terça-feira, 2 de agosto de 2011

F E L I C I D A D E - Beatriz dos Reis Carvalho


" - Olha o pinhão quentinho!
Está quentinho!
Olha o pinhão!"

Todos os dias,
à mesma hora da tarde
passa o moleque do pinhão.
Sua voz clara
é tinta de harmonia
na tarde madura.
A meninada da rua
corre em debandada para casa
em busca de uns trocados
para comprar pinhão...
Um dia, morreu a voz
e não se ouve mais o menino
oferecendo sonhos quentes.
- Você pensa que ele morreu?
- Não.
- Você pensa que a mãe dele morreu?
- Não.
- Como ele desapareceu?
- Porque não nasceu mais pinhão...
A felicidade vende pinhão
em nossa porta
e põe seus olhos bem nos nossos
pra dizer:
- Está quentinho!
E depois, como tinta de harmonia
da voz doce do moleque
vai-se embora devagar.
Vai perdendo-se
longe, longe,
e, carregadada de luar...

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