quarta-feira, 15 de maio de 2013

PROJETO PEDAGOGIA DA FELICIDADE: UMA NOVA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO PARA O SÉCULO XXI


 



"Educar nesta sociedade é tarefa de partido.
                      Isto é, não ignora aquele que ignora o momento em que vive.
Aquele que pensa estar alheio ao que o cerca.
 É tarefa de partido porque não é  possível a  um educador  permanecer neutro:
ou educa a favor dos privilégios da classe dominante ou contra eles,
 ou a favor das classes dominadas ou contra elas. 
 Aquele que se diz neutro
estará apenas servindo aos interesses do mais forte,
 ou seja, da classe dominante.  
 No centro,   portanto  da
questão pedagógica, situa-se a questão do poder.”


                                                                                                                     (Moacir Gadotti)


Que educação queremos realizar?

Nossa filosofia de trabalho,
 que será para conhecimento e a lembrança de todos,
 gravada  na entrada do prédio:
 “Tudo que quebra a autonomia é anti-educativo.
 Portanto, não cabe e não entra nesta escola.”

Queremos uma educação que seja útil na construção de uma vida digna, feliz e de um mundo melhor que o nosso. Uma escola e uma educação que proporcionem aos seus alunos algo que vá além daquilo que convencionamos chamar de ensino infantil, fundamental, médio ou superior. Uma escola que oriente as pessoas no desenvolvimento das habilidades necessárias ao exercício de uma vida saudável, plena, feliz e sintonizada com as características mutantes do meio-ambiente e da realidade social. Uma escola afetiva, política e lúdica que as prepare para a ampla gama de papéis que deverão assumir enquanto crianças ou adultos –, como pais, produtores; cidadãos que participam ativamente da sociedade e que contribuem na construção da sua própria história.
Para atender a essas expectativas, a escola deve abrir-se para os problemas de seus alunos – e para isso, deverá conhecê-los. Deve organizar-se para permitir que a voz dos alunos fale mais alto que a voz dos livros didáticos, dos educadores e seus dirigentes. Deve contar com professores que se sintam preparados, seguros, felizes e recompensados em ajudar os educandos a enfrentarem – a partir da situação em que se encontram – todos os dilemas individuais, sociais, políticos, éticos, culturais e ambientais que tanto afligem a humanidade neste sensacional início de século e de milênio.
A construção deste novo ciclo histórico que agora começa, dependerá de outras mentes, novas consciências e de uma outra vontade política de todos os cidadãos. Queremos portanto, uma escola e uma educação que contribuam concretamente para que este sonho grandioso se torne realidade. Em síntese, nossa preocupação é a de educar para viver melhor. O que prescinde, em última análise, que:
·        Os profissionais da educação e a comunidade assistida educacionalmente compreendam de forma crítica e sensível que o verdadeiro papel da educação formal e da escola, é, justamente o contrário daquele que apregoam. Educação e escola, ao contrário do que se pensa, foram idealizadas e montadas a partir de um eixo ideológico vinculado à estrutura de poder, justamente para perpetuá-lo de forma fácil, que só pode acontecer com pessoas não-esclarecidas, facilmente manipuladas e alienadas dos processos políticos de se viver.
·        Todos os que integram direta ou indiretamente o fazer educativo devem estar ciente desta incrível realidade que se perpetua dentro dos séculos de história das civilizações em todo o mundo. Escola e educação formal em todos os níveis – e quase que totalmente em todas as unidades – são aparelhos ideológicos a serviço da manutenção do Estado opressor – carecendo, portanto, de se repensar e refazer por completo suas práticas, ações, processos e resultados do ensinar e do aprender, constituindo, de fato, uma verdadeira e profunda mudança de paradigmas, que é o que, em síntese, propõe este documento.
·         Entender que dentro do papel e da função da escola escondem-se modelos e práticas que facilitam e permitem que a exploração do ser humano pelo capital, e, pior ainda, que a exploração do ser humano por ele próprio se perpetuem como fenômenos absolutamente naturais o que, de forma geral, pode ser explicado com o “modelito” aula-prova – em que um único professor (elite) impõe, de forma ativa, pareceres e conhecimentos que ele julga importantes e necessários para uma massa amorfa de alunos passivos, calados e quietos, perpetuando aí a forma clássica de manutenção de opressores e oprimidos, sem que os profissionais da educação, principalmente, os professores, pelo menos desconfiem disto, o que é absolutamente descabido, mas que continua acontecendo à revelia de todas as evoluções e crescimento da humanidade no mundo de hoje.
·        A ainda, tal formulação reforça este modelo de forma política e ideológica comprometida com a perpetuação do poder de poucos sobre muitos na medida em que cabe à multidão de alunos responder o que quer a unidade de professor. Ou seja, se a massa não atua ou responda dentro do que quer a elite, esta, por sua vez, lança mão dos seus instrumentos de regulação e controle, até que sejam cumpridos seus anseios e desejos. O que, logicamente fica implícito no jogo psicológico em que as práticas educativas acontecem durante todo o processo em que o aluno fica exposto aos processos de “imposição educativa.” Depois desta exposição por 10, 12, 15 20 anos a fio, ou mais, claro que o ser humano será, eternamente subjugado à estrutura de poder, estando, portanto, a educação formal, sem que saiba, infinitamente a serviço desta tipologia de crime, que se oculta pelos animadores e humanizantes discursos, tanto dos legisladores, quanto dos executores de todas as práticas sociais da educação formal, o que precisa ser radicalmente transformado e com a máxima urgência.
·        Neste sentido, e com tais objetivos, embora não-confessos, todas as normas que permeiam o funcionamento da escola são definidas por quem comanda, devendo ser rígida e passivamente cumpridas pelos alunos, para quem, supostamente a escola é feita e funciona o esquema da educação. Já passa do tempo em que todos juntos as definam, intercambiando, assim, desejos, anseios e direitos de ambas as partes, só assim a escola estará a serviço do que diz que faz: formar o indivíduo para a cidadania plena e para a conquista dos seus direitos e o alcance da qualidade de vida desejada. Por enquanto, o que acontece é justamente o contrário e o absoluto atraso conceitual, teórico e prático da vinculação ideológica de tais processos, não permite que tal fenômeno seja visto, nem mesmo nas “pomposas universidades” que se propõem a formar os educadores, justamente para, em tese, solucionar este tipo de problema.
·        Por que os alunos têm que estar presentes e responder de forma sistemática a uma chamada mórbida e sem o menor significado qualitativo? Ou seja, tenho que ir à aula, não porque quero ou porque vá, por exemplo, aprender a coisas que realmente me interessam.  Vou porque sou obrigado a atender a um percentual específico de presença, sem o que não serei aprovado e perderei o ano letivo. Por que o uniforme para negligenciar diferenças históricas e socioeconômicas? Se o pobre não vê que o rico possui benefícios acima dos seus, não se exaspera, não sabe disso e jamais irá lutar para conseguir benefícios iguais, o que se instala eternamente na vida das massas populares e do povo que trabalha.
Estes são apenas alguns dos aspectos que precisam ser trabalhados, pois para listarmos todos, precisaríamos de espaços infinitos e exposições sem limites o que esperamos delinear com a prática das ações aqui propostas. É  preciso tratar a complexidade dos fatos, e, não mais, conduzir processos tão sérios e complexos, de forma superficial, pragmática e eminentemente técnica, como, infelizmente tem sido até nossos dias.
                          As pessoas que trabalham com  a educação, felizmente, são apaixonadas pela sua causa. Mas, igualmente, os bons educadores são críticos inveterados da escola.  Isso, na opinião  de vários pensadores da área. A escola é o mais importante aparelho que funciona a serviço da opressão do Estado capitalista. E o faz, na verdade, por meio do discurso de educar para a cidadania, o futuro, a riqueza, os direitos da pessoa. Ela (todas elas) mente, blefa, engana e sob sua imagem de redentora, de boazinha, quando concretiza justamente o contrário. Ou seja, a escola faz um esforço brutal para enquadrar e adequar o ser humano a um mundo caótico, terrível e insustentável, empurrando os problemas para frente, como quem varre o lixo para debaixo do tapete. Chegando a um ponto de saturação que não pode mais, sob pena de destruirmos as condições de vida, continuar mais. A escola se perdeu, infelizmente, no rumo da história
                  Precisamos todos, pais, alunos, professores, comunidades prestadoras de serviços e servidas pela escola, entender que já passamos muito da hora de MUDARMOS TODOS OS PARADIGMAS DA EDUCAÇÃO, ao invés de realizarmos as pequenas transformações, ajustes, maquiagens, que mantêm mascarados os problemas ao invés de resolvê-los.  Estamos, portanto, falando de MUDANÇAS REAIS E CONCRETAS, E NÃO, DOS MEROS AJUSTES LEGAIS E BUROCRÁTICOS QUE NÃO LEVAM A NADA. Pelo contrário, gerando e mantendo os principais e sérios problemas que nós da educação (pais, educadores e servidores das escolas) estamos cansados de ver, ouvir e sentir todos os dias. Continuando passivos, meio tontos, e, parece-me, sem saber como solucioná-los. O que, via de regras, nos leva ao desespero e a desesperança com o futuro das crianças, dos nossos filhos, da educação e da escola.
Dentre tais problemas, destacamos:

01 – A grande dificuldade dos alunos de gostarem da escola, de freqüentá-la e de realizar as atividades e tarefas a ela pertinentes. Pois o inconsciente do aluno capta o desserviço ético, humano e ideológico do que o que a escola faz e ensina. Pois no íntimo, todos nós, inclusive crianças e adolescentes, sabemos que temos que transformar o mundo. E, não mais, adaptarmos às suas cisões, problemas e obscuridades, corroendo a possibilidade de uma vida plena e descente, desde os nossos dias, e para um futuro muito próximo. Daí a fuga, a resistência, a desordem, a indisciplina. Que, no conjunto, constituem um saudável mecanismo de defesa e de preservação da vida. Não devemos, portanto, forjar meios de forçar o aluno a se adaptar, o que temos, é que mudar profundamente a escola. Transformando-a num campo agradável, lúdico, prazeroso, sério, onde se ensina e se aprende, de fato, o que interessa para se viver mais, melhor e plenamente. E não, o contrário, conforme temos visto.

02 – A total falta de percepção dos educadores e demais agentes da ação educacional de todo um conjunto de sutilezas humanas, sociais, psicológicas e, principalmente, éticas, filosóficas e políticas. Sendo, a escola, em absoluto, analfabetas nestes aspectos. A insensibilidade no trato das questões individuais. A massificação do alunado, sendo todos, um mero código, um número, uma peça na engrenagem enferrujada, que não sai do lugar. Não evolui há décadas, séculos. O tratamento é um só, os métodos são únicos para atender a tamanhas diferenças de crenças, valores, condições de vida, histórico familiar, traumas, fissuras, dores, mágoas, problemas. Nada disto é conhecido ou considerado. A escola, torna-se, portanto, um ambiente árido, ríspido, duro, inumano, que, por sua vez, irá criar  processos idênticos na cabeça dos seus alunos. Que, uma vez adultos, vão conduzir as organizações, as empresas, as famílias, os governos, os trabalhos prestados em iguais dimensões. Resultando, logicamente a realidade muito mais que crítica que hoje já presenciamos.

03 – Currículos e programas de ensino, materiais didáticos defasados de décadas e até mais. Ensino 100% (cem por cento) do tempo e do método centrado na sala de aula, com professor no centro, induzindo o poder e a concentração única da capacidade de transcender e ensinar. Formando, por conseguinte, indivíduos passivos que esperam o pronto e são incapazes de participar na construção do que desejam, do que querem. Os métodos em que o aluno apreende passivamente o conhecimento por meio de uma brutal indução psicológica são considerados por muitos, o maior dos crimes cometidos contra a evolução da humanidade. Isto não é educação, é adestramento. Exposições simplistas, parciais e incompletas. Neutralidade e total desintegração entre os conhecimentos. Inflexibilidade, falta de diálogo, relações antagônicas com os pais, a família e a comunidade. Preocupação com o resultado, a nota, a burocracia e não, com os processos, mecanizando inteligências, aniquilando as visões, os sensos, os valores, enfim, em nome da educação, deseducando as pessoas e confinando suas mentes.

OUTROS ASPECTOS IMPORTANTES A CONSIDERAR

Além dos chamados fatores considerados básicos e fundamentais para o funcionamento de uma escola excelente, que, de uma forma ainda muito primária acreditamos haver listado na tabela acima, iremos considerar outros segmentos endógenos, especiais e complementares que, da mesma forma deverão ser seguidos em nossa organização escolar:

01 – O PROBLEMA DA DESINFORMAÇÃO, DA APATIA SÓCIO-POLÍTICA E IDEOLÓGIA DA GRANDE MAIORIA DOS EDUCADORES – a nosso ver, o maior e definitivo problema de toda a conjuntura educacional brasileira. Pelas razões já citadas, nossos educadores são formados exatamente para não enxergarem nada disso, pois tal postura forma – aliás, como queremos – cidadãos conscientes, questionadores, vívidos e exigentes. Ora, perante o modelo político-econômico-social que temos, e, aos olhos das autoridades formais da educação isto não pode acontecer nunca, pois seria uma afronta aos políticos protecionistas, aos empresários altamente competitivos, céticos e mesquinhos, os diretamente responsáveis pelo problema social que gera todos os demais: a absoluta, abusiva e criminosa concentração do poder e da renda.  Daí, portanto – não sejamos ingênuos – o MEC, as Secretarias da Educação, as demais instituições oficiais, as Diretorias das Escolas, e, por osmose, os professores, fazem de tudo para ocultarem o brutal processo que exercem por meio das exigências que fazem, dos recursos didáticos que utilizam e do modelo de gestão da escola que exercem.
Sempre fomos críticos veementes do modelo que temos da formação de professores e pedagogos, das licenciaturas e demais aparatos das pacatas e negligentes Faculdades de Educação e nosso trabalho será, sem sombra de dúvida, um laboratório – já profundamente tardio – para expressar na teoria e na prática a enorme necessidade desta mudança. Assim sendo, todos os nossos profissionais – professores, especialmente, diretores, coordenadores, funcionários administrativos, servidores, pessoal da limpeza, da cantina, guardas, etc. – passaram pela profunda e contínua preparação acadêmica do que, por hora, estamos denominando de Pedagogia da Felicidade. Acreditamos que, por vezes, uma fala mal colocada por um servidor mal-avisado pedagogicamente, pode colocar por terra todo um serviço educativo por mais trabalhoso que chega. Pois, como sabemos, o mal se infiltra com a mais astuta facilidade, bem ao contrário do bem. E, claro, o mesmo acontece com os pais, a sociedade, a Xuxa, a televisão, a igreja, trabalhamos, portanto, com um todo complexo que precisa ser considerado com a máxima urgência. Nossa meta central junto aos nossos trabalhadores é a de colocar um espetacular fim neste marasmo, nesta apatia, neste câncer sócio-político que destrói todas as possibilidades de vida e cidadania, dentro do modelo caquético de educação  e de escola que perdura, há séculos, em todas as dimensões deste País.

02 – ASPECTOS EDUTICATIVOS E CURRICULARES OUTROS – a tônica da visão do currículo linear e definido em lei está definitivamente superada, há muito, só os educadores que não sabem disso. Nossa proposta é de um trabalho não disciplinar – pois abominamos a palavra “disciplina” para identificar partes do currículo. Adotaremos a expressão “componente curricular”, mas não é só isso, pois mudar as palavras para manter os fatos já é algo comum mesmo nas instituições mais tradicionais e caducas.  Nossa proposta é de uma ação multi, inter e transdisciplinar, de forma simultânea. Ou seja, todos os conhecimentos são igualmente importantes e não podem, de nenhuma maneira, serem impostos de forma dogmática em aulas puramente expositivas – diga-se alienantes. Por que por exemplo, sete aulas semanais de português e matemática e apenas uma de artes, de ensino religioso, etc. ? Seriam, portanto, tais conhecimentos menos importantes, secundários, apenas porque não se ajustam ao modelo de exploração capitalista, o que, pelo contrário, dificultam? Trabalharemos, portanto, com ciclos contínuos de cursos, debates, vivências, oficinas que complementam, ainda que oficiosamente, como complemento o que é oficial e não pode ser excluído, dando, então, ao aluno, uma performance completa, uma nova visão, possibilitando uma real mudança de comportamento nas concepções de educação formal e informal, na exteriorização das formas de cultura, no exercício da cidadania e na ação cotidiana.
Entendemos por “educando” – pois ninguém jamais será completamente educado – o ser que aperfeiçoa seu modo de agir. Que interage na ação social e humana, com todos, os menos favorecidos, os idosos, as minorias oprimidas, os diferentes, os iguais, enfim, com todos. Não tendo uma visão de que existem os mais iguais do que os iguais, como é, por exemplo, a nossa lei aristocraticamente primária. Nosso educando aprimorará seus conhecimentos dentro da ciência clássica, mas, igualmente da popular, do folclore, da arte, das lides políticas, humanas, sociais, profissionais, dentro das infinitas possibilidades de ser e de estar no mundo. Abandonará os rigores do pensamento cartesiano – a maior desgraça que assola todo o mundo – e que as escolas aprimoram sumamente, ao invés de combaterem. A visão dicotômica, parcial, materialista, mesquinha, pequena, inflexível, preconceituosa, torpe que assola nossas vidas e que gera todos os grandes problemas e o caos que a humanidade apenas suporta, deverá ser substituída urgentemente por uma visão em perspectiva plena, aberta, solta, livre, humanística, bondosa, harmoniosa, competente, auto-sustentável, que se funda com o senso estético, o amor, a beleza, a harmonia com o universo maior que envolve nossas vidas e histórias individuais e sociais, abrigando a humanidade como um todo, da qual somos parte integrante. E, se um mal atinge a ela – humanidade – claro que acomete-nos a todos da mesma maneira.
Portanto, nosso trabalho de educação será na teoria e na prática, nos métodos, processos, avaliações, atividades, oficinas, cursos, vivências, etc. um ato permanente na busca da formação deste tipo de cidadão, atuando, mais diretamente com a criança. Caminho este que consideramos não só o mais curto, mas, igualmente, o mais ágil e eficiente, se é que queremos possibilitar a preservação da vida e da dignidade das pessoas – mas terá de ser de todas elas, sem distinção  –  este sim, o grande segredo, considerando, ainda os seguintes critérios:

01 – Projeto de Orientação Familiar para a Qualidade de Vida – trabalho contínuo com os pais e comunidade, visando unificar pensamentos, linguagens e ações, colocando um fim no famoso faz-e-desmancha que é um dos grandes inimigos de todo o bom processo educacional.
02 – Combate Sistemático a Todas as Formas de Violência, Especialmente, a Simbólica – preocupa-se muito com o combate às violências concretas por ações e palavras, esquecendo-se da que faz os maiores estragos e que se camufla diante da postura do adulto perante a criança,a manifestação da autoridade, os aparatos físicos que perpetuam o poder e o bem-estar para poucos, ainda que de forma inconsciente (professor no centro da sala, com mesa grande, melhor, cadeira estofada, quadro grande, meios, recursos, etc. enquanto o aluno fica na carteira pequena, estático, imóvel... Sala do diretor, a melhor da escola, bem equipada, decorada, bonita e em ponto estratégico da construção... são alguns exemplos. Não seriam tais privilégios difundidos, mesmo que de forma imperceptível, mas deteriorando o universo interior do aluno?) nas formas e nos instrumentos paradidáticos. Este sim, um mal sem precedentes, mas que a cegueira conceitual dos educadores não deixa perceber, gerando as doenças pedogênicas, as formas de bulling, e todos os males aqui listados já de forma exaustiva.
 03 – Projetos, Oficinas, programas complementares  - de lazer, intervenção, pesquisas, diagnósticos, consultorias (a definir). Trabalho com duas categorias de alunos diretos da escola e de alunos de outras escolas que passarão, conosco os períodos contrários aos que estarão na escola. Oficinas ecológicas, da água, do meio ambiente, etc. Laboratório de trabalho com trânsito urbano, as políticas públicas, economia, direitos humanos, arte, música, teatro, esportes e lazer, juventude, mercado, sexualidade, cidadania (tudo a definir, posteriormente).

CONSTRUÇÃO PSICOSSOCIAL DO CONHECIMENTO –TRANSIÇÃO DO ANTIGO PARA O NOVO PARADIGMA DA EDUCAÇÃO

A fundamentação didático-pedagógica do presente  projeto se embasa, como citado anteriormente, na concepção da Construção Psicossocial do Conhecimento, conforme os estudos do Prof. Antonio da Costa Neto em sua dissertação de mestrado em educação pela Universidade Católica de Brasília – UCB. Para maior entendimento da sua proposta e os campos de inovação, apresentamos, para análise os quadros de ação que fundamentam a  dinâmica educacional de todo o processo. Entendendo que é dever da escola driblar as armadilhas ideológicas subjacentes ao sistema educativo oficial, o que caracteriza, o exato diferencial deste programa.
A elaboração dos quadros fundamenta-se nos princípios psico-educativos  de Wilhelm Reich, segundo os quais, por sob as estruturas do funcionamento dos métodos de ensinar e aprender, ocultam-se os pressupostos ideológicos de deseducar, de alienar os alunos. O que facilita a implementação histórica das formas de exploração do capital pelo trabalho, do homem pelo homem, como fatores determinantes do caos, dos problemas sociais e das crises que circundam o mundo contemporâneo.
Para se buscar a solução de tais problemas é preciso se revolucionar o cômputo da educação e da escola. Para o quê, este programa oferece uma nova proposta pedagógica que se considera como adequada, pelo menos como experiência piloto para se buscar as superações possíveis para um dilema tão grave e, que,  até nossos dias sem quaisquer esperanças em todas as regiões do dito mundo civilizado. Justamente, em função da miopia político-social dos pedagogos convencionais, contra a qual, lutamos e dos professores manipulados pelos cursos de licenciatura que retiram deles todo o senso crítico, a visão de mundo, a sensibilidade, a afetividade. E, principalmente, a vontade política para o desafio deste novo processo. Muito pelo contrário, em todas as escolas de hoje é, infelizmente, por mais inacreditável que possa parecer, proibitiva toda e qualquer atividade neste sentido.
A grande maioria dos educadores esconde o seu instinto profissional de cães de guarda da burguesia e dos interesses das elites políticas e econômicas. Nossas escolas não existem para educar, mas para adestrar as massas de futuros trabalhadores. Para que vivam e morram sem entender ou ver a própria exploração, o uso institucional das pessoas para a garantia dos privilégios doentios dos quais se nutrem os detentores do poder e da riqueza.
Entendemos que não é mais possível que a educação e a escola atuem de forma tão ingênua, politicamente ignorante, neutra ideologicamente e co-responsável pelas agruras do mundo. Precisamos processar uma educação que busque um desenvolvimento sim, mas centrado na paz, na liberdade, na alegria de viver das pessoas. Toda a ação e exigência que nega a autonomia humana é anti-educativo e devemos  repensar seus processos, resultados e sutilezas mais ínfimas. Que, para não enxergar e nem sentir tudo isto é que nossos educadores são formados – ou diria, deformados e cegos – pelas nossas faculdades de educação tão céticas, frias e incompetentes neste sentido. Desta feita, o presente programa se norteará pelas seguintes políticas filosóficas, das quais se surgem as políticas, diretrizes e ações práticas que conduzirão o dia a dia da escola a que propomos conduzir:
“O mundo começa na inteligência e na sensibilidade. E não, na estrutura, na legalização, na máquina”.

Saída do Antigo Paradigma
(do Ensino)
Entrada no Novo Paradigma
(da Educação)
1 - Políticas e Diretrizes
Leis de ensino criadas nas instâncias do poder. Feitas por indivíduos alheios ao fazer educacional e impostas aos executores, de forma rígida e inflexível como formas de perpetuar o modelo existente.

Currículos, programas e métodos gerais de trabalho educativo definidos na própria lei e executados minimamente no sentido do seu exato cumprimento.

A lei é inflexível e imposta. Prevê punições restritivas à sua não-execução, a partir da autoridade “competente”, da ordem estabelecida e do disciplinamento linear e rígido dos princípios.

Leis deterministas e unificadas com exigências mesmas para todas as escolas e dimensões do País, sem considerar as especificidades, as condições e nem mesmo as necessidades de cada unidade escolar, grupo, pessoa.

Leis, normas e dogmas dificultadoras do exercício da boa educação e, inconscientemente, facilitadoras da manutenção do poder e do privilégio de quem as faz, com vínculo permanente com a neutralidade ideológica.

A função da lei é, na verdade, regular, controlar e fiscalizar a execução do ato educativo pelo Estado. Visando a garantia de seus privilégios e benefícios, educando as pessoas a partir deste princípio norteador.

A lei regula a administração da escola, garantindo a continuidade do seu funcionamento à revelia da sua qualidade e da motivação dos indivíduos para frequentá-la.

Tendo a compulsoriedade e a obrigatoriedade legal de estudar como seu ponto de sustentação, independente do como, o que e para que explorar  por meio dos estudos que realiza. A educação formal deixa de ser um direito e passa a ser uma obrigação,    
cujo descumprimento deve ser punido por sanções estabelecidas pela própria lei.
Leis da educação elaboradas em conjunto pelos representantes do poder e os agentes educacionais, inclusive alunos, como a parte mais interessada.

Sendo flexibilizadas de acordo com cada realidade específica, de onde, de quando e de como são implementadas em cada prática específica.

As leis apenas orientam a execução dos conteúdos, programas e métodos gerais de trabalho que são flexibilizados e adequados a cada caso.

A lei deve nortear o ato educativo, incluindo a liberdade de ações dos seus agentes, o que já pressupõe o ato educativo em sua essência e operacionalidade: flexibilidade como teor fundamental.

A lei, em si, antevê as especificidades e condições de cada realidade e de cada escola. Possibilitando a gradualidade em sua execução.

Flexibilizando as exigências normativas para facilitar a existência e o acesso democrático a uma educação de real e boa qualidade para todos.

Leis que visem a facilitar a ação pedagógica de qualidade e com veiculação ideológica a serviço da população que se educa, em termos da sua conscientização real em vistas ao pleno exercício da sua cidadania (e não o contrário).

Legalizar a educação, não no sentido de controlar e punir, mas de facilitar e legitimar a sua ação rumo a processos qualitativos em busca das exigências culturais de cada época e cada realidade global onde se atua.

A lei deve versar sobre a qualidade da educação e do ensino, visando a orientar práticas pedagógicas consistentes, em função de motivar as pessoas para frequentarem uma escola que se preocupe em satisfazer as suas necessidades e, não, de compulsivamente, domesticá-las para o capitalismo.
“Não ensinar apenas o que já foi inventado. Mas, principalmente, ensinar e inventar”.

Saída do Antigo Paradigma
(do Ensino)
Entrada no Novo Paradigma
(da Educação)
2 - Conteúdos e Programas
Prontos, acabados, estanques e desarticulados entre si e do processo evolutivo como um todo. Fragmentos da disciplina ensinada em nome da ciência e do conhecimento (fim da educação).

Distantes da realidade vivencial dos agentes da ação educativa, informações desconexas: “cultura inútil” em sua maior parte.

Impostos pela ótica de quem comanda o próprio processo (deliberação) e em função dos próprios interesses, da competição e da exploração fácil.

Articuladores da produção em série de bens, produtos, mercadorias e serviços (modelo de reprodução), adequados à sociedade capitalista em ascensão industrial/comercial/de negócios.

Instrução direcionada para o treinamento, desenvolvimento de habilidades básicas de interesse econômico-produtivo.

Aspectos parciais e superficiais da ciência e que interessem à formação pragmática e funcional da pessoa, para fins de produção, consumo e lucro.

Subsidiando, desta forma, a exploração do trabalho e do trabalhador pelos detentores do capital.

Elementos teóricos que visam a garantir a superficialidade sociopolítica dos indivíduos, tornando-os úteis ao processo de dominação ditado pelo capitalismo internacional e a globalização da economia dentro dos esquemas neoliberais e suas convenções.

O conteúdo ensinado é, em si, o fim da educação. É preciso que o indivíduo domine o conhecimento que se presta à perpetuação do poder: o saber é objetivo, determinado, inflexível e comprometido com o domínio do  capital. Assim, os conhecimentos instituídos são apenas aos que servem à formação do trabalhador submisso e do consumidor em potencial. Educação para perpetuar o poder e a realidade que existe.
Flexíveis, abertos, em contínua evolução e integrados por uma axiomática comum, transdisciplinar e atual/futura. Sendo o pressuposto básico da educação das pessoas (meio de se educar).

Contextualizados às diferentes realidades vivenciais individuais/sociais. Personalizados ao momento, ao interesse, à cultura e à sociedade, considerando suas especificidades.

Negociados a partir dos interesses de todos os agentes. Adaptáveis, mutantes e de conformidade com a evolução histórica e as necessidades do momento. 

Articuladores do desenvolvimento integral do ser (perspectiva de transformação) para a vivência individual e coletiva, com vistas ao favorecimento de avanços, conquistas e melhorias concretas para todos os indivíduos.

Elementos para o desenvolvimento global e integrado do indivíduo/equipe/sociedade de forma plena, integral, crítica, política e contextualizada.

Fundamentação sistematizada da ciência transdisciplinar por uma abordagem dinâmica, flexível, evolutiva e contínua para a formação integral da pessoa e a concretização das mudanças desejáveis e esperadas.

Concepções teórico-práticas cada vez mais profundas, buscando o domínio epistemológico sobre os vários saberes, seus sentidos, desenvolvimento, desdobramentos e resultados para o indivíduo e as realidades globais que o cercam, em sua plenitude. Saberes necessários a uma vida melhor qualitativa e quantitativamente.

O conteúdo que se ensina é um dos caminhos para se educar. Educação para facilitar a multiplicidade de escolha e de formas de aplicação do saber: o conhecimento é intersubjetivo, volátil, e, fundamentalmente, plural intersubjetivo e comprometido com as pessoas.

“Não há nada mais fatal para o pensamento do que o ensino das respostas prontas. E é para isso que as escolas existem”.

Saída do Antigo Paradigma
(do Ensino)
Entrada no Novo Paradigma
(da Educação)
3 - Métodos e Técnicas de Trabalho
Centrados na figura do professor e facilitadores dos privilégios de quem ensina e comanda: (ensino/aprendizagem).

Fundamentados exclusivamente na indução psicológica para a reprodução instrucional dos conhecimentos necessários à perpetuação dos fatos sociais/interesses capitalistas.

Linearizados e massificantes, permeando uma ingenuidade ideológica não-perceptível de quem os utiliza. (instrumentos inconscientes de alienação das massas).

Exclusividade da racionalidade lógica (fechada, dura) para o domínio cognitivo e o máximo teor de reprodução do saber ensinado.

Massificados, mecanismos de treinamento ou adestramento eficiente do "aprendiz" que os recebe passivamente, para facilitar a reprodução do "ensinado" na prática cotidiana.  

Prioridade quantitativa tendo como fim o cumprimento dos programas previamente estabelecidos por lei, não interessando o contexto ou a reação das pessoas.

Aplicação de normas e tática prontas, com o uso de manuais de ensino e recursos instrucionais clássicos, mecânicos e fragmentados. Facilitando, assim, a manipulação das pessoas.

Condução imperceptível do poder (do professor) sobre o aluno, aniquilando o seu teor pessoal de sustentação política e de criatividade.

Instrução do controle, da ordem, da disciplina, construindo os "pacientes sociais do futuro" e "marionetes teleguiadas" pelos poderes constituídos: do branco, do macho, do capital.

Favorecedores de benesses funcionais (espaço, tempo, etc.) à elite simbólica do processo de aprender (o professor) reforçando o modelo opressor/oprimido vigente na sociedade.
Facilitadores da aprendizagem, como prioridade: uma autêntica "ensinagem", voltados para o aluno: (aprendizagem/ensino).

Fundamentados na indução e dedução simultâneas, possibilitando a argumentação, criação e conclusão, numa abordagem de construção psicossocial de novos conhecimentos úteis e aplicáveis.

Atendem à complexibilidade das tipologias de raciocínios, personalizados e facilitando a consciência crítica para a participação transformadora do próprio saber, e, por consequência, da realidade.

Prioridade na racionalidade (lúdica e criativa) pela fusão e confluência dos processos cerebrais: razão, intuição, prática (pensar / sentir / fazer).

Personalizados a partir do conhecimento
das especificidades, ritmos, estilos, processos, desejos, motivações e necessidades dos indivíduos, grupos, turmas e da comunidade assistida.

Prioridade qualitativa do teor de aprendizagem, considerando as condições, a motivação e o contexto humano/social e suas complexidades.

Construção adequada de métodos, técnicas e recursos educacionais, considerando as diversidades históricas, tipologias e especificidades de cada caso.

Conjunto dos elementos, recursos e técnicas que favoreçam à captação e a construção histórico-crítica de saberes diversificados de forma criativa e autônoma.

Formas humanizadas de interagir na construção política do saber, construindo os "agentes sociais históricos do presente e do futuro" buscando a evolução, o crescimento, a educação de boa qualidade.

Redistribuidores de benefícios entre educadores e educandos e não criando vínculos ideológicos e simbólicos de dominação e poder: aniquilando consciências por meio da alienação das pessoas, mas favorecendo o seu desenvolvimento em múltiplas dimensões.


 “A avaliação deve ser um instrumento rumo à melhoria e, não, à estagnação”.

Saída do Antigo Paradigma
(do Ensino)
Entrada no Novo Paradigma
(da Educação)
4 - Instrumentos de Avaliação
Fiscalizadores da capacidade e das habilidades reprodutivas do aluno. Instrumentos de punição, segregação e domínio. A busca do erro para manipular a pessoa.

Mecanismos de controle ideológico e
centralização do comando (num autêntico poder de polícia): domesticação do raciocínio.

Norteadores dos princípios punitivos, reproduzindo o poder do dominador (professor) sobre os dominados (alunos) perpetuando a sociedade opressora.          

Consideram apenas os resultados, os processos não são valorizados e os acertos são analisados como fatores quantitativos e estáticos (acertar é obrigação).

Provas, sabatinas, arguições e resolução de exercícios estruturais e complementares, de forma estanque, inflexível e exclusiva para a reprodução, o controle, a nota, a aprovação (se não for possível a reprovação).

Avaliação do professor sobre o aluno a partir do julgamento dos acertos e punição dos erros de cognição sendo só o que interessa: adestrar pelo conhecimento, mecanizar o pensamento.

Aceitação apenas da capacidade quantitativa de reprodução simples do conhecimento ensinado. Capacidade epistemológica não é considerada.

Avaliação para o contexto quantitativo e burocrático do resultado e da menção a ser auferida (meio de policiar) e o controle realizado, comprometido ideologicamente.

Classificam e segregam os que conseguem aprender dos que apresentam dificuldades, nominando-os de fortes ou fracos; aptos ou inaptados, sem considerar os fatores individuais e sociais. Negando oportunidades iguais para todos.

Instrumentos que comprovam apenas a linearização dos resultados mecânicos da aprendizagem ou a internalização do conhecimento:
registro/policiamento/punição/segregação das pessoas.

Facilitadores da aprendizagem e articuladores dos processos de ensino. Instrumentos de promoção humana centrados no aluno. Busca o certo para valorizar o seu agente.

Recursos de retrofeedback do trabalho dos educadores e educandos (análise da capacidade de educar) indicando falhas e defasagens de ambas as partes (“Ensinoaprendizagem” como processo único).

Norteadores dos princípios da promoção humana e valorização dos fazeres educativos globais para a interação na qualidade de vida.

Priorizam os resultados, incluindo os processos, valorizando as tentativas e entendendo o erro como fonte da construção do conhecimento (o erro é pedagógico).

Uso diversificado dos vários recursos disponíveis, de formas múltiplas, complementares e integrativas, considerando os teores e as condições individuais/sociais/contextuais/outras.

Avaliação do professor, dos colegas e auto-avaliação, valorizando todas as performances, tentativas e o processo em si.

Priorização da aprendizagem, valorizando a evolução genérica do agente educacional enquanto ser individual e social em desenvolvimento.

Avaliação para a reestruturação adequada dos processos gerais de ensinar e de aprender vendo a educação em permanente estado dinâmico.

Identificam falhas e defasagens quando estas acontecem buscando conhecer e considerar as diferenças individuais, ritmos, estilos e motivações.

Reconduzindo, assim, os procedimentos
pedagógicos possibilitando oportunidades iguais para todos. Não só provas, mas, com vários instrumentos de avaliar o ensino e  o aprendizado das pessoas.

Orientam os passos gerais que possibilitam a melhoria dos processos e dos resultados educativos: crescimento/desenvolvimento/evolução.


  “Aquilo que um dia eu não sabia me foi ensinado. Eu aprendi com corpo e esqueci com a cabeça”.

Saída do Antigo Paradigma
(do Ensino)
Entrada no Novo Paradigma
(da Educação)
5 - Performance Esperada do Aluno
Ordem, disciplina e subserviência aos controles impostos e às obrigações estabelecidas previamente pelo comando a que se subordina.

Respostas imediatas como resultado da aprendizagem (reprodução do ensinado) sem, necessariamente, contextualizá-las, refletir ou transformá-las.

Passividade e adequação por consenso aos esquemas impostos pelos comandos, mesmo não sendo os mais desejados: ajuste, subordinação ao domínio.

Raciocínio linear e cumprimento dos deveres, obrigações e normas determinadas de forma rígida, inflexível. Obediência, e aceitação, sem questionar nada, de preferência.

Rigor na capacidade de assimilação e reprodução dos conteúdos ensinados de forma mecânica e repetitiva, sem alterar os contextos.

Quietude, pontualidade, cumprimento dos deveres e obrigações de maneira subserviente, pacífica de acordo com a ordem definida pela escola (de sujeito para objeto).

Atendimento das exigências funcionais da instituição e dos moldes técnicos e burocráticos do funcionamento, da regra, da norma pronta, estática, imposta.

Cumprimento dos modelos de modo que não altere os aspectos gerais estabelecidos pela instituição escolar, favorecendo à mentalidade conservadora.

Adequação, obediência plena e postura de admiração aos superiores e à hierarquia do mecanismo institucional e tradicional, sejam eles quais forem.

Postura de aceitação e de respostas imediatas (se possível) aos comandos estabelecidos, regulamentando a execução inflexível do que for determinado (formação inconsciente do eterno oprimido).

Senso de justiça, participatividade, questionamento, visão crítica, evolução permanente e em todos os sentidos. Um ser criativo em mudança.

Crescimento em nível de processos e resultados de aprendizagem e educação (transformação pelo conhecimento): exteriorizando a nova cultura pessoal.

Articulador consciente de análises dos fatos sistematizados quando necessário, de acordo com os
próprios desejos (anseios/necessidades).

Raciocínio divergente, pensamento complexo, cumprimento negociado dos deveres e reivindicações dos seus direitos. Sendo sujeito ator da própria história. E não, um paciente do processo.

Capacidade de sistematização do saber e do conhecimento por uma abordagem epistemológica autônoma e própria, substituindo o escutar pelo produzir.

Cumprimento articulado dos deveres a partir da consciência crítica de sua práxis enquanto sujeito em evolução e, não mais, de forma ingênua, acrítica e parcial.

Iniciativas válidas na construção permanente do universo educativo como um todo integrado à vida e seus processos, resultados e esperanças de melhoras.

Postura de transformação se o modelo não estiver satisfazendo plenamente a todos os integrantes do sistema. Afinal, a educação é para o aluno e a escola, também.

Autonomia, liberdade, ação e participatividade na reestruturação dos processos e resultados educativos e vivenciais fazendo a frente às circunstâncias novas.

Postura de desenvolvimento integral. Nova performance para além da eficiência no pleno exercício da cidadania no presente e no futuro, buscando as melhorias possíveis do contexto e da plena cidadania (formação do ser político, crítico e contextualizado).


 “A tarefa fundamental do professor: seduzir o aluno para que ele deseje e, desejando, aprenda”.

Saída do Antigo Paradigma
(do Ensino)
Entrada no Novo Paradigma
(da Educação)
6 - Papel do Educador
Autoridade central e responsável pela reprodução do conhecimento e da condução do saber e seus resultados. Detentor do poder de julgar, punir e decidir pelo aluno e seu futuro educacional.

Condutor absoluto das decisões, dos meios, normas e princípios (dono da verdade) de acordo com critérios pessoais inquestionáveis.

Representante autêntico dos poderes hegemônicos, avalizando, em sua prática, as benesses tradicionalmente constituídas no plano social e que são simbolicamente transferidas para o plano educativo.

Executor das funções instrucionais estanques, em nome do processo educacional. Indutor de regras, princípios, normas e conhecimentos disciplinados, conduzidos e cobrados por ele.

Cumpridor do seu papel dentro dos regimes contratuais e profissionais determinados pelo empregador, sem questioná-los.

Atender e cumprir programas, currículos e núcleos funcionais e burocráticos inerentes à sua função de profissional da "educação".

Deve atender aos regimes da eficiência     instituída para o seu trabalho e o cumprimento de suas tarefas e normas que são estabelecidas pelo comando.

Satisfazer a organização acerca dos princípios funcionais visíveis, adequando-se aos esquemas impostos pelos regimes pelo mesmo poder institucional.

Instrutor, indutor de normas e conhecimentos que apenas interessam aos detentores do poder de decidir (gerente, técnico, pragmático). A função educacional é absolutamente complementar e acessória, sob a função técnica, administrativa e burocrática.
Transcende à função de facilitador da aprendizagem, promovendo as múltiplas dissensões do processo educacional numa autêntica parceria cooperativa e de trocas simultâneas entre todos, indistintamente.

Articulador de negociações para processos de decisões, normas e princípios de ação construídos contínua e coletivamente no ato educativo.

Agente de transformação e construção do fazer educativo, desencadeando a visão complexa do aluno, seus fins e estratégias nos sentido teórico e prático, de forma afetiva, lúdica, prazerosa.

Agente por excelência, exercendo as múltiplas funções em coerência com as dimensões paradigmáticas escolhidas e adotadas para o real benefício de todos os envolvidos direta ou indiretamente.

Consciente e cumpridor de sua missão por princípio, conduta ética profissional e compromisso político, associados. Não só técnico, instrutor ou professor, mas, educador.

Analisa, desdobra e orienta a transformação do processo com vistas à qualidade educacional devidamente contextualizada ao lado pedagógico.

Procura articular a eficiência, a eficácia e afetividade historicamente articuladas no que faz, contribuindo para construir a real educação, em todos os aspectos, associando competência à vontade política.

Exerce a sua conduta cumprindo dialeticamente os princípios organizacionais e políticos da sua função de educar/desenvolver verdadeiramente as pessoas.

Catalisador das múltiplas formas do conhecimento, facilitando aos processos de pensar, de desaprender, aprender e reaprender continuamente. A função de educar é fundamental e básica em todos os momentos da  atividade humana e feita com bases críticas, contextuais e transformadoras.


 "Seguindo-se ao tempo em que se ensina o que se sabe deve chegar o tempo quando se ensina o que não se sabe”.

Saída do Antigo Paradigma
(do Ensino)
Entrada no Novo Paradigma
(da Educação)
7 - Gestão da Escola
Administração linear e descontínua com base na unidade de comando, na estrutura hierárquica e no padrão burocrático exigido por leis e normas impostas (a escola é uma empresa).

Desconexão entre as atividades-meio (burocráticas) e as atividades-fim (acadêmicas), gerando o eterno antagonismo (faz-e-desmancha) entre o administrativo e o pedagógico/acadêmico.

Ênfase nas exigências administrativas e técnicas, dando à gestão uma tipologia empresarial e com vistas a resultados desarticulados do contexto macro.

Centralização do poder, exclusão da autonomia dos agentes na definição geral e específica de políticas, diretrizes e normas de funcionamento e ação reproduzindo, assim o modelo da sociedade repressora vigente.

Rigidez das normas e dos métodos de ação cotidiana com base nos princípios norteados pelos níveis “superiores”, sem exceção.

Preocupação com a estrutura, as regras de funcionamento e a exteriorização burocrática de "possíveis" resultados e em consonância com os regimes constitucionais e econômicos de cada época.

A norma prescinde ao bem-estar das pessoas, sendo, que essas é que precisam adaptarem-se ao esquema técnico estabelecido (a pessoa deve satisfazer a norma) Tratamento mecanicista e  framentário dos fatos.

Planejamento como função regimental apenas para atender aos pressupostos das que dizem do que é feito ou que se devia fazer. “Política das aparências” para garantir o funcionamento da escola dando respostas estatísticas a respeito das possibilidades da educação e do ensino.

Gestão cíclica, contínua e participativa com base na construção coletiva, na flexibilização hierárquica e na minimização da burocracia, com fins educacionais (a escola é uma escola).

Integração permanente entre as atividades meio-e-fim, sendo ambas interrelacionadas, recíprocas e mutuamente facilitadoras, em processo de evolução permanente.

Ênfase nas características acadêmicas e educativas, dando à gestão uma tipologia didático-pedagógica visando a priorização dos processos aos resultados finais de evolução e crescimento.

Poder altamente descentralizado a partir da autonomia real de todos os agentes (principalmente o aluno) na definição, até em nível de detalhes, das política diretrizes e normas de ação e conduta.

Flexibilidade/elasticidade de normas, métodos e ação. Adaptando, se necessário, os princípios norteadores em todos os níveis hierárquicos.

A preocupação com a conjuntura e as normas deve facilitar o funcionamento acadêmico para que processos e resultados independam da formalização burocrática, de sua apresentação ou aparência.

O bem-estar das pessoas que é o princípio definidor das normas e do esquema técnico Sendo, a flexibilidade, o embasamento fundamental de todo o processo (a norma é para satisfazer a pessoa). Tratamento harmonioso e humanístico dos fatos.

Planejamento utilizado como instrumento realmente facilitador da ação e do projeto pedagógico a ele inerentes e concretizados na prática cotidiana da escola. “Política da essência”, conduzindo processos educativos reais no tocante à qualidade (e a quantidade) de bons serviços prestados à educação, às pessoas e à sociedade. Educação real vista e realizada como processo facilitador do desenvolvimento das pessoas, da criatividade, da liberdade de opinião e de escolhas.


"Libertar o pensamento para que eleve sobre o desconhecido, construindo as idéias. É com elas que o mundo é feito".

Saída do Antigo Paradigma
(do Ensino)
Entrada no Novo Paradigma
(da Educação)
8 - Fins de Educação
Alcance da instrução e dos conhecimentos mínimos necessários à adequação aos esquemas impostos pela sociedade e as exigências feitas por cada sistema especificamente (para nós, o capitalista).

Padrão aceitável de reprodução do saber de forma pronta, acabada, definitiva e não alterada. Numa autêntica visão de consumo de produto e de resultado.

Obter os requisitos necessários à aprovação final, de conformidade com os regimes institucionais impostos pela estrutura educacional e social, com respaldo do desenvolvimento tecnológico: industrial/econômico/produtivo.

Ordenar o indivíduo segundo as disciplinas e normas clássicas tradicionalmente estabelecidas pelos valores morais e culturais e, obviamente, a serviço do poder constituído.

Conduzir princípios e conhecimentos induzidos por um regime centralizador dos processos educativos visando reproduzir valores impostos pela elite dominante em todos os sentidos.

Sedimentar as bases conceituais e estáticas de conhecimentos e comportamentos durante um certo período de vida, adequando a pessoa aos interesses da estrutura vigente, sejam eles benéficos, ou não.

Processo contínuo de evolução permanente para o posicionamento, a crítica, a reconstrução dos processos individuais e coletivos de aprender e de viver com a melhor qualidade possível.

Crescimento interno, percepção de novos valores e condutas favorecendo ao desenvolvimento social e cultural direcionados à vida como um todo (e não, apenas, ao mercado de trabalho).

Acesso às diversas formas do conhecimento, descobrindo e explorando recursos e meios de melhorias da qualidade da vida humana em sociedade da qual faz parte.

Possibilitar a visão crítica para a reordenação e transformação do meio, do ambiente, das normas, dos princípios e da cultura, com vistas aos ajustes necessários para se viver melhor e mais plenamente.

Abrir espaços e perspectivas para a produção conjunta e por todos os agentes, dos elementos e conhecimentos necessários ao atendimento das necessidades individuais e sociais.

Dinamizar o desenvolvimento global e contínuo da pessoa durante toda a vida, de forma dinâmica, aberta, flexível, em perene evolução e mudança.

Qualificar a pessoa para a conquista da autonomia, da liberdade intelectual, da capacidade crítica de enxergar o mundo e suas relações, constituindo-se um ator consciente da sua história individual e social.
Em Síntese
Políticas, diretrizes, conteúdos, professores e gestão para adequarem as massas sociais aos critérios da exploração capitalista.
Favorecendo aos interesses burgueses e institucionais historicamente estabelecidos e aceitos como certos naturais e legítimos.
Harmonizar os sistemas didáticos e pedagógicos para favorecer ao desenvolvimento integral das pessoas. Capacitando-as para a busca de melhorias concretas em sua qualidade de vida, transformando-as em agentes de mudanças, quando necessárias e da conquista de seus desejos, metas e ideais.

(*)Fonte: Paradigmas em educação no novo milênio, de Antonio da Costa Neto (UDF – Centro         Universitário do Distrito Federal – Brasília/2011). Publicado pela Editora Kelps – Goiânia – Goiás

   OPERACIONALIZAÇAO DO PROJETO PEDAGOGIA DA FELICIDADE: 

Educação de Qualidade – construindo a escola de sucesso para a sociedade brasileira dentro das perspectivas do Séc. XXI


Relativisando a prática da construção psicossocial do conhecimento – Dissertação de Mestrado do Professor Antonio da Costa Neto, pela Universidade Católica de Brasília – UCB este projeto visa à implementação de uma práxis que considera como “verdadeiramente educativa e com vistas às   transfomações sociais necessárias e inadiáveis, partindo, então de alguns pressupostos mais gerais:

1.  Requalificação Contínua e Permanente do Potencial Humano da Educação: 

Com base crítico-político-ideológica para a compreensão do real papel do educador (e da educação) para a cidadania. A reflexão crítica, a consciência política e o entendimento da complexidade que envolvem o ato educativo no atual momento histórico da sociedade brasileira, seus fatores humanos, éticos, psicológicos, políticos, culturais, conceituais, ideológicos, econômicos, ecológicos, constituem a base de sustentação do projeto, entendendo ser, a sua ausência, o ponto crucial do fracasso histórico da Educação no Brasil enquanto prática social; até aqui, não-contextualizada.
2.     Educação Personalizada (não-massificada): 
partindo de pesquisas e diagnósticos intermitentes que forneçam os dados gerais a serem catalizados na ação educativa. Dados estes originados das seguintes questões problematizadoras (planejamento mínimo da educação):
·      O que é educar? É apenas instruir; ou articular saberes multifacetados?
·       Como educar? Quais métodos, hierarquias e processos de poder, assertividade, trato?
·       Como avaliar? Controlar, punir ou promover o ser que se educa? Busca de evolução do processo educativo, corrigindo nas falhas gerais?
·       Quem educa quem? Quais os papeis do educador e do educando neste ciclo de atividades e funções?
·       Educar a favor de quem? Perpetuar os privilégios das elites; e a concentração do poder?
·       Educar contra quem? Manter a opressão do capital sobre o trabalho e a exploração entre os seres humanos?
·       Enfim, para que educar? Reproduzir ou transformar a sociedade, buscando  melhorias concretas na qualidade de vida?
Esta, constitui teórica e praticamente a complexidade que envolve o fazer pedagógico no momento histórico em que vivemos e para o qual programa-se uma nova ação que, acredita-se, possa contribuir de fato, construindo, por fim, um mundo melhor que o nosso; conjugando esforços para a superação das múltiplas crises que assolam a vida no planeta Terra e buscando o entendimento do sentido político da educação.
O projeto trás ainda à tona contingentes invisíveis (objetivos não-confessos) da Educação, sua concepção burguesa, conservadora, opressora, capitalista, machista, exploradora, excludente e violenta; que todos os educadores deverão conhecer, se, de fato, quiserem realizar uma educação de qualidade e com efetivos resultados de sucesso.
Existe também todo um conjunto de cuidados especiais no sentido de se concretizar uma escola como laboratório de vida: o entendimento dos processos de poder, dos mitos, dos condicionamentos psicológicos, sociais, sexuais, dentre outros que envolvem o acontecer pedagógico. No projeto busca-se ainda conhecer e considerar as verdades individuais e contextualizar, a partir delas, os instrumentos educativos, instalações, ambientes, relações inter e intrapessoais, associando a qualidade formal à qualidade política do ato educativo.

 3. Fundamentos e Princípios Filosóficos:

Concretizar o prazer, o bem-estar e uma escola feliz e que contribua igualmente na construção da felicidade de todos os seres vivos na Terra é, em síntese, a tônica da presente proposta. Antevendo para tanto a implantação gradual do projeto em etapas intercomplementares, resgatando o seu pleno sentido social e político e especialmente, humano: educação para a vida e não para avalizar modelos econômicos impostos à custas de exploração, da violência, da miséria e da fome.
Muito se tem discutido sobre a importância e o papel da educação e da escola, com seu aparato formal, frente aos desafios e conflitos porque passa a sociedade contemporânea, notadamente neste período crítico de início de século e de milênio, caracterizando esta nova (des)ordem mundial, o que requer medidas e ações autenticamente novas e originais.
No grande processo de mutação em que se transformou o planeta, educar passou a ser um verdadeiro desafio, que tem encontrado grandes dificuldades para o cumprimento de suas funções principais:
       a) dimensão econômica: fomentar a capacidade plena do indivíduo para o exercício profissional em termos práticos e operacionais com vistas à qualidade do trabalho e dos produtos e da cidadania; e,
        b) dimensão humana: formar a consciência crítica, aberta e flexível dos indivíduos, das comunidades e dos grupos sociais como um todo, de maneira a favorecer aos processos, meios e resultados para a melhoria real da qualidade da vida humana em sociedade.
O drama reside no fato de que, a absoluta maioria dos educadores está muito preocupada em cumprir a primeira parte: a da sobrevivência, dos fins, dos resultados e que, nem isto conseguido realizar de forma  eficiente. E também, por um conjunto de razões, não tem conseguido dar o segundo passo: o da transcendência, do processo, da educação permanente, capaz de associar a formação do excelente profissional, à do excelente cidadão. Ao contrário, a busca incessante de instrumentos e mecanismos técnicos para uma produtividade funcional e de resultados, não deixa sobrar espaços para o lado talvez essencial da educação: o de facilitar a formação das consciências livres e necessárias para a construção de uma outra realidade melhor que a nossa; daí o caos.
O dilema atual requer de todos uma visão conjunta, não podendo mais ser tratados separadamente processos e resultados. E a educação, como elemento principal na atividade do ensinar e do aprender, é, de fato, o ponto central de onde se inicia todo este estado de coisas e que precisa associar a qualidade política à qualidade formal, concretizando ambas de forma coerente.
Para mudar é preciso antes uma nova tomada de consciência do educador. Que ele se veja com olhos críticos, enxergando dicotomias e defasagens; assumindo as falhas e omissões que têm gerido não só o fracasso educacional, bem como o das instituições, da política, da economia, enfim, de toda uma realidade crucial de um mundo em crise.
Na verdade, nossas escolas ensinam para a prova, para a nota e nós, educadores, só queremos ter a certeza de que o aluno sabe, mas exercendo uma avaliação burocrática, fiscalizadora e punitiva, que em sua essência, está muito mais preocupada em detectar o que ele não sabe, de puni-lo, de rechaçá-lo. Associando a isto uma metodologia adestrante e conteúdos frios, prontos, e, na maioria das vezes, sem a menor expressão vivencial.
O presente projeto pretende dar algum respaldo técnico-metodológico aos esforços que as autoridades educacionais têm feito, notadamente, no teor normativo e concepções pedagógicas, com vistas a mudanças substanciais e melhorias concretas dos processos e dos resultados educativos e em consonância com as exigências atuais.
Os empenhos para a melhoria da educação requerem uma nova abordagem de seus executores. Faz-se necessária a unificação de princípios, de filosofias, de métodos, técnicas de trabalho e objetivos a atingir, atuando, por fim, através de paradigmas mais inteiros e mais coerentes.
Partindo de uma pesquisa fenomenológica, ao nível de estudo de caso, tendo como ponto de referência toda a realidade de uma escola do Distrito Federal, levantando o respectivo diagnóstico, é que fundamentamos todas as proposições pedagógicas que dão corpo às propostas que compõem o presente trabalho de intervenção educacional.
Realizando uma análise comparativa do que a escola tem efetivamente feito e no que ela poderia aperfeiçoar o seu cotidiano, tendo em vista cumprir os programas orientados para a modernização do fazer pedagógico, é que tentamos sintetizar propostas de uma ação educativa realmente necessária frente à complexidade de nossos dias e que ora apresentamos como sugestão a ser operacionalizada.
Acreditamos que os levantamentos associados ao perfil do educador e dos anseios, interesses, facilidades e dificuldades de aprendizagem dos alunos, possibilitarão uma percepção mais aguçada da realidade da escola como um todo, facilitando a escolha e a apresentação de propostas (ou paradigmas) mais assertivas para o trabalho pedagógico em sua dimensão mais ampla.
O momento brasileiro (mundial) é muito grave, o que requer novas e urgentes medidas. O colapso das instituições não permitirá a continuação da vida na Terra se tudo continuar como está. Os caminhos são muitos, as alternativas variadas, o grande mal é na verdade a inércia, a omissão, o vazio de novas idéias, a inexistência de ideologias precisas, de enfrentamento de ideais utópicos, de vontade e consciência política para se adotar o novo.
E em educação, o que poderia redundar na qualidade urgente e necessária?
Talvez, priorizar o estado de consciência do educador e a abertura de perspectivas para uma ação mais dinâmica e equilibrada, possam constituir um dos caminhos mais curtos para a retomada do seu valor, da sua utilidade plena. A educação precisa de um urgente sopro de vida, de mudar, de instaurar o novo, de se refazer inteira: enfim, precisamos todos de uma verdadeira “revolução cultural” para que não se instalem outras: da fome, da miséria, de existência indigna de todos os cidadãos, da vidência, do caos.O presente trabalho tem como fundamento especial a tentativa de se contextualizar e implementar um Novo Paradigma da Educação mais adequado à realidade atual dos educandos e suas perspectivas futuras, a partir dos seguintes princípios norteados:
a)      educação como processo contínuo situado na necessidade de se aprender para viver melhor;
b)      ação dinâmica e sistematicamente integrada entre currículos, programas, métodos de trabalho, formas de avaliação e projetos especiais;
c)      processo interativo entre as concepções filosóficas, ideológicas, políticas, ecológicas, sociológicas, psicológicas e didáticas com vistas a facilitar a perspectiva de transformação necessária, através do ato educativo;
d)      concepção intersubjetiva do processo ensino-aprendizagem e consideração dos seus aspectos evolutivos em termos qualitativos e quantitativos.
A partir destes pressupostos, devidamente associados à nossa experiência docente e concepções teórico-práticas em relação às questões administrativas de instituições e programas educacionais, é que realizamos uma pesquisa fenomenológica de uma unidade escolar definida, para um diagnóstico que possibilitou-nos alinhavar uma série de proposições como fruto de avaliação dos processos do trabalho pedagógico do estabelecimento, e com o objetivo de reorientar a sua prática. Buscando assim, fundamentar uma nova abordagem direcionada às necessidades e interesses didático-pedagógicos e psicossociais da realidade de hoje/futuro, a cerca do trabalho escolar em demais instituições congêneres.
 4. O Porque do Projeto: Metas Previamente Estabelecidas:
Tendo em vista todo um conjunto de insucessos e desgastes funcionais, organizativos e pedagógicos da escola brasileira, o que, ao nosso ver, advêm inclusive de uma abordagem demasiadamente fechada, que, de uma certa maneira orienta e define os programas e processos gerais da educação. Enquanto isso, as necessidades da sociedade suplicam por uma nova proposta que possa contemplar de forma mais rica, flexível e assertiva os pressupostos de uma concepção sistêmica, globalista, aberta e proporcional para se tentar libertar as mentes do teor fragmentário, mecânico e reducionista de modelos já ultrapassados de educação. Concepções em planejamento e instrumentos organizacionais; coleta dos dados que possam subsidiar a orientação técnico-metodológica de uma nova ação pedagógica é, na verdade, o que define a presente proposta de trabalho.
A educação, a escola que temos; seus métodos, processos e técnicas não têm sido suficientes para concretizar a ação educativa que o mundo requer e pela qual a humanidade suplica. Nossas escolas perderam o rumo e o contexto. São contraditórias, punitivas, e, com raríssimas exceções, deturpadoras de mentes e orientadoras de destinos não desejáveis para as sociedades “supostamente por elas educadas”.
Entendendo que as interfaces com as questões das múltiplas crises e dificuldades porque passa a sociedade brasileira neste marcante início de século é também a resposta de um ensino deficitário que influencia destinos, limita percepções e desesperança a verdadeira transformação, é que estamos apresentando a metodologia desta nova abordagem.
Este é um trabalho de reflexão-ação-reação que se propõe a acordar o educador para a gritante realidade deste conflito. Tenta mostrar um caminho de luz para resgatar a educação como um dos propósitos de amor à vida. É um chamamento à responsabilidade; à consciência, à necessidade de se transformar a educação, favorecendo, assim ao alcance de uma outra qualidade de vida.
O alcance das melhoras esperadas apenas se fará possível com outras consciências. E, a escola que aí está, já deu-nos mais do que suficientes provas de sua impossibilidade de adotar o novo, de interagir numa ação pedagógica que facilite o vôo da mente humana liberta para a busca das soluções possíveis frente ao grande caos que circunda o mundo e que suplica por outras concepções, compromissos; uma outra educação que melhor qualifique as pessoas.
5. Medologia:Partindo da concepção que fundamenta os Novos Paradigmas da Educação e dos pressupostos que norteiam a ação do presente projeto, a sua operacionalização dar-se á em etapas distintas que compõem o seu programa geral, a saber:
5.1 -    Construção Psicossocial do Conhecimento: ação pedagógica gradativa e dinâmica, contextualizando os conteúdos e programas necessários ao pleno andamento dos objetivos e metas do trabalho; o que será feito através de:
·      Pesquisa e Diagnóstico – para identificação dos aspectos e fatores a serem trabalhados nos universos psicopedagógicos, individuais e sociais na realização do programa educativo.
·      Conteúdos e Programas – que compõem as especificidades educativas do trabalho no cômputo do o que assinar durante todas as suas atividades, no tocante ao corpo curricular das matérias e das atividades extracurriculares.
·      Métodos e Técnicas de Trabalho – como trabalhar educacionalmente dentro do enfoque desejado, personalizando as atividades de ensino e atendendo aos pressupostos da aprendizagem, de acordo com os princípios político-pedagógicos do ato educativo proposto.
·      Avaliação do Ensino e da Aprendizagem – analisar e corrigir falhas e defasagens, procedendo as devidas correções e ajustes, ampliando a dimensão qualitativa do trabalho a partir de seus pressupostos de promoção humana através da educação.
·      Projetos Especiais – para o atendimento das áreas complementares e cumprir as perspectivas de continuidade do projeto em segmentos mais amplos, considerando a abrangência da visão e dos processos a serem desencadeados e objetivos a atingir.
5.2 -             Gestão Administrativa, Didática e Pedagógica:
Será imprescindível a coerência entre teoria, prática, gestão e processos de orientação técnica, educacional e burocrática. Ou seja, o processo de gestão dos estabelecimentos deverá acontecer com base nos mesmos princípios em que ocorre o ato educativo propriamente dito ou seja: negociação e construção conjunta de toda a ação gerencial com base na promoção humana, na flexibilidade no acato permanente de todas as idéias, contribuições e iniciativas. A escola deverá ser administrada num processo real de co-gestão e com cunho essencialmente didático e pedagógico em todos os aspectos: administra-se educação; fazendo educação.

6 - Objetivos e Pressupostos:
·       Gerir processos educativos de excelente qualidade, considerando os aspectos formais, informais, técnicos, sociais, psicológicos, políticos e humanos da educação realizada, buscando a construção de uma sociedade e de uma vida melhores em todos os seus aspectos.
·       Desenvolver permanentemente o potencial humano, adequar condições, planejar e executar atividades educativas formais e informais compatíveis com as grandes metas do projeto educativo aqui proposto: formar indivíduos e uma sociedade eficientes e eficazes para a sustentação do desenvolvimento, da harmonia, da paz e da felicidade humana em sentido mais amplo possível.
·       Reconduzir o plano global de ação da escola, do ensino e da educação com vistas a superar e corrigir suas falhas e distorções historicamente acumuladas; adequado a educação, seus métodos e técnicas aos regimes e exigências desencadeadas pela nova ordem mundial (humana, social, cultural, ética, política, tecnológica, ecológica, econômica e produtiva) desencadeada com o advento do terceiro milênio.
O presente trabalho tem por base concepções, princípios e métodos próprios e específicos, envolvendo inclusive terminologias oriundas de outras abordagens e teorias educacionais e científicas. Daí a necessidade de uma prévia orientação técnico-metodológica e com efeito multiplicador, para toda a equipe envolvida na execução do trabalho.
Esta orientação, acompanhamento ou assessoria poderá acontecer através de seminários, workshops, orientação metodológica da pesquisa, oficinas, cursos, relatórios e feedbacks contínuos, dentre outras. Constitui, portanto um fator indispensável a preparação técnica, metodológica e social da equipe de educadores, levando-a a perceber profundamente todos os aspectos intermitentes na realização do ato educativo e seus fenômenos não-perceptíveis.
Serão feitas profundas discussões e debates, desencadeando a pluralidade de idéias, desenvolvendo a consciência crítica e os fundamentos sociopolíticos do acontecer educativo. E, quebrar definitivamente a ingenuidade ideológica do educador é ponto de definitiva e singular importância, sem o quê, a implantação deste projeto não poderá contar com perspectiva de sucesso.
A especificidade do trabalho impede a fundamentação por escrito de toda a sua complexidade teórico-metodológica, o que apenas poderá ser feito, a partir da ação prática a de sucessivas trocas de experiências. Isto, naturalmente, passará a ocorrer durante a operacionalização do programa, e, apenas poderá ser feito num processo de efetiva co-produção com a equipe de trabalho. Assim, cumprindo os seus pressupostos para a ação educacional a que se destina, o presente projeto apenas poderá ser implantado a partir das seguintes diretrizes fundamentais e indispensáveis para o cumprimento do seu diferencial.
1.         Supressão total de títulos (diretor, diretora, senhor, senhora, professor, professora, tio, tia, etc.) todos se tratam, respeitosamente, por você e pelo próprio nome.
2.         Relaxamento, alongamento, reflexões e meditação diárias; escola lúdica, motivadora, interessante e com atividades diferenciadas.
3.         Flexibilização gradual do uniforme para apenas camiseta, bóton ou crachá.
4.         Aulas como laboratório de vida: assuntos de interesse e métodos personalizados, com jogos, brincadeiras, ação dinâmica e contextualização das atividades.
5.         Avaliação como processo de promoção humana, para análise e correção de falhas tanto de educadores como de educandos e com ênfase nos acertos. Exercício da avaliação da educação como ação política e transformadora da consciência dos educadores, dos educandos e da comunidade. Avaliar para promover, e não, para punir.
6.         Gestão político-pedagógica harmoniosa, aberta, participativa tendo como teor de sustentação a promoção humana em todos os seus sentidos e aspectos.
7.         Educação como um processo crítico de participação lúdica e permanente, em todos os seus aspectos, critérios e fatores (principalmente em relação aos educandos).
8.         Escola continuamente aberta à participação da comunidade que quer se desenvolver. Um espaço permanente de ação comunitária e de desenvolvimento social.
9.         Consciência critica e desenvolvimento permanente do potencial humano dos educadores, principalmente nos sentidos ético, político e ideológico, por meio de eventos diversos com tais finalidades.
10.     Liberdade de pensamentos e ação; promoção humana, afetividade plena, como elementos diferenciadores da prática concreta no cotidiano da escola com base na aceitação e na pluralidade de idéias.
11.     Presença do fator ludicidade: música, arte, dança, movimento, ritmo, beleza e sensibilidade em toda a dimensão do ato educativo exercido, como fator de interdisciplinaridade/ transdisciplinaridade.
12.    Motivação, vontade política e consciência crítica dos educadores sobre os processos que desencadeiam os resultados que desejam e os que realmente atingem, numa ação permanente de feedback e evolução dos esquemas gerais de trabalho.

 7 . Parte Prática do Trabalho:

É a consistência prática do projeto, ou o diferencial que ele deverá operar no cotidiano da escola, adotando, para tal as posturas educativas orientadas pelo Novo Paradigma Sistêmico-Contingencial da Educação, abandonando gradativamente um fazer pedagógico embasado no Antigo e Superado Padrão Cartesiano de Educação: fragmentário, frio, ideologicamente comprometido com as elites e com a concepção pequeno-burguesa de sociedade. Inumano e altamente nocivo à constituição dos valores necessários à superação das crises e sofrimentos do mundo, sendo, portanto, um extremo dificultador da felicidade humana. Conduzindo, por fim, técnicas doces, amenas, amorosas, eticamente responsáveis pelas transformações mundiais absolutamente necessárias e inadiáveis. Frente a toda esta definição teórica, o que de fato acontece? O que melhorar na ação escolar, e, principalmente na evolução dos alunos e no desenvolvimento permanente dos educadores?
 Particularmente, estou convencido de que, consciente ou inconscientemente não se quer resolver os problemas da educação e da escola, embora as soluções já existam e que, especialmente, são inúmeras e acumuladas. Os educadores ainda não conseguiram, por razões históricas, a entender e cuidar do câncer absoluto da educação e da escola que é a questão ideológica. Em síntese, o papel da escola  e da educação formal, não é, em absoluto, o de qualificar, educar ou orientar as pessoas para a vida e a cidadania. Mas pelo contrário, seu fim precípuo é o de “emburrecê-las”, facilitando assim as formas de exploração e do uso dos humanos por seres humanos, o que o faz com a maior eficiência por meio dos recursos de que se utiliza, dos discursos que faz, dos conteúdos que ensina e das formas manipuladoras de manipulação do famigerado “status quo” que garante a permanência dos privilégios escusos para muitos poucos, por meio, é lógico, da exploração contínua, da fome, da miséria e da profunda necessidade para muitos, para quase todos, daí os grandes problemas, as crises, as dores e sofrimentos que perpetuam em toda a sociedade humana, não apesar da educação e da escola, mas até por meio delas e por elas. Neste item, apresentamos as referências sobre o que e como fazer; definindo e propondo áreas e metodologias de ação. E, como propostas elas deverão ser analisadas, ampliadas, adaptadas e corrigidas por seus executores.

7.1 - Pesquisa e Diagnóstico: Para atuar no contexto a que nos propomos a escola deverá conhecer e considerar as verdades individuais. O que apenas será possível se elas forem buscadas, catalogadas e reconhecidas; daí a importância da pesquisa, da coleta de dados e do diagnóstico global dos dados inerentes aos históricos vivenciais dos educadores e educandos.
Trabalharemos com coleta e sistematização dos dados que identificam e catalogam os fenômenos que interessam e/ou interferem direta ou indiretamente nos processos de trabalho educativo, com a utilização dos instrumentos de pesquisa em anexo, e, que culminarão com as planilhas de ação devidamente contextualizadas aos pressupostos gerais, objetivos, processos e metas do projeto.
Em educação não se parte nunca do zero. Primeiro porque a pessoa do educando é reflexo da sociedade em que vive e traz portanto, em si mesma, uma série de preconceitos, no sentido etimológico do termo, e de posições éticas, de que é impossível se despir. Depois, porque quando chegaram à idade escolar os próprios educandos já estão de tal maneira predeterminados genética, política, ética, psicológica, religiosa, cultural e até socialmente, pela família e pelo meio em que cresceram desde a mais tenra idade, que longe de constituírem tabula rasa, trazem séries de traços indeléveis, que o educador precisa conhecer e levar em conta, se quiser fazer um trabalho minimamente realista, assegurando, assim, algum resultado positivo, com alguma perspectiva de sucesso.

Assim, os instrumentos de pesquisa a serem utilizados são:

1.    Cadastro de Identificação Psicossocial do Educando.
2.    Revelador dos Índices Cerebrais de Aprendizagem.
3.    Quadro Revelador dos Níveis de Inteligência.
4.    Estudo Básico do Sociograma Familiar.
5.    Quadro Básico de Personalização das Turmas.
6.    Quadro Conceitual do Diagnóstico dos Alunos.
7.    Planos de Ação Didático-Pedagógica I e II.
8.    Pressupostos para o Relatório Final.
(Obs.: Tais instrumentos figuram como anexos na parte final do presente documento).

Segue-se, então o seguinte diagnóstico
1.         Identificação Psicossocial: nível socioeconômico; satisfação com a escola, dificuldades, facilidades, desejos e expectativas de todos os agentes em relação ao trabalho educacional como um todo.
2.         Índices Cerebrais de Aprendizagem: estruturas cerebrais para a aprendizagem, no tocante aos aspectos lógico-cognitivo, sentimental-afetivo e motor-operacional, conforme explicações posteriores.
3.         Níveis de Inteligência: relativos à formação da personalidade e às inteligências múltiplas, a saber: comunicação, retenção, pesquisa, epistemologia; sobrevivência, profissionalização, planejamento, administração, afetividade, criatividade, alfa; estética e mística; que compõem o universo personalístico do ser humano e que irão dificultar ou facilitar as aprendizagens.
4.         Estudo Básico do Sociograma Familiar: refere-se às relações afetivas na primeira infância, determinando os aspectos gerais da personalidade, das sinápses nervosas e do posicionamento do indivíduo nos subgrupos espontâneos que são: a) oficial: posição de comando de liderança, b) natural: crítica, questionamento, reivindicação e c) oscilante: maioria passiva, oprimida que aceita tudo sem revidar. Características estas que são herdadas das características da relação familiar de cada pessoa.
5.         Catalogação de Todo o Conjunto dos Dados: em relação aos indivíduos e as turmas, planificando assim, as bases conceituais lógicas, teóricas, psicológicas, didáticas e científicas a serem adotadas no plano de ação da escola.
A concepção fenomenológica da pesquisa tem por base os seguintes fatores e segmentos principais, que julgamos indispensáveis para se operar o diferencial educativo que ora propormos. Definindo melhor cada um deles, temos:
1.         Identificação Psicossocial do Educando: características socioeconômicas, tendências, condições e desejos individuais que devem figurar na personalização dos métodos e processos educativos a desencadear, quais sejam: condições de vida, classes sociais, dificuldades e facilidades, ritmos e estilos, desejos, sonhos e demais especificidades importantes que se integram ao universo educativo da pessoa, dos grupos e turmas de educandos.
2.         Índices Cerebrais de Aprendizagem: uma coletânea das tendências e concepções psicológicas e mentais da educação, incluindo: Paul McLean, Luria, Wallon e Piaget, identificando os aspectos de cognição, afetivos e motores que precisam ser globalmente desenvolvidos em cada pessoa, buscando equilibrar e contextualizar a personalização dos métodos educativos aplicados.
3.         Níveis de Inteligência: identificação dos índices que compõem as chamadas “inteligências múltiplas” que compõem a complexidade personalística de cada pessoa, considerando as especificidades do desenvolvimento de cada um dos níveis estudados, quais sejam:
a)        no cognitivo: comunicação, retenção, pesquisa e epistemologia;
b)        no afetivo: afetividade, criatividade, alfa e estética-e-mística;
c)        no motor-operacional: sobrevivência, profissionalização, planejamento e administração.
4.         Siciograma Familiar: identificar todas as conseqüências sociopsicológicas das imposições sofridas e das benesses ocorridas no jogo familiar na primeira infância da pessoa. Entendemos que os aspectos relacionais com as figuras masculinas e femininas, os mitos, os processos de poder, a posição no grupo familiar e as heranças obtidas nos primeiros anos de vida constituem-se em poderosas interferências para toda a vida e que precisam ser extremamente bem diagnosticadas e consideradas na ação educativa, se, de fato, quisermos proceder um trabalho de real qualidade e com alguma garantia de bons resultados.
(Obs.: Maiores especificações teóricas e práticas serão feitas oportunamente durante o processo de capacitação das pessoas para a operacionalização do projeto).

7.2 - Conteúdos e Programas:



Chega de cultura inútil, de ensinar um nada que nega a cidadania e anula a consciência. Nossas escolas devem trabalhar com sabedorias vivas, abrir referenciais, constituir novas visões. Em síntese, desnudarem o saber necessário para uma vida digna, melhor e mais feliz. Em síntese, entermediar transdisciplinarmente, dentro do que já ensina e faz e que se dissimula no saber fragmentário das disciplinas e programas do currículo, os fatores e questões que possibilitem a quem aprende um viver mais intenso e repleto de felicidade. No inquérito realizado sobre o que ensinar aos alunos, no sentido de se atender aos pressupostos e fundamentos teórico-práticos do projeto, entendemos que deverão ser trabalhados os conhecimentos que congreguem a ação do saber para a vivência individual e social, dos seguintes subsistemas integrados e harmônicos:

S01 – Família, relações e moradia, vida gregária, parentesco.
S0S2 - Saúde pessoal e pública, bem-estar completo indivíduo/sociedade.
S03 – Alimentação e vestuário, manutenção básica e complementar.
S04 – Afetividade, associação, relações humanas e sexualidade.

S05 – Lazer, diversão, alegria, prazer, ludicidade, contemplação.
S06 – Comunicação e transporte, livre expressão, direito de ir e vir.
S07 – Educação, auto-promoção, crescimento, aprendizagem, cultura.
S08 – Receita, despesa, inflação, gastos, custos, salários, economia.
S09 – Trabalho e classes sociais, emprego, ocupação, realização.
S10 – Religião e superação de mitos, crença, cultos, vivência espiritual.
S11 – Segurança e luta social, prevenção e garantia de vida.
S12 – Política, bem comunitário, administração, ética, ecologia.
S13 – Justiça, moral, direitos, cidadania, legalidade, legitimidade.
S14 – Auto-valorização, respeito, status, imagem, importância.

Assim, os conteúdos formais das matérias e disciplinas deverão ser marcados, dentre, outros, dos seguintes elementos que aqui sugerimos como referencial básico para esta integração:
S01 –   Educação para a integração homem/mulher. Escola de Pais. Carreira de pai e mãe. Vida familiar. Divórcio, novos tipos de parentesco. Hétero e autocondução na família. Sociograma familiar.
S02 –   Auto-imagem fisio-bio-psíquica. Higiene, e saúde. Medicina natural. Previdência Social. Esperança (duração) de vida. Desdramatização da morte e da velhice (sem mistério, sem medo e com o mínimo de sofrimento: morte como ciclo natural). Educação da sexualidade.
S03 –   Nutrição, desalienação e adequação da nutrição, culinária, vestuário, consumo. Formação toxicológica. Alimentação natural e orgânica. Educação alimentar, controle de peso, manutenção pessoal.
S04 –   Vida afetiva, relacionamento grupal. Cooperativismo. Sindicalismo. Parceiros sociais e adversários sociais. Sexualidade, alteridade e combate a preconceitos. DST/AIDS. Espírito de solidariedade. Ecologia profunda.
S05 –   Desfrute da vida. Educação do físico. Estética, beleza, elegância, bem-estar e alegria. Curtição do corpo. Jogos. Folclore e artes locais, regionais, nacionais e mundiais.
S06 –   Ensino da matemática “social”. Comunicação verbal, não-verbal e factual. Desdobramento da comunicação de massa e da propaganda. Leitura dinâmica. Informática. Dinâmica de grupo. Educação a distância. Auto-escola. Educação para o trânsito.
S07 –   Currículos e programas da vida, da comunidade, das profissões e não apenas das ciências. Fluxograma evolutivo da personalidade. Formação para a autocondução através de metas próprias para a vida. Utilização de calculadoras, TV, computadores. Educação profissionalizante, integração escola/empresa/comunidade. Exercício disciplinado da mente e seus e seus processos lógicos, criativos e operacionais. Hábitos de leitura, documentação, e pesquisa. Histórico escolar da educação infantil, do ensino fundamental, médio e superior (conforme o caso).
S08 –   Técnicas bancárias, e comerciais. Negócios, acumulação de bens. Bem-comum, impostos, inflação, drenagem da renda. Capitalismo. Socialismo. Educação anti-corrupção, anti-espoliação, anti-pobreza. Auto-provimento. Seguros e Previdência. Economia proporcionalista. Novos Paradigmas da economia. A questão da mais-valia. Capital Trabalho.
S09 –   Currículos e calendários regionalizados e conforme as estações. Oportunidades profissionais. Empresário, operário e sindicato. Teste anual de gostos e aptidões. Educação para o trabalho. Tipos de empresas. Educação artística. Artesanato. Tecnologia da vida doméstica, industrial, dos serviços ( do quarto setor).
S10 –   Conhecimento de religiões. Técnicas para sair de si e ligar-se aos diversos níveis de realidade (alfa-místico, etc.). Técnicas de energização. Formação de valores morais e sociais para controle do capitalismo e jogos destrutivos da vida, da sociedade e da natureza. Evolução e emancipação religiosa e espiritual. Concepção agnóstica. Religiosidade e espiritualidade.
S11 –   Defesa pessoal. Auto-afirmação. Hábitos de disciplina pessoal e grupal. Educação anti-violência. Prevenção de acidentes. Treinamento para emergências. A violência nos 3 subgrupos (incêndios, desastres) e defesa civil. O que é revolução, guerra. O que é repressão. Relação consenso/conflito.
S12 –   Geografia e história a partir da comunidade. Educação comunitária. Educação política democrática, anti-ditadura. A organização social, teocrática, a capitalista, a socialista, e a que o Brasil precisa. Conscientização crítica dos três subgrupos. Partidos. Introdução à burocracia. Civismo. Liderança, participação nas organizações estudantis, educação ambiental e ecologia e na co-gestão escolar. Educação com sentido político.
S13 –   Documentação. Participação na feitura das normas. Direitos e deveres legais e morais dos cidadões dos três subgrupos. Introdução ao feedback sistemático dos três subgrupos e vigilância inter-grupos. Capacidade e honestidade em auto e hétero avaliação. Avaliação dos processos mentais e do desenvolvimento da personalidade.
S14 –   Primazia da cultura nacional (deseuropeização, desamericanização e desianquização da cultura). Educação estética. Auto-estética (qualidades e aprumo pessoais). Estilo de vida, etiqueta, protocolo. Celebração pedagógica e crítica do calendário civil, religioso, cultural, da região, do país e do planeta. “Status quo”, mitos, bem-estar, apresentação, imagens.

Deverá existir, antes da sondagem ou mensuração, um nível explícito preestabelecido por um conjunto de pré-requisitos, correspondente a cada idade ou a cada série ou a cada semestre. Segundo o resultado, traça-se o plano e a estratégia complementares, para os processos mentais ou a personalidade de cada educando. Isso requer planejamento integrado de áreas e disciplinas, por que cada uma contempla diferentemente uma modalidade de processo mental.
O diagnóstico que se obtém comparando-se os dados do currículo da escola e do “currículo ideal” do educando (contando com os dados da experiência de cada um), como é feito participativamente, será marcado por tendências de cada subgrupo. Deve-se buscar alguma forma de acordo. Caso contrário o planejamento estará sujeito ao unilateralismo subgrupal.
Além do diagnóstico da escola, os professores deverão estar continuamente fazendo sondagens, avaliações, diagnósticos dos educandos, que podem ser feitos pelos processos mentais básicos, pelo currículo escolar ou pelo currículo familiar ou social aqui descrito.
A perspectiva central do trabalho será a busca permanente da transdisciplinaridade (integração interna e externa) entre as matérias, os conteúdos, áreas de estudos e as atividades gerais desencadeadas.

7.3 - Técnicas de Trabalho:

O como ensinar é ponto de fundamental importância na ordem das coisas. A ação política, os processos de poder implícitos no jogo pedagógico, se não forem conscientes e bem trabalhados, podem colocar por terra toda a dimensão educativa da proposta que se pretende operacionalizar. É fundamental este conhecimento, subsidiando assim uma prática diferente.

Culminando com o espírito de diversificação, motivação e bem-estar para uma aprendizagem qualitativa e quantitativamente rica e válida, os métodos de trabalho se embasarão nos planos do dia, que favorecerão ao exercício de lideranças, ao atendimento das diferenças individuais e aos propósitos políticos do ato de se educar as pessoas.
Os métodos e técnicas terão ainda como bases práticas e filosóficas, dentre outros, os seguintes princípios norteadores:
·       Diversificação de atividades, quebra de rotina com enfoque diário no elemento surpresa.
·       Indução e dedução simultâneas com trocas de idéias, exploração e fundamentações diversificadas.
·       Argumentações concomitantes: todos argumentam indistintamente.
·       Criação e sistematização de novos conhecimentos.
·       Conclusões diárias: de aprendizagem e de operacionalização. O que fazer com o conhecimento apreendido?
·       Uso do corpo, do movimento, do alongamento, da respiração e do relaxamento como instrumentos motivadores e constantes.
·       Psicodramas, mostras, pesquisas e atividades práticas de maneira geral.
·        Uso intermitente do diálogo, da troca e da pluralidade de idéias, buscando a interação ética, crítica e política da educação realizada.

É parte fundamental do projeto todo um conjunto de cuidados relativos às técnicas e aos métodos adotados na execução pedagógica do programa, incluindo:
·         o tratamento ideológico, psicossocial e psicossexual na relação professor/aluno/ técnicos/dirigentes/servidores/comunidade;
·         os processos de poder intrínsecos à ação pedagógica: autoritarismo, hierarquias, liberdade, diálogo, respeito, mitos e suas intercorrências nos sentidos ético, cultural, político e ideológico de tais fenômenos;
·         a qualidade formal, técnica, ambiental e funcional do ambiente e das instalações: cores, sons, privacidade, arejamento, iluminação, silêncio, espaço, bem-estar, motivação, outros;
·         relação, comportamento, trocas, amizades, companheirismo, grupos, suas dinâmicas, técnicas e todos os demais aspectos intercorrentes à questão metodológica. O professor deverá reaprender para trabalhar com todos estes instrumentos, operando-se assim o processo educativo em sua complexidade.
7.4 - SUGESTÃO DE PLANO DO DIA
(A SER ADAPTADO/CONTINUAMENTE)

1.    Chegada: Os alunos são acolhidos pelo Professor e Aluno Recepcionista. Líder: Aluno Recepcionista.
1.1.    Atividades de integração: Grupos informais, recreação, ginástica, dança, etc.
1.2.    Entrada para a sala de trabalhos: Prontidão, liberdade, canto, música, etc.
2.    Na Sala de Trabalhos:
2.1.    Ambientação: (Sentados em círculos ou no chão):
a.         Relato de experiências: acontecimentos familiares, passeios, visitas, notícias de casa, sonhos, etc.
b.         Introdução ao Tema do Dia: aproveitar as idéias do grupo.
2.2.    Organização Didática das Atividades:
2.2.1. Atividades Cognitivas:
a.    Apresentação do Tema do Dia: conceito, descrição, motivação.
b.    Informações sobre o Tema: pelo professor, a partir dos alunos.
     Exploração-observação-comparação-classificação-contagem-medida, etc.
c.    Vocábulos novos, linguagem verbal.
2.2.2. Atividades Afetivas:
a.    Sugestão de atividades criativas: artísticas (pintura, colagem, recortes, dramatização, mímica) e motoras (exercício físicos).
b.    Escolha das atividades pelo grupo (votação ou livre escolha).
2.2.3. Atividades Operacionais:
a.    Planejamento das atividades escolhidas: (pelos alunos)
     O que: explicação da atividade
     Onde: local da atividade
     Quem: o aluno ou grupo de alunos
     Com que: material usado (preparado anteriormente pelo professor e pelos alunos).
b.    Distribuição das lideranças:
     Líder do Grupo (Animador): auxiliar do professor na condução do grupo.
     Responsável pelo material (das atividades do grupo)
     Dono do Lanche (escolhe o local, prepara o material)
     Cronometrista ou Dono do Tempo (registro e controle o uso do tempo).
     Enfermeiro do Dia (cuida do material para primeiros socorros)
     Outras lideranças (sugeridas pelos alunos, requeridas pelas necessidades).
c.    Execução das Atividades.
d.    O repouso após o lanche e hábitos de higiene.
e.    Avaliação do Dia: experiências, vivências, dificuldades, êxitos.
f.     Organização da Sala pelo Grupo (coleta do material utilizado).

g.    Programação do Dia Seguinte:
–      Escolha de alguns líderes: Recepcionista do Dia
     Cronometrista ou Dono do Tempo
     Líder do Grupo, etc.
–      Sugestões de atividades para a casa.
–      Pedido de material de casa conforme o Tema do Dia seguinte.
2.2.4. Encerramento do Dia (Preparação para a volta ao lar)
a.    Reflexão sobre a realidade fora da escola:
–      Social, Política, Econômica, Dinâmica Nacional, interdependência sobre o que foi apreendido.
b. Conclusões do dia:
–      de aprendizagem (o que aprendemos);
–      de aplicação (o que vamos fazer com o aprendido);
–      coleta de aplicações;
–      seleção e escolha.
c.    Sugestões: Canto, Relaxamento, Rito de Comunhão, etc. para a complementação/encerramento das atividades.

Obs.:    Este plano do dia foi pensado para o trabalho com crianças, podendo ser sistematicamente adequado para ser utilizado em outros níveis de ensino, para o que faremos os estudos e as experimentações necessários dando ao professor os instrumentos necessários para a sua efetiva utilização.

7.5 - Cuidados Especiais:

Buscando cumprir integralmente todos as fases do projeto, o trabalho será realizado considerando, ainda os seguintes cuidados de ação metodológica:
7.5.1 - Desenvolvimento Mental:
–          Para desenvolver o Cérebro Lógico (racional): leituras, pesquisas, estudos dirigidos, resenhas, debates, aulas expositivas, palestras, minicursos, discussão de temas científicos gerais.
–          Para desenvolver o Cérebro Sensitivo (emocional): música, poesia, teatro, dança, relaxamento, desenho, pintura, passeios, jogos lúdicos, folclóricos e artísticos, brincadeiras, anedotas, reflexões, toques, relaxamentos, meditação, alongamentos corporais, filmes, trabalhos com arte.
–          Para desenvolver o Cérebro Prático (operacional): ação, movimento, jogos, lideranças, iniciativas, ações comportamentais, esvaziamento de tensões, trabalho em grupo, exposições em público, trabalho com ordem, disciplina, planejamento e organização de fatos, idéias e ambientes, oficinas diversas.
7.5.2 - Desenvolvimento de Grupos e Subgrupos:
–          Para desenvolver o lado Oficial das pessoas: levar ao exercício de lideranças, motivar a ação de mandar, assumir responsabilidades e coordenação. Comandar e chefiar, dar opiniões. Fazer cumprir o exercício da vontade. Motivar a iniciativa e a realização de ações e propostas. Decidir, operacionalizar as decisões, exercer comando com o devido equilíbrio e respeito às pessoas.
–          Para desenvolver o lado Natural das pessoas: ativar a crítica, a denúncia, o questionamento para a busca da transformação. Desenvolver a capacidade de contestação, de renúncia. Discussão e cabeça fria. Exercitar divergências. Saber ouvir e trabalhar com pluralidade de idéias. Ter cabeça fria, saber negociar.
–          Para desenvolver o Oscilante (maioria): saber calar, ouvir, refletir e saber quando tomar decisões e quando participar ou não. Reconhecer o próprio e o direto do outro. Ter consciência dos direitos e obrigações. Desenvolver a visão ampla sobre os vários fatos e fenômenos com os quais se trabalha. Tomar iniciativa, ter autonomia, falar, se expor, fazer exigências.
–          Desenvolvimento Global de Pessoa: desenvolver o fator assertividade. Equilibrar emoções, consciência, posicionamento político. Sensibilidade, postura, crescimento cultural, adequação ao contexto pessoal. Definição de ideologia própria, defesa ética dos próprios interesses. Sensibilidade, solidariedade, parceria, consciência. Liderança, eficiência e visão de processo.
7.5.3 - O Santuário Ecológico da Escola foi inicialmente previsto como a construção de um barracão do tipo habitacional, bem simples, rústico, contendo: a) cozinha ampla, devidamente arejada e com iluminação natural, entrada de sol, etc. fogão de lenha, pia e demais instrumentos básicos para uma cozinha; b) espaço de quarto nas mesmas características; c) banheiro simples, e; d) o maior espaço que é uma sala grande, onde se possam realizar várias atividades complementares tais como vivências, dinâmicas, discussões, debates, etc.
           A casa será mobiliada ao longo de cada ano letivo, com as crianças sendo responsáveis por isso. Trazendo móveis descartados pela família ou comprados em brechós mais simples e mais baratos possíveis. Reciclados, consertados e montados por próprias. O uso de material descartável como vasilhas que as mães não querem mais, tábuas, latas, plásticos, pets. pregos, arames, parafusos, etc. adotando a tônica máxima do menor custo e do maior aproveitamento, reciclarem, limpeza será da maior importância dentro de todo o esquema tático do trabalho. As crianças é  que elaborariam os pequenos projetos simplificados, discutiriam a estética, a funcionalidade, cores, decoração, layout, etc. Caixotes, caixas de papelão, pedaços de madeiras, espelhos, objetos de decoração, etc. seriam complementos de fundamental importância, devido ao espírito ecológico do trabalho e a difusão dos ideais de simplicidade, amor, bondade, conjugação de esforços, respeito, convivência, etc.. Decoração, flores, plantas, panos (tecidos utilitários diversos), como: forros, toalhas, panos de chão, panos de prato, etc., higiene, limpeza, tudo feito pelas crianças, mediante orientação, acompanhamento e relatos feitos como objetivo complementar de aprendizagem de liderança, vivência em grupo, negociação, tolerância, disciplina, empatia, valores, organização, planejamento, senso estético, etc.
        - A organização, a manutenção viva de tudo sempre será feita por rodízios dos professores responsáveis por semanas, podendo agregar pessoas externas à vida da escola, como parentes, amigos e voluntários. Cada semana uma pessoa se responsabilizará pela manutenção do santuário, incluindo motivações para visitas em finais de semana, guarda noturna, manutenção, limpeza, tratamento do lixo, etc.
         - O ponto alto do trabalho será a existência de pequenos quintal, horta e jardim que serão cuidados, plantados e mantidos pelos alunos em esquema de rodízio, com obrigações de participação todos os dias em que serão definidos os planos de ação que melhor se adaptarem ao processo: semanal, quinzenal, três dias, dez dias, etc. Iremos experimentando, trocando a escala, o que também constitui um amplo processo de aprendizagem, até encontrarmos uma que melhor se adéqüe ao sistema de trabalho dos professores e das crianças. Poderão participar igualmente as famílias dos alunos, quem desejar,etc. Podem ser feitos convites para que a comunidade não ligada à escola também participe, tais como, alunos de outras escolas, grupos de voluntários, terceira idade, desportistas, meninos de rua, clientela de orfanatos, de entidades assistenciais diversas, constituindo, desta forma o núcleo vivencial básico da escola.
         - Será de primordial importância a criação de animais domésticos como galinhas, galos, pintinhos, gatos, cachorros, passarinhos, patos, gansos, marrecos, jabotis e outros congêneres, cujas responsabilidades obedecerão ao mesmo esquema de rodízio no sentido de: aquisição e armazenamento de ração, ervas, grãos e outros condimentos alimentares, água, etc. Acompanhamento do ciclo de vida destes animais e o cuidado com eles. No caso de doenças acompanhar o tratamento, inclusive em clínicas veterinárias se for o caso, se responsabilizando todos os componentes do turno naquele rodízio pelos convênios, despesas, gastos e custos. Promovendo, anterior ou posteriormente, festas, sorteios, rifas para a manutenção de um fundo de reserva para tais, fins. Acompanhar, quando for necessário, situações de doença e morte dos animais. Montar em conjunto um sistema de enterro digno e respeitável para os bichos, desenvolvendo senso de amor e responsabilidade por todos os componentes da rede ecológica e da vida. Discutindo os ciclos, os tratamentos, as expectativas, estudando os segmentos da vida e a desdramatização da morte como um processo absolutamente natural. É importante que exatamente tudo seja feito pelos alunos, com a orientação, coordenação e controle de alguém da equipe técnico-pedagógica da escola.
         Ainda no Santuário Ecológico serão implantados os sub-projetos e programas específicos voltados para a questão da ecologia, estudando, discutindo, relatando e fazendo feiras, exposições e mostras sobre os efeitos da poluição, uso, controle e tratamento da água, preservação da natureza, aquecimento global,  os conflitos na Amazônia, desmatamentos, camada da ozônio, galáxias, desgelo polar, etc.

7.5.4 - Avaliação do Ensino e da Aprendizagem:Avaliação não pode ser um instrumento de estagnação, punição e controle, mas um recurso para corrigir e melhorar a ação de todos. Ajudar na superação de possíveis falhas dos atores que fazem o fenômeno acontecer, melhorar, evoluir. Avaliar é para promover não para controlar e punir a parte considerada mais fraca: o aluno. Buscando uma integração permanente entre os vários e segmentos do projeto (conteúdos, métodos e projetos especiais), a avaliação tanto do ensinar quanto do aprender terá como base os seguintes princípios, além da ficha específica que apresentamos a seguir:
·            O erro é pedagógico, e, como processo de aprendizado, será considerado e validado nos processos finais de avaliação (quando se erra, evolui).
·            Assim, nos exercícios, deveres, redações, etc. serão marcados os acertos (nunca os erros) sem uso da caneta ou lápis vermelho e sempre com citações elogiosas e motivacionais em relação aos acertos.
·            Os processos e crescimentos serão considerados e valorados e não só os acertos mensuráveis: avaliação no processo, valorizando o crescimento e os vários processos (não só os resultados).
·            Resolução de exercícios, ações, pontualidade, postura, crescimento cultural, iniciativas válidas terão o mesmo valor de provas e argüições e flexibilizadas de forma intermitente e simultânea, de acordo com os critérios do professor.
·            O crescimento pessoal prescinde de provas, testes e exercícios, sendo todas as medidas flexibilizadas constantemente pelos grupos, também considerando a auto-avaliação.
·            Ao contrário da avaliação punitiva e classificatória (dos mais fortes e mais fracos) ela deverá ser promocional e motivadora dos processos de aprender, de continuar e concluir os estudos. Será um instrumento para mediar correções, falhas e defasagens, facilitando a melhoria permanente de todos os processos e de ambas as partes (avaliação do professor, do aluno e do sistema total).
Ensino e aprendizagem caminham juntos, são intercomplementares e não podem ser avaliados separadamente. Se houver fracasso na aprendizagem é porque o ensino foi falho, e, a avaliação, portanto, deve ser mensurada para ambas as partes, buscando assim a correção e melhoraria de todos os processos.
Avaliar aqui é uma forma de perceber e desenvolver o senso crítico tanto de educadores, como de educados. É um processo eminentemente político; a serviço da educação e não uma arma repressiva contra a fragilidade do aluno.
Para facilitar a implementação prática da avaliação que propomos e em coerência com os Pressupostos Gerais do Projeto, apresentamos o seguinte instrumento que orientará e facilitará o esquema de avaliação. Trata-se de uma ficha (ou referencial) que poderá facilitar a orientação do professor sobre o trabalho a ser realizado e os objetivos a atingir. Norteia também os resultados conseguidos por meio da manifestação dos alunos a cerca do trabalho realizado.

7.6 - Projetos Especiais:

Educação só é educação num plano transdisciplinar e permanente, ou seja; é preciso educar e re-educar tudo e todos ao mesmo tempo. Família, sociedade, instituição, cultura, tudo permanece em constante ebulição sempre e cada vez mais dinâmica. A educação não pode ser apenas na escola mas em múltiplos sentidos. Sem isto é vazio, enganação: uma mentira.
A escola e a educação que queremos não pode limitar-se à sala de aula, mas, ao contrário, deverá ser uma atividade continua, plena e permanente, para o quê, propomos algumas linhas básicas de Projetos Especiais que serão operacionalizados e detalhados, enriquecidos e adaptados oportunamente, a partir dos critérios, dos momentos e das oportunidades de execução de cada um deles.
Destacamos, dentre outros:
01.          Projeto de Educação Continuada para os Pais: ciclos de palestras, minicursos, debates, oficinas, workshops, filmes, espetáculos e eventos gerais para reeducação permanente dos pais, das famílias e da comunidade, em consonância com as diretrizes gerais do projeto.
02.          Consciência Ecológica e Meio-Ambiente: estudo dos problemas sobre o abuso e a degradação da natureza, cultivo de plantas, viveiros de animais e introdução à ecologia humana. Cultivo de hortas, jardins e similares. Ênfase no trabalho com as questões da água, do efeito estufa e dos recursos naturais (renováveis ou não).
03.          Educação pela Arte: educação através de todas as modalidades e expressões artísticas: visuais, plásticas, cênicas, literárias, virtuais e outras. Feiras, mostras, teatro, exposições, festivais, música, poesia e arte popular, música clássica, gospel, sertaneja e repentes. Educação pelo belo e para o belo, com o desenvolvimento do senso estético e místico.
04.          EDUCAIDS – Para Viver uma Sexualidade Saudável: discussão sobre o papel e importância da sexualidade. O sexo como função política, social e biológica. Educação sexual e métodos contra conceptivos. Educação sexual propriamente dita. Prevenção de DST/AIDS: medidas, cuidados e informações, questões da gravidez precoce e da dimensão cidadã do amor, do sexo e do prazer.
05.          Educação Física e Desportos: exploração educativa da educação física e das várias modalidades de esportes, com campanhas, torneios, campeonatos, sempre com discussão, debates e fundamentação teórica sobre seus pontos positivos e negativos na educação e na sociedade.
06.          Economia Doméstica e Globalização: o sentido econômico do capitalismo brasileiro. Cultura econômica: Mercosul, globalização, FMI, outras medidas alternativas, profissões do futuro. Computador, informática, internet, comunicações e eletrônica. Economias alternativas, mercados de trabalho e suas tendências.
07.          Ciclos Permanentes de Leitura e Debates: banco do livro, biblioteca, estímulo à leitura, debates, resenhas, criação conjunta e exposição de obras. Realização de tardes e noites de autógrafos, divulgação da poesia e da literatura.
08.          Qualificação dos Profissionais da Educação: cursos, oficinas, workshops, seminários e eventos afins para o desenvolvimento permanente das equipes docentes, técnicas e administrativas da escola. Realização de programas de leituras, análises e debates de filmes, documentários, projetos, pesquisas e outros acontecimentos de interesse educacional e de desenvolvimento didático e pedagógico.
09.          Política e Cidadania no IIIº Milênio: novas tendências da realidade política, o papel, a função e o poder da mulher nas novas dimensões políticas. A relações de poder no trabalho, a economia informal do futuro. O direito à cidadania e a ação política em todo o mundo e com ênfase na América Latina.
10.          Liberdade e Alteridade como Direitos Fundamentais: luta contra todos os preconceitos (negros, gays, idade, religião, sexo, outros), favorecendo ao direito de ser diferente, de viver plenamente as múltiplas diversidades com a possibilidade de ser feliz em todas as instâncias: respeito, ética, consciência e cidadania plena.
11.          Mundo Novo e Novas Religiosidades: introduzir às questões relativas aos novos paradigmas para a contemporaneidade visando a melhoria conceitual e prática da qualidade de vida das pessoas e da sociedade do futuro. Cultivar a estética e a mística como um novo teor de religiosidade e espiritualidade, sem dogmas, máscaras ou amarras. Cultivar a visão espiritual, a crença e a fé como fatores de construção da paz no mundo. A nova concepção agnóstica da espiritualidade.
12.          Eventos Especiais: comemorações, datas, festas e eventos diversos seguindo aspectos atuais, versáteis, modernos, simples, sempre buscando enfocar o lúdico, a presença feminina, a objetividade funcional, o bem-estar e a liberdade dos participantes de modo geral.
13.          Extensão e Pesquisa: implantação e acompanhamento de programas comunitários e de iniciação à pesquisa, cursos, palestras, excursões, visitas técnicas, programas comunitários, assistenciais e sociais. Introdução à pesquisa teórica e de campo dentro das especificidades trabalhadas e atendendo aos interesses das comunidades escolar e social.
14.          Alimentação e Saúde: acompanhamentos sanitários através de equipes de profissionais e voluntários. Campanhas, saneamento, ecologia, palestras, cursos, vivências e eventos afins. Implantação de hortas escolares, caseiras e comunitárias. Cultivo da culinária alternativa e de acesso às novas abordagens de tratamento e saúde integral do corpo e da mente. Trabalho com técnicas nutricionais em suas várias modalidades. Ervas, remédios caseiros e terapias alternativas.
15.          Dinamização Cultural: realização de eventos culturais diversos e em todas as áreas, tais como: semanas culturais, festivais, exposições, filmes, TV, vídeo, teatro, dança, música e literatura. Descoberta e promoção de valores e talentos artísticos e culturais da localidade e circunvizinhança, com a realização de demais programas afins.
Estas são algumas sugestões de Projeto Especiais, das quais poderá surgir um leque infinito de novas possibilidades. No final deste documento apresentamos um formulário que deverá ser preenchido pelos interessados em implementar quaisquer projetos especiais e encaminhado às instâncias devidas, servindo como esboço inicial e mostrador dos Projetos Especiais propostos.



 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA


ABRAMOWICZ, Mere. O impacto de um projeto de avaliação do tipo iluminativo sobre um sistema educacional. São Paulo, Revista Educação e Avaliação, (nº 1) p. 48-53, 1990.
ARROIO, Miguel. Reflexões sobre a idéia de escola pública de tempo integral. São Paulo, mimeo, 1987.
BEISEGEL, Celso Rui. Relação entre a quantidade e a qualidade no ensino fundamental. São Paulo, Revista da ANDES, (1), 1972.
BERTALANFFY, Ludwig Von. Teoria geral dos sistemas. Petrópolis: Vozes, 1983.
BRASIL, Ministério da Saúde. Projeto minha gente: concepção geral. Brasília, 1991.
CAPRA, Fritjof. O ponto de mutação: a ciência, a cultura e a sociedade emergente. São Paulo : Cultrix, 1986.
CARVALHO, Luzia Alves de. Germes de uma prática pedagógica competente com crianças de camadas populares. Rio de janeiro, PUC/RJ. Dissertação (Mestrado), 1986.
CATÃO, Francisco. Pedagogia ética. Petrópolis, vozes, 1995.
COSTA, Vera Lúcia Meneses. Prática da educação física no primeiro grau – modelo de reprodução ou perspectiva de transformação?. São Paulo : Ibrasa., 1986.
COSTA NETO, Antonio. Curso de reciclagem para professores de escolas de tempo integral do município de Silvânia/GO – relatórios técnicos. Brasília, mimeo, 1987.
___________. Educação alienante existe. Brasília : Photolitto, 1994.
___________. Paradigmas em educação no novo milênio. Goiânia : Kelps, 2007.
___________. Educação pelo currículo da vida. Fundação Educacional do DF. Concurso Mérito Educacional. Brasília, 1986.
___________. Por uma pesquisa realmente participante. Universidade Católica de Brasília. Pró-reitoria de Pós-graduação e Pesquisa. Brasília, 1992.
___________. Construção psicossocial do conhecimento – uma proposta para mudanças de paradigma dos processos educacionais. Universidade Católica de Brasília. (Dissertação de Mestrado). Brasília, 1997.
___________. Pesquisa para identificação de necessidade de melhoria da proposta pedagógica. Universidade Federal de Goiás. Faculdade de Agronomia, Departamento de Ecologia. Goiânia, 1995.
___________. Escolas & Hospícios – ensaio sobre a educação e a construção da loucura. Goiânia: Ed. Kelps, 2009.
CUNHA, Luiz Antonio. Educação e desenvolvimento social no Brasil. Rio de Janeiro : Francisco Alves, 1990.
DE GREGORI, Waldemar. Cibernética social I. São Paulo : Perspectiva, 1984.
___________. Educação comunitária: do oprimido, do opressor e do revolucionário da América Latina. Brasília : ABC Social, 1988.
___________. A construção escolar e familiar do cérebro humano. Belo Horizonte : Ediluz, 2000.
FERGUSON, Marilyn. A conspiração aquariana – transformações pessoais e institucionais nos anos 80. São Paulo : Record, 1980.
FREIRE, João Batista. Métodos de confinamento e engorda – como fazer render mais porcos, galinhas, crianças. Campinas/SP, mimeo, 1998.
GANDIN, Danilo (s.d.) – Planejamento como prática educativa. São Paulo ; Loyola, 1994.
GRECO, Milton. A aventura humana entre o real e o imaginário. São Paulo : Perspectiva, 1994.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da educação. São Paulo : Cortez, 1990.
MAURÏCIO, Lúcia V. & MIGNOT, Ana C. Política do fato consumado. Rio de Janeiro, mimeo, 1996.

MAGALHÃES, Anna Elise de. Educação pelo processo: possibilitando as transformações sociais necessárias. Belo Horizonte: Luzazul, 2010.
MEDEIROS, Marilena Ressala. O desafio da educação pública. Rio de Janeiro, Revista Presença (10):115-16, jul, 1989.
MELLO, Guiomar Namo (1993), Coord. – Representações e expectativas de professores do 1º grau sobre o aluno pobre, a escola e sua prática docente. In: Educação e desenvolvimento social. São Paulo : Fundação Carlos Chagas, 1993.
MÜLLER, Regina Helena. Passar a escola a limpo... Rio de Janeiro, mimeo, 1984.
NOEL McLnnis. Ilustração do projeto milwankee – uma experiência de escola de tempo integral nos Estados  Unidos da  América. São Paulo : McGraw Hill, 1988.
OLIVEIRA, Colandi Carvalho de. Da dependência à autocondução. Brasília : Thesaurus, 1987.
__________. Psicologia da ensinagem: a prática do professor e do aluno na educação contemporânea. Goiânia : Kelps, 2000.
PIAGET, Jean. A epistemologia genética. Petrópolis : Vozes, 1973.
POPPOVIC, Ana Maria. Enfrentando o fracasso escolar. São Paulo, Revista da ANDE, nº especial, 1990.
SANTIN, Silvino. Educação Física – outros caminhos. Porto Alegre : EST, 1990.
SANVITO, W. L. O cérebro e suas vertentes. São Paulo : Panamed, 1992.
SCHUMACHER, F. E. O negócio é ser pequeno. Rio de Janeiro : Zahar, 1984.
SPÓSITO, Marília Pontes. O povo vai à escola: a luta popular pela expansão do ensino público em São Paulo. São Paulo : Loyola, 1984.
__________. Escola pública e movimentos sociais. São Paulo, Revista da ANDE (7), 1984.
TEIXEIRA, Anísio. Educação não é privilégio. São Paulo : Nacional, 1967.
TOFFLER, Alvin. A terceira onda. São Paulo : Record, 1980.
VYGOSTKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo : Martins Fontes, 1984.
WALLON. H. As origens do pensamento na criança. São Paulo : Manole, 1988.
WEBER, Renée. Diálogos com cientistas e sábios. São Paulo : Cultrix, 1996.
WEBER, Silke. Política e educação: o movimento da cultura popular no Recife. Revista de Ciências Sociais, 27 (2), 1994.




sábado, 11 de maio de 2013

COMO SE MÃE TIVESSE DIA, NOITE, HORA... BOLAS!!!

Recebi este e-mail da minha amiga Cida Cotrim e o considerei uma grande, uma imensa homenagem ao dia das mães que passo a vocês, meus amigos. Minha  "ídola, gênia" perdeu a mãe bem cedo e seu pai se casou com D. Mariquinha Tavares, um doce de pessoa, uma santa, a quem, por puro merecimento sempre chamou de mãe (inclusive, seus irmãos mais velhos). O motivo, vocês verão no texto dela, ou melhor, no poema lindo que ela escreveu e que publico aqui na íntegra:  

Feliz Dia das Mães a todos e a TODAS AS MÃES DO MUNDO:
Boa Noite Antonio C. Neto:

Estive hoje em Silvânia prá ver D. Mariquinha.
Antecipei um pouco o Dia das Mães e passei o dia por lá.
Como se Mãe tivesse Dia, Noite, Horas...
Bolas...
Mãe é um estado e uma missão e D. Mariquinha cumpriu esta missão para comigo.

Estruturou nosso lar, me transmitiu os mais altos valores
Me ensinou a trabalhar e a viver sem Mãe.
Só gratidão, carinho e uma forte amizade e admiração nos unem. Precisa de mais?
Sou uma garota de sorte!
Senti uma leve nostalgia ao ver uma névoa esbranquiçada tomando os olhos dela.
Os olhos da velhice ficam assim. Meu pai os tinha e eu pensava na sua morte quando fitava seus olhos.
Um dia meus filhos vão perceber a névoa da velhice nos meus olhos e irão pensar na minha morte
também .
Senti o cheiro do meu pai e pensei que as paredes, os objetos, os móveis, as coisas também têm memória e guardam um pouco do cheiro e da energia de seus donos e que isto é muito importante para nos consolar das dores da saudade.
Andei pela horta e senti uma felicidade tão grande de poder colher a acerola, a couve e o cheiro verde tão frescos e cheirosos e senti vontade de chorar por ser tão feliz.
Sentamos no sofá e falamos sobre o passado, sobre a saúde, o sono, a dor no joelho, a novena de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, da morte do Seu Valtinho, do velório do José Caixeta, do frio, de um tal vereador que não sabe nem ler, da fulana que trocou o marido por uma linda mulher... 
e fiquei pensando se minha mãe fazia ideia
do quanto aquele momento era importante prá mim. E uma dor bailou no meu peito quando me despedi daquela mulher que está esbranquiçando os olhos e que por tantos anos dedicou seu tempo e sua força para construir com honra sua família.

Dia das Mães, como se Mãe tivesse Dia, Noite, Horas...Bolas!
Quando vou à Silvânia eu fico assim mesmo, toda dolorida. Será por quê?

Feliz Dia das Mães
Cida Cotrim

quinta-feira, 2 de maio de 2013

EU SOU UM GHOST WRITER



              EU SOU UM GHOST WRITER


Se você deseja escrever um livro, um artigo, um relatório de trabalho, um discurso, uma conferência, mas não tem tempo, prática, nem paciência para isto?
Se precisa elaborar um projeto com uma linguagem técnica, inteligente, atualizada, moderna, intelegível?
Se precisa de elaborar sua monografia, dissertação, tese, artigo científico, trabalho de final de curso, ou famoso TCC? 
Se você é executivo de uma empresa e necessita preparar um relatório anual para a Diretoria com um texto tecnicamente adequado?
Se você é um profissional muito conceituado no seu ramo, mas não tem  muita facilidade para escrever e falar em público. E justo agora foi convidado a fazer uma palestra e expor sua experiência. E, por isso, está com dificuldade para montar tecnicamente um esquema de apresentação do seu trabalho?
Se você (ou melhor, se Vossa Excelência) foi eleito vereador, prefeito, deputado, senador, etc. e precisa redigir com urgência seu discurso de posse?
Se você deseja um "script" para o telemarketing de sua empresa, ou uma mala-direta para propaganda de seu produto, e, necessita de um texto adequado para atingir eficazmente seu público-alvo, de acordo com as melhores técnicas de marketing?
Se você se aposentou e dispõe agora de tempo livre para realizar seu velho sonho de, por exemplo escrever um livro, contar sua história, montar um blog, um site?
Se você já escreveu o tal livro e deseja que um profissional competente reveja, ajuste, e dê o acabamento final para que seja publicado?
Se você se encaixa num desses casos, a solução é contratar a assessoria de um bom ghost writer.
Entre em contato conosco: 

humanizar.0@gmail.com

Fone: 61 3274.27.55

INSTITUTO HUMANIZAR
Consultoria, Projetos & Capacitação de Pessoas

 (curta nossa página aqui no face)

terça-feira, 30 de abril de 2013

POEMA: LUA MINHA




Lua Minha

Agora eu sei que jamais estarei de novo sozinho
no mundo ou na vida.
Numa noite destas de solidão, aí pelos meus
andares chutando latas, olhei pro céu
e lá estava ela: loura, redonda, iluminada.
Sorria pra mim com seus dentes largos
e a cabeleira loura, esvoaçante,  ao vento.
Brincamos de bailar, de pega-pega, de passar anel...
E, de vez em quando, desaparecia por detrás
de uma nuvem travessa, mas ficava cantarolando baixinho
como o gato que se esconde mas deixa a cauda à mostra.
Só pra ser encontrada logo e me fazer rir,
e tornar-me outra vez menino
cheio de luzes e de alegrias.
Não tive como me despedir. Ninguém teria.
Num salto, num quase vôo,
pude apanhá-la inteira.
E agora, a tenho comigo, pra sempre.
Iluminando meus cantos, meu quarto, minha vida.
Ela deita-se comigo sob o cobertor comum,
e, de vez em quando, debaixo do meu travesseiro
e trás-me de presente os sonhos mais belos.
Me faz virar peixe, voar como borboleta,
ser bicho do mato, folha de grama,
pingo de água, ter gosto de amêndoa,
cheiro de hortelã, de madressilva, estas coisas.
Num dia desses,  foi longe e me fez ser estrela
para brilhar junto com ela.
Eu era a companhia para a melhor das festas,
no céu, no meio dos santos e dos anjos.
A virgem Maria estava especialmente
maravilhosa nas suas vestes longas, a um só tempo puras,
mas demasiado ousadas,
num misto de tudo o que é belo e bom
e que se arrastavam no chão do paraíso,
e, de tão simples, exalavam o cheiro das rosas
feitas por Deus, o seu filho,
o dono da festa, cheia de incensos
e de delícias outras.
Apenas sentidas, mas não, explicadas,
para o quê, não existem palavras. Nem gestos.
De tanto dançar e me divertir com aquela gente
eu amanheci cheio das coisas boas
e me contaminei de cada uma delas
que passaram a fazer parte de mim
e nunca serei mais o mesmo...
...Ela é prestativa que só.
Chama por mim ao amanhecer, me acorda, docemente,
 com seu tom  de anjo, tocando de leve o meu rosto
com o seu dedo de veludo azul.
me desadormecendo sem susto, sem ruído,
mas num sussurro sereno  e terno.
Depois, é quando vai pro seu canto,
bocejando como um anjo travesso
destes que passam as noites em claro,
apreciando as farras, as madrugadas.
Ela vai dormir quentinha e me esperar escondendo o segredo
que só nós dois conhecemos.
Pra  começar, quando eu chego, as cócegas noturnas.
As risadas de desmaiar, de desfalecer, de levitar de emoção.
E eu não mais soube o que é tristeza, dor, solidão, saudade.
Nem precisei dos amigos humanos,
só do meu cachorro ciumento, bravo,
latindo e uivando quando ela me toca,  abre seu olhar e seu sorriso.
Trouxe a lua pra morar comigo
e passei a me chamar felicidade.

(Do meu livro mais recente: Poemas para os anjos da terra. Publicado pela Ed. Kelps, Goiânia, 2011).

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

EDUCAÇÃO E ESCOLA: PARA QUE, PARA QUEM, CONTRA O QUE E CONTRA QUEM?


EDUCAÇÃO E ESCOLA: PARA QUE, PARA QUEM?
CONTRA O QUE E CONTRA QUEM?

 Antonio da Costa Neto


       
As raízes da crise na educação brasileira vêm, logicamente, desde que ela foi criada para a manutenção do paradigma colonizador europeu. Fundamentada, posteriormente, na ideologia norte-americana, que as fortalece estabelecendo o ensino como mercadoria e a escola como fábrica de operários e de consumidores em potencial. Pois, quem subjuga o trabalho e o pão, tem o controle e dita as normas, no sentido de garantir e ampliar as suas benesses ,e, assim, sempre. Ou seja, escola e educação fundem-se em uma única instituição burocratizada e antagônica aos interesses do projeto social maior. Mantida para gerir modelos econômicos internacionais e os interesses das elites capitalistas de todo o dito mundo civilizado.
           É urgente a necessidade de se ampliar os laços do compromisso da boa educação com o humano e o social, para a garantia de sua legitimidade. Não podendo mais ser uma ação fechada num processo mecanicista que a molda, inexoravelmente, para legitimar a acumulação do capital econômico e cultural, conforme Apple (1989) e para manter os privilégios do capital sobre o trabalho e da técnica sobre a vida. É o contexto das ideologias, que, segundo Chauí (1990), opera, tanto na prática quanto na teoria educativas, e, que, para entendê-lo precisamos de um outro olhar muito mais concreto para dentro da vida das instituições que formatam a educação e fazem-na acontecer. Constatando, assim, o seu esmagador poder de controle sobre as pessoas. O que acontece, não apenas por meio de currículos e conteúdos, mas nas suas múltiplas e dissimuladas formas de ação e de metodologias de ensinar e de aprender, “educando” para comandar e controlar massas sociais inteiras. Mantendo e classificando como normal a exploração de poucos sobre muitos. 
          Precisamos, com urgência, perceber a progressão histórica de nossa formação. E, sem sermos reducionistas, compreender nossas mudanças históricas, crises e associações feitas no conteúdo e nas formas ideológicas; paradigmas, que são, em parte, gerados pelas escolas e por elas, perpetuados, na maioria das vezes, de maneira ingênua, e, até, inconsciente. Assim, de acordo com Santiago (1996) a educação facilita os processos de organização e controle do trabalho na sociedade. Entre eles a separação – e a valorização – entre o trabalho manual e o intelectual. O divórcio entre a concepção e a execução está sempre constituído sob formas complexas e paradoxais na educação, até o presente momento. O que requer medidas corretivas eficientes e mais do que imediatas.
           As escolas parecem fazer uma série de coisas, mas, na verdade, elas são órgãos reprodutivos, na medida em que ajudam a selecionar e a titular a força de trabalho. E elas, sem que percebam, fazem mais do que isto. Ajudam a manter os privilégios por meios culturais, ao tomar a forma e o conteúdo da cultura e do conhecimento dos grupos poderosos e defini-los como um conhecimento legitimo, a ser preservado e transmitido a todos. E o fazem com a muita eficiência – o maior cinismo – nos métodos que dissimulam. Elas são, também, agentes no processo de criação e recriação de uma cultura dominante eficaz. Ensinam normas, valores, definições e uma cultura que contribuem para a hegemonia ideológica dos grupos dominantes. O que tem, inclusive, levado a vida a padrões quase que insustentáveis. Gerando miséria, fome, desemprego, degradação ecológica, violências, crimes, corrupção, etc.
           A educação, por seus instrumentos, pode, assim, atuar como uma legitimadora importante da ordem social existente. Pois, a sua vida cotidiana reforça aqueles valores meritocráticos que justificam a distribuição de recompensas diferenciadas e a separação entre bem-sucedidos e fracassados. Propiciando, assim, lições diárias de desigualdades e injustiças enormes. As práticas pedagógicas e curriculares usadas para organizar as suas rotinas são responsáveis, em grande parte, pelos fenômenos que fazem com que os estudantes internalizarem o fracasso, transformando-os em desajustados, conforme lembra-nos, belamente, em sua conspiração aquariana, Ferguson (2010). Reconduzindo, finalmente, a trajetória da exploração fácil, e, com ela, toda uma crise de valores, em que nos achamos mergulhados. A escola ajuda a retirar a consciência crítica. Bem ao contrário do que pensa fazer e o que tem amplamente divulgado.
           Enfim, a escola, como aparelho ideológico a serviço do Estado opressor, exerce uma função que produz agentes e valores, disposições e ideologias “apropriadas”. Transmitidos por formas ocultas – ou paradigmas – para responder aos interesses de uma sociedade e de uma economia iníquas. E, em seu currículo oculto, ela tenta ensinar aos seus alunos normas e valores que estão articulados com uma imposição particular de passividade, servidão, obediência e outros princípios de raiz de poder e de economia. A verdadeira tarefa dos alunos é a de sobreviver até que o sinal soe (Toffler, 1980).
           A análise deste conjunto de coisas pode nos fornecer pistas que nos ajudam a avançar, tanto nas funções sociais da educação e da escola, quanto nos valores por elas promovidos. O seu único, ou, pelo menos, o seu maior problema, é o ideológico. Sendo esta, uma grande questão de paradigma. E, somente, tendo uma visão muito mais refinada do que realmente as escolas fazem, na teoria, na prática, nas suas políticas e diretrizes, é que poderemos a começar a lidar com a série de mudanças que estão sendo aqui propostas. Precisamos entrar na escola e observar tudo isto de frente, sem medo, ou restrições. Analisando o funcional, o político, sua filosofia, seu interesse. Devemos descobrir que significados, normas e valores os estudantes, professores, técnicos, auxiliares, diretores e todas as pessoas, realmente, nelas experienciam.
           Apenas pesquisando esta série de fatos é que poderemos começar a agir. E, para isto, falta muito para formatarmos a nossa visão e a nossa consciência. Por enquanto, somos uma massa humana ingênua demais neste sentido (Costa Neto, 2009).
          Não é necessário grande esforço para observar que a educação em geral e a escola, em particular não avançaram. Não evoluíram tanto quanto as demais áreas da atividade humana. E o pouco modificado, o conservador cotidiano da escola, ainda é o mesmo de muitas décadas, séculos, talvez milênios, se relativizarmos o entendimento de tal denominação (Migliori, 1993).           
          Entendemos que as atuais dimensões da sociedade requerem, também, uma filosofia diferenciada de educação e uma outra proposta de escola. Que estabeleça novas relações entre professores e alunos e uma concepção diversificada de conteúdos, ciências, conhecimento e aprendizagem. Em essência, a escola não evolui. Ela foi feita para isto: a estagnação, a segregação. Legitimando no seu cotidiano, as injustiças sociais mais grotescas. Deste modo, as escolas, assim como estão, constituem um mal ou um bem?
           Aí temos uma boa reflexão. Elas mais atrapalham do que ajudam na tão esperada evolução da sociedade. Pois, refinam e eternizam dissimuladamente, a ganância, a exploração, a desordem. E disto, nós educadores deveríamos nos envergonhar. Mas, ainda não tomamos nem conhecimento de tal realidade. Trata-se de um problema paradigmático. Ao mesmo tempo, metodológico, filosófico, político, operacional, ou seja, um problema que envolve todos os aspectos. 
          E, conforme o percebemos, a partir dos seus pressupostos ideológicos. A questão é ampla e difícil, envolvendo teoria, prática e práxis. O que está muito além da mera aparência. Trazendo constatações filosóficas, éticas, políticas, sociais, além, é claro, daquelas marcadamente, econômicas. Sendo esta a complexidade que denominamos de paradigma, e, para tanto é que aqui buscamos e propomos novos caminhos, outras alternativas. Tais problemas tomam dimensão de desafio na superação do dilema: como formar pessoas que pensem que participem, que argumentem, que construam a realidade com a qual sonham e, ao mesmo tempo sejam servis, obedientes e serviçais à causa dos comandos hegemônicos que aí estão?
           Aí passamos por um momento crítico em que se vislumbra a profunda necessidade de reorganização dos conhecimentos, com uma outra dimensão bem mais complexa, buscando, assim, um Paradigma Novo. As pesquisas e o bom-senso têm demonstrado que os investimentos que precisam ser feitos são aqueles marcadamente afetivos, humanos e emocionais. Mas, por sua vez, calcados na consciência político-ideológica do que, como e para que fazer em educação. Remodelando as práticas pedagógicas e curriculares em todo o seu âmbito.
           É preciso que tenhamos consciência do para que e para quem; contra o que e contra quem podemos estar trabalhando. Vivemos, ainda, sob um emaranhado técnico, metodológico e operacional que já deu suas contribuições possíveis. Sendo fundamentado para ser posto em prática nas dimensões e momentos históricos já vencidos e superados. É, portanto, necessário mudar. Revolucionar, quebrar o arraigado senso comum. Adotando, por fim, um novo paradigma melhor e mais crítico, aberto, dinâmico, humano, sistêmico, flexível. Que busque, por si, a felicidade de todas as pessoas. Sem o quê, podemos estar fazendo tudo, menos, educação.
           E os avanços do nosso tempo não mais permitem aos educadores tamanhas omissão e covardia. O modelo educacional que temos não serve às dimensões das transcendências milenar e secular em que estamos vivendo. É preciso reverter a ordem e os valores. Os princípios que se mostraram eficazes até agora, estão dando sinais da mais absoluta superação. A centralização do poder, o raciocínio linear, a manutenção dos privilégios de poucos, a partir das concepções normativas de uma competição arraigada e inconsciente precisam ser suplantados em todos os setores da ação humana, sendo, na educação é que o passo inicial deve ser dado (Chomsky, 1995).
           O aluno que aprende construindo, aprende a construir. E, assim, reivindicar, questionar, criticar, mudar. Constituir seus sonhos e desejos. Tornando-se agente de sua história pessoal e social. A energia planetária clama pelo equilíbrio na distribuição dos bens, dos direitos e do resgate da qualidade de vida de todos. E, embora as elites sequiosas por ter e pelo comando, ainda teimam em aperfeiçoar seus estilos de competir e ganhar sempre: daí a imposição de fórmulas educacionais nocivas, inumanas e ainda hoje, mantidas. Enquanto que o instrumento preciso e inadiável é a cooperação entre todos e por todos. Numa abordagem muito mais ampla, complexa, coerente.
           É, encima de tais proposições, que devemos nos debruçar com a máxima urgência. Existe aí uma linha tênue e invisível que define ideologia, educação e a constituição da chamada nova ordem mundial em seus valores teóricos e práticos. É o que nos diz Bordenave (1972). Conduzindo, assim, as condições de vida das pessoas. O que só pode fazer perpetuar a exploração, a fome, a miséria, contra a vida e a natureza, em síntese, o caos. Ensinar e aprender são princípios e definições marcantes e definitivas neste grande processo. O que fica, patentemente, demonstrado nas inúmeras pesquisas que são feitas por estudiosos e instituições mundialmente respeitáveis, como podemos constatar a qualquer momento. O que nos dá a certeza de que a forma de se educar é ponto fundamental na definição dos rumos e do destino do planeta. Pois atua, por si mesma, na definição da personalidade dos seres que nele vivem e que conduzem a sua história pela ação, a destruição, ou mesmo, se omitindo em fazê-lo.
           E tudo isto é o resultado de como cada um se educa. E que depois, alia-se à corrente humana, em princípio, amorfa, mas na verdade, é a diretamente responsável por tudo o que acontece. E esta é uma matemática simples de se entender. Mas, para tanto, havemos de deseja-lo profundamente. Mas, pelo que nos parece, ainda não é o caso. A maioria dos educadores não acordou para isto. E os poucos despertos não estão, nem estarão, nem a curto, nem a médio prazos, suficientemente preparados, tal a gravidade da situação com que lidamos. O paradigma da elaboração unificada de políticas, diretrizes, administração educacional, práticas educativas e curriculares, sendo tudo definido e construído por todos é o caminho possível para a busca da solução para os problemas da educação formal das pessoas e da vida no cotidiano das escolas.
          A saída é pela construção coletiva de todos os processos educativos em todos os momentos e lugares sociais distintos. Falamos aqui de educação para abrir, e, não, para filtrar e manipular consciências, criticidades e possibilidades outras de intervenção no mundo. Portanto, conforme nos lembra Freire (1992), os princípios norteadores de conhecimentos interessantes e interativos ao contexto vivencial de quem ensina e de quem aprende validam esta experiência. O uso de metodologias promocionais e assertivas complementa a caminhada. Avaliação e promoção para construir seres humanos mais inteiros, mais abertos, mais críticos, perspicazes, vivos e felizes, são talvez as conquistas mais urgentes, importantes e necessárias que devamos fazer em educação.
           E então, partirmos para os embates mercadológicos, econômicos e trabalhistas, cuja importância, é claro, não podemos negar. Mas, tais elos se articularão harmoniosamente, respeitando a inteligência e as formas naturais de aprender e de se educar das pessoas, sem desrespeitar as suas contingências inconscientes e intelectivas, de forma tão brutal, como a educação – especialmente, a capitalista – tem feito, aliás, com invejável competência.       Devemos trabalhar para isto, sim, mas, somente, a partir da construção de personalidades mais inteiras, íntegras, humanas, competentes e solidárias frente às exigências do momento histórico em que vivemos e suas perspectivas futuras.
           Este é, a meu ver, o grande objetivo, a grande meta da educação com a qual, sonhamos. Dizemos que fazemos, mas, negamos tudo nas nossas práticas e táticas. Na medida em que “estrupramos de forma cruel “ nossas cabecinhas inocentes, no ímpeto de prepará-las para o mesmo mercado que renega as suas vidas, as consome, enquanto mata a criatividade, o senso crítico, o lúdico, o sentimento, enfim, o ser político. Ao longo de seu processo histórico, a educação, por meio de suas instituições, mecanismos, recursos e legislação tem primado pelo exercício exclusivo da qualidade formal – e esta, nós não podemos negar, pois ela aí está a olhos vistos, por meio da ordem, da disciplina, da limpeza das instalações, das filas impecáveis, no cumprimento dos horários, nos diários de classe sem nenhuma rasura. O que, na verdade, traduz a qualidade do se diz que faz. Mas falta a essência, a qualidade política, aquela que define os porquês, para que, para quem e contra quem se faz. 
          A educação formal serve, tão somente, para legitimar e camuflar a opressão do Estado: alienar as pessoas e adequá-las aos regimes, domínios e imposições. Em síntese, escola e educação congregam a escravidão moderna, a escravidão de acrílico de que nos fala Chauí (1997), quando cita o seu refinamento por meio dos controles dos mercados dos tempos de hoje. Por outro lado, existe uma certa cegueira conceitual e prática por parte de seus agentes e usuários que se mantiveram meio que conformados e satisfeitos com seus processos, por séculos a fio, sem entenderem os seus revezes. E isto, pelo menos, historicamente, deve chegar ao fim com o advento do terceiro milênio, a chamada era do conhecimento.
           A qualidade formal deverá associar-se à qualidade política, em que aparência e essência deverão ser circunstâncias conjugadas, tanto na teoria, quanto na prática. Levando, portanto, à práxis desejada e necessária para que a vida persista. Não haverá mais espaços para apenas se dizer que faz, como se aprazem até hoje, os educadores cínicos e céticos. Os negocistas que transformam a educação em mercadoria vendida diretamente nas instituições particulares, ou, pior ainda, paga com o suado dinheiro dos tributos e impostos saqueados do cidadão que trabalha, no caso das escolas públicas de todos os níveis. Não basta mais o discurso da escola transformadora e cidadã. Ela terá que, para isto, colaborar, de fato, para a transformação da cidadania, em termos qualitativamente, aceitáveis: trabalhando para todos e, não, apenas para aqueles que comandam os regimes, usando, desta forma de subterfúgios, métodos e teorias absolutamente enganadoras. O que eu diria, cometendo algo maior que um crime, o que não se descreve dentro da nossa legislação fraca, ultrapassada e, eminentemente, pequeno-burguesa.
           E isto prescinde de mudança, de planificação dos novos paradigmas. E aqui apresentamos uma das muitas propostas, das infinitas linhas de pensamento que existem. Durante todo o tempo a educação se firmou em bases, essencialmente, elitistas e impositoras. A bem da verdade, a educação formal existe para inculcar em todos as ideias e interesses dos poucos que comandam os ditames da vida; o que deverá sofrer uma transformação radical em todas as instâncias. E, portanto, os modelos de escola e de educação que temos, já não servem mais.
           A escola deverá atuar mais pró (como diz que faz), e, não contra (como faz) aos seus servidores, classe trabalhadora e seus usuários gerais diretos (alunos) e indiretos (comunidade e classes sociais diversas a que julga servir). E não, ao contrário, como se repete na história e no tempo de todos os homens e mulheres. A escola e a educação deverão se ocupar em transmitir e produzir conhecimentos e saberes que sirvam, de fato, a cada indivíduo e a todas as instâncias. É de que nos fala Brandão (1980) quando retrata que elas se ocupam de instrumentalizar uns a serviço de outros. Culminando na perpetuação dos regimes impostos por sistemas e realidades que queremos transformar. E afirma ainda que ao contrário, a educação exerce sua ação numa sistemática absolutamente antagônica: perpetuando, exatamente, o que deseja mudar, daí o caos.
           Chegamos a um tempo em que a educação e a escola precisam deixar de ser cínicas e imaturas em relação ao que fazem, o que, na verdade, dificulta e inibe os resultados que se esperam. Enquanto os educadores, “altamente preparados” continuam como crianças tontas fazendo a mesma coisa e esperando que tudo seja diferente. Nossa concepção consiste em partirmos do caos para revigorarmos políticas, diretrizes e propostas na operacionalização de um novo fazer pedagógico. Mas, sim, de forma radicalmente nova, diferente, não só no discurso. Pois, disto, já estamos todos muito mais que exaustos. Mas, culminando numa práxis diferenciada. Restaurando a qualidade de vida em termos concretos. Sem o quê, não estamos, em absoluto, educando ninguém. Por ora, a educação se mantém por detrás de um discurso escorregadio que tenta – mas nem sempre consegue – ocultar as raízes de sua própria crise.
           Enquanto isto, o caos se perpetua e se agiganta. É preciso, portanto, transcender a tudo isto e se começar a educar sobre novas bases. Concretizando outra realidade, um novo poder, novas relações, solidificando e solidarizando o viver com dignidade. Ajudando a restaurar, de fato, a melhoria contínua da qualidade de vida humana em sociedade (Mafesoli, 1997). 
           Ensinar e aprender os saberes necessários a uma vida, substancialmente, melhor. Criando e implementando, técnicas, métodos, objetivos e gestão que facilitem a esta modalidade histórica do que seja educar as pessoas. Tornando transparentes e vivas tais razões e momentos. Reconduzindo a humanidade em função dos novos tempos e das exigências vivenciais de um mundo, a cada dia, mais caótico, tumultuado, o que, toda educação não pode se dar ao luxo de ignorar. É preciso transcender, iluminar e conduzir para esta prática que valorize a vida e contribua para que se extermine as diversas formas de exploração. Construindo reais companheirismos; verdades para além da ciência fria e estereotipada por uma certa ordem que não serve mais a ninguém. Sendo compulsória a necessidade de transformação.
             A saída do modelo cartesiano de pensar e de fazer educação, para uma proposta aberta, sistêmica, proporcional, integrativa, harmoniosa, lúdica, feliz requer uma atitude revolucionária – sem o pavor desta palavra que, geralmente, temos, pela nossa pequenez e covardia – de todos os que, direta ou indiretamente, atuam neste processo. Necessária se faz a percepção de pequenas coisas, enfim, sutilezas do cotidiano da escola e a brutal crueldade – concreta, simbólica, psicológica ou política – de certas exigências, normas e regras. Mais uma vez refletir sobre a essência e da necessidade de trazê-la à tona, fazendo-se presente e real, e, não, como mera circunstância que, se por acaso ocorre, é, sem dúvida, para a insatisfação de muitos, tal o nosso atraso conceitual e prático neste sentido. Só assim é que estaremos começando a pensar na verdadeira educação para concretizá-la por inteiro. Sem os paradoxos neutralizadores que veem eternizando suas crises e o seu fracasso desgastante (Habermas, 1990).
           O educar passa, assim, a ser e ter uma função da maior importância para o presente e o futuro da humanidade, em seu caráter formal ou informal. Sendo mais do que a simples materialização de relações humanas em contínua evolução. Fazendo transcender valores e culturas outras, enfim, modificando as pessoas e suas mentes no sentido de melhorá-las, na medida em que passam a entender a fundo o real concreto que as cerca, isto, em todas as dimensões. Aí sim, começamos a falar de educação. E não, da mera instrução funcional e comprometida com a ideologia de poder no exato sentido de mantê-la e ampliá-la. Que é, sim, o que as escolas têm feito, deixando, marcadamente, uma horrenda defasagem histórica, na medida em que seus agentes são desconhecedores de tal fenômeno.
           Sendo apenas isto o que precisa e deve ser superado, e, todo esforço feito neste sentido ainda será pouco. É necessário compreender que como seres vivos – mamíferos e de sangue quente como tem sido feitas as modernas conquistas da antropologia – nós competimos sempre uns com os outros. Seja, consciente ou inconscientemente. O que, pela educação e por meio de sua instituição oficial, a escola, o fazemos de forma implícita e politicamente dissimulada, sem que entendamos tais minúcias.
           A formação dos educadores quer nas licenciaturas ou pedagogias – diria eu que nestas, até especialmente – encarrega-se de criar este muro divisor entre uma coisa e a outra. O que é feito com espetacular categoria e de maneira muito eficiente, nas faculdades de educação alheias ao processo de evolução histórica da mesma sociedade. Licenciados e pedagogos tornam-se verdadeiros analfabetos neste sentido, à medida que se enchem de técnicas e teorias que são manipuladas como recheios mentais para isto. E se não vencermos esta batalha estaremos esmurrando o vazio quando falamos em busca de solução para os problemas educacionais de hoje, basicamente, em todo o mundo.
             Sei que muitos educadores ao lerem estas linhas sentirão o tradicional arrepio na espinha. Terão nojo, asco e até vomitarão de repugnância. É que os trabalhadores funcionais da educação têm sempre, diante desta verdade, a mesma reação dos vampiros que, nas ficções de terror, se veem diante da cruz. Mas não sabem que tudo faz parte dos prenúncios ideológicos de um mundo burguês, centralizador, repressor e periférico que insiste em continuar vivendo dando a poucos o poder de explorar e confundir muitos. Assim, como nas nossas tradicionais salas de aula, por exemplo. É só uma questão de arregalar criticamente os olhos para enxergarmos. Qual seria, pergunto, o sentido real de grande parte dos conteúdos que ensinamos? Por que se muitos alunos não respondem, nas provas ou lições diárias, o que quer, pensa ou dita um único professor é a maioria que é punida, rechaçada, reprovada, expulsa? Por que as salas de aula são classificatórias, com primeiros, segundos e últimos? Não estariam aí ocultas lições de desigualdades que se reproduzem do lado de fora da escola, ou seja, no real concreto da vida de todos nós?
           Mas ouse discutir isto com professores ou pedagogos. Leve, se tiver coragem tais questões para os encontros, os congressos de educação, as reuniões pedagógicas, ou até mesmo para os sindicatos da classe. Certamente, quem fizer isto – como eu agora – terá motivos de sobra para chorar, se arrepender. Se amargar na solidão e ser excluído dos ditos ambientes educacionais caóticos, confusos e perdidos nos becos da história. É que os educadores – especialmente, os cristãos – como diz-nos Russel (1972) não se cansam de crucificar e destruir seu mito maior para depois santifica-lo em templos, para se passarem por seus bons filhos, os benfeitores das almas, os salvadores dos homens e do mundo. Já deveriam fazer parte do passado os tempos em que a educação e o ensino poderiam ser caracterizados como espécies de “camisas de força”. Atuando num processo de contínua manipulação, neutralizando, politicamente, vontades e desejos.
           Deveriam, tais processos, ser, hoje, personalizados, lúdicos, transcenderem felicidades, sendo, politicamente, assertivos. Ou seja, realizados em favor de todos e para o proveito real da humanidade, o que requer uma profunda reversão do que é feito. E não, de meros aprimoramentos. Mentiras técnicas que são contadas com rigores e metáforas que levam-nos a acreditar nelas, repetindo, viciosamente, os mesmos ciclos amargos dos destinos da história das civilizações, infelizmente.
           Deveriam já estar fundamentados na felicidade, na alegria, no prazer de se contribuir, de fato, na construção da própria história. Para dela se usufruir vivendo de forma próspera, bela, confortável, e, principalmente, solidária. Assim, poderíamos, então, começar a pensar e a fazer acontecer, saberes, métodos, técnicas, formas de avaliação, gestão escolar que possam convergir, de fato, para um, ainda utópico processo educativo: o de buscar e contribuir para que germine dentro de cada pessoa todo o seu teor evolutivo, tornando-a capaz de uma reflexão e ação conscientes que fluam a serviço do todo e de todos, fazendo melhor o mundo que nos cerca por meio de nossas melhorias próprias. Afinal, educar não é só enfiar na cabeça das pessoas as letras, os fragmentos das artes, da história. Fazer reproduzir sílabas e números, agrupá-los e sistematiza-los. Isto é, miseravelmente, pouco frente a complexidade do ser humano. O que a absoluta maioria dos educadores está muito longe de desconfiar, muito menos, de conhecer.
           Tudo isto consiste num desafio interminável. Que é marca de conflito, de luta, de transformações radicais, em síntese, de adoção dos tão discutidos novos paradigmas. O que significa na prática, ao menos buscar, por meio do exercício educativo formar indivíduos inteiros e contextualizados à dinâmica do mundo. Relativizando as condições, evidentemente, cronológicas, históricas e sociais de cada indivíduo. Daí a complexidade, a diferença, a personalização que, arduamente, defendemos e que devem estar presentes em todos os momentos do processo. Se tal meta não for cumprida, a educação não existe é neutra. Uma ação social nula, vazia, dispensável, e, por isso mesmo, desvalorizada, inclusive, profissionalmente. Tornando comum e normal em termos macro, as contingências e problemas salariais e trabalhistas, cujas discussões ocupam todo o espaço de tais categorias. Mas elas deveriam, antes, corrigir suas falhas gritantes, gravíssimas e, historicamente, acumuladas.
           A educação e os educadores precisam deixar de formar, ridiculamente, as elites capitalistas exclusivistas e os ingênuos servidores destas; portadores de uma moral escrava, sem precedentes e descabida nos tempos de hoje. A palavra de ordem em educação é, por ora, a busca do equilíbrio entre os polos articuladores das várias realidades vivenciais que integram seus muitos aspectos: individuais, sociais, culturais, políticos, ecológicos, dentre outros. E fazê-lo para todos. Buscando cumprir a pluralidade democrática tão antiga no discurso, mas ainda por vir no real concreto da vida das pessoas.
           Cabe à educação desenvolver mentes em evolução tão complexas, saindo, portanto, da vergonhosa mediocridade que ainda pratica. Pensando, sistematicamente, a educação, não há como diferenciar, de forma mais ampla, programas, ações e currículo. Pois, tudo se define por uma axiomática comum e transdisciplinar entre políticas, diretrizes, filosofia, planejamento e ação; tudo num só bloco, como partes que harmônica, e, ativamente, se complementam. Assim como deveriam ser as mudanças educacionais, não podendo, na verdade, ser operadas de forma estanque e, nem mesmo, gradual, mas simultânea: gerando choques, sustos, provocando o que poderíamos chamar de revolução cultural (Postman, 1986).
           Neste prisma, entendemos que ciência, educação, óticas novas, tecnologias diversificadas, modernidades outras e tudo o mais que se insere neste contexto caminham para a unidade em busca da perpetuação da vida. Redefinindo os valores necessários e tornando mais translúcidas as soluções para os problemas comuns existentes. Para o que, faz-se necessário colocar um fim definitivo nos comodismos e nas subserviências por meio de ações mais conscientes. Afinal, acredita-se que nós, educadores, somos, até por força de lei, suficientemente, preparados para tal. Formamos uma legião de intelectuais, de graduados para o exercício de tão nobre função. Devemos, então, agir como requerem a dinâmica do mundo atual e as perspectivas do terceiro milênio, da era do conhecimento, dos valores, da pluralidade, da decência, das conquistas dos direitos humanos, tão em moda como nunca estiveram.
          Tudo no mundo civilizado acontece a partir dos rumos e comprometimentos ideológicos, no sentido de se mostrar como justas e normais todas as formas de exploração, o uso abusivo do poder, a concentração da riqueza e dos privilégios nas mãos de poucos. O que se torna impossível, sem o uso, o abuso e a exploração de muitos; sobretudo, da classe trabalhadora, dos mais humildes, ingênuos e carentes. É assim que se dão as fábricas das leis, dos registros, domínios, estatutos, contratos. É a forma como se constitui a comunicação, a religião, a crença, os valores, a família, as organizações, enfim, tudo.
            Conduzem-se as relações humanas para justificar, o bem-estar, o poder, o status quo dos que dominam o mundo. Na educação não é só assim, como dela é que emanam todos os demais processos para a definição de como se legaliza e se coloca em prática a vida, seus encantos, misérias, dores, conflitos, enfim, todo o cotidiano. Tudo respira ideologia com base no comprometimento com as elites, com o poder. E, claro, a educação, a escola são os elos onde tudo isto se define. Portanto, elas trabalham contra a vida e a favor do poder. Contra o ser humano e em benefício do capital, seus construtos e benesses.
           Escola e educação atuam contra quem pensa contribuir, para o quê, inclusive, manipula e justifica o uso de técnicas, métodos, programas e ações, que se fundamentam no blefe, no engano, na mentira. Elas fundamentam e ajustam o ser humano para a legitimação do caos. Pois, ele, sendo eterno, se perpetuam benesses e privilégios, para quem, supostamente, se protege e se mantém, ainda que temporariamente, fora da sua esfera. Nós, educadores, ao contrário do que acreditamos, somos, mesmo, os algozes do mundo. Os dificultadores da vida, legitimadores da dor e do conflito que tanto padece a humanidade desesperada e pedindo por socorro. Saber e acreditar nisto é só o início do diagnóstico, que, embora nefasto é bem mais que necessário como ponto de partida para a recondução da história da educação rumo ao que acreditamos  buscar.
           Mas ainda falta muito, talvez tudo. Arregacemos, portanto, as mangas. Respiremos fundo e partamos juntos para o passo inicial. Pois, temos pela frente, uma caminhada bem longa, talvez suada e com muitos sacríficos, os quais, a maioria de nós poderá não resistir ou acreditar na sua necessidade. E não podemos de nenhuma maneira, continuarmos assim, tão ingênuos e inocentes úteis à desgraça da vida. 
          Mas este precioso embate será repleto de bênçãos. E nos conduzirá rumo à luz que alimentará nossos corpos e nossas almas. Dando-nos o melhor de todos os presentes que como bons educadores, passaremos a merecer: a consciência tranquila do dever cumprido. E a certeza de sermos atores na construção da história humana que, embora não saibamos, mas ainda nos mantemos na contramão dos fatos. Coibindo, talvez para sempre a cidadania, a dignidade humana que julgamos construir.

 Referências Bibliográficas:

 APPLE, Michel. Educação e poder. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.
 BORDENAVE, Juan Diaz. O que é comunicação. São Paulo: Brasiliense, 1972.
 BRANDÃO, Carlos Rodrigues. A questão política da educação popular (coletânea). São Paulo: Brasiliense, 1980. 
CHAUÍ, Marilena. Cultura e democracia: o discurso competente e outras falas. São Paulo: Cortez, 1997.
 CHOMSKY, Noam. A velha e a nova ordem mundiais. São Paulo: Scritta, 1995. 
COSTA NETO, Antonio da. Escolas & Hospícios: ensaio sobre a educação e a construção da loucura. Goiânia: Kelps, 2009. FERGUSON, Marilyn. A conspiração aquariana: transformações pessoais e institucionais para o Séc. XXI. Rio de Janeiro: Record, 2010.
 FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 1992. GADOTTI, Moacir. Concepção dialética da educação: um estudo introdutório. São Paulo: Cortez, 1997.
 HABERMAS, Juergen. O discurso filosófico da modernidade. Lisboa: D. Quixote, 1990.
 LEMINSKI, Paulo. O que fazem a educação e as escolas na intermediação de um mundo em conflito. Coluna dominical da Folha de São Paulo, agosto de 1975.
 MAFESOLI, Michel. A conquista do presente. Rio de Janeiro: Rocco, 1997.
 MIGLIORI, Regina. Paradigmas e educação: uma visão de futuro. São Paulo: Gráfica e Editora Aquariana, 1993. 
POSTMAN, Neil. O ensino como ação subversiva. S. Paulo: Mc Graw Hill do Brasil, 1986.
 RUSSEL, Bertrand. Porque não sou cristão. Rio de Janeiro: Sextante, 1972. 
SANTIAGO, Théo. Descolonização. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1996.
 TOFFLER, Alvin. A terceira onda. Rio de Janeiro: Record, 1980.