EU, ANTONIO: DE CORPO INTEIRO

Fui recentemente entrevistado pela Revista "Off Set", da cidade de Resende-RJ, por ocasião em que estive na cidade em maio de 2 010, a convite de uma universidade local para um trabalho de consultoria. Apresento aqui a síntese da conversa. Evidentemente, a parte que pode ser publicada. Foi um papo muito agradável e regado a gargalhadas fabulosas. Um texto para os que quiserem me conhecer melhor. Eu, particularmente, gostei muito.

Nome: Antonio da Costa Neto. E detalhe, gosto muito deste nome. Gosto mesmo.

Nasceu quando e onde: Nasci em Silvânia, Estado de Goiás, orgulhosamente. Em 05 de novembro de 1 954, no Hospital Público D. Bosco - o único da cidade. Encontrei, na época o Otacílio Joaquim Batista, o Tacilin, nascido um dia antes. Meus pais, o pedreiro Donato da Costa Campos e a dona de casa Maria Hermógenes da Silva Campos estavam casados havia mais de 9 anos e inauguravam alí a paternidade. Dando a luz a esta preciosidade absolutamente modesta.

Signo do Zodíaco: Escorpião, com ascendente em capricórnio. Meu signo no horóscopo chines é o cavalo de madeira.

E a infância, Antonio: Tive uma infância maravilhosa. Um quintal imenso para brincar, correr, montar circo, apanhar frutas. E nas décadas de 50 e 60, tudo era absolutamente tranquilo e puro. A gente era criado livre e solto, indo para os rios, o mato, as pescarias e tudo transcorria na mais absoluta paz e alegria. Tenho muitas saudades deste tempo.

Seus projetos: Sempre fui um homem cheio de projetos e que começam, é claro, na educação. Certamente, tenho projetos, ideias e propostas para resolver os maiores problemas que assolam a educação e que preocupam pais e professores. Mas como infelizmente os meus projetos esbarram no sonolento "status quo" que o sistema de hoje não quer tocar, eles não deslancham e quase nada acontece. Entendo que para resolvermos estes problemas precisamos mexer profundamente nos processos de poder, dando ao aluno o direito de optar, de escolher e de colocar para fora seus desejos, ansiedades e críticas, tendo vez e voz durante todo o processo, o que os detentores do poder acham um verdadeiro absurdo, por razões óbvias.

Temos que dar poder a quem não tem, distribuir renda aos pobres, modificar os sistemas, mudar os paradigmas, o que é tudo que todos querem, mas, antagonicamente, temem muito que tudo isto aconteça. Da mesma forma, tenho programas e propostas de pesquisas, mostras em gestão pública, empresarial, planejamento, etc. mas que são coisas que prescidem da vontade política, principalmente, das pessoas que decidem, do desejo, do sonho de felicidade, acima de tudo, dos homens e mulheres comuns. Mas tudo isto acontece - se é que acontece - de forma muito lenta.

E, mesmo assim, não pretendo me vender ou mudar o pensamento só para agradar céticos e poderosos. Sou assim e pretendo viver e morrer assim. Apenas fazendo o que considero justo e certo para a felicidade de todos, embora não satisfaça ao poder e aos poderosos. Mas não vim ao mundo para isto. Vim para lutar pelo que considero como justo e o melhor para todos.

Paixões: Meu cunhado Paulo, meu cachorro Ébano e minha casa em Olhos d'Água - não necessariamente nesta ordem. E mais: meus sobrinhos e sobrinhos-netos: João Vítor, Matheus, Ana Clara, João Paulo, Pedro Henrique, Dudu, Geovana, Ana Laura, Ana Luiza, os gêmeos Renan e Bruno, Arthur Henrique, Mariana, Helton Donato, Igor, Isabelle. Minhas irmãs: Lúcia, Cida, Maira e Ione. E ainda, os cachorros : Princesa e Baninho, absolutaente delicosos.

O que gosta de fazer: Dar aulas, ir para Olhos d'Água, pintar quadros, fazer decoupage, cuidar de plantas, tomar banho de rio, ir a botecos à noite.

Prato preferido: Comida japonesa, sem dúvida.

Cantor: Caetano Veloso.

Cantora: Elis Regina.

Música: Sampa, de Caetano Veloso, muito linda, completa e complexa.

Atriz: Vou citar duas: minha deusa, Marília Pera e Drica Moraes, ela é o máximo.

Ator: Selton Mello.

Escritores: José Saramago e Gabriel Garcia Marquez.

Escritoras: Clarisse Lispector e Adélia Prado.

Livro(s) de preferência: O ponto de mutação: a ciência, a sociedade e a cultura emergente, de Fritjof Capra, físico austríaco radicado nos USA e A conspiração aquariana: transformações pessoais e institucionais no Séc. XXI, de Marilyn Ferguson, jornalista norte-americana.

Por mais que eu viva e leia não consigo superar estas duas obras que mexeram muito com a minha cabeça. Considero que são livros que todas as pessoas deveriam ler, para assim, transformarmos o mundo para o bem. Se eu fosse, um dia, Ministro da Educação, daria um jeito de fazer com que todos os estudantes de curso superior, e, lógico, todos os professores lessem e interpretassem estas obras. Com certeza, teríamos um impacto grande e imediato na melhoria profunda da educação e da qualidade de vida de todos os brasileiros, pelo menos.

Dois homens bonitos: Claudio Lins e Jean Willys.

Duas mulheres bonitas: Gisele Bündchen e Maitê Proença.

Pessoa elegante: Constanza Pascolato ( afinal, ser elegante nada mais é do que ter estilo. E isto, ela tem de sobra).

Valor primordial do homem: Caráter e sensibilidade, não necessariamente, nesta ordem.

Valor primordial da mulher: Sensibilidade e caráter, não necessaciriamente nesta ordem.

Pessoas inteligentes: Fernanda Yung, Jô Soares, Márcia Tiburi, Wilheim Reich, Patrícia Travassos, Maitê Proença e, modestamente, eu...

Opinião sobre a humanidade: Sou louco pela humanidade e faço tudo o que posso ela. Dedico minha vida e tudo o que faço pelo ser humano, mas, consciente ou inconscientemente, ele se nega a evoluir. Pra mim, a humanidade é cética, sínica e muito burra, coitada. E, por isso mesmo, precisa de todos os cuidados do mundo.

Sua maior qualidade: A criatividade.

Seu maior defeito: A impaciência.

Defina-se em poucas palavras: Me considero um "alt sider". Gosto muito de ser bem simples, diferente. Educador, artista, sensível, inquieto à beça. Sofro muito quando vejo pessoas carentes, crianças com fome, injustiça social e tento dedicar a minha vida para ajudar na solução destes problemas. Mas não se consegue quase nada. É desesperador.

O que mais admira: A poesia, especialmente a de Manoel de Barros. As flores, os animais, sendo cachorros, gatos e galinhas os meus preferidos. Pessoas do interior, rios e cachoeiras. Tia Lili, a pessoa mais deliciosa e o sorriso mais doce do mundo.

Deus: Uma energia central iluminada, indescritível, de onde advém tudo. Em tempo: minha tendência é de não acreditar na figura de Jesus Cristo, especialmente, depois que tornei-me um estudioso de física quântica e da questão dos paradigmas. Pra mim esta história de JC é uma invenção dos esquemas de poder, uma forma de aliciar a exploração capitalista ou socialista do homem pelo homem.

Todo o proselitismo judáico-cristão, os evangelhos, a bíblia, enfim, toda a teologia inventada pelo homem é, no fundo, um instrumento de poder e de facilitar a dominação. Um verdadeiro horror que me apavora. Li outro dia um texto sobre mitos, não me lembro agora de quem. Mas lá, o autor diz algo com que concordo sobre Cristo e outros mitos. Segundo ele, enquanto um ser humano sequer, acreditar neles e de forma tão pia e com tamanha devoção o homem e o mundo não evoluiem para além da tecnologia e da ciência instrumentalista. Concordo desesperadamente com isso, daí a depressão e outros bichos.

Pois não dá para equacionar todas as coisas comuns. Pra mim, J. Cristo é um personagem criado e mantido pelo projeto maquiavélico de exploração do homem pelo homem. Fica mais fácil explorar tendo por pano de fundo o panorama judáico-cristão. Acredito que enquanto uma pessoa sequer acreditar nele, a humanidade não evoluirá um milímetro em termos de valores humanos, infelizmente.

Religião: Não tenho religião, sou agnóstico. Muito espiritualizado, crente e temente a Deus. Acredito na transmutação da vida depois da morte e que, o nosso destino por lá depende, intimamente de tudo o que fizermos aqui e agora. Daí entendo que tenho um projeto lindo de vida e sou uma pessoa muito feliz.

Dinheiro: Só tem duas serventias: gastar e fazer troco. Necessário, mas não fundamental. Basta você cumprir bem a sua missão na vida que ele corre atrás de você, sendo suficiente para a satisfação de suas necessidades e é assim, tudo fica ótimo, não precisamos mais de nenhum tostão.

Amigos: Só tenho dois: o maravilhoso e iluminado Marx, que é o máximo. E Glaucia, a minha querida Gau, a rainha absoluta do meu corpo, coração e alma.

Filosofia de vida: Viver como rico, o que é muito melhor do que ser rico. Mandei colocar na casa da minha mãe - com quem, felizmente, não me dou muito - umas redes na área externa da casa. A melhor coisa do mundo é ficar deitado ali, enquanto as pessoas observam você da rua e pensam que você está na boa de dinheiro. Mas só é bom quando você as engana neste sentido. O mesmo acontece em Olhos d´Água. Uma delícia.

O que me irrita: Burrice e alienação política voluntárias, principalmente, dos educadores, com quem eu sempre trabalho e quase me mata de raiva.

É disto que eu gosto: Dormir até tarde, ler poemas, cachorro, plantas, cachoeira.

Ciência e tecnologia: Deveria ser algo maravilhoso a serviço de solução dos problemas que afligem os seres vivos do mundo, mas infelizmente, tornaram-se ao longo da história, instrumentos para a legitimação ideológica do poder e da riqueza dos mesmos poucos, e, logicamente, pela miséria, a dor e o sofrimento de muitos. Precisam de mudanças radicais e imediatas.

Evolução da humanidade: Coitadinha da humanidade, não evoluiu em nada, pelo menos nos últimos dois mil anos e continua cética, burra, alienada, correndo atrás de copa do mundo e competindo com o que deveria cooperar. Está perdida, perdeu o rumo da história.

Sonho de consumo: Não tenho isto não. Estou muito feliz com o quase nada que possuo e se quiser algo de novo, certamente, darei meu jeito de conseguir. Eu me conheço.

Sonho não realizado: Colocar meus projetos em prática. Tenho ideias, teorias e propostas para solucionar grande parte dos problemas da educação, da gestão pública e da administração, mas como estas ciências e práticas sociais todas, no fundo, são contra a felicidade das pessoas, meus projetos ficam no papel e nas gavetas. Mas sei que daqui há uns 10.000 anos pelo menos eles virarão verdade, quem viver verá.

Se não fosse quem é, quem gostaria de ser: Gal Costa. Porque ela é linda, maravilhosa, uma voz perfeita. Eu amo a Gal e me desespero em saber que "nunca vou ser ela". Esta é a minha única frustração.

Governo Lula: Uma falácia, uma mentira deslavada. Lula não tem competência, este glaumur, este charme político todo. O que ele tem é muita sorte de chegar a ser o líder de um país de tolos, idiotas e desinformados. Votei nele só no primeiro mandato para ver as mudanças que ele prometia e não as maquiagens de qualidade duvidosa que ele fez em tudo. Pra mim este senhor não passa de um elegante cafageste político.

Brasil: Uma maravilha, embora os brasileiros sejam uma legião de bestas. É um país maravilhoso, mas como diz aquela piada que diz que Deus faria um país sem terremotos, sem secas horrendas, etc. mas que colocaria lá um povinho tão bunda que compensaria tudo isto.

Política de modo geral: Uma ciência e uma prática social importantíssima, das quais depende tudo em relação ao que vivemos ou deixamos de viver. Política é algo que todos deveríamos conhecer profundamente e discutir muito.

Política no Brasil: É como ouvi certa vez da Ruth Escobar, em entrevista à Marília Gabriela: "...política no Brasil é um caminhão de lixo."

Uma frase: "Você será o que for capaz de crêr, ousar e criar!..." Esta é uma frase que eu via na TV quando era adolescente, no comercial que anúnciava a abertura do Banco Bamerindus do Brasil S/A (começo da década de 70, por aí).

Uma palavra: Felicidade.

Um número: 508.

Enfim, para concluir: Quero continuar lutando, escrevendo, pesquisando, ensinando, pintando quadros, publicando livros de contos, teorias e poemas, embora, para isto, tenha que matar três leões por dia. Tudo vai contra aos que têm projetos para contribuir, de alguma forma com a conquista da felicidade e da qualidade de vida das pessoas. As empresas, organizações, escolas, universidades, partidos políticos, etc. são todos contra a felicidade do ser humano. Não adianta, é uma luta terrível querer brigar contra tudo isto.

Considero o maior dos males, a depressão, muito pior do que um câncer e uma AIDS, por exemplo. E a inveja o maior dos defeitos que o ser humano pode possuir, associada à competição, quando exacerbada. Concordo com Dona Canô Veloso, de quem sou o maior fã, que temos que trocar o orgulho pela alegria. Ela é uma filósofa, maior do que Jean Baudrillard. Espero poder concluir minha vida em paz. Ver alguns dos meus projetos sendo colocados em prática, pois, certamente, eles têm muito a contribuir com esta coisa chamada humanidade. Por fim, gostaria de morrer dormindo e sem dor. E não, de sofrer muito se o meu cachorro Ébano, morresse antes de mim. Tenho pensado muito nisto ultimamente. Eu sou um gênio, num sou não? (risos)