domingo, 9 de novembro de 2008


A densidade do ser,
do corpo.
Da intimidade recôndita
entre tecidos,
motivos e cores
que escondem a beleza.
O íntimo lar do desejo
que se quer ver, tocar,
lamber,
rasgar nos dentes.
Do cheiro
da alma
que louca e quente, se esvai.
Como luz, como ar
que se move em forma de vento
de vendaval,
de um tufão uivante
entre amores grossos
e suores íntimos.
Que iluminam os pelos e acendem o fogo
dentro do outro, aos tombos,
aos urros e arrancos.
E por fora de ambos
o incêndio destruidor que contamina,
se alarga, reduz a cinza, à essência do prazer.
Que faz brotar e encher o mundo que se desfaz e refaz
num reflexo misterioso e místico
(relâmpagos e tempestades que causam medos e provocam
gritos, horrores sucessivos, bocejos e sentidos lânguidos)
em novos e densos desejos.
De ter, de ser o outro.
Da delícia agridoce que vem e vai de dentro.
Rasgando, ferindo como o animal feroz.
Que lambe com gula, com fome,
o sangue, os odores, os vários líquidos
com que brindam o auge,
o trilintar dos corpos, das bocas, dos órgãos.
E agora suspiros incandescentes,
amplos,
que se diluem, se misturam.
Se tornam distantes, longínqüos,
silenciosos.
Mortos...
E que se banham com o sonho
límpido da luz do dia que surge
enfeitada por sorrisos nos semblantes

silenciosos.
Mantendo segredos.
Voando leve entre núvens,
pássaros, borboletas coloridas
E anjos repletos de bênçãos,
sequiosos de vontade.
(Antonio da Costa Neto)

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