sexta-feira, 17 de agosto de 2007

AMANTES




"O meu amor
Tem um jeito manso
que é só seu
Que rouba os meus sentidos
Viola os meus ouvidos
Com tantos segredos
lindos,



indecentes
Depois brinca comigo
Ri do meu umbigo
E me crava os dentes..."
(Chico 1977/1978)




Está certo que as marcas de amor têm lá seu charme. Mordidinhas na nuca, unhadas nas costas, chupão no pescoço... quem é que não os teve? São detalhes que registram a temperatura do prazer - e que, na manhã seguinte, costumam testar a criatividade no vestuário e nos argumentos... No entanto, definitivamente, não são essas marcas as que mais importam na vida a dois e, sim, aquelas que não passam com o tempo: as lembranças das delicadezas, dos cuidados, das surpresas, das loucuras, das fantasias, das flores recebidas, do abraço gostoso no meio da noite só para se certificar de que tudo aquilo não foi um sonho, do café na cama, do bilhete no espelho do banheiro, da camiseta usada e perfumada deixada sob o travesseiro para os dias de ausência, do jantar preparado com os ingredientes de uma geladeira vazia e um coração cheio de ternura, das risadas por nada, da tranqüilidade do sono compartilhado, das manifestações de carinho e tesão nos lugares menos apropriados, da pipoca e do refri divididos durante aquela sessão de cinema tão esperada, da canção que - apenas sussurada - traz de volta aquele encontro, aquele beijo, aquela saudade, aquele dia. É esse universo de sutilezas que fica para sempre, mesmo quando os amantes já não se vêem, nem se tocam.

Um comentário:

Anônimo disse...

Perfeito!!! Só uma alma sensível pode escrever assim. abraços.