terça-feira, 4 de dezembro de 2007

PARA SARAH, RAQUEL, LIA...E TODAS AS CRIANÇAS



Eu queria uma escola que cultivasse a curiosidade

de aprender que é em vocês natural.

Eu queria uma escola que educasse seu corpo e seus movimentos:

que possibilitasse seu crescimento físico e sadio.

Normal.

Eu queria uma escola que lhes ensinasse tudo sobre a natureza, o ar,

a matéria, as plantas, os animais, seu próprio corpo.

Deus.

Mas que ensinasse primeiro pela observação, pela descoberta, pela experimentação.

E que dessas coisas lhes ensinasse não só o conhecer,

como também a aceitar, a amar e preservar.

Eu queria uma escola que lhes ensinasse tudo sobre a nossa história

e a nossa terra de uma maneira viva e atraente.

Eu queria uma escola que lhes ensinasse a usarem bem a nossa língua,

a pensarem e a se expressarem com clareza.

Eu queria uma escola que lhes ensinassem a pensar, a raciocinar,

a procurar soluções.

Eu queria uma escola que desde cedo usasse materiais concretos

para que vocês pudessem ir formando corretamente os conceitos matemáticos, os conceitos de números, as operações...

usando tampinhas, pedrinhas... só porcariinhas!...

fazendo vocês aprenderem brincando...

Oh! meu Deus!
Deus que livre vocês de uma escola em que tenham que copiar pontos.

Deus que livre vocês de decorar sem entender, nomes, datas, fatos...

Deus que livre vocês de aceitarem conhecimentos "prontos",

mediocremente embalados nos livros didáticos descartáveis.

Deus que livre vocês de ficarem passivos, ouvindo e repetindo, repetindo, repetindo...

Eu também queria uma escola que ensinasse a conviver, a coooperar, a respeitar,

a esperar, a saber viver em comunidade, em união.

Que vocês aprendessem a transformar e criar.

Que lhes desse múltiplos meios de vocês expressarem

cada sentimento,

cada drama,

cada emoção.

Ah! E antes que eu me esqueça:

Deus que livre vocês de um professor incompetente.

Carlos Drummond de Andrade


2 comentários:

alcyeducação disse...

É comum no cotidiano escolar perceber boa parte dos profissionais parados no tempo só fazendo os alunos repetirem.

Esse poema de Drummom é fantástico
para reflexão.

Anônimo disse...

Gostei do seu blog.