sábado, 19 de dezembro de 2009

EDUCAÇAO APÓS AUSCWITZ – THEODOR ADORNO


EDUCAÇAO APÓS AUSCWITZ – THEODOR ADORNO

Neste texto, Adorno ressalta que a principal meta da educação deve ser a de evitar que Auschwit se repita. A barbárie continuara existindo enquanto persistirem as condições que levaram a Auscwitz.

Os ensaios de Freud merecem a mais ampla divulgação e importância pelo fato de ter mostrado a tendência anti-civilizatória dos indivíduos. A estrutura básica da sociedade não mudou nos últimos 25 anos. Milhões de pessoas foram assassinadas de maneira planejada. O genocídio teve também suas raízes no nacionalismo que se espalhou por muitos países no século XIX. As forcas destrutivas integram o curso da historia numa batalha de contra-explosões: explosão da bomba atômica – explosão populacional – explosão da bomba com morticídio de populações inteiras.

Atualmente, as possibilidades de mudar os pressupostos que geraram Auschwitz são limitadas por fatores políticos e sociais. Não adianta também apelar para valores eternos, é preciso fazer uma inflexão do sujeito levando-o a uma reflexão sobre si mesmo. Nesse aspecto, a educação só tem sentido como educação dirigida a auto-reflexão e centrada na primeira infância. Num mundo administrado aumenta cada vez mais a pressão social e a revolta do individuo como resposta. A historia das perseguições confirma que a violência é dirigida especialmente aos socialmente fracos. A tendência é desfazer as perticularidades e as individualidades.

Ao mesmo tempo que a sociedade integra, gera tendências desagregadoras. A falta de autonomia e de auto-determinacão são condições favoráveis à barbárie. O único poder efetivo contra a repetição de Auschwitz é a conquista da autonomia e o poder para a auto-reflexão e autodeterminação da não-participacão na barbárie. Agir de forma heterônoma, curvando-se diante de normas e compromissos de obediência ‘cega’ a autoridade gera condições favoráveis à barbárie. O não confronto com a barbárie é condição para que tudo aconteça de novo.

Os algozes do campo de concentração de Auschwitz eram em sua maioria jovens filhos de camponeses o que pressupõe ser o insucesso da desbarbarizacao maior ainda no campo (zona rural).

Para amenizar os contrastes da educação zona rural-cidade é necessário a formacão de grupos educacionais moveis de voluntários para preencher lacunas da educação. Tendências de regressão a barbárie existe por toda parte, tanto no campo quanto na cidade. A mutilação da consciência manifesta-se na esfera corporal. Uma pessoa inculta por exemplo; produz gestos e linguagem ameaçadora quando dela algo for criticado ou exigido. É preciso analisar também a função do esporte.

Para Adorno, evitar Auschwitz, implica em resistir ao poder cego de toda espécie de coletivo, brutalidades e violências justificadas por costumes e ritos. A educação pautada pela severidade, pela disciplina é condição propicia para a barbárie. A dureza significa indiferença em relação a dor. “Quem é severo consigo mesmo, adquire o direito de ser severo também com o outro”. Os indivíduos desprovidos de auto consciência constitui o caráter manipulador. São pessoas desprovidas de emoções, detentoras de consciência ‘coisificada’ transformando-se a si mesmas e aos outros em ‘coisas’.

Contra a repeticão de Auschwitz será necessário estudar a formacão do caráter manipulador. Identificar o motivo que levou indivíduos em condições iguais a ter comportamentos diferentes. É um equivoco entender isso como resultado da natureza humana e não como um processo de formação. A consciência ‘coisificada’ faz as pessoas frias e incapazes de amar. Seus ‘resquícios’ de amor são dirigidos a técnica, ou melhor, aos produtos da técnica. Se as pessoas não fossem indiferentes umas as outras, Auschwitz não teria acontecido. A incapacidade de identificação foi sem duvida, uma das condições para Auschwitz.

Atualmente, as pessoas se sentem mal amadas e incapazes de amar. O calor humano é pré-requisito contra a barbárie. O amor deve consistir em um ‘dever’ e não somente a vínculos profissionais e aproximativos. “As pessoas que devemos amar são elas próprias incapazes de amar e por isto não são tão amáveis assim”. Ainda que o conhecimento racional não dissolva mecanismos inconscientes, ao menos fortalecera instâncias de resistência contra os extremismos que levam a barbárie. É necessário esclarecer quanto as possibilidades de uma outra fúria semelhante a Auschuitz .

Pode ser a vez dos idosos, dos intelectuais ou de um outro grupo divergente. Faz-se necessário mostrar possibilidades concretas de resistência. O centro de toda educação política deveria ser que Auschwitz não se repita. Para isso, será preciso tratar criticamente o conceito de razão de Estado. As pessoas que executam assassinatos agem em contradições com seus próprios interesses. São assassinas de si mesmas ao cumprir ordens dos assassinos de gabinete.

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