(*)Antonio da Costa Neto
“ ...uns mãos, uns cabeça, uns só coração...”
(Caetano Veloso)
Quando nosso poeta-músico maior fez a afirmação acima estava se referindo ao que justamente nos propomos a conversar um pouco com você em três momentos específicos, desta e das próximas edições do “A Voz”. Por considerarmos um tema da maior importância frente aos rigores e exigências do mundo atual, para que possamos buscar a tão sonhada melhoria da qualidade de vida. Ele quis dizer que algumas pessoas fazem, enquanto outras pensam e, outras ainda, apenas sentem, sendo esta dicotomia, esta separação muito nociva, horrivelmente atrasada.
Pesquisas, estudos e profundas investigações científicas já comprovaram que o nosso cérebro é triúno, ou seja, um em três. A caixa encefálica do ser humano é constituída de três partes distintas, sendo, dois hemisférios, um colocado no lado superior direito da cabeça, responsável pelos sentimentos, as emoções, a criatividade, o amor, as paixões, os desejos. Outro hemisfério, paralelo a este, posto anatomicamente no lado superior esquerdo e que responde pelo pensamento lógico, a teorização, o saber, o conhecimento. E finalmente, une-se a estes, uma parte comum aos dois, que se encontra na região da nuca, que é de onde vêm os nossos instintos, movimentos, capacidades de fazer e realizar as coisas.
Em síntese, temos um cérebro que nos capacita para sentir, o hemisfério direito; para pensar, o hemisfério esquerdo e para fazer; a parte central e que integra ao mesmo tempo os dois hemisférios. Em cada cabeça estas partes se desenvolvem diferentemente, dependendo das condições biológicas, históricas, culturais, do ambiente familiar da vida de cada pessoa, seus aprendizados, condições e oportunidades. Por isso somos diferentes, sendo necessário agrupar, reunir, agregar estas diferenças em grupos, equipes, grupos sociais, comunidades.
Estudiosos da área tais como o neurocientista norte-americano Paul McLean, ou o russo J. C. Luria, ou ainda o alemão Rogger Sperry sistematizaram tais questões com vários enfoques teóricos dentre os quais saliento a infinita contribuição dos intelectuais brasileiros: o cientista político Waldemar de Gregori, que com parceria com o médico Wilson Sanvito e a psipedagoga goiana Colandi Carvalho de Oliveira fundamentaram, divulgaram e difundiram a síntese que se encontra à disposição de todos no site http://www.neuropedagogia.com.br/.
Historicamente o primeiro milênio foi dedicado ao desenvolvimento do instinto de sobrevivência concentrado na porção central do cérebro, com o aprendizado de fórmulas básicas que culminaram com a descoberta do fogo, a invenção da roda, a confecção de tecidos, moradia, armas e princípios de defesa do corpo e da vida. O segundo milênio foi o de abertura máxima das concepções da ciência e da alta tecnologia com o advento da filosofia, das grandes universidades e dos laboratórios de pesquisa. Já agora, o terceiro milênio destina-se obviamente ao desenvolvimento do cérebro direito, o das emoções, dos sentimentos, da compaixão, do amor, da fé.
Mas como o processo é evolutivo, o cérebro prático foi desenvolvido por meio de sucessivas tentativas, na base do ensaio-e-erro. O cérebro esquerdo já exigiu outro salto que foi o da associação teoria-prática, refinando o aprendizado e com ele as relações entre as pessoas e destas com o mundo. Agora, o desenvolvimento do cérebro direito deverá ser multidisciplinar, complexo e integrado, envolvendo a indução e dedução simultâneas, necessitando, assim, das duas segmentações anteriormente desenvolvidas. O sentir está intimamente ligado ao fazer, e, este, por sua vez, depende integralmente do pensar. É, portanto, necessário que saibamos fazer sentindo e pensando, para que as coisas fiquem inteiras e não mais fragmentadas, fendidas, partidas como até hoje, quando quem pensa não sente. Sendo notória a frieza dos engenheiros, dos estatistas, dos matemáticos, dos advogados. Quem sente, por sua vez, prescinde do raciocínio lógico, como é o caso dos artistas, dos místicos, dos alternativos. E quem faz, realiza, pratica, carece do sentir e do saber como, por exemplo, os operários, mecânicos e trabalhadores braçais de modo geral.
Entendemos, portanto que este é um paradigma absolutamente superado, antigo, preconceituoso, discriminatório e fora da nova ordem mundial. É preciso integrar todos estes aspectos e conhecimentos, para que os seres humanos integrem e intercomplementem o sentir, o fazer e o saber, de forma ordenada, harmônica e laboriosa, para que a sociedade seja melhor e as pessoas mais felizes. Para que vivamos em paz. Com uma ciência com mais sentimento, uma ação mais lógica e sentimental e uma emoção com pés no chão. As escolas, por exemplo, ainda preparam as pessoas apenas para o mundo da racionalidade mórbida e fria dos números, das ciências objetivas, enquanto o mundo clama pela intersubjetividade. Ver não só objetivamente, mas por todos os ângulos e formas, percebendo e respeitando condições, momentos, emoções e situações outras.
Precisamos entender e cumprir as ações de um mundo intenso e complexo e não mais simplista, linear e contentando apenas com resultados precisos e mensuráveis. A vida necessita de seres mais inteiros, capazes, prontos, sensíveis, harmoniosos, criativos, cheios de amor e de compaixão. E o planeta tem pressa. Não tem mais como e nem porque esperar. Amanhã pode ser tarde demais.
(*) Mestre em educação. Especialista em psicologia transpessoal, professor, pesquisador e consultor nas áreas de educação e Potencial Humano para as Organizações.
“ ...uns mãos, uns cabeça, uns só coração...”
(Caetano Veloso)
Quando nosso poeta-músico maior fez a afirmação acima estava se referindo ao que justamente nos propomos a conversar um pouco com você em três momentos específicos, desta e das próximas edições do “A Voz”. Por considerarmos um tema da maior importância frente aos rigores e exigências do mundo atual, para que possamos buscar a tão sonhada melhoria da qualidade de vida. Ele quis dizer que algumas pessoas fazem, enquanto outras pensam e, outras ainda, apenas sentem, sendo esta dicotomia, esta separação muito nociva, horrivelmente atrasada.
Pesquisas, estudos e profundas investigações científicas já comprovaram que o nosso cérebro é triúno, ou seja, um em três. A caixa encefálica do ser humano é constituída de três partes distintas, sendo, dois hemisférios, um colocado no lado superior direito da cabeça, responsável pelos sentimentos, as emoções, a criatividade, o amor, as paixões, os desejos. Outro hemisfério, paralelo a este, posto anatomicamente no lado superior esquerdo e que responde pelo pensamento lógico, a teorização, o saber, o conhecimento. E finalmente, une-se a estes, uma parte comum aos dois, que se encontra na região da nuca, que é de onde vêm os nossos instintos, movimentos, capacidades de fazer e realizar as coisas.
Em síntese, temos um cérebro que nos capacita para sentir, o hemisfério direito; para pensar, o hemisfério esquerdo e para fazer; a parte central e que integra ao mesmo tempo os dois hemisférios. Em cada cabeça estas partes se desenvolvem diferentemente, dependendo das condições biológicas, históricas, culturais, do ambiente familiar da vida de cada pessoa, seus aprendizados, condições e oportunidades. Por isso somos diferentes, sendo necessário agrupar, reunir, agregar estas diferenças em grupos, equipes, grupos sociais, comunidades.
Estudiosos da área tais como o neurocientista norte-americano Paul McLean, ou o russo J. C. Luria, ou ainda o alemão Rogger Sperry sistematizaram tais questões com vários enfoques teóricos dentre os quais saliento a infinita contribuição dos intelectuais brasileiros: o cientista político Waldemar de Gregori, que com parceria com o médico Wilson Sanvito e a psipedagoga goiana Colandi Carvalho de Oliveira fundamentaram, divulgaram e difundiram a síntese que se encontra à disposição de todos no site http://www.neuropedagogia.com.br/.
Historicamente o primeiro milênio foi dedicado ao desenvolvimento do instinto de sobrevivência concentrado na porção central do cérebro, com o aprendizado de fórmulas básicas que culminaram com a descoberta do fogo, a invenção da roda, a confecção de tecidos, moradia, armas e princípios de defesa do corpo e da vida. O segundo milênio foi o de abertura máxima das concepções da ciência e da alta tecnologia com o advento da filosofia, das grandes universidades e dos laboratórios de pesquisa. Já agora, o terceiro milênio destina-se obviamente ao desenvolvimento do cérebro direito, o das emoções, dos sentimentos, da compaixão, do amor, da fé.
Mas como o processo é evolutivo, o cérebro prático foi desenvolvido por meio de sucessivas tentativas, na base do ensaio-e-erro. O cérebro esquerdo já exigiu outro salto que foi o da associação teoria-prática, refinando o aprendizado e com ele as relações entre as pessoas e destas com o mundo. Agora, o desenvolvimento do cérebro direito deverá ser multidisciplinar, complexo e integrado, envolvendo a indução e dedução simultâneas, necessitando, assim, das duas segmentações anteriormente desenvolvidas. O sentir está intimamente ligado ao fazer, e, este, por sua vez, depende integralmente do pensar. É, portanto, necessário que saibamos fazer sentindo e pensando, para que as coisas fiquem inteiras e não mais fragmentadas, fendidas, partidas como até hoje, quando quem pensa não sente. Sendo notória a frieza dos engenheiros, dos estatistas, dos matemáticos, dos advogados. Quem sente, por sua vez, prescinde do raciocínio lógico, como é o caso dos artistas, dos místicos, dos alternativos. E quem faz, realiza, pratica, carece do sentir e do saber como, por exemplo, os operários, mecânicos e trabalhadores braçais de modo geral.
Entendemos, portanto que este é um paradigma absolutamente superado, antigo, preconceituoso, discriminatório e fora da nova ordem mundial. É preciso integrar todos estes aspectos e conhecimentos, para que os seres humanos integrem e intercomplementem o sentir, o fazer e o saber, de forma ordenada, harmônica e laboriosa, para que a sociedade seja melhor e as pessoas mais felizes. Para que vivamos em paz. Com uma ciência com mais sentimento, uma ação mais lógica e sentimental e uma emoção com pés no chão. As escolas, por exemplo, ainda preparam as pessoas apenas para o mundo da racionalidade mórbida e fria dos números, das ciências objetivas, enquanto o mundo clama pela intersubjetividade. Ver não só objetivamente, mas por todos os ângulos e formas, percebendo e respeitando condições, momentos, emoções e situações outras.
Precisamos entender e cumprir as ações de um mundo intenso e complexo e não mais simplista, linear e contentando apenas com resultados precisos e mensuráveis. A vida necessita de seres mais inteiros, capazes, prontos, sensíveis, harmoniosos, criativos, cheios de amor e de compaixão. E o planeta tem pressa. Não tem mais como e nem porque esperar. Amanhã pode ser tarde demais.
(*) Mestre em educação. Especialista em psicologia transpessoal, professor, pesquisador e consultor nas áreas de educação e Potencial Humano para as Organizações.
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