sexta-feira, 29 de abril de 2016

DOIS DOS MUITOS LADOS DO "GOLPE"







DECEPÇÃO - esta é a palavra que melhor resume meus sentimentos frente às eleições do PT e dos seus pares da chamada "esquerda brasileira" - resta saber se é esquerda de quem vai ou de quem vem? - Enfim... tudo começa com a formatação das equipes de governo, o primeiro escalão, a escolha dos ministros: sempre elitistas, burgueses, brancos, machos, ricos, empresários, pessoas com longos currículos políticos que passaram a vida enchendo suas burras com os altos salários de muitos mandatos e de uma carreira de privilégios e status políticos que não têm fim.
Ora, um partido de esquerda, especialmente, que representa o trabalhador não pode se fundamentar nesta cegueira ideológica de que o exercício do poder, de fato, querendo ou não, aparentemente legal ou não, mas manipula sim a cabeça das pessoas. Os políticos precisam perceber que a zona de conforto muda a cabeça das pessoas no sentido de perpetuarem esta mesma zona de conforto, para o quê, vêm as estratégias, os discursos táticos que não mudam nada, apenas perpetuam e ampliam a zona de conforto de quem já a possui.
Quando vi Lula convidando altos funcionários dos bancos americanos, políticos tarimbados, empresários riquíssimos para seus vices, ex-ministros de Collor para comporem a sua equipe, já entendi tudo. E o mesmo acontece com a Dilma, que, em última análise, teve seus mandatos - um e menos de meio - dirigidos pelo Lula, ela servindo apenas de capa.
Enfim, é tudo uma vergonha. Um Estado autocentrado que trabalha apenas para o bem estar de quem o dirige e para os seus pares: os burgueses, os ricos, os empresários, os políticos que ganham milhões e só. Um governo feito por quem representa o povo, mas, ao representá-lo perde todas as características, as similaridades com o povo; perde o foco, a visão e passa atuar com outra ideologia. A ideologia burguesa, dos ricos, dos nobres, dos brancos, enfim, da elite. Este é o círculo vicioso que desgraça a nossa política. E como tudo é política, desgraça com isto as nossas vidas.
Parece-me que com o PT e as esquerdas tudo isto nos dói mais pois vem junto a força da decepção. É como quando você é traído por um amigo, alguém que você ama muito. Assim exemplifico. Com as esquerdas que atuam e governa como se de direita fossem, a coisa doí muito mais. Se Aécio Neves fosse eleito no lugar de Dilma, não seria de assustar tanto pois já esperaríamos isto dele: um moleque mimado, um jogador estratégico e sem escrúpulos que se mantêm no "podre poder" desde que nasceu e, me parece, que, como seu avô, permanecerá até depois da morte (pois Tancredo continua aqui governando, por meio das lições cretinas que passou para o seu neto favorito (- Ah!! Antonio Carlos Magalhões que, felizmente...)
O governo do PT, especialmente o governo Dilma é um disparate, um desrespeito, uma sucessão de erros, de desrespeito, de atos corruptos que não tem como prever, aceitar, se acomodar. Quero que Dilma saia, pois é um governo impositivo, centralizador, castrador, terrível. Mas, por outro lado, já pensou o que é ser governado por Temer, por Cunha, Aécio Neves, a volta de FHC com o seu cinismo intelectual e político? Não nos iludamos, não sei o que será pior. Se Aécio fosse eleito, nós brasileiros estaríamos suspirando e desejando muito que Dilma fosse a eleita, e assim sempre.
Devemos ser pela mudança. Fora Dilma! Fora Temer! Fora Lula! Fora Aécio? Fora Gleice! Fora Jucá! Fora todos!...
O que precisamos mesmo é de uma outra conjuntura política onde exista lutar para a dignidade, a sensibilidade, o respeito, o caráter, a vontade política de uma ação que seja coerente com o discurso da mudança, da melhoria, do resgate das condições cidadãs, pois, por hora, vindo de quem venha, tudo isto é blefe. A direita blefa. A esquerda blefa. O povo blefa. Precisamos mudar o blefe por uma ação coerente e fundamentada na verdade. Para o quê falta caráter. Faltam mulheres e homens de verdade. Falta vergonha na cara. Como bem dizia A. S. Exuperry nõ seu encantador Pequeno príncipe -  "como o essencial é invisível aos olhos". Nos nossos governos de fachada ainda falta tudo. Pelo menos, falta tudo de essencial. Não temos governos, mas antros de canalhas que dizem que nos dirigem. Mas, na verdade, nos consomem em todos os níveis. Pobres de nós.