terça-feira, 15 de julho de 2008

UMA COISA CHAMADA SOCIOGRAMA FAMILIAR





















Sabe o Chico Diaz, aquele ator mexicano, naturalizado brasileiro? Já notou as muitas semelhanças dele com o nosso especial compositor e cantor Chico Buarque? Os dois se chamam Francisco, são do meio artístico, idades até certo ponto similares. Os olhos de ambos são religiosamente de um verde-azulado como exatos oceanos não-pacíficos. Têm ambos paixões pelo futebol, a mesma altura, portes físicos bem semelhantes, etc. etc.
Pois é, Chico Diaz foi justamente o eleito para ser o grande amor - infinito enquanto dure - da também atriz Sílvia Buarque, filha mais velha do nosso, o outro Chico. Até aqui, tudo parece normal, mas vamos lá...
Escolhemos este exemplo, por se tratar de pessoas famosas e conhecidas para falarmos um pouco do fenômeno do sociograma familiar. Que, segundo nossas pesquisas é um dos fatores da maior importância na construção da sociedade, aí incluindo seus conflitos, problemas, dores e sofrimentos. E muitos dos quais podem ser evitados, a partir do desdobramento coerente, e, principalmente, amoroso de tais aspectos.
Segundo nossos estudos é na primeira infância, ou seja, de zero a cinco anos de idade é que se constroem os elementos constitutivos da personalidade, do caráter e das condições emocionais, pscicológicas, sexuais, enfim, de todo um aparato interno de cada pessoa.
O convívio com os familiares nesta idade. A luta com os irmãos pelo amor do pai e da mãe. As efetivas respostas destes, vão, ao longo dos tempos, formando o universo masculino e feminino de cada um. Suas defesas, interesses, gostos vão, vagarosamente se definindo ao longo dos anos. Quem é mais simpático, mais agradável: papai ou mamãe? Se o papai, então meu universo masculino fala mais alto, podendo, conforme o caso, nascer daí por exemplo a homossexualidade masculina. Ou a feminina, na composição dos contatos menina/mãe.
Claro que apenas isto não é uma condição suficiente, mas entendemos ser o básico na construção tal processo. Não estamos nos referindo a ele como bom ou mal, mas apenas fundamentando a provável causa de sua origem, para que possamos então associar aos demais critérios que constituem a personalidade de cada pessoa. Caráter, estilo, valores, jeito de ser e de fazer as coisas, gostos, opções, condições individuas, ritmos, formas de ver a vida. Tudo, segundo temos comprovado, nasce neste histórico em que todos, de forma positiva ou negativa, presente ou ausente, estamos, de alguma maneira expostos.
Temos aí de considerar também muitas sutilezas. Pois as coisas não são lineares, retilíneas, iguais para todos. Isto nunca, seria extremamente simplista pensarmos desta maneira. Pois a interferência de um avô, por exemplo na vida de uma neta porque ela tem semelhanças físicas com a falecida mãe dele. Ou de uma avó na vida do menino por causa da pinta do pai dela que ele tem no rosto. A afetividade forte de uma empregada negra, momentos, coisas, detalhes, tudo influencia tudo. Uma oportunidade, um detalhe, um grito fora de hora, um dedo em riste, um abraço um afeto podem modificar todo um destino, que, por sua vez irá modificar outros destinos infinitamente.
É importantíssimo o papel dos professores e das escolas. Eles são verdadeiros mitos que em muito influenciam a vida de seus alunos. Os ídolos da TV, do cinema, os dogmas e discursos da igreja, da política, dos meios de comunicação. Precisamos cuidar detalhadamente de tudo. Pois é como aquela pessoa que se cuida, se guarda, se reserva e depois, quando se expõe acidentalmente a uma corrente de ar e já pega um resfriado daqueles...
Os seres humanos, como todos os animais de sangue quente, os mamíferos em geral
são altamente competitivos. E buscam eternamente uma fonte de energia. Ou seja, algo que lhe dê mais prazer, sustentação, vontade, motivo para continuar vivendo. Assim, esta fonte de energia na primeira infância é justamente o amor do pai para a filha e da mãe para o filho. Como todos os irmãos querem ao mesmo tempo este mesmo amor, competem com seus instrumentos e forças, tendo a partir daí os que ganham e os que perdem.
Os que ganham são, me geral, os vencedores, os bem-sucedidos, os mais felizes e realizados. Mas os perdedores, nem tanto. Podem cair nos labirintos da vida profissional, emocional, afetiva, buscando outras fontes de energia no trabalho, na subversão, na droga, na corrupção, etc. apenas para exemplificar.
Voltando aos Buarques e os Diaz. Todos sabemos que Chico Buarque tem, com a maravilhosa Marieta Severo, três filhas, três meninas, três mulheres lindas. E ambas competiram e ainda competem pelo amor do pai, Chicão. E Sílvia, como a primeira, a mais velha, teria, a princípio mais instrumentos para ser a ganhadora do pai. Daí a necessidade de se querer perpetuar o modelo tão bom, agradável, aconhegante. Perpetuando ao seu lado um Chico, artista, de olhos verde-azulados, amante do futebol e bem parecido com o pai. Já com Helena, a busca foi por um Carlinhos Brow, fisicamente o contrário, mas com algumas caractrerísticas do paizão, o lado artístico, por exemplo, como forma de compensar a relativa "perda".
O que atrai Síliva em Chico Diaz, são os elementos semelhantes à primeira fonte de energia dela, o que chamamos de "its", o que se gosta na pessoa, os elementos atrativos, etc. Sendo os "nits", ou "não-its", exatamente as características contrárias, as que coisas que não gostamos, indesejáveis, não só físicas, embora possam ser estas, as de imediato, mais marcantes. Mas devemos considerar também as emocionais, as psicológicas, as afetivas, etc.
Teríamos páginas e páginas para comentar. Mas como resumo da ópera, gostaria que a leitura deste texto leve ao entendimento de que os pais devam fazer dos seus filhos, todos ganhadores. Dando-lhes igualmente, amor, carinho, contato, afeto, calor humano; diluindo ao máximo a figura do preferido que todo pai e toda mãe, embora neguem de pés juntos, sempre têm. O que é normal, mas precisa ser compreendido e amenizado.
Pois a criança incauta e inocente não pediu, não tem a menor possibilidade de entender. Ela não merece sofrer os males daí advindos e que, mais tarde irá ser a fonte de novas dores, sofrimentos. Chegando a uma cadeia de inocentes que nada têm haver com o fato inicial. Criando, por assim dizer uma corrente infinita de violência e de maldades no mundo.
Podemos evitar estas dores. É uma questão de conhecimento, aceitação e humildade. Se estamos aqui para sermos felizes e constituir felicidades, o nosso dever é o de encarar estes fatos. Sei que dói. É difícil, mas é o caminho para contribuirmos para que haja mais alegria, mais amor, mais paz e serenidade no mundo.

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Antonio da Costa Neto

antoniocneto@terra.com.br










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