Passagem das Horas (Álvaro de Campos)
Descoberta e uso de novas técnicas, para a solução dos problemas organizacionais, educacionais, humanos, sociais e ecológicos (por meio de consultorias, pesquisas, workshops, cursos e afins) com vistas à busca da melhoria da qualidade da vida humana frente a crise histórica que as sociedades contemporâneas enfrentam com a chegada do terceiro milênio. Contatos: antoniocneto@terra.com.br
sábado, 15 de maio de 2021
Passagem das Horas (Álvaro de Campos)
sexta-feira, 14 de maio de 2021
O LADRÃO DE BISCOITOS - Original de Valerie Cox - Tradução livre de Antonio da Costa Neto
O LADRÃO DE BISCOITOS
Original de Valerie Cox
Tradução livre e
adaptação: Antonio da Costa Neto
___________________
Ela havia chegado, pelo seu tempo, já meio atrasada naquele
aeroporto imenso, movimentado cheio das pessoas mais diferentes. Eram barulhos
estranhos, música alta e o cheiro misturado das comidas que eram servidas nos
bares, lanchonetes e restaurantes que rodeavam aquele ambiente em que estava naquele momento. Corria louca para o angar, procurando o portão do seu vôo, carregando malas,
sacolas e demais apetrechos, já com o coração saindo pela boca. É quando vem do
auto-falante a notícia de que o seu avião estaria atrasado, talvez por hora,
talvez por mais.
Era uma notícia boa e ruim ao mesmo tempo. E como não restava nada a fazer, respirou fundo, examinou seu relógio de pulso, dourado, encantador e que herdara de sua avó materna. E teve até, num lampejo lembranças dela, brotando em seus lábios um leve sorriso de saudade. Olhou em sua volta e deparou com convidativos bancos de madeira onde poderia, finalmente, sentar-se, aguardar a sua hora, ler o jornal, ligar para as pessoas, pensar na vida, enfim. Aproximou-se então de um deles e ali depositou com cuidado suas bolsas, valises, pacotes, encomendas, aliviando seu corpo do peso e da pressa que eram, afinal, parceiros de toda uma vida, em que, conforme dizia, desancava carregando pedras.
Foi aí que se lembrou que estava com um pouco de fome e que seria
bom se divertir com o gostoso troc-troc e a crocância nos dentes daquele
biscoitinho de polvilho que tanto gostava e que, aliás, traria mais lembranças
de sua saudosa avó que há tempos, havia partido. Seria maravilhoso repensar
tudo, visitar o passado e degustando aquele biscoito que fazia, sim, parte da
sua infância, dos bons momentos da sua história. Assim, foi até ao quiosque
mais próximo, comprou um belo e transparente pacote dos seus preferidos, com
gostinho de sal e aquela pimenta suave que encantava com o sabor e o revestir
das lembranças. Relembrando seu passado. Matando saudades.
Estava ali sentada, perdida em seus pensamentos, quando chega
um simpático e bem vestido senhor. Os dois se olham, trocam cumprimentos e meia
dúzia de palavras sobre vôos, horários, partidas. Ele pede licença e senta-se
ao seu lado e os dois começam a devagar, por
instantes, cada um em suas reminiscências. Quando ele, inesperadamente, de forma
lenta e educada, enfia a mão no pacote
de biscoitos que estava no banco entre os dois e saboreia com um ar de alegria
o biscoito estalante. Ela, vendo e ouvindo aquilo, achou estranho, mas não
disse nada. Pegou também um biscoito, comeu, ainda pensativa no ato, que embora
simples, não esperava daquela pessoa. Mas, tudo bem...
Eis que o homem, mostrando gostar da iguaria, pegou
educadamente mais um biscoito e começou a comer. Aí sim, ela achou mais estranho, franziu a testa e
se apressou em apanhar o terceiro biscoito, sempre surpresa com atitude
impensada e até meio desrespeitosa daquele senhor com aparência doce, educada,
e, a princípio, muito especial.
Continuaram, como que, naturalmente aquela façanha gastronômica. Na medida em
que o homem pegava um biscoito, ela pegava outro. E até dava um sorrisinho
desconfiado para o homem, no que era correspondida e cada vez entendia menos.
Assim, foi-se o tempo e perdida nos seus pensamentos, nem percebeu que agora já
era chamada para o seu vôo que sairia quase que de imediato.
Ao recolher seus pertences, viu que sobrava no pacote um
último biscoito e tratou de comê-lo rapidamente, pois, ao menos, teria aquele
direito. Retirou o biscoito, amassou o saco de plástico transparente, jogou-o no
lixo e saiu apressada para pegar o seu acento no avião sob pena de perder
aquele vôo já tão esperado. Fez questão de nem se despedir do seu sócio indesejado de sua iguaria - ao menos isso. Enquanto buscava a aeronave pensava no quanto as pessoas são
estranhas e folgadas. Faltava, de fato, educação e costumes, ainda mais para
alguém tão sóbrio e que demonstrava aquela sensatez toda.
Ao abrir o porta-malas
superior do avião que já se movimentava no pátio pronto para alçar vôo e que
ela ia colocar a sua sacola no alto, eis o susto: - Viu o seu pacote de
biscoitos ali inteirinho, intacto, intocado. Percebeu, então que não era o
homem, mas ela o ser sem educação, invasivo, sem respeito ou cultura que
invadira, sem a permissão ou consentimento o território, a privacidade alheia,
ainda, comendo o último biscoito e
jogando, atrevidamente, o pacote que não era dela no lixo, saindo dali, duramente, sem se despedir. Se arrependia profundamente de tudo e daria tudo para poder voltar onde estava o homem para desfazer, dentro do possível o pior de todos os enganos de sua vida.
Repensou tudo naquele momento e um gelo
inexplicável subiu-lhe pela coluna. E ela cheia de vergonha e do desejo, agora impossível, de abraçar aquele homem, oferecer-lhe o pacote inteiro e pedir-lhe milhões de desculpas. Mas era tarde. O avião já estava no ar e ela não tinha e
não teria nunca mais aquela pessoa ao alcance dos olhos. E tudo era
desesperador, tendo que se acostumar com a realidade do caminho sem volta e, de repente, nada mais poder fazer como em muitos desafios da vida.
Ficou com tudo isso a lição para o não julgamento de nada, nem de ninguém. Que, por mais que nos surpreenda, conscientemente, ou não, o errado
poderemos ser nós, com ações, palavras, pensamentos e às vezes já tarde demais
ou impossível, o se desculpar, ou o refazer o mal, o erro ou a grande injustiça
que podemos estar cometendo.
terça-feira, 13 de abril de 2021
sexta-feira, 9 de abril de 2021
SUPERANDO A PANDEMIA DO CORONAVIRUS
SUPERANDO A PANDEMIA DO CORONAVIRUS
A CRIANÇA SABE... UM FANTÁSTICO ESTUDO DO SOCIOGRAMA FAMILIAR
A CRIANÇA SABE... UM FANTÁSTICO ESTUDO DO SOCIOGRAMA FAMILIAR
segunda-feira, 1 de março de 2021
UMA VISÃO QUÂNTICA SOBRE A PANDEMIA DO CORONAVÍRUS E DA COVID 19: O PROBLEMA NÃO SÃO AS NOVAS MUTAÇÕES MAS OS ANTIGOS COMPORTAMENTOS