sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

SOU UM SER PROATIVO? ESTOU CERTO NO QUE PENSO E FAÇO?


Cada época é marcada com o cunho da virtude ou do vício que a tem de salvar ou perder. A virtude da vossa geração é a atividade intelectual; seu vicio é a indiferença moral. Somos todos meio que treinados por uma educação e uma cultura absolutistas do lucro, do benefício imediato e do resguardo do que é meu, do meu conforto, sem saber que, com isto, estamos, na verdade atirando nossas vidas e perspectivas no mais profundo abismo de lodo e de trevas.
Muitos poderão dizer que não acreditam e simplesmente ignorar essas palavras. Mas uma coisa é certa: trata-se de uma grande verdade. A nossa época é notável pelas conquistas intelectuais, mas lamentavelmente marcada pela indiferença moral. Quando vemos, nas mídias, de maneira escancarada, a mentira, a corrupção, a hipocrisia, temos que dar razão aos sábios do espaço, que nos observam atentos. Pessoas que estão no poder se chafurdam na corrupção e zombam do povo diante das câmeras, numa demonstração vergonhosa de indiferença e desrespeito por aqueles que os colocaram na posição de mando. Pais observam, passivos, o mau-caráter de filhos tiranos, violentos, que pisam nos sentimentos alheios como quem esmaga um verme infeliz.
Jovens, filhos de pais que fazem as leis ou que deveriam exigir o seu cumprimento, são os primeiros a desdenhá-las, desrespeitá-las, com visível cinismo, como se estivessem acima do bem e do mal. Mães que maltratam filhos indefesos ou os jogam no lixo, como se fossem dejetos fétidos dos quais desejam se livrar. Hordas de pessoas que se dizem injustiçadas invadem propriedades alheias com armas em punho, com violência, e com a certeza de contar com a impunidade e a indiferença das autoridades. Povos inteiros são massacrados, subjugados, quase exterminados, por nada. Apenas para que o mundo veja quem tem mais poder...
São realmente tempos de grande indiferença moral, não há dúvida... Parece, mesmo, que o mundo vai acabar em corrupção, em conluios, conchavos, interesses mesquinhos de toda ordem... E isso tudo acontece diante das vistas dos intelectuais do terceiro milênio, daqueles que deveriam e poderiam usar os veículos de comunicação para conter essa "tsuname" moral que tudo arrasta, poderosa. Diante de uma geração que assiste a tudo em tempo real, graças aos avanços tecnológicos.
E as pessoas de bem se perguntam, desoladas: "Que mundo é esse? Que tipo de pessoas estão com as rédeas do planeta nas mãos?" Não se pode negar, todavia, que muitas estão indignadas, mas, lamentavelmente, a nossa indignação não sai do conforto do sofá, na sala aconchegante, de dentro da segurança de nossos lares. São tempos de indiferença moral, de passividade, de insensibilidade generalizada, certamente. No entanto, devemos convir que se todos quiséssemos, poderíamos "emparedar" e retirar de cena os malfeitores, em pouco tempo. Isso sim valeria à pena. Mas a maioria prefere pagar para opinar nos shows de faz-de-conta, como se isso lhes garantisse alguma vantagem real. E assim vamos vivendo, de ilusão em ilusão...E a indiferença vai se alastrando, destruindo, entorpecendo, infelicitando, aniquilando a esperança...
Se você é uma dessas pessoas que está indignada com a situação, faça alguma coisa. Aja de alguma forma. Escreva. Fale. Manifeste-se. Cobre atitudes dos governantes. Mas faça isso com serenidade e bom senso, sem violência. Considere que toda atitude violenta não faz sentido, quando o que se pretende é justamente o contrário. Pense nisso, e não fique só na indignação. Arregace as mangas, cobre dos seus chefes, mandantes. Exija que tudo seja feito pelo bem de todos e não de poucos, inadivertidamente, sempre os mesmos. Ensine, oriente, mas, principalmente, dê exemplos práticos. Faça acontecer os seus sonhos e que estes não representem apenas pequenos privilégios materiais e passageiros.
Acima de tudo, repense suas ações, palavras, pensamentos, omissões. Examine o seu trabalho e se pergunte a que e a quem ele serve? A quem ele prejudica, mesmo que de forma lenta e indireta? Pois sempre, tudo que beneficia, também prejudica a alguém e a alguma coisa. Pois o mundo é dual e nada é absolutamente bom ou mal. Basta saber de que lado você está. Estamos num período histórico em que temos que examinar tudo, duvidar de tudo, questionar absolutamente tudo.
Relembrando aqui o pensamento do memorável Martin Luther King que dizia: - "O que me assusta não é o comportamento dos maus. Mas, muito mais que isto, a apatia, a omissão e o silêncio dos bons".

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