domingo, 4 de setembro de 2011

POR QUE SOMOS APAIXONADOS POR FUTEBOL E OUTROS ESPORTES COMPETITIVOS?


- POR QUE SOMOS APAIXONADOS POR FUTEBOL E OUTROS ESPORTES COMPETITIVOS?
- Simples, ora.
Porque somos pobres, manipuláveis, pouco inteligentes, subservientes, facilmente explorados.
E, pelo que parece, pretendemos continuar assim por todo o sempre.
Só isso.


Não consigo compreender como nós que compomos a sociedade brasileira, dita desenvolvida, capaz, inteligente, apta, decmocrática, etc. continua assim, tão bestialmente a serviço do que a mantem lambendo os chinelos da opressão dos "donos do planeta", dos burgueses hegemônicos, enfim, das elites detentoras do poder. Será que ninguém percebe que por baixo do tapete vermelho do futebol e de qualquer outro esporte de competição se escondem a miséria, a opressão, as lutas, as greves, a fome, o desemprego, a corrupção barata e que este tipo de coisa serve, justamente, para ocultar tais fenômenos? Se somos tão inteligentes, por que não somos espertos? Onde estão a decantada malícia, a sagacidade do povo brasileiro? E o famoso "jeitinho", só serve mesmo para o que não presta, para enganar os outros e levar pequenas vantagens domésticas e cotidianas? Ou seja, se presta apenas para pequenas bobagens?
Além de ser considerado como um grande instrumento de alienação política do povo, das massas populares, tanto o futebol como todos os demais esportes competitivos se servem como atrativos simbólicos, para que no meio da alegria, da luta, mandala da vitória, ou até mesmo da derrota, as pessoas passem por este processo sem que enxerguem suas verdadeiras raízes. E a levagem cerebral que, ao mesmo tempo, se processa na cabeça da pessoas. E, como conclusão, elas passam suas vidas iludidas com a "pseudo verdade" de seus times, seus atletas, seus ídolos e não percebem - até por isso mesmo - o quanto estão sendo exploradas e usadas pelos detentores do poder de decidir e comandar sobre e pelos outros. Ou sejam as elites dominantes: do dinheiro, do trabalho, da educação, dos meios de vida, do prazer, do amor, do afeto. Em síntese, o mais absoluto dos horrores que se pode cometer contra um povo, uma raça chamada humana, em toda a sua dimensão.
É por isso, por exemplo, que um jogador tem que se transformar no mais absoluto mito econômico-financeiro. Ganhando milhões, comprando mansões, iates, fazendo viagens mrabolantes, colecionando arte, investindo nas bolsas de valores e ficando arquemilionário em tempo récorde. Porque, simbolicamente, quando você torce para ele ou para a equipe à qual ele se integra, o seu inconsciente não separa as coisas. E, assim, ele passa a representae você, no que suas dores, problemas e conflitos se diluem, deixam de existir em sua cabeça. E como o atleta está com os bolsos cheios, o seu subconsciente leva você a, de certa forma se conformar com isto, o que os psicólogos chamam de transferência.
E é assim que o capitalismo selvagem, por meio de seus patrões, seus governantes, etc. consegue controlar o povo e suas vontades por meio deste regime, deste domínio que se dá com a alegria da vitória, da copa, do campeonato, da olimpíada.

Mas as coisas não são simples assim. É preciso, para isto, que a prática, o modelo de gestão do próprio esporte se dê de forma a complementar este quadro, no quê os seus técnicos e idealizadores são exímios gênios e conseguem manter este quadro ao longo dos milênios da história das civilizações, perpetuando, com isto a exploração fácil das massas de trabalhadores, de eleitores, que se interfazem nas galeras, nas torcidas, nas massas que vibram uníssona, sem saber que cantam, em conjunto, o hino da própria morte, da desgraça, do seu fim. Desta forma:
a) as regras no esporte são prontas, acabadas, geridas em instâncias outras, que não aquelas em que o jogo se dá, se operacionaliza. Ou seja, o se dar bem no esporte pressupõe o cumprir, sem questionar, regras prontas, feitas e impostas, o quê, logicamente induz ao torcedor que na socieade tal fato se repete. Ou seja, para eu ser bem sucedido na sociedade e na vida, tenho que cumprir as regras que me são impostas, quer que me façam o bem ou não;
b) no jogo todo o poder é concentrado nas mãos do juiz que é o dono e senhor único de seus processos ou resultados. Assim, sendo justo ou não, estando certo ou não, o juiz é quem manda, decide, castiga, expulsa, anula ou aceita pontos, gols, determina o tempo, a definição dos papéis, regimes e normas. Ou seja, o juiz é Deus. E assim sendo, na vida, tenho o deus-patrão, o deus-governo, o deus-sistêma econômico, etc. que são únicos, definidos como autoridades máximas, protegido por todos os regimes legais, cabendo a mim, apenas obedecê-los, cumprir seus desejos, vontades e ponto final;
c) há, no jogo a simbologia das falsas igualdades: se cada time tem o mesmo número de jogadores, as mesmas condições, estão sob a batuta de um mesmo juíz, então quem ganha é o melhor e pronto. Assim, se determina a lógica que o meu patrão é melhor do que eu, pois temos as mesmas condições genéticas mas ele é melhor porque é mais inteligente, mais trabalhador, estudou mais, tem mais força, mais poder, e, por isso mesmo, tenho que obedecê-lo e pronto, pois assim terei menos problemas e manterei meu emprego para sempre, o que me cobrirá de meios e condições para viver. O que não é, em absoluto, nenhuma verdade. Mas muito pelo contrário.
Quem trabalha no esporte ou pelo esporte, trabalha em favor das elites dominantes, de quem faz o esporte e ganha aos tubos com isto, e, logicamente, contra as massas, o povo, as pessoas comuns, de quem, a própria estrutura do esporte se organiza para extorquir, tomar o que pode, sugar até a última gota de sangue e determinar que é assim que funcio na a verdade absoluta das coisas e sobre elas. E, em nome do lúdico, da diversão, do entretenimento que estão acima da comida, da saúde, da educação, da segurança, da paz, da dignidade humana, enfim, muito acima do bem e do mal, esta realidade malígna aí persiste, nos percegue e nos destrói o tempo todo, sem que, no mínimo, nos demos conta desta brutal realidade.
É o horror do pão e circo que ecoa na voz do Galvão Bueno, nos seus gritos enloquecedores, por exemplo, por ocasião das partidas, dos gols, dos prêmios milionários que circundam os espetáculos dantescos das corridas de automóveis, por exempo. Vem aí a copa do mundo (em minúsculas) no Brasil, as olimpíadas, os torneios, os campeonatos. Não temos nada o que festejar com isto. Pois tudo não passa de subterfúgios de nossas desgraças e nosso retrocesso humano e social.
O que precisamos, na realieade, é de hospitais que funcionem, com medicamentos, profissionais, dignidade, competência. Carecemos e muito de escolas bem estruturadas, professores preparados e recompensados para fazer educação, e não, a vergoonha que aí está. Prescindimos de cidadania, água potável, paz, serenidade, segurança, comida, lar. Tudo, aliás, que esporte, com sua cara pintada de palhaço, nos nega a cada dia, durante os séculos de constituição da nossa história. A história dos fatos que circundam a humanidade. Mas bobos e otários que ainda somos - e seremos - continuamos lotando o circo. E, pior que isto, dando nossas cabeças à guilhotina legítma e certa que nos destrói e consome. Mas, finfelimente, ainda somos tolos demais, tantos, manipuláveis, imbecis. E, talvez, por isso mesmo, incapazes de saber disto.


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Antonio da Costa Neto
antoniocneto@terra.com.br

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