maria Bethânia. Ela mostrou-me o vestido que fez da "fazenda" que eu havia mandado anteriormente por ocasião dos cinquenta anos do seu filho mais famoso.
Sabe o que andar de mãos dadas com D. Canô pela rua de Santo Amaro, sentindo aquele cheiro forte de leite de colônia que já personaliza a sua pele? E sob os cuidados e latidos da cadela Bonita? É bom demais...
Como muito bem coloca Rita Lee na sua belíssima Homem Vinho, feita especialmente para ele:
"Brindar sozinho, Tua fina Estampa, de Sampa o mais completo tradutor, Voz de veludo, Veloso tem, tem dengo, dengoso tem, sague de bamba pano pra manga/O que é que o Caetano tem, tem fora as asinhas tem, carma de mestre, cabra da peste!"
Salve Caetano!
E o tempo?... Que para ele passa tão lento, como pra mais ninguém. Os filhos, o sorriso rasgado? As composições em inglês. Podem pensar e dizer o que quiserem mas eu sou inteiramente apaixonado por Caetano Veloso. A ponto de comprar e ter comigo a imagem de S. Caetano... Guardada em casa e aguardando a oportunidade de fazer-lhe um presente. E, também, e por que não? De gozar em pó. Se fosse (e é...) o caso... E por que não?
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Antonio da Costa Neto

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