A grande maioria de nossas escolas continua na contra-mão da história, e, a primeira coisa a fazer é convencer os educadores desta dura e mesquinha realidade. Surgida no bojo das contradições históricas e para a manutenção de um capitalismo centralizador, periférico e desusado a escola convencional continua prestando muito mais desserviços do que propriamente ajudando a humanidade a crescer. Já é mais que tempo de alterarmos todos os seus padrões de funcionamento, sua ordem de valores e sua práxis cotidiana.
O que propomos é a formação do homem político, do cidadão inteiro, configurado na essência humana. Valorizar o ser superior em detrimento da aprendizagem apenas técnica dos ofícios, realizando a educação como exercício pleno e conscientizador, um ato político em toda a sua instância.
A complexidade do mundo atual cobra outros aprendizados muito mais densos, profundos. E a escola, muito preocupada em dar respostas aos argumentos ditados pela perversidade das exigências capitalistas, negligencia quaisquer outros saberes buscando formar apenas o ser que trabalha e consome em potencial: ou seja, a escola prepara para uma vida minimamente vegetativa e não se dá conta do brutal atraso que tal fenômeno representa.
Raciocinemos pedagogicamente: Ao chegar à escola uma criança em especial – ou qualquer outro estudante – recebe pronto um pacote de imposições que incluem desde o estabelecimento rígido do horário, quem é a professora, os assuntos a serem tratados em uma ordem estabelecida, a roupa que deve vestir, o lanche e até o local onde satisfazer suas necessidades pessoais. Em nome da ordem e da disciplina, diga-se de passagem - a qualquer custo - comete-se contra o aluno uma imensa violência simbólica, que, logicamente, se constituirá em múltiplas formas de violência concreta no bojo da vida social deles enquanto pessoas. Advindo daí principalmente, a grande escalada da crise no mundo. Quem aprende em bases violentas, será violento, o que se consubstancia na relação ideológica como as coisas se dão, as decisões são tomadas, as políticas e diretrizes viram fatos concretos o que está intimamente ligado à forma como as pessoas são educadas.
Entendemos que é chegado o momento em que o aluno não só deve como precisa começar a decidir, a ser escutado, a dizer sim ou não, a optar, a exercer na prática a sua criticidade, a sua autonomia. Queremos uma juventude ciente do seu poder de transformação; que no vestibular saiba optar por uma carreira; que tenha espírito de cidadania; que ajude a transformar a sociedade. Mas como, se ela aprendeu sendo passiva, objeto da vontade do outro o tempo todo, a dizer sempre sim, a negligenciar suas vontades e desejos, a sublimar o seu prazer? Vejo ser esta a grande problemática que emperra a qualidade da educação e da escola convencional, e, em nosso projeto: Pedagogia da Complexidade – uma proposta de educação para o terceiro milênio, estamos, em síntese, implementando alguma mudança de paradigma com vistas ao procedimento de atividades educativas que se traduzam na busca da tão sonhada melhoria da qualidade de vida, o grande objetivo de toda educação.
Em primeiro lugar, como já dissemos, faz-se necessário conscientizar o educador deste sério fato. Senão uma barreira intransponível, certamente uma das etapas mais complexas e difíceis que enfrentamos neste desafio. A formação dos educadores, de uma maneira geral, anacroniza, endurece a sua linha de raciocínio, redirecionando-a para os fins exclusivamente mercantilistas, o que faz parte da manutenção de um projeto educativo a serviço da hegemonia do poder e do favoritismo das elites de todo o mundo civilizado. Conscientizar o educador é um projeto infinito que nunca se conclui, mas de qualquer forma, precisa ser iniciado a partir de novas bases, levando-o a conhecer este conjunto de disfunções, este câncer pedagógico, este absoluto anacronismo secular do sistema educacional e que acaba por adentrar na vida de muitas das nossas escolas.
Em seguida, não podemos mais entender como eficiente a escola que massifica seus procedimentos como se os alunos fossem todos iguais, a começar pela própria ignorância. Assim, propomos um enfoque permanente de pesquisa, coleta de dados para que a escola passe a conhecer mais de perto “as verdades individuais” dos seus alunos, seus problemas e necessidades afetivas, emocionais, econômicas e de aprendizagem.
É preciso ter um diagnóstico permanente de quem é o meu aluno, quais seus sonhos, desejos, objetivos, metas, angústias, carências, dificuldades e facilidades para aprender e operar com os conhecimentos que adquire, de como utilizá-lo a serviço das conquistas esperadas. Daí trabalharmos com uma educação para a complexidade da vida, do mundo e das suas exigências contemporâneas e não, com a linearidade simplista para a instrução daquilo que apenas perpetua o caos em que todos, sem exceção, nos encontramos inseridos, neste mundo caótico que nos cerca.
MsC. Antonio da Costa Neto
Projeto Pedagogia da Complexidade
61 3274 2755
antoniocneto@terra.com.br
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