Já passei, há muito dos cinqüenta anos. Não reclamo. Quanto a isto, estou bem mais do que satisfetito. Deste tempo, tirei grande parte para estudar, aprender, ler, fazer pesquisas, intervenções, me preparar. Procurei dominar algum conhecimento para enxergar criticamente os fenômenos, a vida. Para agir com competência, com vontade política para que a vida fosse molher. A justiça acontecesse, as pessoas fossem mais felizes e com motivos para celebrarem a vida. Para brindarem a cada dia, cada noite, cada respiração a mais.
Assim, adentrei-me pelos caminhos da educação. Considero-me hoje uma pessoa com uma profunda visão de seus processos e problemas. Se eu tivesse algum poder na mão e autonomia para agir, com certeza eu resolveria todos os principais problemas desta conturbada área do saber humano. Sei muito o porque da insatissfação de alunos e professores. A evasão, a repetência, a resistência em aprender, a reprovação, o fracasso da educação e da escola.
Sei bem que a resolução destes problemas passa pela esfera da política em seu sentido pleno. Requer a troca de favores, de benefícios. O abrir mão do poder, do status. O preparar as pessoas para a crítica aguçada, a sensibilidade, o senso do bem-viver em seu sentido pleno.
Mas é justamente aí que mora o problema. Pessoas críticas, evocam, incrementam, exigem, questionam, literalmente, incomodam. E todos querem incomodar, carcomer, extorquir, usar e abusar. E não dá pra fazer isso com pessoas educadas. Mas com adestradas e é isto que as escolas fazem.
Escolas não foram feitas para educar ninguém, mas, ao contrário, para emburrecer, alienar, aniquilar a consciência crítica das pessoas e os imbecis dos educadores, mesmo os mais sensíveis, não conseguem, nem de longe, desconfiar disso. Coitados. São umas verdadeiras antas manipuladas para perpetuarem a inversão de valores, a exploração fácil, o acúmulo de riquezas para poucos. Sem desconfiarem que, com isso, garantem com monstruosa facilidade o abuso das pessoas, a construção do caos, ao qual todos nos submergimos a cada dia, hora, minuto, segundo...
É aí que começo a pensar. Sempre estudei e muito. Li tudo que caiu na minha mão sobre educação, gestão educacional, planejamento, técnicas, metodologias, sociologia e antropologia aplicadas. Ganhei prêmios, honra ao mérito, publiquei livros, artigos, textos. Fiz um monte de pesquisas, de intervenções pedagógicas. Propus ações, desenvolvi projetos, modifiquei a vida de muita gente. Melhorei escolas, vidas, revolucionei cabeças. E... continuo aqui à margem de tudo. E concluo: num País que canta em prosa e verso o cinismo de um Pelé, só porque, um dia jogou bem a bola para a rede, fazendo vibrar os famintos, que ao vibrarem, escondiam de sua condição, ficando mais fácil e simples perpetuá-la?
Já sentiram a pouca inteligência deste cidadão? O seu cinismo em relação aos filhos ilegítmos? A frieza em relação à condição do seu outro filho como usuário e traficante de drogas? Pelé é, é na verdade, um cínico, um vazio, uma inteligência discreta e preconceituosa com bucho e bolso cheios. E os Delfins Netos enriquecendo os ricos? Os Antonios Hermírios de Morais e sua lânguida competitividade rabujenta? As Hebes difundindo as idéias burguesas, elitistas, profundamente irresponsáveis? E a piada que são nossos governantes - quase todos? Sílvio Santos, Gugu, Jô Soares, nossos Ministros? E o Presidente da República? Nossos Sindicatos, empresas, estruturas urbanas, meios de comunicação?
Como conseguimos viver e aceitar como normal estas realidades muito mais que absurdas? E as nossas igrejas, a começar pela Católica? Os padres Marcelos com aquela postura bíltre, imbecil, falsa? E a arrogância do papa? E a maioria dos nossos artistas, a Rede Globo, o BBBrasil? Não gente, trata-se de coisas demais contra nós mesmos e que ainda aplaudimos feito um bando de macacos adestrados? Um bando de idiotas a serviço da maldade no mundo.
Somos mesmo muito burros, incautos, vazios, insensíveis, manipuláveis. A esta altura de evolução das coisas do mundo ainda conseguimos viver neste lamaçal de mentiras e de maldades e achando tudo normal. É mesmo verdade, a humanidade inteira é muito menos que medíocre.
E o mesmo acontece com Ronaldinho Gaúcho, Romário, não sei quem mais que por jogar bola merece a condição de Deus, as fortunas incalculáveis, o status de mitos bem-feitores. Ayrton Sena é outro, um falso, um pobre de espírito com fama de ser Deus porque dá lições de competição, do forte, do animal que pisa mais do que ninguém, que alicia as mentes incautas para tal.
Num País em que os Mamonas Assassinas vendem bilhões de discos para cantarem as asneiras do mundo, o baixo-ventre, o sexo sujo, as besteiras sem nexo. Os políticos encinheirados que manipulam leis e dogmas para perpetuarem os ricos mais ricos e os pobres mais miseráveis são os que merecem o tapete vermelho, as aposentadorias milionárias, os privilégios dos seres humanos especiais. Os educadores que têm nome e são respeitados são os que difundem uma pedagogia eminentemente burguesa, a favor da capital e contra a vida. E só os ridículos, os vazios, os fúteis são eleitos, se perpetuam no poder, expandem suas maldades pelos becos e ruas. Onde o poder é dos insensíveis. Onde só se esquece um escândalo com a produção de outro. Onde se sucessedem: Os Anões, o Mensalão, a CPI dos Correios, o caso Isabela, os dólares na cueca e nada vira nada. Onde a polícia metralha inocentes, pessoas se matam e fica tudo como sempre.
Melhor mesmo é estar à margem, ser esquecido, não ser ninguém. Melhor mesmo era não ter nascido para não amargar esta dor, este sofrimento, esta vergonha absolutamente infinita. Pelo menos para os que têm algum brio. Para os que sonham com a decência, o amor, a justiça, a dignidade, a luz. Precisamos estraçalhar esta desgraça historicamente acumulada. Revolucionar é preciso. A nova lei é a de fazer emergir a revolução do amor. Pobres de nós. Os imbecis capazes de mudar tudo isto e que são condenados a morrer sem fazê-lo e a sufucar e matar um a um, todos os seus sonhos.
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Antonio da Costa Neto
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