e se dobrava sobre o tanque para lavar a roupa.
Se balançando suada sob o sol causticante das tardes de junho.
E eu, de frente, baldeando a água do poço
pelo sarilho do balde
e ficava olhando aqueles peitos maduros e robustos
como duas cidras enormes no ponto de virarem doce.
Eu parava e ficava estático olhando.
Era impossível não imaginar coisas... e loisas...
Minha tia desconfiava, ria sem graça,
disfaçava e limpava a espuma da mão na vasta saia de azul claro,
com enormes rosas vermelhas, amarelas, botões e folhas verdes.
Ela ia por ali se espreguiçando lentamente
(como quem queria fazer... nada, deixa pra lá!)
e, como eu, imaginando coisas.
Lembro que eu me animava e enchia os tanques,
os baldes, as latas.
O trancelin de ouro, enfeitava os peitos dela
com uma medalha enorme do Sagrado Coração...
Que pecado!...
Minha tia lia Jorge Amado
e queria que eu fosse para o Seminário ser padre.
É, ela sonhava mesmo era em ser uma Tieta,
não do Agreste, mas do sertão goiano.
Minha tia era doida para provocar escândalos.
E ouvia as conversas alheias, atenta.
Com as mãos na cintura
e os olhos enormes feito melancias.
_________
Antonio da Costa Neto
Nenhum comentário:
Postar um comentário