sexta-feira, 29 de junho de 2012

DOM SEBASTIÃO VOLTOU
16 de junho de 2012
 
Marco Antonio Villa - O Estado de S.Paulo
Luiz Inácio Lula da Silva tem como princípio não ter princípio, tanto moral, ético ou político. O importante, para ele, é obter algum tipo de vantagem. Construiu a sua carreira sindical e política dessa forma. E, pior, deu certo. Claro que isso só foi possível porque o Brasil não teve - e não tem - uma cultura política democrática. Somente quem não conhece a carreira do ex-presidente pode ter ficado surpreso com suas últimas ações. Ele é, ao longo dos últimos 40 anos, useiro e vezeiro destas formas, vamos dizer, pouco republicanas de fazer política.
Quando apareceu para a vida sindical, em 1975, ao assumir a presidência do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, desprezou todo o passado de lutas operárias do ABC. Nos discursos e nas entrevistas, reforçou a falácia de que tudo tinha começado com ele. Antes dele, nada havia. E, se algo existiu, não teve importância. Ignorou (e humilhou) a memória dos operários que corajosamente enfrentaram - só para ficar na Primeira República - os patrões e a violência arbitrária do Estado em 1905, 1906, 1917 e 1919, entre tantas greves, e que tiveram muitos dos seus líderes deportados do País.
No campo propriamente da política, a eleição, em 1947, de Armando Mazzo, comunista, prefeito de Santo André, foi irrelevante. Isso porque teria sido Lula o primeiro dirigente autêntico dos trabalhadores e o seu partido também seria o que genuinamente representava os trabalhadores, sem nenhum predecessor. Transformou a si próprio - com o precioso auxílio de intelectuais que reforçaram a construção e divulgação das bazófias - em elemento divisor da História do Brasil. A nossa história passaria a ser datada tendo como ponto inicial sua posse no sindicato. 1975 seria o ano 1.
Durante décadas isso foi propagado nas universidades, nos debates políticos, na imprensa, e a repetição acabou dando graus de verossimilhança às falácias. Tudo nele era perfeito. Lula via o que nós não víamos, pensava muito à frente do que qualquer cidadão e tinha a solução para os problemas nacionais - graças não à reflexão, ao estudo exaustivo e ao exercício de cargos administrativos, mas à sua história de vida.
Num país marcado pelo sebastianismo, sempre à espera de um salvador, Lula foi a sua mais perfeita criação. Um dos seus "apóstolos", Frei Betto, chegou a escrever, em 2002, uma pequena biografia de Lula. No prólogo, fez uma homenagem à mãe do futuro presidente. Concluiu dizendo que - vejam a semelhança com a Ave Maria - "o Brasil merece este fruto de seu ventre: Luiz Inácio Lula da Silva". Era um bendito fruto, era o Messias! E ele adorou desempenhar durante décadas esse papel.
Como um sebastianista, sempre desprezou a política. Se ele era o salvador, para que política? Seus áulicos - quase todos egressos de pequenos e politicamente inexpressivos grupos de esquerda -, diversamente dele, eram politizados e aproveitaram a carona histórica para chegar ao poder, pois quem detinha os votos populares era Lula. Tiveram de cortejá-lo, adulá-lo, elogiar suas falas desconexas, suas alianças e escolhas políticas. Os mais altivos, para o padrão dos seus seguidores, no máximo ruminaram baixinho suas críticas. E a vida foi seguindo.
Ele cresceu de importância não pelas suas qualidades. Não, absolutamente não. Mas pela decadência da política e do debate. Se aplica a ele o que Euclides da Cunha escreveu sobre Floriano Peixoto: "Subiu, sem se elevar - porque se lhe operara em torno uma depressão profunda. Destacou-se à frente de um país sem avançar - porque era o Brasil quem recuava, abandonando o traçado superior das suas tradições...".
Levou para o seu governo os mesmos - e eficazes - instrumentos de propaganda usados durante um quarto de século. Assim como no sindicalismo e na política partidária, também o seu governo seria o marco inicial de um novo momento da nossa história. E, por incrível que possa parecer, deu certo. Claro que desta vez contando com a preciosa ajuda da oposição, que, medrosa, sem ideias e sem disposição de luta, deixou o campo aberto para o fanfarrão.
Sabedor do seu poder, desqualificou todo o passado recente, considerado pelo salvador, claro, como impuro. Pouco ou nada fez de original. Retrabalhou o passado, negando-o somente no discurso.
Sonhou em permanecer no poder. Namorou o terceiro mandato. Mas o custo político seria alto e ele nunca foi de enfrentar uma disputa acirrada. Buscou um caminho mais fácil. Um terceiro mandato oculto, típica criação macunaímica. Dessa forma teria as mãos livres e longe, muito longe, da odiosa - para ele - rotina administrativa, que estaria atribuída a sua disciplinada discípula. É um tipo de presidência dual, um "milagre" do salvador. Assim, ele poderia dispor de todo o seu tempo para fazer política do seu jeito, sempre usando a primeira pessoa do singular, como manda a tradição sebastianista.
Coagir ministros da Suprema Corte, atacar de forma vil seus adversários, desprezar a legislação eleitoral, tudo isso, como seria dito num botequim de São Bernardo, é "troco de pinga".
Ele continua achando que tudo pode. E vai seguir avançando e pisando na Constituição - que ele e seus companheiros do PT, é bom lembrar, votaram contra. E o delírio sebastianista segue crescendo, alimentado pelos salamaleques do grande capital (de olho sempre nos generosos empréstimos do BNDES), pelos títulos de doutor honoris causa (?) e, agora, até por um museu a ser construído na cracolândia paulistana louvando seus feitos.
E Ele (logo teremos de nos referir a Lula dessa forma) já disse que não admite que a oposição chegue ao poder em 2014. Falou que não vai deixar. Como se o Brasil fosse um brinquedo nas suas mãos. Mas não será?
 
MARCO ANTONIO VILLA, HISTORIADOR, É PROFESSOR DA , UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS (UFSCAR)
 
 

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Signo do Homem de Escorpião

 – Escorpiano, Eu...

O Escorpião normalmente costuma ser auto confiante, e nada que possam pensar a seu respeito o fará mudar. Ele não é exibido ou metido, apenas sabe do que é capaz, conhece suas virtudes e nenhuma critica vai faze-lo mudar de opinião a seu respeito. Por isso não estranhe quando ouvi-lo responder a um elogio seu com um “Eu já sabia”. Mas não carregue muito nas criticas ou ele pode levar para o lado pessoal e acabar virando seu inimigo.
Comece a trata-lo como um garoto bonzinho, inofensivo e acabará entrando numa fria! Ele não tem nada de ingênuo e meigo,e muitas vezes esconde um certo comportamento perverso que contribui para a má fama do escorpião. Deixa-lo sentir-se muito a vontade para fazer o que quiser, pode torna-lo insuportável! Nestas horas é bom dar uns gritos e mostrar que não está para brincadeiras! Sua fama de cruel se deve ao prazer que alguns sentem ao enfrentar e destruir suas vítimas sem sentir um pingo de remorso.
Mas ele nem sempre age a luz do dia enfrentado diretamente seu inimigo. Muitas vezes ele pode usar outras pessoas para conseguir o que deseja, mantendo-se imune a todo tipo de julgamento. Na verdade esta fama é um pouco exagerada, pois a maioria nem se mexe para prejudicar alguém. O que ele costuma ser é rancoroso e sincero no seu ódio! Se ele odeia, o mundo todo saberá! Pergunte a um homem de escorpião sobre o que acha de um desafeto e se prepare para ouvir as piores coisas do mundo! Ele não economizará em dizer os maiores impropérios seguidos de um verdadeiro desejo em ver esta pessoa arruinada!
Dá mesma maneira que não esquece uma mágoa e suas feridas demoram para cicatrizar, o escorpião jamais esquece um presente ou um benefício.Normalmente, sua forma de agradecer será através de uma boa recompensa. Ele é muito leal com os amigos e pode fazer sacrifícios por eles que não faria nem para seus parentes mais íntimos. Para defini-lo melhor, a frase “para os amigos tudo, para os inimigos a morte” serve perfeitamente! As mulheres que passarem por sua vida sempre terão um espaço em seu coração, por isso ele pode fazer algumas comparações que podem feri-la
. Esta é uma maneira que ele usa para dizer como deve se comportar e o que espera de você! Por exemplo, se disser que adora mulheres que sabem cozinhar, estará dizendo que você poderia se esforçar para aprender algo mais que fritar um ovo!Quando se trata de ciúmes é bom você agir com muita cautela.  Ele pode explodir em um acesso de raiva se achar que olhou para outro homem, mas odeia mulher ciumenta e não costuma aceitar que elas tenham o mesmo comportamento raivoso ou possessivo que ele.
Este signo simplesmente detesta que digam o que ele deve ou não fazer. Por isso, costumam ficar insuportáveis quando resolvem desafiar uma autoridade com provocações e desprezo. Querer controla-lo pode surtir o efeito contrário, e ele pode aparecer com uma nova namorada só para deixa-la arrasada na frente de todo mundo. O escorpião é muito possessivo em tudo que acredita ser seu, incluindo o sucesso na carreira.
Porém jamais vai deixar evidente esta sua crença, esperando o tempo certo para agir. Ele sabe ser paciente e confia em si para não ficar brigando por posições que ele sabe que merece mais que ninguém. Pensar que ele está acomodado com uma situação, é não conhece-lo a fundo.
Sua aparencia calma e tranquila esconde uma mente que não para de raciocinar na melhor maneira de conseguir chegar na frente dos outros concorrentes! Me mostre um escorpiano que saiba perder e eu lhe direi que esta louca! Eles odeiam perder e acham que o segundo lugar é tão ruim quanto o ultimo! Se é para entrar em um jogo que seja para ganhar. Mesmo que perca, não será por falta de esforço. O escorpião é um dos poucos signos que adora sonhar por que sabe que suas chances de tornar seus sonhos em realidade são maiores por causa de sua determinação.
Quando ele se apaixona. seu amor pode ser tão intenso que você pode achar que acabou de descobrir o homem da sua vida! Apesar de sua forma pouco delicada de expressar seu amor, seja através de seu ciúme ou de demonstrações explicitas em praça publica de que você é a mulher que ele ama, na maioria das vezes terá um homem dedicado, calmo, compreensível e muito companheiro. O escorpião costuma ficar tranquilo e meio anestesiado quando está amando uma mulher que lhe passa confiança.
Saber que não precisa ficar correndo atrás da amada para saber se ela está pulando a cerca, serve como um ótimo tranquilizante para alguém tão possessivo. Mesmo assim, é capaz dele te ligar várias vezes só para dizer o quanto te ama, e aproveitar para saber se está em casa, mesmo. O romance ao seu lado dificilmente será monótono. Quando ele ama, faz com toda sua força e não espera menos de você!  Ele não quer que o seu amor seja tão grande quanto o dele, apenas quer que o ame mais do que qualquer coisa!
Ele vai contar para todos os amigos que está apaixondo e em pouco tempo toda cidade saberá. Afinal, para que esconder a felicidade se pode se deliciar com a inveja de quem o ouve assoviando pelas ruas como o homem mais feliz do mundo? Sim, outra particularidade do escorpião é que ele adora ser invejado e sente-se feliz em saber que alguém pode perder o sono por causa disto!

segunda-feira, 11 de junho de 2012

O BRASIL É CARINHOSO?

 
Bom dia, dona Dilma!

Eu também assisti ao seu pronunciamento risonho e maternal na véspera do Dia das Mães.
Como cidadã da classe média, mãe, avó e bisavó, pagadora de impostos escorchantes
descontados na fonte no meu contracheque de professora aposentada da rede pública
mineira e em cada Nota Fiscal Avulsa de Produtora Rural, fiquei preocupada com o anúncio
do BRASIL CARINHOSO.
Brincando de mamãe Noel, dona Dilma? Em ano de eleição municipalista? Faça-me o favor,
senhora presidentA!  É preciso que o Brasil crie um mecanismo bastante severo de controle
dos impulsos eleitoreiros dos seus executivos (presidente da república, governador e prefeito)
para que as matracas de fazer voto sejam banidas da História do Brasil.
Setenta reais per capita para as famílias miseráveis que têm filhos entre 0 a 06 anos foi um
gesto bastante generoso que vai estimular o convívio familiar destas pessoas, porque elas irão,
com certeza, reunir sob o mesmo teto o maior número de dependentes para “engordar”
sua renda. Por outro lado mulheres e homens miseráveis irão correndo para a cama
produzir filhos de cinco em cinco anos. Este é, sem dúvida, um plano qüinqüenal engenhoso de estímulo à vagabundagem, claramente expresso nas diversas bolsas-esmola do governo do PT.
É muito fácil dar bom dia com chapéu alheio. É muito fácil fazer gracinha, jogar para a platéia.
É fácil e é um sintoma evidente de que se trabalha (que se governa, no seu caso) irresponsavelmente.
Não falo pelos outros, dona Dilma. Falo por mim. Não votei na senhora. Sou bastante madura,
  bastante politizada, marxista, sobrevivente da ditadura militar e radicalmente nacionalista.
Eu jamais votei nem votarei num petista, simplesmente porque a cartilha doutrinária do
PT é raivosa e burra. E o governo é paternalista, provedor, pragmático no mau sentido, e delirante.
Vocês são adeptos do “quanto pior, melhor”. São discricionários, praticantes do “bullying”
mais indecente da História do Brasil.
Em 1988 a Assembléia Nacional Constituinte, numa queda-de-braço espetacular,
legou ao Brasil uma Carta Magna bastante democrática e moderna. No seu Art. 5º está
escrito que todos são iguais perante a lei*.  Aí, quando o PT foi ao paraíso, ele completou
esta disposição, enfiando goela abaixo das camadas sociais pagadoras de imposto seu
 modus governandi a partir do qual todos são iguais perante a lei, menos os que são
diferentes: os beneficiários das cotas e das bolsas-esmola. A partir de vocês. Sr. Luís
Inácio e dona Dilma, negro é negro, pobre é pobre e miserável é miserável. E a Constituição
que vá para a pqp. Vocês selecionaram estes brasileiros e brasileiras, colocaram-nos no tronco,
como eu faço com o meu gado, e os marcaram com ferro quente, para não deixar dúvida
de que são mal-nascidos. Não fizeram propriamente uma exclusão, mas fizeram, com certeza,
publicamente, uma apartação étnica e social. E o PROUNI se transformou num balcão
de empréstimo pró escolas superiores particulares de qualidade bem duvidosa, convalidadas
pelo Ministério de Educação. Faculdades capengas, que estavam na UTI financeira e deveriam
ter sido fechadas a bem da moralidade, da ética e da saúde intelectual, empresarial, cultural
e política do País. A Câmara Federal endoidou?  O Senado endoidou? O STJ endoidou?
O ex-presidente e a atual presidentA endoidaram? Na década de 60 e 70 a gente lutou por uma
escola de qualidade, laica, gratuita e democrática. A senhora disse que estava lá, nesta trincheira,
se esqueceu disto, dona Dilma?  Oi, por favor, alguém pare o trem que eu quero descer!
Uma escola pública decente, realista, sintonizada com um País empreendedor, com uma
grade curricular objetiva, com professores bem remunerados, bem preparados, orgulhosos da
carreira, felizes, é disto que o Brasil precisa. Para ontem.  De ensino técnico, profissionalizante.
Para ontem. Nossa grade curricular é tão superficial e supérflua, que o aluno chega ao final do
ensino médio incapaz de conjugar um verbo, incapaz de localizar a oração principal de
um período composto por coordenação. Não sabe tabuada. Não sabe regra de três. Não sabe
calcular juros.  Não sabe o nome dos Estados nem de suas capitais. Em casa não sabe consertar
o ferro de passar roupa. Não é capaz de fritar um ovo. O estudante e a estudantA  brasileiros
só servem para prestar vestibular, para mais nada. E tomar bomba, o que é mais triste.
Nossos meninos e jovens lêem (quando lêem), mas não compreendem o que leram.  Estamos
na rabeira do mundo, dona Dilma. Acorde! Digo isto com conhecimento de causa porque
domino o assunto. Fui a vida toda professora regente da escola pública mineira, por opção
política e ideológica, apesar da humilhação a que Minas submete seus professores. A educação
de Minas é uma vergonha, a senhora é mineira (é?), sabe disto tanto quanto eu. Meu contracheque
confirma o que estou informando.
Seu presente para as mães miseráveis seria muito mais aplaudido se anunciasse apenas
duas decisões: um programa nacional de planejamento familiar a partir do seu exemplo,
como mãe de uma única filha, e uma escola de um turno só, de doze horas. Não sabe como
fazer isto? Eu ajudo. Releia Josué de Castro, A GEOGRAFIA DA FOME. Releia Anísio Teixeira.
Releia tudo de Darcy Ribeiro. Revisite os governos gaúcho e fluminense de seu meio-conterrâneo
e companheiro de PDT, Leonel Brizola. Convide o senador Cristovam Buarque para um café-amigo,
mesmo que a Casa Civil torça o nariz. Ele tem o mapa da mina.
A senhora se lembra dos CIEPs? É disto que o Brasil precisa. De escola em tempo integral,
igual para as crianças e adolescentes de todas as camadas, miseráveis ou milionárias. Escola com
quatro refeições diárias, escova de dente e banho. E aulas objetivas, evidentemente.  Com biblioteca,
auditório e natação. Com um jardim bem cuidado, sombreado, prazeroso. Com uma baita horta,
para aprendizado dos alunos e abastecimento da cantina. Escola adequada para os de zero a seis,
para estudantes de ensino fundamental e para os de ensino médio, em instalações individuais
para um máximo de quinhentos alunos por prédio. Escola no bairro, virando a esquina de casa.
De zero a dezessete anos. Dê um pulinho na Finlândia, dona Dilma. No aerolula  dá pra chegar
num piscar de olhos. Vá até lá ver como se gerencia a educação pública com responsabilidade
e resultado. Enquanto os finlandeses amam a escola, os brasileiros a depredam. Lá eles
permanecem. Aqui a evasão é exorbitante. Educação custa caro? Depende do ponto de
vista de quem analisa. Só que educação não é despesa. É investimento. E tem que ser
feita por qualquer gestor minimamente sério e minimamente inteligente. Povo educado ganha
mais, consome mais, come mais corretamente, adoece menos e recolhe mais imposto para as
burras dos  governos. Vale à pena investir mais em educação do que em caridade,
pelo menos assim penso eu, materialista convicta.
Antes que eu me esqueça e para ser bem clara: planejamento familiar não tem nada a ver
com controle de natalidade. Aliás, é a única medida capaz de evitar a legalização do controle
de natalidade, que é uma medida indesejável, apesar de alguns países precisarem recorrer a ela.
Uberlândia, inspirada na lei de Cascavel, Paraná, aprovou, em novembro de 1992, a lei do
planejamento familiar. Nossa cidade foi a segunda do Brasil a tomar esta iniciativa, antecipando-se
ao SUS. Eu, vereadora à época, fui a autora da mesma e declaro isto sem nenhuma vaidade,
apenas para a senhora saber com quem está falando.
Senhora PresidentA, mesmo não tendo votado na senhora, torço pelo sucesso do seu governo
como mulher e como cidadã. Mas a maior torcida é para que não lhe falte discernimento,
saúde nem coragem para empunhar o chicote e bater forte, se for preciso. A primeira chibatada é o
seu veto a este Código Florestal, que ainda está muito ruim, precisado de muito amadurecimento
e aprendizado. O planeta terra é muito mais importante do que o lucro do agronegócio e
a histeria da reforma agrária fajuta que vocês estão promovendo.  Sou  fazendeira e ao
mesmo tempo educadora ambiental. Exatamente por isto não perco a sensatez.  Deixe
o Congresso pensar um pouco mais, afinal, pensar não dói e eles estão em Brasília,
bem instalados e bem remunerados, para isto mesmo. E acautele-se durante o processo
eleitoral que se aproxima. Pega mal quando um político usa a máquina para beneficiar
seu partido e sua base aliada. Outros usaram? E daí? A senhora não é “os outros”.
A senhora á a senhora, eleita pelo povo brasileiro para ser a presidentA do Brasil,
e não a presidentA de um partidinho de aluguel, qualquer.
Se conselho fosse bom a gente não dava, vendia. Sei disto, é claro. Assim mesmo
vou aconselhá-la a pedir desculpas às outras mães excluídas do seu presente:
as mães da classe média baixa, da classe média média, da classe média alta, e da
classe dominante, sabe por quê? Porque somos nós, com marido ou sem marido, que,
junto com os homens produtivos, geradores de empregos, pagadores de impostos,
sustentamos a carruagem milionária e a corte perdulária do seu governo tendencioso,
refém do PT e da base aliada oportunista e voraz.
A senhora, confinada no seu palácio, conhece ao vivo os beneficiários da Bolsa-família?
Os muitos que eu conheço se recusam a aceitar qualquer trabalho de carteira assinada,
por medo de perder o benefício. Estou firmemente convencida de que este novo programa,
BRASIL CARINHOSO, além de não solucionar o problema de ninguém, ainda tem
o condão de produzir uma casta inoperante, parasita social, sem qualificação profissional,
que não levará nosso País a lugar nenhum. E, o que é mais grave, com o excesso de
propaganda institucional feita incessantemente pelo governo petista na última
década, o Brasil está na mira dos desempregados do mundo inteiro, a maioria qualificada,
que entrarão por todas as portas e ocuparão todos os empregos disponíveis,
se contentando até mesmo com a informalidade. E aí os brasileiros e brasileiras vão
ficar chupando prego, entregues ao deus-dará, na ociosidade que os levará à delinqüência e às drogas.
Quem cala, consente. Eu não me calo. Aos setenta e quatro anos, o que eu mais queria
era poder envelhecer despreocupada, apesar da pancadaria de 1964. Isto não está sendo
possível. Apesar de ter lutado a vida toda para criar meus cinco filhos, de ter educado milhares
de alunos na rede pública, o País que eu vou legar aos meus descendentes ainda está
na estaca zero, com uma legislação que deu a todos a obrigação de votar e o direito
de votar e ser  votado, mas gostou da sacanagem de manter a maioria silenciosa no ostracismo social,
desprecisada  e desinteressada de enfrentar o desafio de lutar por um lugar ao sol, de ganhar o
pão com o suor do seu rosto. Sem dignidade, mas com um título de eleitor na mão,
pronto para depositar um voto na urna, a favor do político paizão/mãezona que lhe
dá alguma coisa. Dar o peixe, ao invés de ensinar a pescar, esta foi a escolha de vocês.
A senhora não pediu minha opinião, mas vai mandar a fatura para eu pagar. Vai.
Tomou esta decisão sem me consultar. Num país com taxa de crescimento industrial
abaixo de zero, eu, agropecuarista, burro-de-carga  brasileiro, me dou o direito de
pensar em voz alta e o dever de me colocar publicamente contra este cafuné na
cabeça dos miseráveis. Vocês não chegaram ao poder agora. Já faz nove anos, pense bem!
Torraram uma grana preta com o FOME ZERO, o bolsa-escola, o bolsa-família, o vale-gás,
as ONGs fajutas e outras esmolas que tais. Esta sangria nos cofres públicos não
salvou ninguém? Não refrescou niente?  Gostaria que a senhora me mandasse
o mapeamento do Brasil miserável e uma cópia dos estudos feitos para avaliar o quantitativo
de miseráveis apurado pelo Palácio do Planalto antes do anúncio do BRASIL CARINHOSO.
Quero fazer uma continha de multiplicar e outra de dividir, só para saber qual a
parte que me toca nesta chamada de capital.  Democracia é isto, minha cara. Transparência.
Não ofende. Não dói.
Ah, antes que eu me esqueça, a palavra certa é PRESIDENTE.
Não sou impertinente nem desrespeitosa, sou apenas professora de latim, francês e português.
Por favor, corrija esta informação.
Se eu mandar esta correspondência pelo correio, talvez ela pare na Casa Civil ou nas
mãos de algum assessor censor e a senhora nunca saberá que desagradou alguém
em algum lugar. Então vai pela internet. Com pessoas públicas a gente fala publicamente
para que alguém, ciente, discorde ou concorde. O contraditório é muito saudável.
Não gostei e desaprovo o BRASIL CARINHOSO. Até o nome me incomoda. R$2,00 (dois reais)
por dia para cada familiar de quem tem em casa uma criança de zero a seis anos,
é uma esmolinha bem insignificante, bem insultuosa, não é não, dona Dilma?
Carinho de presidentA da república do Brasil neste momento, no meu conceito, é uma
campanha institucional a favor da vasectomia e da laqueadura em quem já
produziu dois filhos. É mais creche institucional e laica. Mais escola pública e laica em
tempo integral com quatro refeições diárias. É professor dentro da sala de aula,
do laboratório, competente e bem remunerado. É ensino profissionalizante e
gente capacitada para o mercado de trabalho.
Eu podia vociferar contra os descalabros do poder público, fazer da corrupção
escandalosa o meu assunto para esta catilinária. Mas não. Prefiro me ocupar de algo
mais grave, muitíssimo mais grave, que é um desvio de conduta de líderes políticos
desonestos, chamado populismo, utilizado para destruir a dignidade da massa ignara.
Aliciar as classes sociais menos favorecidas é indecente e profundamente desonesto.
Eles são ingênuos, pobres de espírito, analfabetos, excluídos? Os miseráveis são.
Mas votam, como qualquer cidadão produtivo, pagador de impostos. Esta é a jogada. Suja.
A televisão mostra ininterruptamente imagens de desespero social. Neste momento
em todos os países, pobres, emergentes ou ricos, a população luta, grita, protesta,
mata, morre, reivindicando oportunidade de trabalho. Enquanto isto, aqui no País das
Maravilhas, a presidente risonha e ricamente produzida anuncia um programa de
estímulo à vagabundagem. Estamos na contramão da História, dona Dilma!
Pode ter certeza de que a senhora conseguiu agredir a inteligência da minoria de brasileiros
e brasileiras que mourejam dia após dia para sustentar a máquina extraviada do governo petista.
Último lembrete: a pobreza é uma conseqüência da esmola. Corta a esmola que a pobreza acaba,
como dois mais dois são quatro.
Não me leve a mal por este protesto público. Tenho obrigação de protestar, sabe por quê?
Porque, de cada delírio seu, quem paga a conta sou eu.
Atenciosamente,
Martha de Freitas Azevedo Pannunzio