quinta-feira, 7 de abril de 2022

VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS - FORMAS DE COMBATE

 



BREVES REFLEXÕES QUÂNTICAS SOBRE A VIOLÊNCIA NA ESCOLA

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Por:

(*)Antonio da Costa Neto 

Uma das grandes discussões que acontecem hoje no campo da educação é, justamente, a questão da violência que ocorre nas escolas. Trata-se de um preocupante problema, um desafio enorme em função da sua extrema gravidade, o perigo eminente, vez que envolve riscos, vidas, dores, sofrimentos, enfim, uma tarefa de extremas grandeza e importância que se coloca como uma barreira a ser suprimida – se possível, com a máxima urgência – por todos os direta ou indiretamente envolvidos com as escolas, a educação, o ambiente de estudos, quer formal ou mesmo informalmente. Uma séria e grave situação que nos expõe a todos, em algum momento  de uma ou outra maneira.

É fato que a violência acontece e que aumenta de forma galopante em nossos ambientes escolares. Desde pequenas brigas, discussões, desavenças, bulling, passando pela sua estrutura física, com o uso de instrumentos, armas, a força corporal,, luta, chutes, socos, pontapés. E isto em todas as dimensões e com amargas consequências. Horizontalmente, entre alunos ou destes contra seus professores servidores, funcionários, vizinhança.  Estabeleceu-se, assim, gradualmente, ao longo dos anos o que se assemelha a uma guerra, com pequenos e grandes crimes, sangue, até mortes, o que, sem sombra de dúvidas, gera uma preocupação enorme, sem precedentes de suas gravidades como temos nos certificado, em especial, nos últimos tempos.

Mas acredito sim que a solução depende, em princípio, de um novo e profundo olhar. Diria eu – para estar na linguagem da moda – um olhar quântico, enxergando para além da mera evidência do óbvio. Entendendo e relativizando a relatividade dos fatos: o que é bom para a ordem, a disciplina, o funcionamento da escola, pode, e, geralmente é péssimo para a pessoa, a alma, o sentimento, podendo sim – e na maioria das vezes está – violentando as pessoas.  Faz-se necessário relativizar as causas, os efeitos, os processos e os resultados, interligados, em pleno efeito dominó, desta mesma violência, podendo, assim, de certa forma entender tal fenômeno e articular meios e condições capazes de superá-lo. Faz-se necessário que os gestores das escolas e, em especial, os professores, responsáveis pelos processos didáticos e pedagógicos ampliem as suas sensibilidades e passem a ver e a entender os elementos e substratos que se ocultam debaixo de suas próprias práticas, gerindo e ampliando esta mesma violência que tanto nos atordoa.

Sim, as próprias práticas pedagógicas e os aparatos formais da escola podem estar concebendo e ampliando as mesmas violências  que se combatem – num autêntico faz-e-desmancha absolutamente enlouquecedor.  Por que sim, não pode e nem deve ser a escola um espaço para isto, mas, muito pelo contrário. Para se fazer, aprender, ensinar e concretizar uma política de paz, de entendimento, de relações sadias e produtivas, calcadas no diálogo, na compreensão, na empatia, nos ditos valores humanos, produtivos e edificantes que devem – ou que deveriam – constituir a alma das pessoas. E, também para isto é que elas vão à escola em busca de se educarem e de se tornarem  melhores.

Falo em olhar quântico referindo-me a um novo perceber das funções da escola frente às dimensões da sociedade capitalista, já em si, competitiva e violenta. Não tendo, por isso mesmo a escola, a educação e seus agentes, em princípio sabido como agir dentro deste vendaval,  neste turbilhão de fatos e fenômenos o que levam-me a perguntar: - Se a dimensão quântica advoga a ideia de que tudo se liga a tudo, transcendendo valores e resultados similares, onde então estariam as bases desta violência na escola?  Não seria a escola também em si – quântica e profundamente falando – um laboratório permanente de violências simbólicas e intelectuais que, uma vez repetidas e repisadas durante anos nas cabeças das crianças, dos adolescentes e dos jovens, não acabam por fazer explodir a violência concreta que agora tanto nos assusta?

De acordo com determinadas linhas do pensamento, em especial as  humanistas de muitos dos atuais teóricos da educação, da psicologia, da pesquisa e da didática, a violência na escola pode começar sim pela obrigatoriedade legal de ter que frequentá-la. Claro que, num sentido macro e dentro de uma certa ordem política, podemos assim dizer que isto pode estar correto, mas, inegavelmente, é violento. Submeter, ordenar, determinar coercitivamente pela lei e, não raro com o poder de polícia que a criança tem que ir à escola, embora ela possa não querer  ou desejar isso, não podemos negar: é uma primeira e brutal violência e para superá-la temos que ter sim, um olhar sensível em busca deste entendimento.

Uma sociedade que se quer democrática, justa e livre não pode usar da coerção, dita legal ou institucional para conduzir seus métodos de ação, pois,  isto é de uma incoerência absolutamente inaceitável o que precisamos compreender com profundidade já no advento do terceiro milênio e num tempo de plenos direitos humanos e do exercício da cidadania. A força coercitiva  e determinante é,  talvez, a maior de todas as violências e nossas escolas estão, no seu dia a dia, eivadas disto.  E o que é pior, ninguém  parece perceber os seus males.  Ter que ir à escola – todos os dias durante toda a melhor fatia da vida -  responder a uma chamada nominal ou numérica – o que é pior ainda – escutar, ler, escrever, estudar, aprender, o que muitas vezes não interessa, se renega, não se quer. Enfrentar um professor, uma professora com quem não se simpatiza, colegas com quem não se comunga ideias, sentimentos ou empatias. Cumprir horários que lhe são impostos sem o menor consentimento ou estudos de condições, etc. Usar um uniforme do qual não exista um menor teor de vontade e muito mais. Mas isso são detalhes. Sim, são. Mas juntos e reforçados por todos os anos vão  corroendo a liberdade e consolidando a violência que cresce dentro de cada pessoa que irá a seu modo colocá-la pra fora.

Ter que se sentar neste ou naquele lugar. Levar para casa, além dos muitos que já possa ter, problemas para resolver, trabalhos, estudos, tarefas, de preferência, todos os dias e sem descanso, como um treinamento operante para fazer o que não dá prazer, não interessa e não reclamar por isso. Ter determinado o espaço e as condições para a satisfação de necessidades fisiológicas, um cardápio alimentar incompleto; um ambiente feio, não muito limpo, mal cuidado, etc. são maldades que as escolas, sem que saibam, impõem aos seus alunos, violentando seus corpos e almas.  Ser corrigido, chamado à atenção, exposto frente aos colegas e receber notas e castigos com os quais muitas vezes não se concorda e não ter o direito de falar, revidar, se explicar devidamente; já seria em si, um elenco enorme de violências intelectuais e simbólicas, que, juntas e alinhadas  só poderão gerir as violências concretas e é, sobre isto que nós, educadores, preocupados com a violência nas escolas temos que nos debruçar antes que seja tarde demais. Levando, assim,  a um possível e definitivo caos que seria o fracasso inevitável da educação, das escolas, das pedagogias  e de todos os aparatos que acercam toda a realidade escolar e seus efeitos nas pessoas e na construção da sociedade que queremos.

Diz a escola que não quer a violência. Mas, inadvertidamente, ela faz tudo para adequar os sujeitos – aos quais julga educar – a se ajustarem à uma realidade social violenta, competitiva ao extremo. Segregada pelo ter, o poder, centralizando a renda , as decisões e socializando a fome, a miséria, o desemprego, o medo. Ora, não seria isto semear e propagar violências outras que se tornam mais numerosas e mais plurais, justamente, na mesma medida em que se tornam mais raros e escassos os bens materiais ou não, os meios e as condições de vida? Como vai querer a escola combater a violência física, a briga, a luta, o sangue, a morte, ao mesmo tempo promovendo e legitimando a violência simbólica, a violência intelectual, a violência do poder e da imposição em suas próprias práticas? Não estaria a pedagogia simplista dos resultados capitalistas simbolizados no percentual de frequência, na obediência extrema às militares imposições, à nota, à aprovação na medida em que se diz sim e não se revida a controles e imposições, ampliando e diversificando  esta violência óbvia e que tão fortemente se manifesta?

Pensando, então num fazer pedagógico não-violento podemos, em princípio, enumerar alguns elementos, passos, ações que podemos sugerir a aplicação no cotidiano da escola, dentre ouros, apenas para exemplificar. São pequenas medidas graduais, simples, corriqueiras, que, certamente, agregarão o lúdico, o bem-estar, o valorizar a pessoa, amortizar o ambiente, humanizando as práticas educacionais e tornando-as, ao longo do processo, agradáveis, não violentas, e, se possível, plenas de boas essências. Assim, os agentes educacionais, a nosso ver, devem:

·        Horizontalizar as formas de tratamento, conhecendo, memorizando e se referindo ao aluno chamando-o pelo próprio nome ou a forma previamente combinada  - de preferência que todos se tratem respeitosamente por você, suprimindo títulos e outros pronomes de tratamento. Um detalhe, que, certamente, fará a maior diferença reduzindo muito da conturbação do ambiente escolar.

·        Flexibilizar horários e personalizar exigências, limites de chegada, ampliando a tolerância para os que moram mais longe ou têm mais dificuldades que os demais para se locomoverem até a escola. Toda padronização exclusiva prejudica uns mais do que outros e isto também é, de certa forma, violentar.

·        Estabelecer, no cotidiano dos processos de ensinar a indução e a dedução simultâneas, permitindo que todos falem, ainda que ordenadamente, quando quiser, colocando para fora suas ideias, crenças, impressões, críticas, concordância, discordância. Muitos surtos e explosões vêm desta angústia acumulada na alma de não poder expressar o que quer e o que sente, no devido momento em que o fenômeno acontece.

·        Conhecer e considerar as diferenças individuais, entendendo que alguns aprendem ouvindo, outros lendo, falando, escrevendo, documentando, apresentando sínteses. Uns raciocinam melhor sozinhos, outros em grupos. Os “insights” de aprendizagem em alguns acontecem na hora, outros depois do sono, alguns demoradamente, em outros, nunca, o que precisa ser reconhecido e considerado.

·         Concluir o ciclo de indução, dedução, argumentação, sistematização e conclusão em cada unidade de conhecimento trabalhada. Este fechamento é absolutamente fundamental, oxigenando as sinapses nervosas, reduzindo o estresse mental, a fadiga intelectual e favorecendo a um aprendizado agradável e completo.

·        Entender que nem todo o mundo precisa aprender tudo, e, muito menos, da mesma forma. Alguns precisarão de mais matemáticas, outros de mais linguagem, artes, história, eletrônica, informática. Relativizar e dosar o conhecimento – como uma dose de medicamento que se ministra para diferentes comorbidades, é, sim uma grande sabedoria.

·        Diversificar os métodos. Nem todo o mundo gosta de ficar sentado, calado e quieto por horas. Insira a dinâmica de grupo, o movimento, a teatralização, o diálogo, a música, as brincadeiras, as técnicas de relaxamento e o controle da respiração. O estresse do dia a dia, o medo da própria violência, os ônibus lotados, o cansaço da caminhada precisam ser compensados de forma livre, lúdica e salutar. Depois de se subir uma escada longa e exaustiva – como é a vida cotidiana de muitos de nós – é preciso descansar, parar, respirar para depois conseguir o que se pretende e isto deveria ser feito todos os dias, tanto no início, como no final das aulas, das atividades pedagógicas.

·        Desenvolver todas as atividades em círculos, dando um adeus definitivo às seletivas e segregadoras filas que privilegiam poucos e castigam, violentam, prejudicam muitos. Ao invés de posições classificatórias de primeiros até os últimos você tem uma classificação igualitária para todos que estão no círculo. Isto, além de facilitar a operacionalização de qualquer processo é, também, absolutamente democrático, dando a todos e da mesma forma, o direito de acesso, visão, vez e voz.

·        Corrigir deveres, tarefas e demais atividades acentuando e valorizando os acertos e não erros. A atividade convencional de correção de atividades pedagógicas têm funcionado, tradicionalmente, como um verdadeiro bombardeio de caça ao erro para tirar ponto, diminuir a nota, como se ela fosse um prêmio de consolação para os privilegiados “mais aptos”. Uma ação seletiva, draconiana como quem aciona força de trabalho e o ato educativo por excelência não pode ser assim. Ao contrário, é preciso que seja caloroso, convidativo, humano. Não posso, como aluno ter medo do resultado do meu trabalho “possivelmente, cheio de erros. Preciso sim de expectativas e estímulos para melhorar. Corrigir com caneta vermelha é como ensanguentar o trabalho, muitas vezes com empenho e dedicação. Se pudermos evitar este tipo de coisa estaremos violentando menos os corpos, as almas e o desejo de estar na escola para aprender.

·        Entender que o dever de casa, em especial em grande quantidade e exigido cotidianamente, bem mais do que um recurso de aprendizagem e fixação é uma forma de treinamento operante na linha pavloviana para que facilite a aceitação do fazer muito e receber em troca um nada ou quase nada. Além de passar na escola boa parte do dia, não raro, o aluno terá ocupar boa parte do seu tempo restante fazendo os deveres de casa para que, assim, permaneça ocupado, não podendo dedicar-se a atividades lúdicas e do seu interesse. Permanecendo ocupado e recebendo correções ou uma nota meramente simbólica a pessoa estará pronta para se entregar, futuramente  a muito trabalho e pouca remuneração no que se sustenta o nosso modelo capitalista. Além de uma violência intelectual tal prática, quando repetida em excesso será, igualmente, uma violência econômica, social e profissional, quando não agora, mas no futuro da pessoa e da sociedade da qual ela faz parte.

·         Por último, mas, nem por isso, menos importante, é preciso que o aluno queira ir para a escola e se sinta feliz, gratificado, realizado em frequentá-la. Assim, a chamada deve ser gradualmente substituída pela boa qualidade do que se faz e se desenvolve na escola, sendo, assim, um convite natural a estar na escola e desenvolver nela o seu aprendizado, a sua educação. Flexibilizar a obrigatoriedade, a regra, a norma e ampliar o desejo, a felicidade, fazendo da escola um local de encantamento.

Não se pode definir os parâmetros que favorecem a uma certa violência capitalista de um modelo como o nosso sem provocar, mesmo que em níveis inconscientes, violências outras que tanto nos assustam, assolam, neurotizam, matam e preocupam. A violência que a escola gera é processual, não palpável, não é física e não pode ser vista. Ela amadurece e se encrudesce ao longo dos muitos anos desde que a criança vai sonolenta para o jardim de infância e, ao longo de muitos e ininterruptos anos, vai assimilando fragmentos inúteis de muitas teorias, incorporando práticas segregadoras, aprendendo a competir, a neutralizar a vontade  e a aplaudir algozes. E um dia, é, claro, isto explode corporificando a mesma violência que agora queremos combater, só que agora, de forma física, concreta e muito mais ampla, pois se multiplica pelos inúmeros impulsos que foram recebidos os seus impactos quer seja na imposição de regras e normas, no não ouvido, no ponto tirado na humilhação sofrida e da qual não foi possível se defender e talvez estamos fazendo isto da forma mais incoerente. O que apresentamos pode ser considerado sim – em especial pelos mais céticos – como um conjunto de detalhes sem importância. Mas não podemos nos esquecer que como “aqueles outros detalhes que aqui combatemos” juntos e operacionalizados repetidamente eles irão fazer a grande diferença. A diferença feita para o bem. Pode parecer que não mas é uma diferença que também conta.

Ai vem a pandemia da Covid 19 que reforça todo este estado de coisas. Enfraquece as relações, anula vontades e desejos, enlouquece as pessoas. Acirra a violência e faz com que a principal função de todos os envolvidos com a educação seja superá-la, o que começa com o combate à causa de tudo isto que é, justamente, a violência simbólica e pedagógica. A violência do intelecto com a qual a escola sempre  trabalhou e se  fez presente na vida das pessoas durante os séculos infindos de sua história. Mas que, agora precisa, necessariamente de chegar ao seu final e para tanto os educadores devem refinar seu olhar, superar a dificuldade de perceber as múltiplas violências que eles próprios promovem, mudando, com a urgência possível, alguns pressupostos e muitos paradigmas.

Claro que a escola prescinde de limites, sem os quais inexiste a organicidade. A diferença é que em termos educacionais, ao invés de impostos estes mesmos limites precisam ser, efetivamente, negociados. No cômputo da não-violência ninguém, nem mesmo o aluno cumpre normas que não ajudou a construir. Faz-necessário que a vontade, o desejo de todos estejam presentes na definição de tudo o que irá acontecer naquele ambiente ou em decorrência dele. Assim,  a liberdade , a flexibilidade devem fazer parte dos contextos éticos das definições das coisas que acontecem ou não, com o que parece-me a comunidade escolar não está acostumada e ainda combate com veemência total a este tipo de coisa.

Horários flexíveis e negociados, professores escolhidos perante trocas, conhecimentos, conversas e adesões, palpites de ambas as partes. Participação efetiva da família e do próprio aluno nas decisões das escolas, minimizando os antagonismos brutais que acontecem. Ninguém obriga ninguém a nada. A chamada deve ser substituída – ainda que gradualmente – pela qualidade das aulas, a ludicidade dos encontros, as surpresas, as novidades, os encantos. O aluno precisa desejar ir para a escola e se sentir feliz e realizado dentro dela. E, de preferência, ficar chateado por ter que ir embora.  Deve-se estudar sim, aquilo que agregue valores que  interessem, que contribuam para a felicidade, a realização enquanto sujeito, pessoa, autor e ator da própria história e não ao contrário. Ritmos, estilos, formas de aprender, desejos, metas, dificuldades e facilidades precisam ser conhecidos e considerados no entendimento de que cada indivíduo é um universo diferenciando, não podendo, como dizia Paulo Freira, engessar métodos; vestindo em todos uma roupa de tamanho único que serve para todos mas que não fica bem em nenhuma pessoa.

Quem é violentado, violenta. Existindo aí, naturalmente, uma proporção geométrica que empurra para mais e maior o próprio processo violento. É muito mais fácil do que se imagina, e, diria até, automático que o violência simbólica – intelectual,  psicológica, etérea, não-física e não-perceptível se transforme na violência concreta, palpável, sangrenta, criminosa. Quem tem, por exemplo, sua vontade descumprida quer gritar. Quem ouve o grito precisa urrar, dar uns tapas. Quem recebe o tapa distribui palavrões e murros e daí para o “tiro facada e bomba” pode ser sim, uma questão de segundos.  E assim se propagam as dimensões do crime, das guerrilhas, das dores e toda a sorte de sofrimento. E nossas escolas, infelizmente, estão cheias disto.

  Vestir-me  do jeito que não gosto e o que não foi-me perguntado se agradava ou não é, sim, um tipo de violência. Julgar é violência. Dar ou tirar notas, pontos, é violência. Reprovar é violência. Impor regras e normas, conteúdos e assuntos, espaços, colegas, professores, enfim, tudo o que não é escolhido por consenso violenta o sujeito. Em contrapartida, o capitalismo opressor e periférico só sobrevive  com estas e as violências outras, das quais e com as quais sobrevivem as escolas  que se transformam, a cada dia em odiosos calabouços, sendo esta a percepção que devemos ter e a atitude que devemos tomar. Não dá para servir, há um só tempo a dois senhores: ou trabalhamos pela dimensão exploradora do nosso sistema econômico sendo, profundamente violentos em todos os sentidos ou tenhamos a exata convicção do que devemos mudar. E a violência na escola e na sociedade, enfim, poderá ser superada e vencida.  É tudo uma questão de consciência. A consciência da certeza da necessidade de mudar. Mudar ontem.

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(*)Antonio da Costa Neto é professor aposentado, pesquisador, consultor em programas de educação, atualização de professores. Fundador do Instituto Humanizar – assessorias especiais para programas de educação. Autor de livros e artigos. Contatos para consultorias, pesquisas, cursos, palestras, seminários e afins:  antoniodacostaneto@gmail.comwww.mudandoparadigmas – WhatsAap: 61 99832 25 37

 

 

 

 

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