domingo, 16 de maio de 2010

CIBERNÉTICA SOCIAL: UMA ESPÉCIE DE ÓPERA BUFA NO DESENVOLVIMENTO DAS PESSOAS


Antonio da Costa Neto

Segundo minha querida e inquieta amiga, Eliane Marquez, com seu comentário apimentado entre dentes de pérolas, ópera bufa é aquela coisa bem vulgar, de gosto estético duvidoso, que mistura sons e trejeitos e acaba por defasar por completo o sentido estético, artístico e cultural do espetáculo. Pode até agradar a alguns dos sentidos do expectador, mas falha por completo no todo colocando por terra possíveis valores sobre o que ocorre. Gostei da expressão, que não me interessa saber se foi ou não talhada por ela, e a uso aqui, para expressar esta coisa que sinto sobre a Cibernética Social e os maneirismos maquiavélicos de seus divulgadores no mundo. Se você leitor, tiver algum contato com a sua teoria, siga os meus dois conselhos: a) Aproveite-a, ela é maravilhosa, eu faço isto desde sempre. b) Fuja com força das pessoas envolvidas, cuja peçonha, disfarçada na ópera bufa do charme poderá fazer de você uma vitima que sofrerá seus revezes para o resto da vida.
Nosso mundo está realmente perdido. E pior: aqueles que têm alguma ideia, projeto, teoria na cabeça que possa ajudar em alguma coisa, infelizmente, não podem fazer nada, e, muito menos, para onde ir. As pessoas são fúteis demais. Competitivas ao extremo e com muito medo de serem felizes e muito mais ainda, de que o outro seja feliz. Isto em todas as dimensões, em todas as áreas de ação ou perspectivas de que algo possa acontecer.

Sempre vi, neste sentido, a Cibernética Social e Proporcionalismo, uma linha de pensamento que é um absoluto show e a sua equipe de pensadores como a saída possível. Isto até endender que ali também tudo é ridiculamente igual aos piores dos ambientes, organizações, grupos, pessoas, etc. O mundo é mau em todas as instâncias, inclusive naquelas onde o que menos se espera é este tipo de omissão, de covardia, de mentira deslavadas sob o discurso bonito e os cursos ministrados sob os poços de vaidade intelectual que tudo anula. É omisso, prepotente, agressivo, criminoso. Onde quer que pisemos iremos sofrer revezes, retaliações, sofrimentos. Mas o que mais dói é saber que, mesmo no meio em que as pessoas ensinam o amor, a interrelação humana, a auto-ajuda, a compreensão, o amor, a não competividade, etc. aí sim é que estas coisas acontecem das formas mais torpes, frias, agressivas, inumanas.

A Cibernética Social, por exemplo, nela se divulga tudo isso com o maior empenho, a maior força, a boa energia, os significados perenes. Qualquer pessoa que, por acaso se adentrar a uma reunião deste grupo irá se encantar com as idéias, os gritos, as lágrimas, a forma afetuosa e enfática em que tais valores são divulgados, numa quase lavagem cerebral para que as pessoas interiorizem tais valores e que são, na verdade, os melhores do mundo.

Mas o que entristece e muito é que a recíproca nunca é verdadeira em ne nhum dos casos. Alí nos ensinam que devemos reivindicar, criticar, buscar a mudança que gera o equilíbrio e que, numa relação quântica, possibilita o crescimento institucional e social e que as pessoas que criam este tipo de conflito, geram o equilíbrio e que são salutares para a evolução cíclica das coisas, dos processos, da realidade, da qualidade de vida de todos. Só que também ali, não se aceitam estas medidas. E querem, que se brigue e se busque lá fora, mas nunca ali.

Fica a questão. Até aceito que os empresários incautos e desinformados neste sentido, usem desta estratégia quando agem com o instinto próprio do ser humano animal, mamífero de sangue quente e competitivo por natureza. Mas, ao mesmo tempo, escandaliza-me quando pessoas que ensinam o contrário, ajam da mesma forma. Isto para mim é um crime. E se os sábios, os cheios das teorias conseguem fazer este tipo de coisa, o que não fariam? Vejo que esta é uma faceta a se debruçar se é que desejamos, de fato, contribuir para a melhoria deste mundo maluco.

Alí ensinam que o cérebro é triádico. Que as pessoas devem ser triádicas: racionais, afetivas e práticas, mas, como no mundo em geral apenas são valorizadas as contribuições lógicas e racionais que fiquem aquem do que definem os grandes sábios, os grandes céticos que ensinam o que é para não ser, para não competir no grupo, para não renovar a energia.

Em síntese, ensinam tudo o que leva a pessoa ao mais profundo dos sofrimentos, mas ninguém estende a mão quando este mesmo sofrimento chega, seguido da angústia, da depressão, da dor. Querem que não sejamos competitivos, mas competem conosco até a alma. Divulgam a auto-ajuda, a crença, os valoes, mas vivem, pelo contrário, no poço da vaidade intelectual, na mentira, no vazio, na barbárie.

A teoria é maravilhosa. Mas o ambiente é carcumido, fundado na mentira, na manipulação, no uso fácil das pessoas. Em síntese, é a formatação de um crime miserável e lento contra as pessoas. Que, no final das contas, são condenadas a estarem sozinhas e lutando no meio de lobos famintos e prontos para rasgá-las a qualquer momento. Mas não se engane. Tudo isto vem sobre a fantasia de sorrisos rasgados, de discursos bonitos e de um falsa coloração dos direitos humanos, do afeto, do carinho, do amor, da compreensão. Uma ópera bufa pautada pelo peso das plumas púrpura-groselha que envolve cinturas e pescoços das personagens principais. O som é dos melhores. Mas a mensagem e a proposta enunciam a morte frígida, o ranger de dentes, o mórbido silêncio sepulcral dos mártires que se vão precocemente e acreditando, coitados, que estão sendo preparados para um mundo melhor.

Cuidado. Cuidado sempre.

2 comentários:

Luiz Algarra disse...

Achei bem interessante sua crítica ao espaço relacional criado para a abordagem da Cinernética Social em grupos. Você poderia me passar algumas referências de Cibernética Social que vc considera válidas? Gostaria de estudar este tema. abs

Antonio Costa Neto disse...

Resp.:
Luiz Algarra:
Não tenho como mandar dados sobre a Cibernética Social pra vc porque não tenho seus contatos. Espero seus dados, como e-mail, fone, etc. Não sei se há como contactar as pessoas pelo blog e pelo seu comentário. Estou tentando por aqui. Fico no aguardo.
Antonio