Passeando pelas teorias antropológicas esbarrei num conceito que chamou-me bastante a atenção que é a questão da zona de conforto. Ninguém quer sair dela e conforme explicam alguns antropólogos, os mamíferos e os animais de sangue quente são os maiores competidores no sentido de garantir a manutenção da própria zona de conforto.
E ainda, segundo a própria antropologia, que aqui peço licença para acrescentar uma nomenclatura ao terno: antropologia política, na sociedade capitalista, e, associando ao homem a capacidade de raciocínio e a sua posição nesta mesma sociedade, se acirrar, de forma rígida e brusca a zona de conforto de cada um.
Assim, na sociedade brasileira - como em todas as outras - quem representa o povo está numa zona de conforto absolutamente contraditória, ou até antagônica, e, assim, os esforços de ambos os lados são também contraditórios, impedindo, assim, resultados harmônicos para ambas as partes, beneficiando, sempre uma delas, que é a mais forte, a que comanda, a que domina.
Assim, quando políticos, parlamentares e seus auxiliares do primeiro escalão falam em resolver os problemas do Brasil, leia-se resolver os problemas da elite do Brasil, pois, como elite que são - pelo que ganham, o que comem, como moram e como vivem, etc. - tudo é feito, de forma subliminar para se resolver o problema da elite, se manter o poder de decisão e o poder de compra da mesma elite, não atingindo nunca, as massas, o povo, os trabalhadores.
Por isso, tais medidas nunca funcionam e o ciclo se repete desde tempos imemoriais e assim, sempre.
Neste domingo ouvi quando Cristiana Lobo terminou o programa dizendo que, na sua opinião, a crise brasileira só acaba com a eleição de um novo presidente. Reafirmo aqui que sim, precisamos eleger outro presidente, mas antes disto, repensar com profundidade quem seria este novo presidente? Qual a sua história de vida, seu passado, suas conquistas, enfim, sua realidade. O governo Temer, por exemplo - assim como o de Dilma, Lula, FHC, Sarney, Collor, etc. são, do ponto de vista ideológico, de perpetuação da zona de poder do próprio poder e do próprio Estado, são a mesma coisa. Ou seja, um governo feito dentro dos paradigmas da economia capitalista, centralizadora, opressora e, altamente, elitista e conservadora, nos sentido da manutenção do que aí está - ou seja, poucos dominando muitos - poucos com tudo e muitos com nada - o que é a síntese da crise e dos problemas que todos vivemos nestes tempos bicudos que nos cercam.
A montagem do primeiro escalão do Governo Temer já é, em si, de arrepiar, não só pelo escalão ser formado exclusivamente por homens brancos, mas todos elitistas experimentados, pessoas que estão há décadas, no bem, na boa e mamando no sistema e, claro, desta feita, vão continuar nos seus novos cargos, sedimentando formas de beneficiar a eles próprios e aos seus pares, o que cai no mesmo ciclo, na mesma exploração, nos mesmos valores. É, portanto, este o paradigma que precisa mudar, e, para tal mudança, tomo a liberdade de sugerir alguns passos:
1 - Para representar o povo o representante, governante, político, parlamentar, assessor, ministro, etc. não pode perder a sua similaridade com o povo. Claro. Não é mais possível se deixar de "ser povo para representar o povo." Então, é preciso que se repense a zona de conforto econômico-capitalista dos governantes, com o que já, começaríamos a repensar a questão do tesouro e das contas públicas. Quanto ganha um deputado, um senador, um governador, um secretário de Estado e quanto ganha um trabalhador do povo, um servidor braçal? Quanto vale um salário mínimo e quantos salários mínimos ganha um parlamentar? Sem repensar esta questão será eternamente impossível se resolver os problemas da crise brasileira, ou, até mesmo da crise mundial.
2 - Redefinição do caráter de quem governa. É preciso que os governantes de todos os níveis sejam selecionados criteriosamente num outro padrão de exigência em termos de caráter, personalidade, valores como a compaixão, a solidariedade, a ética em seu sentido pleno. Pois a ética que temos e que formula as políticas públicas é extremamente oportunista e fragmentária, como sendo uma "meia ética" que não enxerga o "crime do colarinho branco" e que fecha os olhos para as questões não palpáveis, que podem estar dentro da lei. Mas seria esta lei justa e legítima? Todos são iguais, de fato perante a lei ou existem os que são mais iguais do que os iguais e que são, eternamente, os mesmos.
Em síntese, é preciso uma verdadeira revolução econômica e ética na formulação das políticas públicas, criando, assim, uma nova perspectiva de uma ação governamental e de política, realmente, para todos e não só para os que governam, os que comandam, os que oportunizam a própria zona de conforto à revelia dos direitos de todos;
No meu blog: www.mudandoparadigmas.blogspot.com apresento algumas propostas como: a Metodologia do Planejamento Sistêmico-Contingencial; o Projeto de Novas Arquiteturas para a Gestão Municipal e o Projeto Pedagogia da Felicidade, que, acredito, possa ser uma dentre as infindas alternativas de solução que temos, mas que, para as quais, nossa elite ainda permanece completamente cega. Ou seja, perpetuando a estreita zona de conforto que precisa, necessariamente, ser ampliada para todos nós: somos todos brasileiros e não desistimos nunca.
Um comentário:
Tirar o PT já é o excelente começo de mudança de paradigma. Veja:
O PT perde credibilidade, no entanto, não apenas devido a brutal incompetência, que fez crescer a rejeição a esse partido, mas também devido a propaganda enganosa de João Santana! A única coisa que resta ao PT é a narrativa, tipo: «não vai ter golpe». Apenas palavras. Esse pessoal de mídia social com tarja publicitária estereotipada [Face etc.]: “não reconheço governo Temer golpista”, vive em um automatismo: A questão não é maravilhosa em nosso país. No entanto sabemos que DILMA é ruim como estadista e articuladora. Se se compara, Temer é solarmente melhor (e nesse caso é bom com-parar). Mas há mulheres fabulosas. Muitas delas são MULHERES heroínas. Algumas são apagadas. Outras esquecidas. Uma das esquecidas é Janaína Paschoal (pelo menos pela mídia em geral). Eis: Campeã mesmo (no bom sentido) é ver Janaína Paschoal enfrentando Gleisi Hoffmann. Como uma atleta. Veja: Puxa vida! Dra. Janaína Paschoal (de verdade, não é apenas professorzinho(a) doutor de USP não, com teses defasadas e autoritárias) Janaína Paschoal, com inteligência, bom senso, modernidade, cabeça AREJADÍSSIMA, fez o golaço de Marta Suplicy e de Senador Romário para cima de Gleisi Hoffmann. Sete a um (7×1) para Janaína Paschoal!
E quanto a Dilma está é aqui: Um produto a ser vendido e consumido. Apenas isso. E haja publicidade! Desgastante. Veja. Eis: Coca-Cola, PT, LULA, DILMA, REQUIÃO, PSEUDO-INTELECTUAL: O PT ainda continua perfeitamente astuto e sutil, quase invisível em seu ilusionismo. Pratica qualquer NARRATIVA para estar no poder. Narrativas publicitárias que USURPAM o pensamento, mentes e traz medo. Vigilância e controle ideológico. Dentro das Universidades, nas ruas, botons, autoadesivos, blogs espertalhões, artistas puxa-sacos, discursos manipuladores, «lavagem cerebral». “””Golpe”””, com toda certeza, é um clichê publicitário, é frase-pronta, imagem estereotipada e montada a priori (nessa altura, provavelmente, recomendada por algum marqueteiro, tal qual João Santana. Semelhante a ele. Senão, ele próprio): frases clichês tais quais: “Coca-Cola dá mais vida”.
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